sexta-feira, 31 de julho de 2009

Conde e Drácula - As modas de terror

Esse post vem pra adiantar uma das matérias do Fantástico deste domingo. Patrícia Poeta e Tadeu Schmidt falarão das duplas sertanejas com nomes estranhos. E entre elas é que está a desconhecida Conde e Drácula.

O disco, que foi lançado em 1976, pode ser baixado no fantástico blog Mundo Estranho de PB e tem três músicas sensacionais. Simplesmente porque são modas de viola de terror com efeitos eletrônicos! Sem mais delongas, vamos ao primeiro sucesso do disco, "A noite dos Vampiros":


Em seguida, o segundo hit é "O Corvo", inspirada no poema de mesmo nome escrito por Sir Edgar Allan Poe. Genial:


Pra finalizar, "Bruxa Feiticeira", um causo sobre uma senhora malvada da região:


Quem quiser, pode conferir mais no Fantástico deste domingo

quinta-feira, 30 de julho de 2009

O samba pintado por Raul Mendez

Hoje, uma seção que estava meio esquecida aqui no Vermute, "Samba pintado". O artista da vez chama-se Raul Mendez e possui telas bastante interessantes. Todos os trabalhos são feitos com tinta acrílica. Como não consegui achar muita informação sobre o artista. Se alguém souber alguma coisa, escreva nos comentários que eu vou atualizando.

Forró

O violeiro

Roda

Batuque de samba

quarta-feira, 29 de julho de 2009

A história de Moyseis

Por algum lapso eu ainda não havia dito nada sobre o novo disco de Moyseis Marques, que é altamente recomendável. Vai aí um texto que fiz para a Revista SEXY de julho.


Moyseis Marques se chama Moyseis mesmo. Embora a escrita não seja óbvia, a variação de um dos nomes bíblicos mais famosos, ou uma “gracinha suburbana pós-moderna” – como diz ele –, lhe rendeu unicidade. Basta digitar seu primeiro nome no Google e é batata!

Entre os Girassóis

Filho de cariocas, Moyseis nasceu em Juiz de Fora, em Minas Gerais. De mineiro, porém, só tem o registro. Criado na Vila da Penha, no subúrbio do Rio de Janeiro, o sotaque derramado no microfone, como cantava em samba João Nogueira, é “carica de coração”. E foi no Leme, animado com a revitalização do forró, que Moyseis se uniu a um grupo de amigos e saiu tocando no ritmo de Gonzagão. “A gente era muito amador. Quando a moda passou, a banda se desfez”, conta.

Panos e Planos


“Na época, eu morava em Laranjeiras, mas fiquei duro e a vida me levou pra Lapa.” A boemia acolheu Moyseis e, em pouco tempo, sua voz já preenchia os arredores dos Arcos. Foram seis anos na noite até o estúdio. Em 2007, estreou com um álbum homônimo. Agora, Moyseis brilha no disco Fases do Coração. Joia rara.

Agradeça

terça-feira, 28 de julho de 2009

Tem francês no morro

Em 1969, o diretor de cinema francês, Pierre Barouh desembarcou no Rio de Janeiro disposto a aprender e entender a música brasileira. O resultado foi o documentário "Saravah", que possue registros de João da Bahiana, Pixinguinha, Paulinho da Viola etc. Abaixo algumas cenas:









No youtube ainda tem mais algumas. Vale a pena dar uma pesquisada.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Mariana Baltar ou Uma voz para guardar

A safra de mulheres no samba é cada vez maior e mais interessante. Parece a influência exclusiva de Elis Regina (que é uma intérprete espetacular, mas por muito tempo foi a única referência da nova geração) está dando espaço para rumos vocais menos dramáticos.


É o caso de Mariana Baltar que, de forma simples, canta lindamente bem. A primeira música que ouvi na sua voz foi "Pressentimento", de Elton Medeiros e Hermínio Bello de Carvalho. O samba, que já é de chorar, ficou emocionante na voz desta carioca de Copacabana.

Seu primeiro disco, chamado "Uma Dama também quer se divertir", é uma mostra da capacidade de Mariana. Além de "Pressentimento", a bela canta uma versão para "Zumbi", famosa na voz de Jorge Ben; "Bala com Bala", de João Bosco; "Insensatez", de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, e "Fita Meus Olhos", do mestre Cartola. Apesar de ser pouco autoral, o disco é extremamente recomendável. Aliás, Mariana Baltar também!

Olha só ela cantando "As Pastorinhas", de Noel Rosa e Braguinha:




Para os cariocas interessados, a moça estará cantando dia 30 no Centro Cultural Carioca

Disco da semana: Santo e Orixá - Gloria Bomfim


Paulo César Pinheiro não podia ter escolhido intérprete melhor para a gravação do CD "Santo e Orixá" do que Gloria Bomfim. Mãe-de-santo e dona de uma bela voz, Gloria sempre teve uma relação bastante peculiar com a música de Paulo. Ainda menina, Gloria conhece, aprende e se apaixona pela música "Viagem" (Paulo César Pinheiro / João de Aquino).

Já adolscente e cantando informalmente, vai da Bahia para o Rio de Janeiro afim de conhecer o "dono" da música "Viagem". Eis que em 1987, foi trabalhar na casa de Luciana Rabello e Paulo César Pinheiro. O detalhe é que ela não sabia que seu patrão era quem era. Até que um dia, cantarolando a tal "Viagem", Luciana disse brincando para ela parar de puxar o saco do patrão. Sem entender o que estava acontecendo, foi cobrar explicações com a patroa, que explicou dizendo que aquela música era de Paulo e João de Aquino. Ao saber disso, Gloria se apressou em terminar o que estava fazendo e sumiu. Luciana teve que ir atrás dela. Então Paulo, que já pretendia gravar um disco com músicas relacionadas ao candomblé, passou a responsabilidade para Gloria, dizendo: "Ela vai fazer isso melhor do que eu."

Ogum menino



Músicas:
01. Santo e Orixá (Paulo César Pinheiro)
02. Ogum Menino (Paulo César Pinheiro)
03. Bambueiro (Paulo César Pinheiro)
04. Encanteria (Paulo César Pinheiro)
05. Anel de Aço (Paulo César Pinheiro)
06. Cavalo de Santo (Paulo César Pinheiro)
07. Gameleira Branca (Paulo César Pinheiro)
08. O Mais Velho (Paulo César Pinheiro)
09. Casca de Coco (Paulo César Pinheiro)
10. A Palma da Palmeira (Paulo César Pinheiro)
11. Senhor da Justiça (Paulo César Pinheiro)
12. Sultão do Mato (Paulo César Pinheiro)
13. Caboclo Guaracy (Paulo César Pinheiro)
14. A Revolta dos Malês (Paulo César Pinheiro)

Baixe esse disco no Alunte.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Fim de festa

Aumentem o volume das caixinhas e se preparem para uma pedrada daquelas. O samba, que se chama "Fim de festa" é assinado por Zuzuca, e interpretado pelo próprio. Esta gravação saiu no disco solo do sambista, de 1974. Baita disco por sinal, que pode ser baixado no "Toque Musical"!



Ôôô... madrugada, não é fácil lhe aturar
Não é fácil lhe aturar, porque

Não vê que o sereno está caindo
A poeira do chão subindo
E o samba pendindo pra ficar
Não vê que o sereno está caindo
A poeira do chão subindo
E o samba pendindo pra continuar

Ôôô... madrugada, que vontade de chorar
Não vê que o sereno está caindo
A poeira do chão subindo
E o samba pendindo pra ficar
Não vê que o sereno está caindo
A poeira do chão subindo
E o samba pendindo pra continuar

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Zonotriko en la faruno

A ideia surgiu em 1887: unificar todas as línguas do mundo. Foi aí que oftalmologista polonês, L. L. Zamenhofum, jovem oftalmologista polonês criou o Esperanto.

A língua chegou a fazer sucesso entre os ripongas da década de setenta, mas jamais pegou. Ou quase. Aurora Miranda, irmã de Carmem, chegou a gravar "Tico-Tico no Fubá" em Esperanto, ou "Zonotriko en la faruno". É curioso:



Veja 10 frases na língua universal:

Primeiras Palavras
1. Eu leio e você escreve.
2. O pai quer escrever e a mãe quer ler.
3. O muro é alto.
4. O Esperanto é uma lingua muito regular.
5. Meu caro amigo dorme.
6. Maria quer cantar.
7. Você canta regularmente.
8. Rodolfo pinta e Marta varre.
9. Eu não quero cantar.
10. Você não lê bem.

Unuaj Vortoj
1. Mi legas kaj vi skribas.
2. La patro volas skribi, la patrino volas legi.
3. La muro estas alta.
4. Esperanto estas lingvo tre regula.
5. Mia kara amiko dormas.
6. Maria volas kanti.
7. Vi kantas regule.
8. Rodolfo pentras kaj Marta balaas.
9. Mi ne volas kanti.
10. Vi ne legas bone.

Para saber mais visite o Centro de Cultura Esperanto

terça-feira, 21 de julho de 2009

Nós não somos piratas

O post hoje era pra ter sido ontem, mas ainda assim continua atual. Trata-se de manifesto, o Movimento Música para Baixar. O documento que pretende coletar assinaturas já tem nomes de peso, como André Abujamra (ex-Karnak). A ideia é que quem baixa música é divulgador e não pirata. Leia o manifesto na íntegra e assine o documento!

É a partir do surgimento da democratização da comunicação pela rede cibernética, que a conjuntura na música muda completamente. Um mundo acabou. Viva o mundo novo!
O que antes era um mercado definido por poucos agentes, detentores do monopólio dos veículos de comunicação, hoje se transformou numa fauna de diversidade cultural enorme, dando oportunidade e riqueza para a música nacional - não só do ponto de vista do artista e produtor(a), como também do usuário(a). Neste sentido, formamos aqui o movimento Música para Baixar: reunião de artistas, produtores(as), ativistas da rede e usuários(as) da música em defesa da liberdade e da diversidade musical que circula livremente em todos os formatos e na Internet. Quem baixa música não é pirata, é divulgador! Semeia gratuitamente projetos musicais. Temos por finalidade debater e agir na flexibilização das leis da cadeia produtiva, para que estas não só assegurem nossos direitos de autor(a), mas também a difusão livre e democrática da música. O MPB afirma que a prática do "jabá" nos veículos de comunicação é um dos principais responsáveis pela invisibilidade da grande maioria dos artistas. Por isso, defendemos a criminalização do "jabá" em nome da diversidade cultural. O MPB irá resistir a qualquer atitude repressiva de controle da Internet e às ameaças contra as liberdades civis que impedem inovações. A rede é a única ferramenta disponível que realmente possibilita a democratização do acesso à comunicação e ao conhecimento, elementos indispensáveis à diversidade de pensamento. Novos tempos necessitam de novos valores. Temas como economia solidária, flexibilização do direito autoral, software livre, cultura digital, comunicação comunitária e colaborativa são aspectos fundamentais para a criação de possibilidades de uma nova realidade a quem cria, produz e usa música. O MPB irá promover debates e ações que permitam aos agentes desse processo, de uma forma mais ampla e participativa, tornarem-se criadores(as) e gestores(as) do futuro da música. O futuro da música está em nossas mãos. Este é o manifesto do movimento Música Para Baixar.

Samba paulista no Sesc Santana

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Disco da semana: De leve - Ciro Monteiro & Jorge Veiga


No dia do amigo, posto um disco que é uma celebração a amizade: "Ciro Monteiro & Jorge Veiga - De Leve". A união de dois sambistas cheios de bossa, e um repertório que vai de Benedito Lacerda a Nelson Cavaquinho só podia resultar em um registro sensacional. O pequeno texto das costas do disco só confirma o que eu acabei de dizer:

"Quando dois amigos se encontram o assunto é futebol e muito papo furado que termina na clássica despedida - "apareça lá em casa"... etc coisa e tal, mas, quando dois sambistas se encontram, a coisa muda de figura porque o assunto é mulher, é amor, é samba! Entre uma "birita" e outra vão dizendo na mesa de boteco tudo que aprenderam cantando. Sem nada programado vão matando o tempo e a saudade. Êste disco é o retrato deste flagrante que só podia ter acontecido no Rio onde o samba faz amigos em cada esquina. Ciro Monteiro e Jorge Veiga falaram, disseram e eternizaram essa seleção de sambas para seus admiradores, que vão vibrar e cantar entre "umas e outras"... de leve!"

Músicas:
1 - Samba é bom assim (Norival Reis - Hélio Nascimento)
Pra seu governo (Haroldo Lobo - Milton de Oliveira)
Despedida de Mangueira (Benedito Lacerda - Aldo Cabral)
Falso amor (J - B - de Carvalho - Osvaldo Silva)
Nosso amor (Sátiro de Melo - Jorge Nóbrega)
Não tenho lágrimas (Max Bulhões - Milton de Oliveira)
Acorda Escola de Samba (Benedito Lacerda - Herivelto Martins)
Cai cai (Roberto Martins) cantam Cyro Monteiro e Jorge Veiga
2 - Disseste (Zé do Violão - Maria Clara) canta Cyro Monteiro
3 - 400 Anos (Cyro Monteiro - Dias da Cruz) canta Cyro Monteiro
4 - Poeira (Telemar - Cléo) canta Cyro Monteiro
5 - Tumba-lê (Cyro Monteiro)
Bigu (Sebastião Gomes - Paquito - Romeu Gentil)
Se você jurar (Ismael Silva - Nilton Bastos - Francisco Alves)
Isaura (Herivelto Martins - Roberto Roberti)
Maria sambou (Cyro Monteiro)
Não posso mais (Haroldo Lobo - Milton de Oliveira - Claudionor Santos)
Rosa Maria (Anibal - Eden Silva)
Agora é cinza (Alcebíades Barcelos "Bide" - Armando "Marçal") cantam Cyro Monteiro e Jorge Veiga
6 - Café ''Soçaite'' (Miguel Gustavo) canta Jorge Veiga
7 - Primeiro de Abril (Nelson Cavaquinho - Paulista - Noel Silva) canta Jorge Veiga
8 - Boi Bumbá (Zito de Souza - Toninho - Jorge Veiga) canta Jorge Veiga

Baixe esse disco no Prato e Faca.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Verde pelas Diretas!

O ano era 1984, e as "Diretas Já", já era uma realidade. Tanto que reuniu, no dia 16 de abril, cerca de 1,5 milhão de pessoas em prol do movimento. Entre a multidão, estavam os amigos Eduardo Gudin e Costa Netto, que tomados pela sensação de retorno da democracia, compuseram a música "Verde".


Veja o comentário do livro "A canção no tempo - Vol. 2: 1958-1985": "Gudin, sugerindo que a letra deveria enfatizar a cor verde, desenvolveu então um esboço de melodia que já tinha em mente. A primeira parte (A) da canção, em sol maior, era sucedida por uma segunda (B) em sol menor, porém a seqüência final, com o mesmo motivo de A, tinha uma modulação para si bemol maior. Esta interessante resolução levanta a música, provocando um explosivo entusiasmo: “Verde as matas no olhar / ver de perto / ver de novo um lugar / ver adiante / sede de navegar / verdejantes tempos / mudança dos ventos no meu coração...” ".

A música ainda prestou um grande serviço. Lançou a paraense Leila Pinheiro como cantora, já que ela levou a canção a terceira posição no Festival dos Festivais, da TV Globo, em 1985.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Os Titãs Cervejeiros da Bossa

Esse post saiu lá do pessoal do Gafieiras!

Esta cena me parece impossível de se repetir. João Gilberto levantando o dedo para pedir uma ampola da número 1! E o slogan? O genial "Pedriu cerveja, pediu Brahma Chopp", que para mim ainda soa muito atual, mas já leva um tempão. Era 1991.

A coluna UHF, assinada por Ricardo Tacioli do Gafieiras, ainda conta:
"Na televisão, com sua voz sussurrada e com acompanhamento de seu violão, João Gilberto canta 'Pediu cerveja, pediu Brahma Chopp, Brahma Chopp, Brahma Chopp'. O inusitado comercial é dirigido por Walter Salles Jr. (Central do Brasil e Diário de motocicleta) e gravado no Teatro Municipal de São Paulo. João, que nos anos 1950 cultivava o apelido Zé Maconha, não fica muito à vontade nessa propaganda."



Bom, né? Mas o mais impressionante está por vir. Um comercial que é nada menos do que uma prova de amor à cerveja. E não poderia ter melhores nomes do que Tom Jobim e Vinicuis de Moraes. Veja e diga se não dá vontade de pedir uma gelada!



Saiba mais sobre este e outros vídeos no Gafieiras

quarta-feira, 15 de julho de 2009

O Drama de Angélica

"Drama de Angélica" é daquelas músicas que você não acredita que existe. A começar pela sua construção, que bem poderia ser um roteiro de teatro, já que é dividida em quatro atos. Outro fato curioso é que seus versos são todos terminados em proparoxítonas. A música é de autoria de Alvarenga e M. G. Barreto e foi lançada pela dupla Alvarenga e Ranchinho.

Drama de Angélica (Alvarenga / M. G. Barreto)


Ato 1

Ouve meu cântico
Quase sem ritmo
Que a voz de um tísico
Magro esquelético
Poesia ética
Em forma esdrúxula
Feita sem métrica
Com rima rápida

Amei Angélica
Mulher anêmica
De cores pálidas
E gestos tímidos
Era maligna
E tinha ímpetos
De fazer cócegas
No meu esôfago

Em noite frígida
Fomos ao Lírico
Ouvir o músico
Pianista célebre
Soprava o zéfiro
Ventinho úmido
Então Angélica
Ficou asmática

Ato 2

Fomos ao médico
De muita clínica
Com muita prática
E preço módico
Depois do inquérito
Descobre o clínco
Um mal atávico
Mal sifilítico

Mandou-me célere
Comprar noz vômica
E ácido cítrico
Para o seu fígado
O farmacêutico
Mocinho estúpido
Errou na fórmula
Fez despropósito

Não tendo escrúpulo
Deu-me sem rótulo
Ácido fênico
E ácido prússico
Corri mui lépido
Mais de um quilômetro
Num bonde elétrico
De força múltipla

Ato 3

O dia cálido
Deixou-me tépido
Achei Angélica
Já toda trêmula
A terapêutica
Dose alopática
Lhe dei em xícara
De ferro ágate

Tomou num folêgo
Triste e bucólica
Esta estrambólica
Droga fatídica
Caiu no esôfago
Deixou-a lívida
Dando-lhe cólica
E morte trágica

O pai de Angélica
Chefe do tráfego
Homem carnívoro
Ficou perplexo
Por ser estrábico
Usava óculos:
Um vidro côncavo
Outro convexo

Ato 4

Morreu Angélica
De um modo lúgubre
Moléstia crônica
Levou-a ao túmulo
Foi feita a autópsia
Todos os médicos
Foram unânimes
No diagnóstico

Fiz-lhe um sarcófago
Assaz artístico
Todo de mármore
Da cor do ébano
E sobre o túmulo
Uma estatística
Coisa metódica
Como Os Lusíadas

E numa lápide
Paralepípedo
Pus este dístico
Terno e simbólico:
"Cá jaz Angélica
Moça hiperbólica
Beleza helênica
Morreu de cólica!"

terça-feira, 14 de julho de 2009

Resultado da promoção do João Macacão

Salve pessoal, quem faturou o CD "Serestando" de João Macacão foi André Carvalho (@carvalhoandre), com a seguinte frase: "Macaco gosta de banana, mas o Macacão gosta mesmo de seu pinho, de embaúba ou jacarandá, para linda melodias no ar recitar". Parabéns André!

Volta ao mundo com Vassourinhas

Quem é que não reconhece Vassourinhas! Composto por Matias da Rocha e Joana Batista Ramos, é simplesmente o frevo mais famoso do Brasil!

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O gênio Sivuca imaginou como seria se este frevo tivesse nascido em outros países, como Argentina, China, Rússia, Escócia ou até mesmo em algum país árabe qualquer.


É bom demais de ouvir. Ói só!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Vermute entrevista: João Macacão

A promoção para ganhar um CD de João Macacão se encerra hoje, mas ainda dá tempo de mandar a frase. Para quem ainda não se sente inspirado, o Vermute fez uma rápida entrevista com este grande artista. Confira:

1. É seu primeiro cd solo em quase 30 anos de carreira, o que você sente?
É, eu sempre toquei choro e sambas, né? Eu trabalhava com o Silvio Caldas. Acompanhei ele 22 anos, mas eu cantava um pouco. Aí depois o pessoal do Pôr do Som me viu cantando e falou: "Pô, você não queria gravar um CD?". "Ah, posso gravar!", eu disse. Mas eu não tinha a intenção de ser cantor não, sabe? Aí acabou dando certo, né? E eu estou me sentindo muito bem, muito feliz de estar no palco como um astro, porque até aí eu era só um acompanhante, agora eu sou linha de frente. (risos)

2. A sua primeira participação como intérprete foi na coletânea Acerto de Contas (2002), do Vanzolini, não é isso?
Isso, eu gravei duas músicas naquela coletânea do Vanzolini. Gravei uma música que chama "Maria que ninguém queria" (Paulo Vanzolini) e a outra chama "Falso Boêmio" (Paulo Vanzolini)

3. Como você começou a cantar? Você já cantava?
Eu cantava sim! Eu cantava de vez em quando, mas eu não tinha um repertório muito grande, formado. Aí depois eu comecei a cantar um pouquinho mais. Foi quando eu trabalhei no Bar do Cidão uns oito anos. E lá era só eu de violão, um pandeiro e um cavaquinho. Eu fazia um pouquinho de chorinho, mas eram mais músicas cantadas. Aí o pessoal da Pôr do Som me viu, me convidou para gravar e eu gravei. Então daqui pra frente, eu sou cantor! (risos)

4. Porque no disco você optou por não tocar o violão de 7?
É porque... Eu acho que eu preferi deixar esses meus companheiros aí, que são bem melhores do que eu. Aí foi o Arnaldinho [Arnaldo Galdino], o Marco Bertaglia, o Zé Barbeiro e o [Alessandro] Pennezi, que são todos monstros sagrados da nossa música popular. Ficou melhor com eles tocando. Mas talvez num próximo, se eu fizer, talvez até grave umas tocando também.

5. O Silvio Caldas é o seu cantor preferido?
Era um deles, né?

6. Mas um que você se inspire? Seria ele?
É eu aprendi muitas coisas com ele. Mas antes de trabalhar com o Silvio Caldas eu gostava muito do Nelson Gonçalves, do Orlando Silva... E na minha cabeça nunca passava que eu fosse um dia acompanhar o Silvio Caldas. Eu aprendi a tocar violão pelo prazer de tocar, mas aí o destino acabou me encaixando para acompanhá-lo. E foram 22 anos.

7. Para finalizar, o que você prefere tocar: choro ou samba-canção?
Olha, eu gosto dos dois. Eu gosto de tocar choros e sambas, samba-canção, bolero, valsa, maxixe, fox - aquele fox americano -. Por exemplo, a gente toca "Tenderly" (Walter Lloyd Gross / Jack Lawrence), "Blue Moon" ( Richard Rodgers / Lorenz Hart), enfim: músicas boas. Música de qualidade eu gosto de todas. Algumas do Roberto Carlos, Djavan, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Chico Buarque... é tudo música que está no nosso repertório. Sendo bom, vale! (risos)

João Macacão se apresenta todas as quintas, a partir das 22h, no Bar do Cidão. E aos sábados no Salve Jorge, integrando o Conjunto Paulistano, a partir das 13h.

Disco da semana: 1976 - Vassourinha


Este disco é de 1976, e reune gravações feitas por Vassourinha entre os anos de 1941 e 1942. Vassourinha começou cedo, com apenas 15 anos já fazia apresentações ao lado de Isaurinha Garcia. O trecho da coluna de Alexandre Petillo, do site Gafieiras dá uma idéia do furor que o sambista causou na época:

"Vassourinha passou a ser conhecido como o sucessor de Luís Barbosa, o inventor do “samba de breque”, morto aos 28 anos. Ambos tinham o mesmo tom de voz, abusavam dos timbres agudos, das inflexões maliciosas. Apesar do bairrismo contra os artistas paulistanos, Vassourinha já fazia tanto barulho que acabou na capa da revista “Carioca”, principal publicação cultural da época."

O cantor de sucesso garantido foi pego de surpresa por uma doença que até hoje ninguém sabe muito bem o que era. E aos 19 anos, vítima de um "mix muito louco de tuberculose, reumatismo e tudo mais que se pudesse pensar em termos de moléstias", como disse o pessoal do Gafieiras, Vassourinha faleceu.

Músicas:
1-"Seu" Libório (Alberto Ribeiro - João de Barro)
2-Juracy (Antônio Almeida - Ciro de Souza)
3-Emília (Haroldo Lobo - Wilson Batista)
4-Ela vai à feira (Roberto Roberti - Almanyr Greco)
5-Chik chik bum (Antônio Almeida)
6-Apaga a vela (João de Barro)
7-Olga (Alberto Ribeiro - Satyro de Mello)
8-Tá gostoso (Alberto Ribeiro - Antônio Almeida)
9-...E o juíz apitou (J. Batista - Antônio Almeida)
10-Amanhã eu volto (Antônio Almeida - Roberto Martins)
11-Amanhã tem baile (Milton de Oliveira - Haroldo Lobo)
12-Volta p'ra casa Emília (J. Batista - Antônio Almeida)

Baixe esse disco na Lira do Povo.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Adoniran na pista de dança!

Se Adoniran andou no trem que levava ao Jaçanã, foi no final dos anos cinquenta, no trem das sete. Era nesta época e horário que ele se apresentava interpretando personagens do programa radiofônico "Hitória das Malocas", no Circo do Batista, na zona norte de São Paulo.

Com conhecimento de causa, ou não, ele fez um baita sucesso em 1965 ao lançar a história "Trem das Onze". Gravada na voz dos Demônios da Garoa, a música chegou a aportar até mesmo no carnaval do Rio de Janeiro.



A música fez tanto sucesso que ganhou inimagináveis versões, como esta, feita pela Alcatraz Black Band nos anos 1970.


Também nesse ritmo, podemos escutar a Masquerade, uma versão ao melhor estilo discoteque para Máscara Negra, de Zé Kéti (que já foi até tema de propaganda de tevê). Ouça!


Outras versões de disco para músicas brasileiras você baixa no blog Mundo Estranho de PB. Valeu, Mazonni!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

"Quer cantar mal assim, vai cantar black e soul!"

Não tem coisa pior do que samba mal tocado em botequim. A cerveja vai descendo e o pessoal vai cantando cada vez mais alto até chegar alguém de bom senso. Nesse caso, este alguém é nada menos do que Mussum!



"Quer cantar mal assim, vai cantar black e soul!" Cacilds!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Samba vegetariano

Taí uma simpática animação, feita em stop-motion, com os vegetais tocando "Saio de casa e vou pra rua" de Candeia. Confira:

terça-feira, 7 de julho de 2009

Samba de campanha

Fernando Henrique ainda não era FHC quando se candidatou à cadeira de prefeito de São Paulo, em 1985. Seu principal adversário era o Vassourinha Jânio Quadros, que havia renunciado ao cargo de presidente em 25 de agosto 1961.

A corrida eleitoral parecia fácil para FHC, tanto que o homem se deixou fotografar na cadeira de prefeito a poucos dias da eleição. E do seu lado, o sociólogo tinha um nome de peso: Francisco Buarque de Hollanda.

A parceria rendeu uma paródia do samba "Vai Passar", feita por Chico e J. Petrolino. Intitulada de "Vai Ganhar", a música chamava Jânio de fujão e foi lançada em um Flexdisc. Veja só:


Vai Ganhar



Ouça a versão original.


No final das contas, nem a musiquinha (que era boa) convenceu. Quem venceu foi o "fujão", Jânio Quadros.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Conseguiu penetrar no municipal...



Ouça Tião Preto cantando "Vela no breu" (Paulinho da Viola / Sérgio Natureza):

Disco da Semana: Vamos Sambar - Osvaldinho da Cuíca e Grupo Vai-Vai


Este é o primeiro disco do Osvaldinho da Cuíca. Na época que foi lançado, o crítico José Ramos Tinhorão desceu a lenha. Veja o que disse Osvaldinho:

"(...) um dia, participando de uma coleção cultural com Marcos Pereira sobre música brasileira, ele me convidou para gravar um LP. Foi na década de 70, eu gravei o meu primeiro disco com o grupo VAI-VAI, mas fui produzido por uma pessoa que não tinha noção do samba de SP e por uma questão financeira nós gravamos rapidamente. O disco saiu com uma série de falhas. José Ramos Tinhorão é um dos maiores escritores sobre música e ele publicou no Jornal do Brasil mais de meia página com o título: "O que impera no meio não é a virtude e sim a mediocridade". E a reportagem além de alguns elogios, disse que eu estava caindo na mesmice e copiando o samba carioca, que eu não estava acrscentando nada à cultura regional e que assim nossa cultura acabaria desaparecendo. Foi aí que eu comecei a me interessar pela cultura de São Paulo, que é muito rica e bonita."

Osvaldinho aceitou a crítica e o resultado todo mundo já conhece. Fez discos, escreveu livros e se tornou uma grande autoridade no que diz respeito a samba paulista. Ainda assim acho que se trata de um bom disco, com uma cozinha arrumada e sambas bacanas.

Músicas:
1 - Vai-vai (Osvaldinho da Cuíca - Papete)
2 - Moro na roça (Xangô da Mangueira - Jorge Zagaia)
3 - Tudo se transformou (Paulinho da Viola)
4 - Tá assim de mulher e tá chegando mais (Domingos Paulo - B - Almeida - Toninho Beleza)
5 - Cozinha (Ritmo com Osvaldinho da Cuíca e Grupo Vai-Vai)
6 - Que beleza (Benito di Paula)
7 - Exaltação ao Salgueiro (Papete)
8 - Vendaval (Bebeto) participação: Papete
9 - Risoleta (Raul Marques - Moacir Bernardino)
10 - Festa dos Deuses Afro-brasileiros (Baianinho)
11 - Partido na cozinha (Oswaldinho da Cuíca - Papete)

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Samba hoje e amanhã em SP

Olha aí, dica do O Couro do Cabrito. Hoje acontece a exibição do documentário "O teu nome não caiu no esquecimento", de Demerval Neto. Depois, ainda roda de samba com o pessoal "Movimento Cultural @migos do samba.com".

Local: Ação Educativa
Data: 03/07
Endereço: Rua General Jardim,660 - Vila Buarque - Consolação
Horário: a partir das 19h
Entrada franca

Amanhã (04/07) tem roda de samba do Núcleo de Samba Jequitibá.
Local: Bar Rscritório
Data: 04/07
Endereço: Rua Júlio de Castilhos, 1110, a duas quadras do metrô Belém.
Horário: a partir das 15h

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Ave Décio

Taí um samba que eu conheci a pouco tempo e achei muito bom. O samba, é uma homenagem a Mano Décio, e se encontra no disco "Eu e meu pandeiro" (1976) de Jorginho do Império. Que diga-se de passagem, é seu filho.

O Imperador (Paulo Debétio / Paulinho Rezende)


Você que fundou o Império e não se vestiu de imperador
Ficou sendo lá no Serrano, apenas o mano, poeta e cantor
De braço com Mestre Fuleiro, Molequinho e outros bambas
Na casa da Dona Eulália, pintaram de verde e branco a bandeira do samba

Desce os dedos pelo braço da viola
Faz enredo, que teu samba me consola
Mano Décio, desce os dedos na viola
Faz enredo, que teu samba me consola

A serrinha sente a falta do teu canto
Vê se volta pro teu povo
E faz o teu povo cantar
Você que tira o chapéu na humildade
Dê licença vou tirar o meu por vaidade

Desce os dedos pelo braço da viola
Faz enredo, que teu samba me consola
Mano Décio, desce os dedos na viola
Faz enredo, que teu samba me consola
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