sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Anhangüera dá samba hoje

Alô alô pessoal. Preparem-se porque hoje tem mais uma edição do projeto Anhagüera dá Samba. E o convidado da vez é Délcio Carvalho, grande compositor e excelente intérprete.



Clube Anhangüera: Rua dos Italianos, nº 1.261 - Bom Retiro. Telefone: 3361-1799. A partir das 23h00. Ingressos: R$ 10,00.

Obs.: Em virtude do ensaio-geral da GRES Gaviões da Fiel, cuja quadra se localiza ao lado do Clube Anhangüera, é recomendável, para quem vai de carro, a chegada antes das 22h00.

Mais informações aqui.

"Brasil, Brasil" - Parte 1

Ontem não apareceu nada por aqui, mas hoje volto com uma série de vídeos mais do que interessantes. Trata-se do documentário "Brasil, Brasil", produzido pelo canal inglês BBC. Dividido em três capítulos, "Brasil, Brasil" traça um panorama, durante seus 60 minutos de duração, da música brasileira.

Partindo do samba, passando pela bossa nova, tropicália e, enfim, chegando às manifestações mais modernas como o funk, "Brasil, Brasil" foi lançado em 2007 no Reino Unido e até agora não chegou no Brasil em DVD (ou pelo menos eu não encontrei).

Por isso, aí vão as inúmeras telinhas para que a primeira parte do filme seja assistido na íntegra. Nem todas estão legendadas, mas ainda assim vale a pena:

Capítulo 1 - Samba to Bossa












Ainda que não tenha muito a ver com samba daqui pra frente, na semana que vem coloco a segunda parte do longa.

Para quem curtiu, vale uma visita no página mantida pelo respeitado Bob Fernandes, que ainda em 2007 fez uma entrevista com o diretor.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Uma voz para preencher o espaço

Sabe aquelas pessoas que você ouve e fica pensando por que ainda não havia escutado essa música antes? Essa foi a sensação que eu tive quando ouvi Marilia Duarte cantar.


Isso porque ela ultrapassa a característica de ter uma bela voz. Afinal de contas, não adianta nada ter uma voz bonita quando não se sabe usá-la. E Marilia sabe bem. É ela começar a cantar para que o espaço seja completamente preenchido. Mas chega de papo. Dá uma escutada nesse som para você ver que eu não estou falando bobagem:

Malabarista


Outra característica notável quando se ouve duas ou três músicas dela é sua habilidade de composição. Ouça mais duas pérolas dela:

Mandinga


Carrossel no Breu


A novidade boa é que em fevereiro Marilia irá lançar seu primeiro trabalho e nós estamos ansiosos pelo que virá. Por enquanto, que tal uma visita no myspace da moça?

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Parabéns São Paulo

Com atraso, o Vermute com Amendoim presta a sua homenagem a nossa querida cidade de São Paulo. Aproveito também para congratular o meu São Paulo pelo título da copinha, que tem dado mais gosto de ver que o time principal. Mas chega de lero-lero. Deixo com vocês este belo samba de Elzo Augusto em homenagem à Pauliceia.




São Paulo, Mãe-Madrinha (Elzo Augusto)
São Paulo super mãe, madrinha
De um progresso que caminha
Geração a geração
Cidade que é tua, que é minha
E que cabe inteirinha
Dentro do meu coração
A força desse teu calor humano
Está no cotidiano
E na miscigenação...

...São Paulo, tenho mais de mil motivos
Tantos pontos positivos
para te amar de paixão...

Orra meu "qui" tem Palmeiras
Coringão e Tricolor,
Que saudade Ayrton Senna...
Um exemplo de valor;
Têm metrô, Memorial,
Municipal, Rita Lee..

...Nos três dias de folia
Carnaval no Anhembi

Tem Museu do Ipiranga,
Parque do Ibirapuera,
Interlagos, Fittipaldi
Emoção que acelera,
Tem Demônios da Garoa,
Samba tipo Adoniran...

...Trem das Onze coisa boa,
foi legal pro Jaçanã

Tem Bixiga, Penha, Lapa,Pacaembu, Morumbi
Tem Santana, Liberdade,Peruche e Tucuruvi
Vila Matilde e Prudente
Barra Funda, Butantã...

...Esqueci de tanta gente
Mas eu me lembro amanhã...
Amanhã de manhã.

Disco da semana: Chiquinha em Revista - Vários


Chiquinha Gonzaga foi mulher à frente do seu tempo, na música e na vida. Quebrou preconceitos e tabus. Não há toa foi uma das pioneiras da música brasileira. Frequentemente associada ao choro, Chiquinha também compôs polcas, maxixes, músicas para revistas etc. O disco da semana é justamente desta grande personalidade e acaba de sair do forno pelo Selo SESC SP.

Privilegiando músicas menos conhecidas do repertório da musicista, trata-se de um disco leve e de fácil audição, talvez seja porque alterne músicas instrumentais com cantadas. O time responsável por essa revisitação à obra de Chiquinha é composto por Gilberto Assis e Ana Fridman, produtores e arranjadores do disco.

Na parte vocal temos: Rita Maria, Vange Milliet, Suzana Salles, Carlos Careqa e Ná Ozzetti. Entre os músicos o pessoal do Quintal Brasileiro, Ítalo Perón, Guello, Gabriela Machado, Ronen Altman, Bel Latorre, Vitor Lopes, Sérgio Reze, Gilberto Assis e Ana Fridman.

Apesar de se tratar de um disco "lado B" da pianista, destaco o famoso maxixe Corta Jaca (Chiquinha Gonzaga / Machado Careca)




Músicas:

1. Passos no Choro
2. Fogo Foguinho
3. Sultana
4. Sou Morena
5. Cananéia
6. A Chinelinha do meu amor
7. Falena
8. Tava assim de Português
9. Itararé
10. Sertaneja
11. Cubanita
12. Corta-jaca
13. Suspiro

Compre esse disco aqui.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Everybody macacada!

Sexta-feira é dia de levar as coisas mais na flauta. Por isso, um videozinho aí para galera curtir antes de aproveitar o que a noite tem de melhor.

Com vocês, Paulinho Soares em "O Patrão Mandou"

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Adoniran só poderia ter sido paulista

Muito tem se falado do mestre Adoniran Barbosa. Ele que faria 100 aniversários este ano receberá inúmeras homenagens. Uma delas, este texto escrito por Romulo Fróes que a Folha de S. Paulo publicou no dia 13/01



"Dentre suas inúmeras faces, podemos separar o samba em dois sentidos dominantes: o lugar do prazer, da celebração, do ócio e aquele onde a vida é suspensa, o lugar dos sambas tristes, para trás. É comum associar Adoniran Barbosa ao primeiro sentido aqui descrito, mas o vejo como um ponto cego entre esses dois lugares.

Lembrado mais por letras bem-humoradas, suas canções carregam uma melancolia disfarçada. Comicidade e tragédia se misturam em uma mesma canção. Faz graça para fugir do ressentimento de ter sido posto de lado com o surgimento da Jovem Guarda, "(...) e eu que já fui uma brasa, se assoprarem posso acender de novo". Faz soar engraçadas histórias trágicas ditas com seu linguajar "errado", aprendido nas ruas do Brás e do Bexiga, onde, como ele mesmo dizia, "o crioulo e o italiano falam igualzinho".

E alertava, "para falar errado, precisa falar certo". Vem daí o sorriso no rosto de quem canta uma história triste como a que narra "Saudosa Maloca".

Percorria toda a cidade com sua música. Era um andarilho, como Nelson Cavaquinho. Mas diferente deste, tinha autonomia sobre seu percurso. Conhecia suas ruas, vilas, favelas, bares, seus personagens e suas histórias. Tudo que via, ouvia, transformava em canções. O "Trem das Onze", o "Viaduto Santa Ifigênia", o "Torresmo à Milanesa", a "Saudosa Maloca". Comportava-se como um documentarista. Como Noel Rosa, de quem tomou emprestado "Filosofia", samba com o qual foi premiado em um concurso de intérpretes e que finalmente lhe abriu as portas do rádio.
Adoniran se tornou dentro do samba uma de suas figuras mais singulares. Muitos motivos devem ter contribuído para a construção de seu gênio, mas acho determinante o fato de ter nascido em São Paulo. A cidade, de extrema importância para a música brasileira no que se refere ao seu adensamento, onde desde sempre os movimentos tomam forma e se propagam para o resto do país, tem em Adoniran um dos raros casos de artistas que poderiam representar uma espécie de escola paulista. O fato de até hoje não termos criado uma clara tradição em música popular pode tê-lo liberado das normas tão rígidas do gênero. Sem ter a quem dar satisfação, sentiu-se livre para suas invenções.

Se o samba é carioca e baiano, São Paulo, acusada tantas vezes por sua falta de ginga, gerou um dos mais originais compositores da música popular brasileira. Adoniran era paulista. E só podia ter sido. No fim de sua vida, reclamava que não encontrava mais São Paulo. "O Brás, cadê o Brás? E o Bexiga, cadê? Mandaram-me procurar a Sé. Não achei. Só vejo carros e cimento armado". Teria reencontrado se tivesse procurado em suas próprias canções".

Em tempo, alguns links com informações sobre Adoniran Barbosa:
Folha de S. Paulo, com agenda de shows comemorativos
Site da Vejinha, falando sobre algumas de suas músicas

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Quando Cartola passou o bastão

"Fiz por você o que pude" é, na minha opinião, um dos mais bonitos sambas do Cartola. Dizem que o Mestre não gostava muito de cantá-lo por conta de um suposto erro de português no verso "Eis que Jesus me premeia". Os estudiosos da língua portuguesa no entanto, atestaram que o verso está mais do certo.

O samba foi feito para sambista Nelson Sargento, o qual Cartola ensinara os primeiros acordes no violão. Cartola passou o bastão em grande estilo com os seguintes versos:

Fiz por você o que pude (Cartola)



Todo o tempo que eu viver
Só me fascina você, Mangueira
Guerreei na juventude
Fiz por você o que pude, Mangueira
Continuam nossas lutas
Podam-se os galhos, colhem-se as frutas
E outra vez se semeia
E no fim desse labor
Surge outro compositor
Com o mesmo sangue na veia

Sonhava desde menino
Tinha o desejo felino
De contar toda a tua história
Este sonho realizei
Um dia a lira empunhei
E cantei todas tuas glórias
Perdoa-me a comparação
Mas fiz uma transfusão
Eis que Jesus me 'premeia'
Surge outro compositor
Jovem de grande valor
Com o mesmo sangue na veia.

A história me chegou via o blog Por trás da Letra.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Disco da semana: Os Bambas do Partido Alto - Vários

Capa Indisponível

Salve gente boa. Aí vai o disco desta semana. A espera valeu a pena, segue aí para vocês um discaço. Os bambas do Partido Alto é daqueles discos que você põe para rodar e esquece. Entre os partideiros que dão o ar da graça estão Luiz Grande, Aniceto do Império, Preto Rico, Dedé da Portela e outros. Para quem ainda não se convenceu, abaixo uma das faixas do disco.

Beberrão (Aniceto do Império / Molequinho) / Cara Bacana (José Emygdio / Cebola) / Cheguei de longe (Arielson da Bahia / Beto)


Músicas:
1 - Primavera (Edson Menezes - Arielson da Bahia) canta Grupo Som Livre
2 - Casório mal sucedido (Luiz Grande / Joãozinho da Pecadora Jr.) canta Luiz Grande
Deixe que a Sara vá (H. Godinho / Dario Gomes) canta Baiano do Cabral
Pastel brabo (Baiano do Cabral / Edson Menezes) canta Baiano do Cabral
3 - Beberrão (Aniceto do Império / Molequinho) canta Aniceto do Império Serrano
Cara Bacana (José Emygdio / Cebola) canta Nelson Cebola
Cheguei de longe (Arielson da Bahia / Beto) canta Arielson da Bahia
4 - Quem pode mais é mais é Deus no Céu (Edson Menezes - Arielson da Bahia) canta Arielson da Bahia
5 - O machão (Waldir Melodia) canta Waldir Melodia
Zebra no lar (Preto Rico / Moacyr da Silva) canta Preto Rico
Madureira, berço do samba (Dedé da Portela) canta Dedé da Portela
6 - Apesar dos meus sessenta- (Aniceto do Império) canta Aniceto do Império Serrano
Cadê a saia dela (Arielson da Bahia / Bernardo) canta Arielson da Bahia

Baixe esse disco no Prato e Faca.

Tragédia Grega na canção brasileira

Esta música é uma verdadeira tragédia grega. Um tango gravado em 1937 por Vicente Celestino e, em 1968 por Caetano Veloso no disco "Tropicália ou Panis et Circenses". O tema da música? Um assassinato cometido como prova de amor.

Coração Materno


Disse um campônio à sua amada: "Minha idolatrada, diga o que quer
Por ti vou matar, vou roubar, embora tristezas me causes mulher
Provar quero eu que te quero, venero teus olhos, teu corpo, e teu ser
Mas diga, tua ordem espero, por ti não importa matar ou morrer"
E ela disse ao campônio, a brincar: "Se é verdade tua louca paixão
Parte já e pra mim vá buscar de tua mãe inteiro o coração"
E a correr o campônio partiu, como um raio na estrada sumiu
E sua amada qual louca ficou, a chorar na estrada tombou
Chega à choupana o campônio
Encontra a mãezinha ajoelhada a rezar
Rasga-lhe o peito o demônio
Tombando a velhinha aos pés do altar
Tira do peito sangrando da velha mãezinha o pobre coração
E volta à correr proclamando: "Vitória, vitória, tens minha paixão"
Mas em meio da estrada caiu, e na queda uma perna partiu
E à distância saltou-lhe da mão sobre a terra o pobre coração
Nesse instante uma voz ecoou: "Magoou-se, pobre filho meu?
Vem buscar-me filho, aqui estou, vem buscar-me que ainda sou teu!"

Coração Materno, por Caetano Veloso

Para quem gostou, não é cardíaco nem hipertenso, vale assistir o curta de terror dirigido por Dennison Ramalho, "Amor Só de Mãe" (2002), que é baseado na música. Para ver, clique aqui.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Alôôôôô T.F.P!!!

Tá chegando o Carnaval e até agora eu escutei um samba-enredo que realmente vale a pena. É o samba da Unidos da Vila Isabel, composto pelo grande Martinho da Vila e já postado aqui há muito tempo. De resto, a mesma fórmula sem graça dos últimos anos: temas fracos, que priorizam uma pesquisa intensa, mas esquecem de valorizar as boas melodias e letras bem feitas. Por isso que, conforme fevereiro vem chegando, iremos fazer uma série de posts relacionados ao "Lado B" do Carnaval.


Desta vez, um samba lançado em 1985 no disco Como é bom ser punk, do Língua de Trapo. Composto por Laert Sarrumor e Carlos Melo, o "Samba-enredo da T.R.F" uma jeito de não escrever T.F.P (Tradição, Família e Propriedade), aquela organização direitista que existe no mundo todo, mas fundada no Brasil em 1960 por Plinio Corrêa de Oliveira (foto).

Cheio de referências ao ícones da direita mundial, o samba é sensacional. Ia ser legal ouvir uma bateria tocando isso na avenida mesmo.

Samba-enredo da T.R.P
(Carlos Melo/Laert Sarrumor)
escute o samba aqui

T.R.P pede passagem,
Pra mostrar sua bateria
E seu passado de coragem,
Defendendo a Monarquia
Salve Pinus Zorreira Zorrileira,
Precursor da linha-dura
Grande baluarte da ditadura
Legislador da Inquisição,
Implacável justiceiro
Homem de grande erudição,
Lia Mein Kampf no banheiro
No tribunal de Nuremberg,
Defendeu o Mussolini
Sob os auspícios do Lindenberg
E hoje ele se preocupa com a infiltração comunista
No clero progressista (e o Lefebvre)
Lefebvre, fiel companheiro incomparável amigo,
Irrepreensível mentor
Exerce completo fascínio e vai incutindo em Plinus
O gênio conservador
Digno de um poema do Ezra Pound,
Quer que o Brasil se transforme
Num imenso Play Ground
No carnaval a escola comemora
O nascimento de Nossa Senhora
E a defesa da tradição, cantando esse refrão:
Anauê, Anauê, Anauá, TRP acabou de chegar (repete)
E hoje sou fascista na avenida,
Minha escola é a mais querida
Dos reaça nacional (repete)
Plim, plim, plim, plim, plim, plim, plim, plim, plim,
Era assim que a vovó seu Plinus chamava

Fica um agradecimento ao jornalista, crítico musical e de cinema e grande amigo Alexandre Agabiti, que me mostrou esta pérola. É dele, aliás, a versão sem censura. Que dá aos bois, os nomes corretos:

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Gudin e Notícias dum Brasil

Neste sábado e domingo, Eduardo Gudin comemora os 15 anos do grupo Notícias dum Brasil. No show, Gudin traz o grupo em sua atual formação (Ilana Volcov, Karina Ninni e Maurício Sant’anna), além de contar com a presença de nomes que já passaram pelo grupo, como: Mônica Salmaso, Renato Braz, Fabiana Cozza, Márcia Lopes, Luís Bastos, Maria Martha, Edson Montenegro, Luciana Alves, Marilise Rossatto e Selma Boragian.



Quando?
16 de Janeiro (Sábado) - às 21h
17 de janeiro (Domingo) - às 18h

Quanto?
R$ 28,00 (inteira)
R$ 14,00 (usuário matriculado no SESC e dependentes, +60 anos, professores da rede pública de ensino e estudantes com comprovante)
R$ 7,00 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes)


Onde?
SESC Pompéia - Rua Clélia, 93 l São Paulo, SP l TEL. 11.3871.7700

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Bamboleando!

Uma rumba flamenca, cantada em espanhol. A princípio "Bamboleo", este grande sucesso do grupo Gipsy Kings, não tem nada a ver com a música brasileira.



Mas escuta só este samba carnavalesco composto por André Filho e gravado em 1932 por Carmem Miranda.



O nome "Bamboleô" das duas não é apenas uma mera coincidência. Tampouco o refrão igualzinho, que na versão brasileira canta:

Bamboleô, bamboleá
A vida eu levo cantando
Pra não chorar

E na latina diz:

Bamboleo, bambolea
Porque mi vida yo la aprendí vivir así

Mas depois, a música dos ciganões de voz quase rouca segue para outro caminho, fazendo metáforas com cavalos, falando de um amor arrebarador. Veja o começo da letra:

Este amor llega asi esta manera
No tiene la culpa
Caballo le ven sabana
Porque muy depreciado,
Por eso no te perdon de llorar
Este amor llega asi esta manera
No tiene la culpa,
Amor de comprementa
Amor del mes pasado
Bebele, bembele, bembele
Bamboleo, bambolea
Porque mi vida, yo la prefiero vivir asi

Enquanto isso, a música cantada por Carmem Miranda é muito mais genérica, dando conselhos de como se viver, como no último verso:

Tudo passa nesta vida
Nada fica pra semente
Não se matando a tristeza
A tristeza mata a gente

A solução desta inquietante "coincidência" não está nem em Carmem Miranda, nem nos Gipsy Kings, mas no espanhol Julio Iglesias. Afinal de contas, foi ele que gravou pela primeira vez uma mistura de duas canções: "Caballo Viejo", um tema popular venezuelano famoso na de Símon Díaz e "Bamboleô", de André Filho.

Esta, uma versão de "Caballo Viejo", que tem alguns dos versos usados na versão gravada por Julio:



Cuando el amor
llega así
de esta manera
uno no se da ni cuenta
el carutal reverdece
el guamachito florece y la soga
se revienta (bis)Caballo le dan sabana
porque esta viejo
y cansao,
pero no se dan de cuenta
que un corazón amarrao,
cuando le sueltan las riendas
es caballo desbocao

Y si una potra alazana
caballo viejo se encuentra
el pecho se le desgrana
no le hace caso a falseta
y no le obedece a freno,
ni lo paran
falsas riendas

Cuando el amor
llega asi
de esta manera,
uno no tiene la culpa

Quererse no tiene horario, ni fecha
en el calendario
cuando las ganas
se juntan (bis)Caballo le dan sabana
y tiene el tiempo contao
y se va por la mañana
con su pasito apurao
a verse con su potranca
que lo tiene embarbascao

El potro da tiempo al tiempo
por que le sobra
la edad,
caballo viejo
no puede
perder la flor
que le dan,
porque después
de esta vida
no hay otra oportunidad.

E o último vídeo deste longo post é aquele em que o cantor que vendeu sua pinta de galã por muito tempo fez a mistureba das duas músicas:


Para terminar, fica a dúvida: Como alguém mistura, aparentemente sem mais nem menos, duas músicas totalmente diferentes?

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O sonho da geladeira própria

Em 2008 (e já se vão dois anos), a Skol lançou uma promoção que daria como prêmio uma geladeira recheada de cerveja. Para divulgação a agência F/Nazca criou uma campanha, cujo o mote era a realização do sonho da geladeira de Skol própria. Uma das peças, foi um filme que tinha como trilha sonora o samba "Sonho Meu" (Dona Ivone Lara / Délcio Carvalho). Confira:

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Popular com Erudito

Neste sábado o Murilo estava assistindo um documentário sobre a Vai Vai em que o maestro João Carlos Martins aparece dizendo que teve a ideia de misturar a primeira parte da 5ª Sinfonia de Beethoven com a bateria da agremiação do Bixiga:

"Eu estava sonhando e sonhei com o primeiro movimento da 5ª de Beethoven e parece que eu ouvia uma bateria. Aí telefonei pro Tobias [da Vai Vai] e falei: Tobias, quer experimentar o primeiro movimento da 5ª da Beethoven?" Ele arremata: "Na minha opinião, não é a melhor bateria de São Paulo. É a melhor bateria do Brasil. Eu não ia escolher a segunda bateria"

Confira o resultado:



Aí, navegando encontrei outra mistura semelhante. Desta vez o compositor é Mozart, a música é "Pequena Serenata" e a bateria é a da Unidos da Tijuca. Saca só:

Disco da semana: Na Cabeça - Marcos Sacramento


Nunca se ouviu tanta música como nos dias de hoje e, no entanto, nunca se produziu tanto lixo musical. A música, hoje, virou trilha sonora. Se escuta música trabalhando, lendo, dirigindo, mexendo no computador, etc. Perdeu-se o hábito de colocar um disco para tocar e dedicar total atenção a isso. Posto hoje um disco que merece uma atenção mais especial, pelo menos uma vez. O disco de hoje é, de fato, para ser "ouvido".

Lançado em julho do ano passado, Na Cabeça, de Marcos Sacramento foi gravado à moda antiga. Ou seja, músicos e cantor tocando ao mesmo tempo e juntos. Com Zé Paulo Becker e Luiz Flavio Alcofra comandando os violões de 6 cordas e Rogério Caetano no violão de 7, o trio se mostra bastante entrosado entre eles e com as nuances da voz de Marcos. Veja o que diz o site Sovaco de Cobra sobre o trio:

"A afinidade entre os três violonistas está certamente na escola musical do choro do Rio de Janeiro, de seus bares e sua boemia. Vindos de formações diversas, é nessa referência que ambos se encontram. Alcofra tem sua bagagem no grupo instrumental Água de Moringa e seu trabalho destacado como arranjador. Rogerio cresceu musicalmente no Clube do Choro de Brasília e seu grupo com o bandolinista Hamilton de Holanda. E Zé Paulo Becker possui formação erudita e um pé no popular através de seu trabalho chorístico com o Trio Madeira Brasil, e a verve arranjadora e compositora para seu violão solo."


Com uma precisa escolha do repertório, "Na Cabeça" tem algumas músicas consagradas e bastante conhecidas como "Minha Palhoça" (J. Cascata), "Último Desejo" (Noel Rosa) e "Sim" (Cartola / Oswaldo Martins). No entanto o valor do disco está nas menos conhecidas e / ou inéditas.




Músicas:

01. Na cabeça (Luiz F. Alcofra / Marcos Sacramento)
02. Um samba (Carlos Fuchs / Marcos Sacramento)
03. Pavio (Luiz F. Alcofra / Sérgio Natureza)
04. Minha palhoça (J. Cascata)
05. Prisioneiro do mar (Luiz Arcaraz / don Marcotte / E. Cortazar / versão Galvez Morales)
06. Dia santo também (Paulo Padilha)
07. Último desejo (Noel Rosa)
08. Morena (Mauricio Carrilho / Paulo César Pinheiro)
09. Calúnia (Luiz F. Alcofra)
10. Canto de quero mais (Zé Paulo Becker / Moyséis Marques)
11. Sim (Cartola / Oswaldo Martins)
12. A rosa (Chico Buarque)

Disco indiponível para download.
Compre esse disco aqui.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Dalva, Herivelto e outros semelhantes

Hoje acaba a minissérie "Dalva e Herivelto - Uma canção de amor". Como já era de se esperar, a Globo acabou dando mais ênfase ao romance tumultuado destes dois ícones, em vez de valorizar as composições que permearam a briga dos dois.

Mesmo assim estes cinco capítulos valeram para despertar a curiosidade do público para um campo que anda muito desvalorizado atualmente: música brasileira de qualidade.

E se tem um aspecto em que a Globo mandou bem demais foi na escolha dos atores. A semelhança de alguns chega até a impressionar. No quarto capítulo, por exemplo, apareceu o mestre Ataulfo Alves igualzinho ao original! Veja outras semelhanças entre os personagens:


Dalva de Oliveira

Herivelto Martins

Benedito Lacerda

Dircinha Batista

David Nasser


Nilo Chagas

Francisco Alves


Emilinha Borba

Saiba mais sobre a minissérie aqui

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Doação de sangue para Walter Alfaiate

Acabou de sair no G1, mas é sempre bom repercutir para a comunidade do samba:

O sambista carioca Walter Alfaiate precisa de doação de sangue.

Com 79 anos, Walter Nunes de Abreu está internado em estado grave na Unidade Coronariana do Hospital da Lagoa, na Zona Sul do Rio. Quem puder doar sangue deve comparecer ao Hemorio, na Rua Frei Caneca, no Centro. É preciso citar o nome do hospital e do paciente, Walter Nunes de Abreu. Todo tipo de sangue pode ser doado para repor o banco.


Alfaiate sofre de enfisema pulmonar, ineficiência cardíaca, arritmia, insuficiência renal, gastrite e esofagite.

Para terminar, o trailer do documentário "Walter Alfaiate - A elegância do samba"

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Olha a chuva que vem...

Chuva, temporal, tempestade, aguaceiro, bátega, dilúvio, pé d´água, carga d´água, chuvarada e toró. Tudo isso para designar a água que cai do céu e vem castigando dezenas de cidades brasileiras. Esse problemão também já foi tema de um samba de Osvaldinho da Cuíca, chamado "Temporal" e jamais gravado em disco.



Esta interpretação rara é do ótimo programa Sarau, da Globo News. Nela, Germano Mathias acompanha na batucada e até mesmo o jornalista Chico Pinheiro ajuda com a voz.

Só tem um probleminha. Como a gravação não é das melhores, um verso está quase imcompreensível. Alguém aí conhece o samba para completar a letra?

Em tempo, Luiz Patolli e Fel Mendes desvendaram o mistério nos comentários.




Temporal
Olha a chuva que vem
Vai haver temporal
Recolhe a roupa que eu deixei lá no varal

Com você tudo bem
Está tudo legal
Amanhã é que vem a tristeza do pobre no jornal

É favela
Na periferia, no morro ou na beira do rio
É favela
Favela que nunca se acaba no Brasil

É politicagem
Falta coragem
De acabar com a miséria em excesso que surgiu
É o pobre se reconduzindo sem planejamento
Como será o futuro do nosso Brasil?

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Três versões para Ave Maria no Morro

Em algumas horas, na Globo, estreará a minissérie "Dalva e Herivelto - Uma canção de amor". Alguma boa expectativa se une ao receio da história servir apenas de pano de fundo para mais folhetim global. Veremos.

Seguindo no clima da estreia posto aqui um dos grandes sucessos de Herivelto Martins, "Ave Maria no Morro", e em três versões diferentes.

A primeira é interpretada pela Dalva de Oliveira.



A segunda mostra que o sucesso da música não se restringiu a terras brasileiras. "Mama Ich sag dir was" é a versão alemã da música. Quem canta é uma alemã chamada Manuela. A versão fez algum sucesso no Brasil na época de seu lançamento. As imagens para o uso do audio são do longa metragem de 1944 de Walt Disney, o desenho animado "Você já foi a Bahia?".



A terceira é a interpretada pelo Andrea Bocceli, aquele do "Con Te Partirò".

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