quarta-feira, 30 de abril de 2008

Choro gringo?

Antes de ser lançado no Brasil, o documentário Brasileirinho, do finlandês Mika Kaurismäki, foi lançado no Festival de Berlim, em 2005. O filme que fala sobre o que é considerada a primeira música genuinamente brasileira - o choro - já participou de 27 festivais internacionais e já foi exibido em 30 países, chegando somente este ano ao Brasil.


A idéia de fazê-lo surgiu em 2003, quando o produtor suíço Marco Forster se juntou ao Trio Madeira Brasil. Lado a lado, idealizaram o projeto Sarau, que teria como carro-chefe um filme documentário sobre o choro, seguido de uma série de shows no exterior e da distribuição de uma série de CDs nos principais mercados mundiais. Foi então que veio a idéia de convidar o diretor finlandês, que tinha acabado de lançar na europa o filme Moro no Brasil. Mika, que há muito havia se apaixonado pelo Brasil, topou.

Entre os diversos chorões que integram o documentário estão: Trio Madeira Brasil, Yamandu Costa, Hamilton de Holanda, Jorginho do Pandeiro, Celsinho Silva, Henrique Cazes, Alfredo del Penho, Camunguelo e Paulino Dias. Ainda há também os seguintes intérpretes: Zezé Gonzaga, Ademilde Fonseca, Teresa Cristina, Pedro Miranda, Elza Soares e Guinga.

Veja um trecho do documentário
Trio Madeira Brasil executando a valsa espanholada Santa Morena de Jacob do Bandolim




Compre o documentário aqui.

Também foi lançado também um CD com a trilha sonora do filme, que como já era de se esperar, vale a pena e pode ser comprado aqui.

A grande pena é saber que um material riquíssimo como este sai do Brasil, faz um baita sucesso por aí e leva três anos para chegar aos nossos ouvidos. O que mais está rodando lá fora e não sabemos? O que falta para pararmos de exportar o que é bom e importar lixo musical?

terça-feira, 29 de abril de 2008

A Bic na linha do tempo

Estive folheando uma revista dia desses quando me dei de cara com um anúncio e a possibilidade de ampliar a seção, proposta por Murilo, 30 segundos de samba, ainda que me arrisque a sair da proposta original.


Não chega a ser uma propaganda de vídeo, com alguma música. Uma bela linha do tempo, com músicas que marcaram a carreira de determinado artista. Nesta ocasião, um anúncio, duas páginas.

As canetas Bic usam seu famosíssimo corpinho de plástico (fotografado na horizontal) funcionando como uma linha do tempo, em que são mostradas as canções dos artistas que marcaram sua carreira. Na parte de cima, onde a gente colocava nossos nomes durante a quarta série, o nome do artista.

O primeiro, que eu espero ser uma série de muitos, foi o baianíssimo Gilberto Gil. A linha mostra, por exemplo que em 1967 Gil lançou a música Domingo no Parque. Em 1969, foi a vez de Aquele Abraço. Depois nos anos 70 concebeu Expresso 2222, Refazenda, Refavela e Realce.

Clique para ampliar

Outros artistas também apareceram, como Mário Prata, Lygia Fagundes Telles, Millôr Fernandes e o dono da agência criadora, Washington Olivetto.

A campanha foi ao ar em janeiro deste ano, nas principais revistas mensais do país. Eu não me dei conta, mas gostaria mesmo de ver uma dessas com o Paulinho da Viola ou Cartola. Será que o Vermute é que vai acabar fazendo isso? E quem você gostaria de ver em uma linha do tempo musical?

segunda-feira, 28 de abril de 2008

A emoção sobreviveu!

Trinta e quatro anos depois da primeira apresentação, Paulo César Pinheiro trocou os fios negros pelos brancos, Eduardo Gudin adotou um visual bem distinto daquele de 1974 e Márcia se esforça para manter os cabelos loiros como antigamente. Nos três a passagem do tempo só não se fez presente em um quesito: a emoção.

Paulo, Eduardo e Márcia se apresentaram no Theatro Municipal como uma das centenas de atrações da quarta edição da Virada Cultural. Os três subiram ao palco para lembrar a beleza do show “O importante é que a nossa emoção sobreviva”, um sucesso na década de 70, que acabou resultando em três discos.

Apesar dos ensaios, era visível que, há um bom tempo, os três não se uniam diante de um público que encheu o Municipal. Márcia, que estava longe dos palcos, chegou até a assumir o nervosismo e pediu para recomeçar a música que abre o show, “Consideração”. Mas não pode ser condenada. Sua voz ainda transmite a mesma emoção de antes. Deu um show à parte cantando a dificílima “Ingênuo”, do mestre Pixinguinha.

Uma pena que a repórter tenha errado o nome do show!!!


Gudin e Paulo César não ficaram atrás. O primeiro parece ter ganhado mais experiência nas cordas do violão, embora ainda demonstre algum incômodo no palco. Paulo César, preciso nas suas declamações, cantou com a voz um pouco mais abatida. A rouquidão que lembra Nelson Cavaquinho, um presente das madrugadas de boemia.

O público foi agraciado com músicas dos dois volumes dos discos “O importante é que a nossa emoção sobreviva” e do “Tudo o que mais nos uniu”. Para quem já havia visto o espetáculo ateriormente, o reprise deve ter sido interessantíssimo. Eu não tive esse prazer. Mas posso ter a certeza de que a emoção sobreviveu e seguirá viva nas vozes desses três.

Decepção
O show do quinteto em preto e branco não merece muito mais do que algumas linhas nesse blog. O atraso e o péssimo som marcaram um show que poderia ter se erguido nas costas de Dona Ivone Lara (que mesmo passando por dificuldades pessoais, cantou pouco, mas belamente). Porém, a apresentação acabou se resumindo a uma baita e má executada vontade de vender CD´s. Pena.

Saiba mais sobre o primeiro disco dos três no Discos do Brasil

O pessoal do Ferrugem também teceu suas considerações sobre a Virada Cultural.

domingo, 27 de abril de 2008

Disco da semana: Clementina e Convidados


Recentemente entrei em uma loja de discos e vi que o disco Clementina e Convidados (1979) foi relançado em CD. Na minha opinião este é um dos melhores discos da nossa Rainha Quelé, e além disso conta com convidados que merecem respeito. Por exemplo, Clementina divide os vocais com Cristina Buarque, Clara Nunes, Roberto Ribeiro, João Bosco, Martinho da Vila, Dona Ivone Lara, Carlinhos Vergueiro e Adoniran Barbosa.


Clementina também interpreta algumas canções sozinha, entre elas, pode-se destacar a música Olhos de Azeviche, onde ela canta de maneira bastante simples, porém com muita beleza. É como diz o ditado: "Menos é mais".

Vale dizer que o CD era daqueles que não vem em uma caixinha de plástico e sim em uma de papelão, talvez para baratear o preço do produto final, e por conta disso não sei se contém encarte.

Músicas:
01. Tantas você fez - com Cristina Buarque
(Candeia)
02. Embala eu - com Clara Nunes
(Albaléria)
03. Cocorocó - com Roberto Ribeiro
(Paulo da Portela)
04. Olhos de azeviche
(Jaguarão)
05. Boca de sapo - com João Bosco
(Aldir Blanc - João Bosco)
06. Laçador
(Catoni - Clementina de Jesus)
07. Assim não, Zambi - com Martinho da Vila
(Martinho da Vila)
08. Na hora da sede
(Luiz Américo - João de Barro)
09. Sonho meu - com Dona Ivone Lara
(Ivone Lara - Délcio Carvalho)
10. Torresmo à milanesa - com Adoniran Barbosa e Carlinhos Vergueiro
(Adoniran Barbosa - Carlinhos Vergueiro)
11. Caxinguelê das crianças
(José Ventura)
12. Papel reclame
(Nelson Sargento)

Baixe esse disco no um que tenha

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Adeus Canhoto!

Morreu na última quinta-feira o músico Francisco Soares de Araújo, mais conhecido como Canhoto da Paraíba. Famoso por tocar seu violão de forma invertida, Canhoto tinha 82 anos e sofreu um enfarto na casa em que morava, em Paulista, na Região Metropolitana de Recife.

A situação de Canhoto já não ia bem há 10 anos, quando ele sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC)

Veja aqui a desenvoltura de Canhoto


Canhoto nasceu em Princesa Isabel, no interior da Paraíba. Ainda jovem, ele foi para o Recife, onde ganhou fama ao se especializar em choro, que com ele ganhou um sotaque nordestino.

Foram mais de 80 composições feitas e o prazer de dividir palco com grandes nomes da música, como: João Bosco, Sivuca, Paulinho da Viola, César Faria e outros tantos. Além de violão, Canhoto também se aventurou no cavaquinho e no bandolim. Porém, um dos maiores nomes do choro apenas gravou quatro discos.

O enterro será realizado nesta sexta-feira (25), às 16h, no cemitério de Paulista.

Saiba mais sobre Canhoto da Paraíba

Baixe aqui o disco Canhoto da Paraíba --- O Violão Brasileiro Tocado Pelo Avesso (1977)

quinta-feira, 24 de abril de 2008

"Saí da tua alcova" por Henrique Cazes

Noel Rosa foi um dos primeiros compositores, se não o primeiro, a se utilizar do humor como pano de fundo para as suas composições. Noel usava a facilidade e a habilidade em compor para provocar, responder ou ainda tirar um sarro de maneira sutil ou totalmente explícita.

Saí da tua Alcova trata-se de uma composição pouco conhecida de Noel, até porque é uma música que foi feita para uma ocasião específica e sem pretensão nenhuma de gravação. Tanto que ela foi ensinada pelo caricaturista e compositor Antônio Nássara à dupla João Máximo e Carlos Didier.

Noel a compôs para tirar um sarro do amigo Malhado, que era metido a cantar canções que abusavam das palavras rebuscadas. A história completa da música fica por conta de Henrique Cazes e se encontra no CD Cristina Buarque e Henrique Cazes – Sem Tostão... A Crise Não é Boato.


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... Saí da tua alcova
Com o prepúcio dolorido
Deixando o seu clitóris gotejante
De volúpia emurchecido.

Porém, o gonococus da paixão
Aumentou minha tensão...


Mais no Vermute
Irving por Noel Rosa. Aqui
Saiba quais músicas de Noel Rosa já são domínio público.
Entenda a transformação de Wilson Batista: de malandro a politicamente correto.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Dica: Encontro Nacional de Jongueiros

As tradições não morreram. E seguirão vivas se depender da 12ª edição do Encontro Nacional de Jongueiros, que está com data marcada. Dias 25 e 26 de abril, em Piquete, mais de 1.000 jongueiros do sudeste do Brasil se reunirão para festejar, debater e ministrar oficinas

Conheça o Mestre Darcy do Jongo


Nas duas noites da bagunça, se apresentarão 19 grupos de Jongo de Valença-Quilombo São José, Barra do Pirai, Pinheiral, Angra dos Reis, Santo Antonio de Pádua, Miracema, Serrinha, Porciúncula, Quissamã, Campos, São Mateus, Carangola, São José dos Campos, Guaratinguetá, Campinas e Piquete. Veja a programação

Entre as palestras, se destaca a que tratará sobre a transmissão da tradição jongueira. Na mesa marcada para ocorrer as 11 horas do dia 26, debaterão nomes de importantes comunidades do ritmo, como Tia Maria, da Serrinha.

Ouça Jongo

Três oficinas já estão marcadas. Uma delas ensinará como fazer um tambu, o tambor do jongo. Vale a pena conferir.

O samba também dará as caras no evento. No dia 26 à meia-noite está previsto um show com Dona Ivone Lara e Xangô da Mangueira, na Praça Duque de Caxias.

Ah, o evento é grátis!
Telefone: 21-2222-3458 ou 12-9742-6119
Veja como chegar


Mais no Vermute
Veja a programação da Virada Cultural que o Vermute preparou para você
Sabe como se comportar em uma roda de samba? Aprenda
Mário Reis antecedeu João Gilberto. Confira

No dia Nacional do Choro, ouça Jacob

O Vermute com Amendoim também não deixará passar em branco o Dia Nacional do Choro. Para quem não sabe a data que comemoria os 111 anos de Pixinguinha e foi estabelecida para lembrar o gênero por ele difundido.

Não poderia ser diferente. O choro nasceu no Rio de Janeiro, nos bairros em que a população não tinha acesso direto aos ritmos europeus que “invadiam” a cidade. Mas essa invasão teve um bom resultado. Afinal foi da mistura de ritmos como quadrilha, valsa e polca com o lundu africano que surgiu o choro, ainda na segunda metade do século XIX.

Grandes nomes marcaram o gênero, como o flautista Joaquim Antônio da Silva Callado Júnior (que organizou grupos para tocar choro), a pianista Chiquinha Gonzaga que mesmo em uma sociedade machista deixou sua contribuição com composições lindíssimas, Jacob do Bandolim, que deu ao instrumento uma coloração jamais vista antes, e tantos outros que se fossem aqui lembrados alongariam demais a lista.

Para enriquecer, o bom mesmo é deixar os mestres falarem. Por isso é que vale a pena escutar um trecho do depoimento de Jacob dado ao Museu da Imagem e Som do Rio de Janeiro no dia 24/02/1967. Na ocasião estavam presentes o jornalista e crítico musical Sergio Cabral, Sergio Bittencourt e Ricardo Cravo Albin. Para os mais interessados, vale a pena visitar o site do Jacob, que pode ser acessado daqui

Baixe aqui o trecho
Já para quem quer conhecer um pouco mais sobre a vida do mestre do choro, o principal homenaegado da vez, Pixinguinha, a sugestão é escutar os preciosos blocos do programa Olhar Brasileiro, elaborado pela Rádio Usp.

São quatro programas muito bem apresentados na voz de Omar Jubran. Quem ainda não escutou está perdendo tempo. Confira

Saiba mais sobre Pixinguinha

terça-feira, 22 de abril de 2008

Rio comemora o Dia Nacional do Choro

Se estivesse vivo Pixinguinha completaria, no dia 23, 111 anos. Como o mestre Pixinga partiu há pouco mais de 25 anos, nós é que temos de comemorar por ele. Não à toa foi instituída a data do seu aniversário como o Dia Nacional do Choro.

E as comemorações se estenderão por toda a semana. No Rio de Janeiro, o Arte Sesc Flamengo, que fica na Rua Marquês de Abrantes, 99 inaugura oficialmente a programação com o lançamento do CD Zé Menezes - Autoral (Regional de Choro), do Zé Menezes Quinteto. O evento está previsto para acontecer a partir das 19h.

Ouça choro, clique aqui

Cearense de Juazeiro do Norte, Zé Menezes está no hall dos poucos músicos que falam e fazem música com propriedade. Mas ele não será o único nome a brilhar. Os jovens do grupo Tira Poeira e o multipercussionista Jorginho do Pandeiro, do conjunto Época de Ouro também serão homenageados.

Além de Zé, que toca violão de 6, violão tenor e bandolim, um nome deve ser ressaltado no quinteto, o do francês Nicolas Krassik, que traduz com o violino uma brasilidade que poucos conseguem passar.

Niterói também não deixará passar em branco o dia. Confira mais informações aqui

Nota com informações do Jornal do Brasil. Leia a nota completa aqui

segunda-feira, 21 de abril de 2008

A Midas do Samba

Ela não compõe e durante muito tempo parecia que estava sozinha na preservação da música brasileira. Apesar de algum tempo atrás ter anunciado a aposentadoria, ainda se mostra muito ativa.

E provando que macaco velho não põe a mão em cumbuca, ela já lançou um CD no ano passado com o Terreiro Grande, participou do backing vocal do Acústico MTV Paulinho da Viola e nesse ano participou do tributo a Mauro Duarte.

Cristina Buarque nunca se rendeu ao grande espetáculo e quando pintava a oportunidade sempre gravava o que achava que tinha que gravar. Talvez por isso nunca tenha sido um sucesso nas lojas, mas também não há sequer um trabalho “mais ou menos” em sua discografia.

Cristina prestou um grande serviço ao samba: a gravação de canções de "lado B" ou compositores quase esquecidos. Apesar de negar o rótulo de pesquisadora, pois entende que a sua busca por relíquias como um hobby, ela sempre faz parte da escolha do repertório dos discos em que participa, seja solo ou em conjunto.

Cristina gosta de garimpar músicas e, além disso, por conta da proximidade que possuía com alguns artistas, ela possui muita coisa gravada por conta própria em seu acervo.

Seu jeito simples de cantar, sem malabarismos, consegue passar toda a emoção que o samba exige. A melhor definição sobre o jeito de a Cristina cantar quem nos dá é Roberto Didio, um dos integrantes do grupo Terreiro Grande, no blog do mesmo, sobre sua atuação no disco em tributo ao Mauro Duarte: “Como se não bastasse, com efeito, Cristina brinca o tempo todo de arrepiar a gente. E nada de crooner no pedaço, sem chance, isso é nome de cevada gringa (sem álcool).”.

Discografia:
1967 - Paulo Vanzolini - Onze Sambas e uma Capoeira (Participação) - LP
1968 - Chico Buarque de Holanda Volume 3 (Participação) - LP
1974 - Cristina - LP
1975 - Paulo Vanzolini - Onze Sambas e uma Capoeira (Participação) - LP
1976 - Prato e Faca - LP
1977 - Carlinho Vergueiro -Pelas Ruas (Participação) - LP
1977 - João Bosco - Tiro de Misericórdia (Participação) - LP
1978 - Arrebém - LP
1979 - Clementina e Convidados (Participação) - LP
1979 - Ópera do Malandro (Participação) - LP
1980 - Vejo Amanhecer - LP
1981 - Cristina - LP
1981 - Geraldo Pereira - Evocação V (Participação) - LP
1985 - Nelson Cavaquinho - As Flores em Vida (Participação) - LP
1985 - Cristina e Mauro Duarte - LP
1987 - Resgate / Deixa Eu Viver na Orgia - LP
1988 - Candeia (Participação) - LP
1989 - Homenagem a Paulo da Portela (Participação) - LP
1990 - Bloco Carnavalesco Simpatia é Quase Amor - 5 Anos de Samba em Ipanema (Participação) - LP
1994 - Resgate -CD
1995 - Estácio & Flamengo - 100 Anos de Samba e Amor (Participação) - CD
1995 - Sem Tostão... A Crise Não é Boato (c/ Henrique Cazes) - CD
1998 - Chico Buarque de Mangueira (Participação) - CD
1998 - Candeia - Eterna Chama (Participação) - CD
2000 - Ala dos Compositores da Portela (Participação) - CD
2000 - Ganha-se Pouco, mas é Divertido - CD
2001 - Sem Tostão 2... A Crise Continua (c/ Henrique Cazes) - CD
2002 - Acerto de Contas de Paulo Vanzolini (Participação) - CD
2003 - Um Ser de Luz - Saudação à Clara Nunes (Participação) - CD
2007 - Cristina Buarque e Terreiro Grande ao Vivo - CD
2008 - O Samba Informal de Mauro Duarte - Samba de Fato e Cristina Buarque - CD

domingo, 20 de abril de 2008

Disco da semana: Casquinha da Portela


Apesar de ter participado da gravação de discos históricos da música brasileira, como os dois primeiros volumes do grupo Partido em 5 e alguns trabalhos junto a Velha Guarda da Portela, até 2001 Casquinha nunca havia conseguido gravar um disco somente dele.

O disco é em sua maioria músicas de autoria somente de Casquinha, porém ainda há espaço para as grandes parcerias formadas em Oswaldo Cruz. Entre elas há o primeiro samba que Paulinho da Viola fez na Portela, em parceria com Casquinha.

Nomes como Candeia, Altair Prego e Argemiro Patrocínio também assinam algumas composições deste disco.

Músicas:
01. Maria Sambamba (Casquinha)
02. Herança de Sambista (Casquinha)
03. Terezinha (Casquinha)
04. O Samba Não Tem Cor (Casquinha)
05. Recado (Paulinho da Viola/ Casquinha)
06. Mais Velho (Casquinha/ Altair Prego)
07. A Baiana Levou Meu Tamborim (Casquinha)
08. Tantos Recados (Casquinha/ Candeia )
09. Cantor de Sacola (Casquinha)
10. O Sol (Argemiro/ Casquinha)
11. Preta Aloirada/ Cabelo Danado (Casquinha)
12. O Ideal é Competir (Candeia/ Casquinha)

sexta-feira, 18 de abril de 2008

A mascarada de Zé Kéti

Amores de carnaval sempre renderam boas histórias. E boas histórias podem render bons sambas quando os compositores são Zé Kéti e Elton Medeiros. Foram esses dois cariocas que deram letra e música a uma "namorada" que Zé Kéti encontrou em um carnaval, mas só foi ver seu rosto três anos depois. O resultado foi o samba "Mascarada", de música de Elton Medeiros e letra dos dois.

A história completa é a seguinte. Era dia de carnaval e Zé Kéti, um cara muito boa praça, foi desfilar no Bloco das Piranhas. O esquema do bloco era simples e muitíssimo difundido no carnaval: homens que se vestiam de mulher.

Mas Zé Kéti, que de acordo com Elton, era um sedutor, conseguiu descolar uma moça. Sim, uma moça que desfilava no Bloco das Piranhas. Não deu outra. Sumiu com ela durante todo o carnaval.

Ao voltar ao convívio social revelou que ela não tinha tirado a máscara nem por um segundo sequer.

O mistério continuou no ano seguinte. Zé já sabia onde encontrar a moça mascarada e ela lá estava. As noites de amor se repetiram e o segredo sobre a identidade da pequena também. Apenas no terceiro ano é que a mulher deixou que Zé Kéti tirasse a máscara dela.

Daí surgiu um dos maiores sucessos dos dois sambistas: Mascarada.

Tempos depois, Elton Medeiros se encontrou com Zé que estava acompanhado de "uma bonita senhora", como definiu Elton. Zé então revelou: "Elton, essa aqui que é a mascarada". Mesmo assim não deu muito tempo para que ele trocasse algumas frases com ela: "Ele não ficou com ela muito tempo do meu lado. Foi embora", contou rindo.

Mascarada (Zé Kéti) --- Zé Kéti


quinta-feira, 17 de abril de 2008

Apanhei-te Geladeira

O brasileiro sempre foi tido como um povo muito criativo, tanto na música quanto nos negócios. Somos um povo muito respeitado por saber lidar com as adversidades e, ainda assim, apesar delas, conseguirmos resultados mais que satisfatórios. Na publicidade não é diferente. Ganhadora de vários prêmios, a publicidade brasileira é reconhecida no mundo inteiro.

Hoje será inaugurada uma seção que mostrará a influência da música brasileira na nossa propaganda e também em vinhetas de abertura de programas etc. Confesso que é com certo receio que inauguro essa seção, pois apesar de estudar publicidade não consigo lembrar sequer cinco comerciais que possam ser transformados em postagens. Porém, por outro, lado é como um grande desafio que encararei esta idéia.

O primeiro post dessa série é referente à conhecida polca Apanhei-te Cavaquinho, de Ernesto Nazareth, que ganhou ares de jingle por causa de uma propaganda institucional da Consul.

Apanhei-te Cavaquinho (Ernesto Nazareth) --- Altamiro Carrilho


quarta-feira, 16 de abril de 2008

Os traços primitivos de Sargento

Ele não tinha a menor pretensão de ser pintor. Ou pelo menos pintor de telas. Pintava sim, algumas paredes por aí, no tradicional esquema brocha e Suvinil. E foi um acidente em um desses trabalhos que Nelson Mattos (mais conhecido como Nelson Sargento) estava realizando, que nasceu a idéia embrionária de ser arriscar as tintas na tela.

Em uma entrevista para a jornalista Regina Quintanilha, Sargento revelou como foi o acontecido:

“Aconteceu por acaso. Eu estava pintando paredes, estava emassando uma parede e a massa caiu. Eu não sei porque, fiquei com raiva e comecei a passar aquela massa em cima de uma tábua de caixote.

Quando secou, a massa espalhada formava um desenho. Eu tive um desejo e pensei: vou pintar. E pintei uma pintura qualquer.

Estava trabalhando perto da casa do Sérgio Cabral, onde de vez em quando eu ia filar um almoço, ‘fantasiado de pintor’.

Mostrei a ele e disse:
- Sérgio fiz isso aí.
E ele me estimulou:
- Faz mais que está bom”.


Sérgio Cabral não só deu o primeiro empurrão na carreira “pintor” de Nelson Sargento. Foi no aniversário de Sérgio em 1974, na sua casa, que ocorreu a primeira vernissage do sambista. Nelson já tinha sete quadros e vendeu tudo.

"O primeiro comprador foi o Paulinho da Viola. Luiz Roberto, do conjunto Os Cariocas, Sérgio Cabral e a museóloga e pesquisadora da música popular, Lígia Santos, também compraram".

Com um estilo “primitivo”, sem perspectiva, a beleza dos quadros de Nelson está no jogo de cores (geralmente quentes) e na simplicidade com que são retratados os morros e os anônimos que fazem o samba das favelas. E nada de muito tempo em cima de cada tela. Nelson revela conseguir pintar 10 quadros em 40 dias, nada mal.

Seus quadros já foram mostrados e vendidos em dezenas de exposições e os caminhos que tomaram são em certo ponto curiosos: um deles foi parar no gabinete do presidente da Coréia do Sul.

Suas pinceladas já lhe renderam diversos elogios ao longo do tempo. Um deles feito pelo jornalista e crítico musical Tárik de Souza: “Nelson Sargento é um pintor de palavras, poeta dos sons. Contemplem estes versos: "O nosso amor é tão bonito / Ela finge que me ama e eu finjo que acredito." Vejam suas pinceladas primitivas de nítida musicalidade. Mangueirense cobra criada, ele trouxe do morro a combinação de tintas que fazem dançar o olho sob a cadência da bateria bem afiada. Os tons verde e rosa, em sua associação dissidente autorizam este pintor de ofício, a ousar mais que permite a estética da torre de marfim. Nelson recolhe o que vê discrepante ou harmônico no trajeto entre Belford Roxo e Nova Ipanema. Essas constantes viagens entre países, épocas e costumes diferentes, todas no mesmo São Sebastião do Rio de Janeiro, conferem ao pintor as possibilidades do Universo. Uma fartura nas desigualdades afinadas no fino pincel. Esse diretor de harmonia das imagens e sons cariocas abre alas nas paredes exatas de uma exposição. É uma possibilidade de ouvir e ver confluindo a pintura sonora de um mestre de escola do samba e da cor”.


Mas o próprio Nelson se ausenta da responsabilidade pelas suas crias: “Se alguém não gostar das minhas telas pode culpar o Sérgio Cabral, que a culpa é dele”, ao mesmo tempo explica, “a favela é cruel socialmente, mas, pelo aspecto da beleza, ela é bonita”.

Veja aqui mais obras de Nelson Sargento

Sabia que Heitor dos Prazeres também pintou o samba? Confira

Se você também já arriscou os pincéis para registrar o samba, mande suas obras para vermutecomamendoim@gmail.com

terça-feira, 15 de abril de 2008

Vermute na Virada Cultural

Nos dias 26 e 27 será realizada, em São Paulo, a 4ª edição da Virada Cultural, e o Vermute com Amendoim, que não perde uma boa bagunça, mostra onde curtir um bom som, seja de samba, seja de choro.

O palco principal para quem quer encher os ouvidos com boa música é o belíssimo Teatro Municipal. Lá ocorrerão diversos espetáculos com artistas executando seus álbuns mais significativos.

A partir das 9 horas do dia 27 ocorre uma seqüência de três grandes espetáculos. Mas adiantando: será bem difícil conseguir assistir aos três e escolher o filho preferido, pode ser uma tarefa árdua. São eles:

9h - Hamilton de Holanda e Danilo Brito - "Vibrações de Jacob do Bandolim" (1967) – Um dos álbuns mais importantes do choro

12h - Márcia, Eduardo Gudin e Paulo César Pinheiro - "O Importante é que a nossa Emoção Sobreviva" (1974) – Espetáculo de grande sucesso que deu origem a dois discos.

15h - Paulo Vanzolini - "Onze Sambas E Uma Capoeira" (1967) – Disco que apresentou Cristina Buarque na época com 16 anos (confesso que estou curioso para saber quem vai cantar. Será que veremos Chico Buarque e Cristina Buarque dividindo o palco?).

Outro lugar que merece atenção é o viaduto da Santa Efigênia, que em meio a alguns pagodes da pior qualidade, se consegue salvar algumas coisas boas. São elas:

18h-20h Samba da Laje, Tuca da Silva e Dona Inah – Tuca é filho de Bezerra da Silva (confesso que não conheço seu trabalho mais sendo filho de partideiro indigesto e sem nó na garganta acho que vale dar uma oportunidade). Já Dona Inah, possui uma voz única e muito bonita, garantia de belíssimas interpretações.

20h-22h Velha Guarda do Vai-Vai – Uma das escolas mais importantes de SP apresentando a sua velha guarda (Elizeth, Thobias e Osvaldinho da Cuíca).

Depois disso recomendamos a você ir para casa e descansar, pois no dia seguinte há coisas muito boas na parte da manhã:

6h-8h Paranapanema Sambaqui (Samba de bumbo e rural) – Não conheço o trabalho, mas sendo samba rural e de bumbo ponho minha mão no fogo e recomendo.

8h-10h X-9 Ala Musical Germano Mathias e Poetas da Morada Silvio Modesto – Grande oportunidade de ver o catedrático do samba em ação.

10h-12h Samba Autêntico (V. G. Camisa Verde Branco e Ideval & Zelão) – A velha guarda do Camisa possui sambas de fazer inveja a qualquer agremiação.

12h-14h Velha G. Nene V. Matilde (Mydras - Douglinhas - e Walter Alfaiate)– Vale a oportunidade de ver o Alfaiate mais famoso do Brasil em ação.

14h-16h Samba da Vela – Aqui vale ir ver Nelson Sargento, que tocará com o Samba da Vela

16h-18h Quinteto em Branco e Preto – Ótima oportunidade de ver Dona Ivone Lara e Murilão, que é um show a parte.


É isso. Vá aos shows da Virada Cultural e diga no Vermute o que você achou!
Confira aqui a programação completa

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Samba com psicodelia

Eles não resistiram. Ray Manzarek e Ty Dennis, ex-integrantes de uma banda ícone do rock, The Doors (que agora chama Riders on The Storm por conta de uma decisão judicial que proibiu o nome original), flertaram com o samba em um show no último sábado, em Porto Alegre.

A surpresa veio depois da primeira música, quando o baterista Ty Dennis começou a fazer uma levada semelhante à do samba. Manzarek então brincou com a voz imitando o som de uma cuíca. A graça desembocou na música Break on Trough, clássico do primeiro disco do The Doors, em 1967. No meio da música ainda Manzarek ainda imitou a cuíca, compondo com os acordes da guitarra.

As referências à cultura brasileira não pararam por aí. Após a balada Blue Sunday, Manzarek soltou: “Eu acho que preciso de uma cachaça”. A música que veio depois não poderia ser outra: “Alabama song” ou “Whisky Bar” veio com cheiro de pinga.

Quer saber mais sobre rock e ainda baixar discos? Conheça o Ferrugem Nunca Dorme

domingo, 13 de abril de 2008

Disco da semana: A Música na Corte de D. João VI - Modinhas Cariocas

O Vermute com Amendoim inaugurou há algumas semanas a seção disco da semana, que fica no lado direito da página. A idéia é divulgar o que de melhor está na prateleira das lojas, seja pelo bom preço, seja pela ótima qualidade.

As dicas são para quem gosta de ter um disco com "d" maiúsculo: encarte, número de série e uma gravação que privilegie todas as frequências de som, o que muitas vezes se perde nas transmissões de internet.

Neste domingo, um lançamento que vale a pena ter guardado na estante. A Música na Corte de D. João - Modinhas Cariocas. O disco vem em comemoração do bicentenário da vinda da Família Real portuguesa para o Brasil.


O material foi gravado na Escola de Música da UFRJ e o repertório conta com nomes como Joaquim Manoel da Camera (o maior compositor do gênero daquela época e que está representado por 10 músicas) e Gabriel Fernandes da Trindade, que soma cinco canções no álbum.

O diretor musical Marcelo Fagerlande optou por não utilizar o sistema voz e piano, utilizado na canção, e somar intrumentos distintos como cravo, viola de arame e flauta de madeira.

Fagerlande, com formação musical na Alemanha, no Brasil e na França, ainda toca cravo. Completam o quinteto os instrumentistas Luciana Costa e Silva, Marcelo Coutinho, Marcus Ferrer e Paulo da Matta.

O site da Biscoito Fino detalha o disco, com as informações das 21 faixas. O preço é 28,90 reais.

Saiba mais sobre a modinha

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Parabéns Portelenses! Parabéns Paulo!

Quarta-feira, 11 de abril de 1923. Há exatos 85 anos nascia o embrião de uma escola de samba que foi celeiro de bambas fundamentais para a história.

O bloco carnavalesco Baianinhas de Osvaldo Cruz foi fundado por Paulo Benjamim de Oliveira, Candinho, Antonio Caetano e Galdino dos Santos e desaguaria no Grupo Recreativo e Escola de Samba Portela, uma das principais escolas de samba do Brasil.

Três anos depois, em 1926, reuniram-se na casa de seu Napoleão (pai de Natal da Portela), para fundar o Bloco Carnavalesco Conjunto de Osvaldo Cruz. Com o bloco pronto, ficou decidido que as reuniões seriam na casa de Paulo Benjamim de Oliveira, o Paulo da Portela.

Seu nome artístico veio muito antes do nascimento da escola. O motivo era a Estrada do Portela e o apelido veio para diferenciá-lo de outro Paulo, de Bento Ribeiro.

Em 1930, de uma união do Bloco Carnavalesco Conjunto de Osvaldo Cruz com o Bloco Carnavalesco Vai Como Pode, nasceu a um grupo que em 1935 se denominaria G.R.E.S Portela.

Acontece que a história desta escola não está baseada apenas nos 21 títulos conquistados ao longo dos carnavais. Sob estandarte azul e branco tomou forma um dos episódios mais tristes de que se tem notícia, a expulsão de Paulo da Portela.

Em fevereiro 1941, Paulo, Cartola e Heitor dos Prazeres tinham ido a São Paulo participar de um programa de rádio. Era dia de carnaval e os três voltaram de trem para participar do desfile.

Os três chegaram na Praça Onze, desfilaram na Mangueira, de Cartola, e na De Mim Ninguém se Lembra, de Heitor dos Prazeres. Quando chegou a hora de sair na Portela, o diretor Manoel Bambambam encrencou com a cor da roupa de Paulo e os amigos.

Dizem que até por orientação do prórpio Paulo que não era para deixar ninguem sair que não estivesse de azul e branco. Bambambam levantou a corda para que Paulo então deixasse o desfile. Paulo saiu e nunca mais voltou.

À época ainda compôs a obra-prima “Meu nome já caiu no esquecimento”, uma declaração de amor a sua escola, que pode ser ouvida no player abaixo.



O meu nome já caiu no esquecimento
O meu nome não interessa a mais ninguém
E o tempo foi passando
E a velhice vem chegando
Já me olham com desdém
Ai quantas saudades
De um passado que se vai no além
Chora, cavaquinho, chora
Chora, violão, também
O Paulo no esquecimento
Não interessa a mais ninguém
Chora, Portela
Minha Portela querida
Eu que te fundei
Serás minha toda vida.


Nesta sexta-feira em que são comemorados os 85 anos de Portela, o Vermute com Amendoim presta sua homenagem a todos os portelenses, lembrando o nunca esquecido Paulo da Portela.

Paulo da Portela é o Zé Carioca? Saiba aqui

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Os preciosos (des)arranjos de Itamar

Se você acredita que samba não pode deixar de ter o surdo na marcação, um pandeiro bem batucado e um violão harmonioso, já aviso de antemão que a chance de você não gostar deste disco é grande.

Porém antes de discorrer sobre o artista e a sua obra gostaria de contar uma pequena história da minha relação com este disco. Quando comecei ouvir samba, os dois primeiros discos que caíram na minha mão foram: O Cartola, de 1976, lançado pela Marcus Pereira (aquele que tem ele e a Zica na capa) e esse do Itamar Assumpção cantando Ataulfo Alves.

Apaixonei-me pelo disco do Cartola, não conseguia parar de ouvi-lo. Em contrapartida, cada vez que colocava o disco do Itamar para tocar achava seus arranjos um tanto quanto estranhos e não conseguia passar da terceira faixa.

O que eu quero dizer é que o disco ficou encostado por alguns anos, demorei para digerir. Até que um dia resolvi escutar, com calma, o disco inteiro e vi que se tratava de uma excelente obra. Sem mais lero-lero vamos ao disco!

Itamar Assumpção é natural de Tietê, em São Paulo, e começou sua carreira em 1975 quando venceu um festival de música em Campinas com a canção Lúzia e nesse mesmo ano participou do Festival da Feira da Vila, na Vila Madalena, com sua composição Nego Dito.

A partir dos anos 80 Itamar começou a misturar samba, reggae, funk e rock e acompanhado da banda Isca de Polícia lançou os seguintes LPs: "Beleléu, Leléu, e eu" (1980), "Às próprias custas S. A." (1983), "Sampa midnight - Isso não vai ficar assim" (1986) e "Intercontinental! Quem diria! Era só o que faltava" (1988).

A partir daí ganhou a fama de “artista maldito” (a qual sempre recusou) por causa do conteúdo altamente crítico e pela falta de apelo comercial, que eram características de suas músicas.

Nos anos 90 Itamar passou a ser acompanhado pela banda Orquídeas do Brasil e lançou os seguintes CDs: “Bicho de sete cabeças” (1993) e “Bicho de sete cabeças vol. 2” (1994). Em 1996 foi novamente acompanhado pela banda Isca de Polícia para o disco “Ataulfo Alves por Itamar Assumpção - pra sempre agora” que lhe resultou em um prêmio de melhor CD do ano concedido pela APCA. Itamar ainda lançou em vida o CD “Pretobras - Por que eu não pensei nisso antes...” (1998).

Itamar Assumpção faleceu no dia 12 de junho de 2003 e no ano seguinte foi lançado o CD póstumo “Vasconcelos e Assumpção - isso vai dar repercussão" e em 2006 foi lançado, pelo amigo Arrigo Barnabé, outro disco em homenagem ao “maldito” que levou o nome de "Missa in memoriam - Itamar Assumpção”.

O disco “Ataulfo Alves por Itamar Assumpção - pra sempre agora” conta com releituras que podem ser consideradas malfeitas por puristas, como era por mim, mas que combinam elementos do samba dos anos 40 com a modernidade que veio à época do lançamento do disco.

Ouvir Itamar Assumpção, e principalmente, este disco é parecido com ouvir Nelson Cavaquinho: deve-se abandonar alguns preceitos. Para ouvir Cavaquinho, deve-se deixar de lado o conceito de voz tecnicamente perfeita. Para Itamar, o segredo é se preparar para arranjos que, a princípio, fogem os limites do samba, mas que caem tão bem como uma bateria fazendo às vezes de um bom pandeiro.


Baixe aqui o disco Ataulfo Alves por Itamar Assumpção - pra sempre agora

Saiba mais sobre Ataulfo Alves

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Pedro Paulo Malta, Áurea Martins e Conversa de Botequim no Mal do Século - RJ

Com um repertório que vai de Noel Rosa e Geraldo Pereira até aos mais atuais Wilson Moreira e Nei Lopes. Pedro Paulo Malta, Áurea Martins e o conjunto Conversa de Botequim se preparam para se apresentar na noite do próximo sábado (12/04/08) no Mal do Século, na Lapa.

SERVIÇO:
Mal do Século – Rua do Rezende, 26 – Lapa – tel: 2543-5360

Couvert: R$ 12,00 (quinta), R$ 15,00 (sex e sáb) e R$ 10,00 (domingo)

Capacidade: 400 pessoas

Faixa etária: 18 anos

Cartões de crédito e/ou débito: Visa e Rede Card

Funcionamento: de 5ª a sábado

De quinta a sábado a casa abre às 20h.
Estacionamento próximo, na Rua do Lavradio em frente à Rua do Rezende.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Vermute conta o samba:"Ó Seu Oscar!"

Não só de malandros vive o samba. De manés também. Ou neste caso de “Oscares”. Os detentores do nome que me perdoem, mas a gíria era usada no Café Nice, aquele botequim de onde surgiu o “Falsa Baiana”, de Geraldo Pereira.

Pois bem, desta vez os compositores do samba que será contado são Ataulfo Alves (foto) e Wilson Batista e o ano, 1940. Na verdade, o samba é quase todo de Wilson, não fosse por uma inserção genial de Ataulfo.

Talvez pouquíssima gente conheça o primeiro nome que a canção levou assim que ficou pronta: “Está fazendo meia hora”. Nome que continuaria assim não fosse por Ataulfo Alves.

Ataulfo recebeu em mãos os versos da primeira parte, já musicados, e o estribilho pronto.

Cheguei cansado do trabalho
quando a vizinha me falou
tá fazendo meia hora
que sua mulher foi embora
e um bilhete deixou
o bilhete assim dizia
Não posso mais
eu quero é viver na orgia...

Notando um espaço entre o segundo e o terceiro verso, Ataulfo acrescentou o “Ó seu Oscar!”, que acabou se tornando o nome do samba. Fez também a segunda parte, mas o samba mesmo tem cara de Wilson Batista.

Em homenagem ao homem que mudou o rumo desta canção, Ataulfo Jr. canta a música aqui.

Veja aqui as outras histórias de samba que o Vermute já contou

Saiba mais sobre os discos de Ataulfo Alves no Discos do Brasil

segunda-feira, 7 de abril de 2008

O samba pintado por Heitor dos Prazeres

Da outra vez foi Tarsila. Desta, Heitor dos Prazeres.

Nascido em 23 de setembro de 1898, Heitor não só participou ativamente dos primeiros passos do samba, como deixou registrado em diversas pinturas e gravuras.


Começou a pintar em 1936, por incentivo de alguns amigos também pintores. E seu deu bem. Mulatas, palhinhas, pandeiros, malandros e o que mais o samba envolvesse estava nas telas de Heitor.

Com o quadro “Moenda”, participou da I Bienal de Arte em São Paulo, em 1951. Três anos depois, desenhou figurino e cenografia para o Balé do Quarto Centenário da cidade de São Paulo.


Em 1966, com 68 anos, ia representar o Brasil no “Festival de Arte Negra de Dacar”, no Senegal, mas acabou morrendo antes da viagem. Antes de sua morte, deixou gravado um depoimento no Museu da Imagem e Som do Rio de Janeiro (MIS-RJ).


Se você também pintou o samba, mande sua obra para vermutecomamendoim@gmail.com

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Revelações guardadas de Satã

João Francisco dos Santos jamais seria conhecido por João. Pernambucano de Glória do Goitá, João chegou ao Rio de Janeiro em 1907. Seu destino: Rua Moraes e Vale, número 27. Os arcos que dão guarida à Lapa estavam recebendo um dos maiores malandros que o Brasil já conheceu.

Satã, para os mais chegados, Madame Satã para os registros da história que o imortalizou como o homossexual mais macho do Rio. Mesmo assim tinha sete filhos. Todos adotados, é claro.
Aos 39 anos foi preso depois que sua arma disparou contra um policial. 26 anos no xadrez.

Em uma entrevista que deu para o Pasquim em maio de 1971, Satã nega ter atirado no oficial. “O revólver que disparou da minha mão. Casualmente”. Cabral insiste:

- Mas foi a bala que matou?
- A bala fez o buraco. Quem matou foi Deus, conta Satã.

Satã também é acusado de matar o compositor Geraldo Pereira. O motivo: um copo de cerveja e um monte de desaforos. “Eu entrei no Capela e estava sentado tomando um chope. Ele chegou com uma amante dele (ainda vivia com essa mulher), pediu dois chopes e sentou ao meu lado. Aí tomou uns goles do chope dele e cismou que eu tinha que tomar o chope dele e ele tinha que tomar o meu. Ele pegou o meu copo e eu disse: ‘Olha esse copo é meu’. Aí ele achou que aquele copo era o dele e não o meu. Então eu peguei meu copo e levei pra minha mesa. Aí ele levantou e chamou pra briga. Disse uma porção de desaforos, uma porção de palavra obscenas, eu não sei nem dizer essas coisas. Aí eu perdi a paciência, dei um soco nele, ele caiu no meio-fio e morreu. Mas morreu por desleixo do médico, porque foi pra assistência vivo”.

Um senhor afirma que conheceu Satã e conta uma de suas histórias

Apesar das milhares de brigas, dos 29 processos, dos três homicídios, Satã conviveu tranquilamente com importantes nomes da música brasileira. Francisco Alves, Noel Rosa, Orlando Silva e Vicente Celestino são alguns nomes que Satã lembra na entrevista feita pelo Pasquim.


A entrevista inteira é riquíssima. Satã conta de sua fuga do presídio, da surra de deu em um delegado que o perseguia, dos sete nomes que tinha para evitar muitos processos em um só e dos outros malandros que a Lapa conheceu, como Edgar, o Meia-Noite.

Também na entrevista, Satã que tinha 71 anos diz que morreria com 84. “Pode anotar aí. Se o senhor não estiver vivo, talvez seus filhos estejam. Deixe gravado aí porque eu vou morrer com 84 anos”. Madame Satã errou. Morreu quatro anos depois, vítima de uma forte pneumonia.


Baixe a entrevista completa

quarta-feira, 2 de abril de 2008

O violão invertido de Canhoto da Paraíba

Pode parecer estranho, mas um dos maiores expoentes do choro não vem nem do Rio de Janeiro, tampouco de São Paulo, e sim da cidade de Princesa Isabel, na Paraíba.

Francisco Soares de Araújo nasceu em uma família de músicos. O avô era clarinetista e o pai tocava violão. Desde criança foi acostumado aos saraus e as serestas que eram realizadas em sua casa e seu primeiro violão foi dado pelo seu pai.

A partir daí, Francisco começava a se transformar em Canhoto da Paraíba.

Isso porque Canhoto, como o próprio apelido diz, além de ser autodidata no instrumento, não podia inverter as cordas do mesmo, já que era utilizado por toda a família. Então desenvolveu uma maneira particular de tocá-lo, invertendo o lado do violão, fazendo com que as mais graves ficassem na parte de baixo e as mais agudas em cima.

Em 1959 Canhoto foi para São Paulo, onde conheceu Paulinho da Viola, que viria a ser seu grande amigo e incentivador. Canhoto também é o responsável de fazer Paulinho se interessar em adentrar no mundo do choro, pois quando viu o músico da Paraíba tocar, ficou maravilhado.

Ainda nesse mesmo ano, Canhoto participou de um sarau na casa de Jacob do Bandolim com a presença de Pixinguinha, o maestro Radamés Gnattali, Tia Amélia e Dilermando Reis, encantando a todos que já haviam ouvido comentários do violonista da Paraíba.

Canhoto tem mais de 80 composições e já tocou com grandes nomes da música, como: João Bosco, Sivuca, Paulinho da Viola, César Faria e outros tantos. Além de violão, Canhoto também se aventurou no cavaquinho e no bandolim.

Infelizmente, hoje, Canhoto está impossibilitado de tocar e falar por conta de uma crise sofrida em seu sistema nervoso em 1998, que paralisou parte do seu corpo. No ínicio de 2008 Canhoto teve um problema de insuficiência respiratória. O músico lançou em toda sua vida apenas quatro discos.

Discografia:
·Único amor (1968) Rozenblit LP
·Canhoto da Paraíba, o violão brasileiro tocado pelo avesso (1977) Marcus Pereira Disco LP
·Pisando em brasa (1993) Caju Music LP
·Com mais de mil (1994) Marcus Pereira CD

Pisando em Brasa (Canhoto da Paraíba) --- Canhoto da Paraíba
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terça-feira, 1 de abril de 2008

Sesc e C.C. Cartola promovem palestras sobre Samba

Para quem não se contenta em apenas cantar samba, o Centro Cultural Cartola e o Sesc Madureira estão organizando um seminário sobre o ritmo que se tornou patrimônio do Brasil (A elevação do samba foi feita pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional –Iphan –, em 2007).

Os seminários ocorrerão a partir desta quinta-feira e seguem até sábado. A entrada é gratuita, mas as inscrições deverão ser feitas pelo e-mail cartola.adm@gmail.com ou no telefone 21-3234-5777.

Confira a programação:

Dia 03 de abril, quinta

13h - Abertura
Ministro de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - SEPPIR
Governador do Estado do Rio de Janeiro
Presidente do Instituto Histórico e Artístico Nacional - IPHAN
Superintendente Regional do IPHAN no Estado do Rio de Janeiro
Presidente do Centro Cultural Cartola

14h - Mesa 1 - "Samba carioca"
Nei Lopes - Da tradição africana
Sergio Cabral - Deixa Falar, o samba e a escola
Dulce Pandolfi - Samba, organização política e social - Memória, Identidade e Projeto Cultural
Mediadora: Rachel Valença
(30 minutos para debate com sambistas e público)

Intervalo

17 h - Mesa 2 - "Samba, força e coesão"
Felipe Trotta - Samba e construção da nacionalidade
Helena Theodoro - Samba, religião e identidade
Monarco - Ser sambista, "um modo de viver"
Mediador: Jorge Carneiro
(30 minutos para debate com sambistas e público)

Dia 04 de abril, sexta

13h – Apresentação do documentário "Matrizes do Samba do Rio de Janeiro"

14h - Mesa 3 - "Samba: memória, tradição e mudança"
João Baptista Vargens - História de ouvir contar: a transmissão da arte do samba de geração para geração
Tantinho - A importância de recolher tesouros perdidos do samba do RJ
Claudia Marcia - Registro e salvaguarda do patrimônio imaterial: limites e desafios
Mediadora: Lygia santos
(30 minutos para debate com sambistas e público)

Intervalo

17h – Titulação do Samba do Rio de Janeiro: Como? Por quê? Pra quê?
Relatores: Nilcemar Nogueira; Aloy Jupiara; Claudia Marcia; Renata Melo

18h – Entrega dos Títulos

Dia 5 de abril, sábado
14h - Lançamento do catálogo "Samba patrimônio cultural do Brasil"

Locais
Sesc Madrureira
Rua Ewbanck da Câmara, 90 – Madureira
Tel. 3350-7744

Centro Cultural Cartola
Rua Visconde de Niterói, 1296, Mangueira
Tel. 3234-5777
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