segunda-feira, 5 de maio de 2008

Vingança de mestre

No post anterior destaquei um samba-canção com uma muita influência do jazz, composto por Antonio Valente e Elton Medeiros. Dessa vez, a Orquestra Tabajara dá o glamour necessário para o samba-canção “Vingança”, composto pelo gaúcho Lupicínio Rodrigues.

A música é datada do ano de 1951 e tem história verdadeira por trás. A canção conta a história de um homem traído que fica sabendo que sua mulher está na pior,chorando e bebendo em um botequim. A reação do ex-amante é inesperada: gostou tanto da notícia que tem que fazer esforço para ninguém notar.



A vingança foi do próprio Lupicínio Rodrigues, que viveu um tempo com uma pequena chamada Mercedes (conhecida por Carioca). A moça tentou trair Lupicínio com um empregado seu, mas se deu mal. A fidelidade do empregado fez com que ele denunciasse Carioca, que acabou sendo abandonada.

Tempos depois ficou sabendo do rumo da moça, triste e bebendo no bar. Lupicínio, então continuou sua vingança e escreveu o ácido samba. O primeiro a cantá-lo foi Jorge Goulart, na noite carioca. Acontece que Jorge não podia gravar o samba porque era artista da Continental, enquanto Lupicínio era da RCA. A música foi parar nas mãos de Herivelto Martins, que gravou junto com o Trio de Ouro.

Mas fez sucesso mesmo com Linda Batista (foto), que a gravou duas vezes. A primeira com o conjunto do violonista Fafá Lemos, que estourou nas paradas de sucesso. E a segunda, com uma orquestra de cordas, que ficou pouco conhecida e só saiu em elepê. A música, porém, será ouvida na voz de Jamelão, aquele que Lupicínio considerava seu melhor intérprete.

Em 1963, no jornal Última Hora, o compositor afirmou a veracidade dos versos: “Nunca se está livre de ter, num momento de rancor, algum desejo de vingança”.

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2 comentários:

Anônimo disse...

Se vocês não tivessem escrito no texto que a mulher da foto é a Linda Baptista eu pensaria que é a "tal" da Mercedes que tentou engambelar o grande Lupicínio. Bela música! sem dúvida! Mas eu não gosto dos ataques por demais agressivos dos metais da Orquestra Tabajara.

Abraços ao pessoal do Vermute

Fel Mendes disse...

Olha, eu acho que a Orquestra às vezes exagera nas notas altas, mas tem bons arranjos.

Quanto a foto, pensei que pudesse causar esse efeito mesmo.

Abraços,

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