quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Partido Alto

O partido alto é uma das muitas vertentes que o samba possui, nele os partideiros fazem versos de improviso. Para saber mais assista o documentário Partido Alto (1982) de Leon Hirzman, que possui um elenco de primeira: Candeia, Manacéia e Paulinho da Viola.



Não é necessário baixar
Partido Alto de Leon Hirszman

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Parabéns Nelson!


Hoje, dia 29 de outubro de 2007, se estivesse vivo Nelson Antônio da Silva, o Nelson Cavaquinho completaria 96 anos de idade. Nelson é considerado por todos como um gênio da raça com sua voz e seu jeito de tocar violão bem característicos podendo ser reconhecido de longe, seus sambas possuem como temática principal a morte, a solidão e a sua grande paixão: a Estação Primeira de Mangueira. Ele compôs com grandes nomes do seu tempo, entre eles estão Zé Kéti, Cartola e seu grande parceiro Guilherme de Brito, com quem fez vários clássicos como Garça, Quando Eu me Chamar Saudade e a Flor e o Espinho.


Nelson Cavaquinho - Raízes do Samba

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Pra cantar samba se precisa muito mais...

"Não, não basta ter inspiração,
Não basta fazer uma linda canção
Pra cantar samba se precisa muito mais,
Samba é lamento, é sofrimento, é fuga dos meus ais"


Já disse mestre Candeia que o samba, apesar de ser de todo povo brasileiro, não é para ser cantado por qualquer um. Para cantar samba não é necessário uma bela voz, mas isso não quer dizer que elas não sejam bem-vindas, vide o grande Jamelão que é dotado de uma potente e belíssima voz ou até mesmo o Formigão Cyro Monteiro, que também integra este time.
Para que a canção seja bem cantada deve se entender a essência do samba, cantá-lo como se voz saísse do coração, talvez seja por isso que no samba seja um dos poucos ritmos em que os melhores intérpretes nem sempre são os melhores cantores. Exemplos não faltam: Nelson Cavaquinho com sua voz "lixada" dava um tom especial de melancolia às suas composições, mais recentemente encontramos Paulo César Pinheiro dando o recado com sua voz rouca e forte, o próprio Cartola que definitivamente não possuía uma bela voz, porém não há quem o interprete melhor do que ele mesmo. O samba também aceita vozes suaves como a do elegante Paulinho da Viola ou a de seu parceiro Eduardo Gudin dando ao estilo a merecida nobreza que lhe é de direito.
Acho que é por isso que sempre deve-se buscar a interpretação do autor da música, pois só ele saberá o que realmente significa e cantará cada verso com um sentimento que só ele pode imprimir. Como já dito neste próprio post o samba é música do povo, e é por isso que ele se permite que seja cantado tanto pelos sóbrios, quanto pelos embriagados, pelos mendigos e pela elite, homens e mulheres, basta que quem esteja fazendo lhe de o devido respeito e tente deixar a emoção se sobressair sobre a razão.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Para Americano Ouvir

Angenor de Oliveira sempre vendeu samba, mesmo antes de ser conhecido como Cartola. Aliás o apelido veio por conta de um “chapéu-coco” (como ele mesmo afirmou) usado para que o cimento não caísse em seus cabelos. Aliás, Angenor não trabalhou apenas como ajudante de pedreiro. Também foi pintor de paredes, vigia de prédio e contínuo de repartição pública. Não só isso, quando foi descoberto por Sérgio Porto, o conhecido Stanislaw Pontepreta, na década de 50, Cartola lavava carros e não andava muito bem de saúde. Depois disso, sua vida não melhorou muito, mas Cartola começou a trilhar o caminho como o principal poeta de Mangueira. Muitos sambistas gravaram composições suas. Francisco Alves, o rei da voz, era cliente habitual dos sambas de Cartola. Aliás, Chico sempre se deu ao luxo de comprar canções e, muitas vezes as raptava para sua autoria.

A passagem de Cartola por uma gravadora demorou a acontecer. Em Agosto de 1940, Leopold Stokowski diretor musical da Orquestra da Filadélfia, Leopold Stokowski, interessado na música brasileira, contatou o maestro Heitor Villa-Lobos. A idéia de Stokowski era registrar a mais legítima música popular brasileira. O disco foi lançado pela Columbia Records e seria apresentado em um congresso pan-americano de folclore, mas que nunca aconteceu.
Villa-Lobos resolveu atender ao pedido de seu amigo norte-americano. Contatou três sambistas: Donga, Zé Espinguela e Cartola. A partir destes, mais alguns foram contatados, Pixinguinha, Zé da Zilda, Jararaca e Ratinho, Luiz Americano entre outros.


Foram gravadas 40 músicas a bordo do navio Uruguay. E, selecionadas, formaram dois volumes. Dessas, Cartola gravou “Quem Me Vê Sorrir”. Foi acompanhado pelo compositor/violonista da Mangueira Aluísio Dias; um grupo de percussionistas da Mangueira incluindo Preguiça, China e Negro; e as pastoras da escola de samba, um coro feminino integrado por Neuma, Cecéia, Nadir, Ornélia, Guiomar, Nesilia e Neguinha.
Pelo samba, recebeu “um dinheirão”: 1.500 réis. Muitos sambistas morreram sem ouvir suas vozes no disco. Cartola só conseguiu ouvir uma vez.

Native Brazilian Music Vol. 1 e 2


Saiba mais em: Caçando Stokowski por Daniella Thompson

domingo, 21 de outubro de 2007

Morre o violonista César Faria

Na noite de sábado(20/10), morreu o violonista César Faria, pai de Paulinho da Viola e um dos fundadores do Conjunto Época de Ouro que era composto, entre outros, por Jacob do Bandolim e Dino 7 Cordas.

Até o ano passado era ele quem acompanhava o filho, e por causa da idade veio a ser substituído pelo seu neto João Rabello. César tinha 88 anos e morreu vítima de um infarto na sua casa, em Copacabana.

O infeliz acontecimento vem justamente quando Paulinho da Viola lança, junto com a MTV, seu DVD acústico.

Conjunto Época de Ouro Ensaio

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Vermute com Amendoim recomenda: Cristina Buarque e Terreiro Grande Ao Vivo

Eu ia mesmo comentar sobre esse disco aqui, mas não ia postá-lo, principalmente pelo fato de ser um disco independente e conter 37 sambas com o pagamento dos direitos autorais saído do bolso dos próprios músicos e que não vivem disso.

Porém como já vi o disco rolando por aí resolvi disponibilizá-lo, e peço, que se gostarem e puderem comprar, façam isso pois realmente vale a pena. Então lá vai, há quem diga que este disco faz parte da lista dos 10 melhores álbuns de samba de todos os tempos, eu como não gosto de listas vou deixar ele aqui sem mais, para que cada um tire suas próprias conclusões!

Cristina Buarque e Terreiro Grande Ao Vivo
1. Bloco 1 - O meu nome já caiu no esquecimento
autor: Paulo da Portela editora: Direto
2. Eu não sou do morro
autor: Francisco Santana editora: Direto
3. Não deixo saudade
autor: Manoel Ferreira editora: Irmãos Vitale
autor: Roberto Martins editora: Irmãos Vitale
4. Você me abandonou
autor: Alberto Lonato editora: BMG Music
5. Quantas lágrimas
autor: Manacéa editora: Fermata
6. Bloco 2 - Já chegou quem faltava
autor: Nilson Gonçalves editora: Direitos Reservados
7. O mundo é assim
autor: Alvaiade editora: ADDAF
8. Jura
autor: Adolfo Macedo editora: Mangione
autor: Marcelino Ramos editora: Mangione
autor: Zé da Zilda editora: Mangione
9. Meu primeiro amor
autor: Bide editora: Irmãos Vitale
autor: Marçal editora: Irmãos Vitale
10. A lei do morro
autor: Antônio dos Santos editora: Mangione
autor: Silas de Oliveira editora: Mangione
11. Quem se muda pra mangueira
autor: Zé da Zilda editora: Direto
12. Assim não é legal
autor: Noel Rosa editora: ADDAF
13. Na água do rio
autor: Manoel Ferreira editora: Irmãos Vitale
autor: Silas de Oliveira editora: Irmãos Vitale
14. Esta melodia
autor: Bubu da Portela editora: ADDAF
autor: José Bispo editora: ADDAF
15. Ando penando
autor: Alcides Dias Lopes editora: Fermata
16. Perdão, meu bem
autor: Cartola editora: Tapajós (Emi)
17. Desperta Dodô
autor: Heitor dos Prazeres editora: Irmãos Vitale
autor: Herivelto Martins editora: Irmãos Vitale
18. Na água do rio
autor: Manoel Ferreira editora: Irmãos Vitale
autor: Silas de Oliveira editora: Irmãos Vitale
19. Vou navegar
autor: Ernâni Alvarenga editora: Direto
20. Bloco 3 - Inspiração
autor: Candeia editora: Direto
21. Banco de réu
autor: Alvaiade editora: ADDAF
autor: Djalma Mafra editora: ADDAF
22. Você chorou
autor: Francisco Alves editora: Irmãos Vitale
autor: Sylvio Fernandes editora: Irmãos Vitale
23. Lenços brancos
autor: Eliana Pittman editora: Irmãos Vitale
autor: Picolino da Portela editora: Irmãos Vitale
24. Sentimento
autor: Mijinha editora: EMI Music
25. Conselho da mamãe
autor: Manacéa editora: Direto
26. Brocoió
autor: Zé Cachacinha editora: Direitos Reservados
27. Quando a maré
autor: Antônio Caetano editora: Direitos Reservados
28. Confraternização 1
autor: Walter Rosa editora: Euterpe
29. Bloco 4 - Portela feliz
autor: Zé Ketti editora: Arlequim
30. Desengano
autor: Aniceto da Portela editora: Fermata
31. A maldade não tem fim
autor: Armando Santos editora: Fermata
32. Embrulho que eu carrego
autor: Alvaiade editora: ADDAF
autor: Djalma Mafra editora: ADDAF
33. Vida de fidalga
autor: Alvaiade editora: ADDAF
autor: Francisco Santana editora: ADDAF
34. Fui condenado
autor: Mijinha editora: Tapajós (Emi)
autor: Monarco editora: Tapajós (Emi)
35. Teste ao samba
autor: Paulo da Portela editora: Direto
36. Tu me desprezas
autor: Paulo da Portela editora: Direto
37. Cantar pra não chorar
autor: Heitor dos Prazeres editora: Mangione
autor: Paulo da Portela editora: Mangione

Cristina Buarque e Terreiro Grande AO VIVO

Onde comprar:

- Todo o Brasil

FNAC - Tel: (11)3097-0022
Mubi - Tel: ( 11)3481-4707
Saraiva - Tel: ( 11)38795999
Submarino - novo - Tel: ( 11)2199-8888

SP - São Paulo
Allegreto Alpha - Tel: ( 11)3313-2040
Banana Music - Tel: ( 11)3085-8877
Baratos Afins - Tel: ( 11)3223-3629
Café Florinda - Tel:
Centro Cultural Banco do Brasil - Tel: ( 11)31133654
Compact Blue - Tel: ( 11) 32515248
Disconexus - Tel: ( 11)3081-7664
Discoteka - rod - Tel: ( 11)59060456
FNAC - Paulista - Tel: ( 11)2123-2000
FNAC - Pinheiros - Tel: ( 11)4501-3000
Liv.Cultura - Market Place - Tel: ( 11)3474-4033
Livraria Cultura - Paulista - Tel: ( 11)3170-4033
Livraria Cultura-Vil - Tel: ( 11)3024-3599
Livraria da Vila - Lorena - Tel: ( 11)3062-1063
Livraria da Vila-Rod - Tel: ( 11)3814-5811
Livraria do Espaço Unibanco SP - Tel: ( 11)3141-2610
Mult Laser - Tel: ( 11)3311-6361
Neto Discos (novo) - Tel: ( 11)3105-0218
Pacific Music - Analia Franco - Tel: ( 11)6643-4488
Pacific Music - Morumbi - Tel: ( 11)5189-6655
Pacific Music - novo - Tel: ( 11)5093-7220
Painel Musical - novo - Tel: ( 11)5561-9605
Phoenix Musical - Tel: ( 11)3227-3948
Pop´s Discos - Tel: ( 11)3083-2564
Together - Tel: ( 11)5686-5220
Zaccara Cds - Tel: ( 11)3872-3849

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Laiá Laiá Laiá Laiá


Em tempos de acústico mtv Paulinho da Viola vale a pena relembrar como Paulinho compôs o que talvez seja seu maior sucesso, o samba "Foi um rio que passou em minha vida" (Paulinho da Viola - 1970).
Lá pelos idos de 1969 Paulinho (portelense) musicou a letra "Sei lá, Mangueira" de Hermínio Bello de Carvalho, que diz:
Vista assim do alto
Mais parece um céu no chão
Sei lá,
Em Mangueira a poesia fez um mar, se alastrou
E a beleza do lugar, pra se entender
Tem que se achar
Que a vida não é só isso que se vê
É um pouco mais
Que os olhos não conseguem perceber
E as mãos não ousam tocar
E os pés recusam pisar
Sei lá não sei...
Sei lá não sei...
Não sei se toda beleza de que lhes falo
Sai tão somente do meu coração
Em Mangueira a poesia
Num sobe e desce constante
Anda descalça ensinando
Um modo novo da gente viver
De sonhar, de pensar e sofrer
Sei lá não sei, sei lá não sei não
A Mangueira é tão grande
Que nem cabe explicação

Acontece que depois da homenagem, o clima na Portela não ficou dos melhores pro Paulinho, que para reparar a situação compôs "Foi um rio que passou em minha vida":

Se um dia meu coração for consultado
Para saber se andou errado
Será difícil negar
Meu coração tem mania de amor
Amor não é fácil de achar
A marca dos meus desenganos ficou, ficou
Só um amor pode apagar
Porém (ai, porém)
Há um caso diferente que marcou num breve tempo
Meu coração para sempre
Era dia de carnaval
Carregava uma tristeza
Não pensava em outro amor
Quando alguém que não me lembro anunciou:
Portela! Portela!
O samba trazendo alvorada
Meu coração conquistou
Ai, minha Portela, quando vi você passar
Senti o meu coração apressado
Todo o meu corpo tomado
Minha alegria voltar
Não posso definir aquele azul
Não era do céu; nem era do mar
Foi um rio que passou em minha vida
E meu coração se deixou levar


sábado, 13 de outubro de 2007

Evolução nota 0

Antigamente a escola de samba era feita exclusivamente pelo povo e para o povo, mas a escola foi se profissionalizando aos poucos contratando gente para fazer samba enredo ao invés de usar o seu pessoal, contratando carnavalescos e etc. A situação chegou a tal ponto que hoje em dia existe uma Associação dos Carnavalescos de Escolas de Samba e até há alguns anos atrás eles cogitavam em cobrar direitos autorais sobre o enredo que eles produziam, o carnavalesco agora é um sujeito com formação acadêmica, quase como um autor de uma peça ou um espetáculo. Isso é consequencia do fato de que as escolas de samba, sob o comando dos novos ricos se transformaram em mais um ponto turístico do Brasil, agora o carnaval não é nem feito pelo povo e tampouco para ele e aos poucos e cada vez mais vai perdendo sua identidade, principalmente no RJ. Há um samba chamado Avenida Fechada (Élton Medeiros / Antônio Valente / Cristóvão Bastos - 1973) que diz: "Não me leve a mal mais muito luxo pode atrapalhar /Alegria ninguém pode fabricar / Um bom carnaval se faz com gente feliz a cantar / Pelas ruas um samba bem popular". Em resposta a esse fenômeno Candeia e outros sambistas descontentes com o rumo que a situação ia tomando fundaram o Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo, uma espécie de resistência carnavalesca que detalharei mais pra frente.


Coma este amendoim

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Os tempos idos, nunca esquecidos, trazem saudades ao recordar


Há exatos 99 anos nascia no bairro do Catete, no Rio de Janeiro, Angenor de Oliveira mais conhecido por Cartola. Ele era Músico (cavaquinho e violão), compositor popular e sambista, é um dos fundadores da Escola de Samba da Mangueira (1928); autor de sucessos como As Rosas Não Falam, O Mundo é um moinho, Autonomia e etc. Ele e sua esposa Zica fundaram na década de 60 o bar Zicartola no centro do Rio de Janeiro, que foi um pólo irradiador do samba e onde surgiram vários talentos. Somente aos 65 anos conseguiu gravar seu primeiro disco.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Razão Social

Este blog tem a finalidade de tratar de música, em especial o samba. Neste espaço pretendemos discutir sua história, seu papel na sociedade de ontem e de hoje, história das composições, seus discos mais importantes e tudo mais aquilo que julgarmos relevante. Seu nome, Vermute com Amendoim, é inspirado na marcha Pierrô Apaixonado (Noel Rosa / Heitor dos Prazeres - 1935) que diz:

Um pierrô apaixonado
Que vivia só cantando
Por causa de uma colombina
Acabou chorando, acabou chorando

A colombina entrou num butiquim
Bebeu, bebeu, saiu assim, assim
Dizendo: pierrô cacete
Vai tomar sorvete com o arlequim

Um grande amor tem sempre um triste fim
Com o Pierrô aconteceu assim:
Levando esse grande chute
Foi tomar vermute
Com amendoim!

Tome este vermute


Até breve!
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