sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Anhangüera dá Samba


Eis que chega a última sexta feira do mês, e com ela mais uma edição do projeto Anhangüera dá Samba. A convidada do conjunto Inimigos do Batente é Carmen Queiroz. O endereço é: Rua dos Italianos n 1261, Bom Retiro e o ínicio se dará as 22 horas. A entrada fica por R$ 10,00 + um agasalho ou alimento não perecível.

Para quem ainda não está convencido segue o vídeo:

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Foi Ela

Com resquícios da ressaca do carnaval e sem muita vontade de escrever, segue o meu post:

Trata-se de um samba do Candeia, gravado pelo conjunto "Mensageiros do Samba da Portela", que era formado por Candeia, Casquinha, Picolino, Casemiro, Jorge do Violão e Arlindo Cruz (o próprio). O grupo é datado dos idos anos 60 e gravou um LP em 1966, do qual é extraído o samba "Foi Ela".

Foi Ela (Candeia)


Saudade vai
Leva os meus ais, que eu não consigo
Viver em paz, meu coração está ferido
Quem me fez tão infeliz?
Foi ela
Quem Causou esta paixão?
Foi ela
Quem fez esta cicatriz?
Foi ela
Dentro do meu coração
Foi ela
Posto nas noites de lua
O que perdeu meu coração
Vou cantando pelas ruas
Carpindo amarga dor da traição

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A Jura de Sinhô

Este grande sucesso foi composto por Sinhô, o Rei do Samba, nos idos da década de 20. Já se vão mais de 80 anos e até hoje a música reverbera nas cabeças do pessoal, basta soar a primeira palavra: "Jura..."

Entre as vozes mais marcantes que gravaram "Jura" estão Mário Reis, com seu estilo cadenciado, e Aracy Cortes, com uma voz impecável herdada do Teatro de Revista. Ambos eternizaram a canção nos discos em 1928. Foi um sucesso que estourou a boca do balão.

Aracy Cortes 1928


Mário Reis 1965

Sinhô estava na boca do povo e continuou nos dois anos seguintes. Em 1930 morreu com apenas 35 anos.

A comoção foi geral. Até o grande poeta Manuel Bandeira deixou um belíssimo texto em homenagem ao Rei do Samba. Confira um trecho: "O que há de mais povo e de mais carioca tinha em Sinhô a sua personificação mais típica, mais genuína e mais profunda. De quando em quando, no meio de uma porção de toadas que todas eram camaradas e frescas como as manhãs dos nossos suburbiozinhos humildes, vinha de Sinhô um samba definitivo, um Claudionor, um Jura, com um "beijo puro na catedral do amor", enfim uma dessas coisas incríveis que pareciam descer dos morros lendários da cidade, Favela, Salgueiro, Mangueira, São Carlos, fina-flor extrema da malandragem carioca mais inteligente e mais heróica... Sinhô!"

Anos depois, o sucesso de Jura renasceu na voz de Zeca Pagodinho. O compositor ainda emplacou o som na abertura da novela "O Cravo e a Rosa", ambientada no começo da década. Uma combinação perfeita. Saca só a abertura:

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Vermute recomenda: Cidade das Noites


O CD Cidade das Noites é formado por Anabela e Edu de Maria, do Núcleo de Samba Cupinzeiro e Renato Martins e Roberto Didio, do Terreiro Grande. A divisão de "funções" foi basicamente a seguinte: Roberto Didio, Renato Martins e Edu de Maria assinam as músicas e Anabela fica encarregada das interpretações.

Mais uma vez exalto a belo voz de Anabela que, cada vez mais nos dá indícios de que em pouco tempo figurará entre as grandes cantoras brasileiras. Como compositor já sabíamos do potencial de Edu de Maria por conta do CD do Cupinzeiro. A boa surpresa fica por conta de Renato e Roberto que se revelam excelentes compositores, uma faceta até então desconhecida do grande público.

Bicicleta Ruidosa (Renato Martins / Roberto Didio)


Composto na sua maioria por sambas, Cidade das Noites é repleto de homenagens: Cristina Buarque, Rosa Luxemburgo, o poeta Murilo Mendes, no entanto a que mais me emocionou foi a feita para Carlos Marighella e para tantos outros que lutaram contra a ditadura. No encarte a música é dedicada "aos corações especiais que 'não tiveram tempo de ter medo' ".

Nome, Sobrenome e Codinome (Renato Martins / Roberto Didio)


Não há sequer uma música "mais ou menos", e os ótimos arranjos fazem de Cidade das Noites um disco que quando acaba já da vontade de escutar de novo.

Só para registro, há participações de Cristina Buarque e Amélia Rabello.

Músicas:
01- Cidade das Noites (Renato Martins / Roberto Didio)
02- O Mar e o Amor (Renato Martins / Roberto Didio)
03- Toada da Libertação (Edu de Maria / Roberto Didio)
04- Valsa que Jamais (Renato Martins / Roberto Didio)
05- Samba da Escuridão (Renato Martins/ Tuco / Roberto Didio)
06- Bicicleta Ruidosa (Renato Martins / Roberto Didio)
07-Quatro Quadras (Renato Martins / Roberto Didio)
08- Pela Última Vez (Edu de Maria / Roberto Didio)
09- Fox-Trotsky (Renato Martins / Roberto Didio)
10- Cais (Renato Martins / Roberto Didio)
11- Cemitério dos Pássaros (Renato Martins / Roberto Didio)
12- Canção Para Murilo Mendes (Renato Martins / Roberto Didio)
13- Nome, Sobrenome e Codinome (Renato Martins / Roberto Didio) 

Compre aqui.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

No tempo de Noel (2 de 11)

Dando continuidade ao projeto de colocar os programas erradiados por Almirante na Rádio TUPI, seguem hoje o terceiro e quarto programa da série "No Tempo de Noel".

Hoje, coloco também um dos anúncios dos patrocinadores do programa, as Casas Barkí.





Baixe as três partes aqui, aqui e aqui

Confira a primeira parte aqui

Dica: Esquentando o Carnaval

Nesta quinta-feira, o Teatro Mars no coração do Bixiga vai pegar fogo. A partir das 22 horas a casa abre para a festa Made in Brazil, com show das bandas Seis Sextos e Capadoxe. Apresentando sambas e choros com uma roupagem moderna e descontraída, as bandas têm tudo para levantar a poeira do salão. E enquanto os tamborins não tocam de verdade, o Disk-Jockey Marco Nalesso embala os quadris da moçada.

(Clique no flyer para conseguir vê-lo de forma apropriada)

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O Jongo - Ritual e Magia no Quilombo de São José

Achei este documentário no youtube. Ele trata especificamente sobre o jongo no quilombo de São José da Serra, uma comunidade descendente de escravos que fica localizada em Valença, interior do estado do Rio de Janeiro. O documentário, que é assinado por Carla Beraldo, Carolina Duarte, Manuela Altoé e Tiago Gonçalves, mostra que o jongo vai muito além de uma mera manifestação musical. Confira:





segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Espetáculo para Candeia

Quem não foi perdeu. A festa armada pela galera do Terreiro Grande e por Cristina Buarque foi boa dentro e fora do palco. O Teatro Fecap lotou nos três dias de show. "Foi um trabalho de formiguinha", contou o produtor Zeca Ferreira.

Além dos partidos que Candeia cantava com imensa desenvoltura, o show teve espaço para uns sambinhas mais lentos. O pessoal ainda vai migrar para o Rio de Janeiro, mas por enquanto fica uma palhinha do que rolou:

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Disco da semana: A Enluarada Elizeth - Elizeth Cardoso


Elizeth Cardoso dispensa qualquer tipo de apresentação, não foi à toa que ela ganhou apelidos como "A Divina", "A Magnífica" ou "A Enluarada", só para citar alguns. Entretanto nem só de sambas era feito o seu repertório e o mesmo acontece com esse disco. Elizeth passeia com igual qualidade por ritmos como choro, canto de capoeira, modinha e outras bossas. Para abrilhantar mais ainda este registro, há as participações especialíssimas de nomes como Clementina de Jesus, Cartola, Codó e Pixinguinha.

A banda que a acompanha é formada por Abel na clarineta, Raul de Barros no trombone, Copinha na flauta, Canhoto no cavaquinho, Dino no violão de sete cordas e Meira no violão comum. Os arranjos são assinados pelo Maestro Gaya.

Apesar dos excelentes arranjos de Gaya e do alto nível da banda e dos convidados, a faixa que destaco é justamente a que Elizeth canta em capela a música "Demais", que fez grande sucesso na voz de Maysa. Impossível também não destacar a Seleção de Sambas da Mangueira. Só pedrada.

Músicas:
01- Meu Consolo é Você (Antonio Nassara / Roberto Martins)
02- Depois de Tanto Amor (Paulinho da Viola)
03- Amor e Lágrimas (Cláudio Santoro / Vinicius de Moraes)
04- Canto de Pedra Preta (Baden Powell / Vinicius de Moraes)
05- Modinha (Antonio C. de Brito / Hermínio Bello de Carvalho / Mauricio Tapajós)
06- Carinhoso (Pixinguinha / João de Barro) Part. especial: Pixinguinha
07- Capoeira Três (Clodoaldo Brito) Part. especial: Codó
08- Isso é Que é Viver (Pixinguinha / Hermínio Bello de Carvalho)
09- Demais (Antonio Carlos Jobim / Aloysio de Oliveira)
10- Melodia Sentimental (Villa Lobos / Dora Vasconcellos) Do filme "Green Mansions"
11- Seleção de Sambas da Mangueira:
Part. especial: Cartola e Clementina de Jesus
  • Fiz Por Você o Que Pude (Cartola)
  • Pranto de Poeta (Guilherme de Brito / Nelson Cavaquinho)
  • Mangueira (Assis Valente / Zequinha Reis)
  • Mundo de Zinco (Nassára / Wilson Batista)
  • Semente do Samba (Hélio Cabral)
  • Lá em Mangueira (Herivelto Martins / Heitor do Prazeres)
  • Onde Estão os Tamborins (Pedro Caetano)
  • Levanta Mangueira (Luiz Antonio)
  • Sabiá de Mangueira (Benedito Lacerda / Frazão)
  • Exaltação à Mangueira (Enéas Brites / Aloísio Augusto da Costa)
  • Praça Onze (Herivelto Martins / Grande Otelo)
  • Despedida de Mangueira (Benedito Lacerda / Aldo Cabral)
Baixe esse disco no No Pau da Goiaba.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

É gol! Que felicidade!

Conhece essa?



"Replay" foi gravada na década de 70 pelo Trio Esperança, três jovenzinhos com um vocal invocado que haviam feito muito sucesso com a "Festa do Bolinha". Essa música atravessou o tempo e até hoje toca na rádio. Só que em forma de vinheta. Basta a pelota entrar na rede que, nas transmissões da Rádio Jovem Pan, começa o refrão "É goooool! Que felicidaaaade! É gooool, o meu time é alegria da cidaaaade!" A ideia de adotar a música veio junto com uma reformulação da rádio, então conhecida como Panamericana, a "emissora dos esportes". A reforma mudou o nome e o jeito de se fazer rádio, muito menos pesado. Foi nessa época que começou um dos monstros da narração, Osmar Santos. Mas quem melhor usou a vinhetinha foi outro titã, José Silvério - o pai do gol.

Veja quatro gols narrados por Silvério, na final do Campeonato Paulista de 1993. Palmeiras 4 X 0 Corinthians.

Em 2003, outro trio gravou com muito mais suingue, o Mocotó. Ouça aqui

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Uma biografia diferente para o Sambista Diferente


Acabo de ler o livro "Sambexplícito - As vidas desvairadas de Germano Mathias". E rapaz, devo dizer que foi a melhor biografia que já li. O biografado também ajuda, e bastante. Cria das rodas de samba dos engraxates da Praça da Sé, Germano é um autêntico malandro e cheio de histórias. Foi cotado para ser uma espécie de "Latin Elvis", derrubou Chacrinha com uma pernada em seu programa e outras tantas histórias. Além disso trata-se também de um dos mais originais sambistas brasileiros. Foi ele quem introduziu a lata de graxa na batucada e é um dos poucos, senão o único, a interpretar o samba sincopado, cheio de improvisos.

Méritos também para Caio Silveira Ramos, pela ousadia de como escreveu o livro, cheio de gírias e com uma linguagem bem peculiar. Conforme ia me familiarizando, parecia que quem ia narrando a história era o saudoso Plínio Marcos. Fato esse que fez com que a leitura fosse feita de maneira bem rápida. Veja aí um trecho do livro:

"[...] Dezenove65, antes que chegue julho, a Philips enlepeísa pelo selo Polydor o novo disco de Germano Mathias, Samba de Branco, o primeiro sem a fuça do malaco na capa. De branco, porque malandro antigoso se vestia assim, dos pés a cabeça, linho S-120 etceteraetal. De branco, pra dizer comoéquepode leitoso desse jeito, era pra atravessar tudo, foi sincopar como tendo engolido velhésima raiz de baobá? [...]"

Sambexplícito cumpre sua função com grande êxito, já que para contar a história da vida do Sambista Diferente, uma simples passagem pelos fatos mais marcantes não seria suficiente. Os amantes do bom samba devem agradecer Caio Silveira Ramos pela criatividade que só enalteceu ainda mais o artista Germano Mathias, que ganhou uma biografia a altura de sua obra e sua arte.

Ouça aqui Guarde a Sandália Dela (Germano Mathias / Sereno) com direito a cuíca e trombone de boca.


Livro: Sambexplícito: as vidas desvairadas de Germano Mathias
Autor: Caio Silveira Ramos
Ano: 2008
Preço: R$ 52,00

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

No tempo de Noel (1 de 11)

Bem-vindos a maior série de posts do Vermute com Amendoim, disponibilizada graças ao brilhante acervo de Milton Parron!

Trata-se dos 18 programas que Almirante ou Henrique Foréis (é esse aí na foto) apresentou na Rádio Tupi de 6 de abril de 1951 a setembro do mesmo ano. Vale lembrar que era tudo ao vivo!

Hoje, dois programas (do dia 6 e 13). As outras parcelas, ao todo são 11, serão publicadas nas próximas quartas-feiras.

Aproveite, ouça e baixe!



Baixe as três partes aqui, aqui e aqui

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A Máscara Negra da GE

Zé Kéti era realmente um artista na melhor concepção da palavra. Atacava de compositor, intérprete, "produtor musical" (no Zicartola), ator e até mesmo garoto-propaganda. Esta última é talvez a faceta mais desconhecida do sambista, e é justamente ela que iremos destacar nesse post. 

Trata-se de um comercial que hoje talvez chamaríamos de um anúncio de oportunidade. Isso porque a marcha-rancho havia sido escolhida como a melhor do ano anterior (1967). Então, no ano seguinte, a General Eletric resolveu lançar o televisor Máscara Negra, que possuía esse nome pelo fato de sua tela escura, e que por causa disso trazia uma série de benefícios que podem ser vistas no comercial a seguir:




segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

100 anos de Carmen!

É hoje! A portuguesinha mais brasileira que já se viu completaria 100 anos. Nós já fizemos algumas homenagens (um comercial e um curta) a brejeirice de Carmen Miranda, mas hoje é dia especial!

O destaque vai para o museu virtual de Carmen, que apesar de ser um site feio tem um riquíssimo material de pesquisa. São dezenas de vídeos e músicas, cenas de filme e fotos da Pequena Notável.

O site Ego, da Globo.com também se rendeu a uma celebridade das antigas e publicou belíssimas fotos da cantora. Vale a visita.

Quem se animar também dê um pulo no site do Estadão. Eles fizeram um especial no esquema de infográfico. Gostei de ver.

Acompanhe a programação das festividades
Sem sair de casa:
Hoje - TV Cultura - 22h10 - Roda Viva com Ruy Castro, o autor do livro Carmen

Na rua:
Sesc Araraquara
Dia 13 - 20hs 100 anos de Carmen Miranda – Ully Costa grátis

Sesc Ipiranga
Entre Babados e Balangandãs
Dia 17 – 21 hs Na Ozzetti R$ de 16 a 4
Dia 20 – 20 hs Sapo Banjo Orquestra grátis
Dia 21 – 17 hs Yvette Mattos e Banda grátis
Dia 22 17 hs Revista do Samba grátis
Dia 23 – 17 hs Nas Batucadas da Vida grátis
Dia 24 – 17 hs Uli Costa e Bando da Rua grátis

Sesc Pompeia
Dia 28 21 hs Carmens Mirnada e o Bando de Loucos R$ de 16 a 4

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Disco da semana: Carnaval de Rua - Herivelto Martins


O carnaval já está chegando e o clima já começa a tomar conta de todos. Seja arrumando uma viagem, vendo em que escola ou bloco sair, todos já começaram a se planejar. É por isso que o disco dessa semana vem a calhar. 

O disco Carnaval de Rua é uma homenagem a Herivelto Martins, e é uma boa pedida para quem já quer começar a esquentar os tamborins. Lançado para comemorar os 25 anos de carreira do compositor, o LP traz seus maiores sucessos, intérpretes afinados e uma batucada de primeira.

Músicas:
1 - Apresentação Ary Barroso
2 - Saudosa Mangueira (H. Martins)
3 - Lá Em Mangueira (H. Martins - H. dos Prazeres)
4 - Laurindo (H. Martins)
5 - Mangueira Não (H. Martins - Grande Otelo)
6 - Acorda Escola de Samba (H. Martins - Benedito Lacerda)
7 - Praça Onze (H. Martins - Grande Otelo)
8 - Bom Dia Avenida (H. Martins - Grande Otelo)
9 - Noite Enluarada (H. Martins - H. dos Prazeres)

Baixe esse disco no Um Que Tenha, e veja que não acabou a Praça XI não!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Uns choros para Radamés

Começou no dia 3, no Centro Cultural do Banco do Brasil, no Rio de Janeiro a série "Relendo o Choro".

Os primeiros a se apresentar foram os componentes do Novo Quinteto, que existe desde 2000. Com Henrique Cazes (também conhecido como Jota Canalha) na guitarra e no cavaco, Maria Teresa Madeira nas teclas do piano, Marcos Nimrichter dominando o acordeão, Omar Cavalheiro no contrabaixo e Oscar Bolão batucando na bateria.

E o primeiro show teve um homenageado muito especial: Radamés Gnatalli, o modernizador do choro. Nos idos de 1950, Radamés misturou elementos da cultura popular e erudita para criar sua música. "O quinteto do Radamés foi muito importante para se iniciar o processo de experimentação e releitura do choro. Usamos arranjos escritos por ele há mais de 50 anos que soam completamente contemporâneos", disse Cazes em entrevista ao Estadão. "Ele estava realmente muito à frente de todos".

Realmente. Confira um documentário feito em homenagem ao maestro:





A agenda
Para quem ficou com vontade de ver mais shows do "Relendo o Choro", as apresentações são no teatro II do CCBB, sempre às terças-feiras, e em dois horários, às 12h30 e às 18h30.

Dia 10 - Quatro a Zero (diretamente de Campinas)
Privilegiando compositores do interior de Estado, como Bonfiglio de Oliveira, Nabor Pires Camargo e Laércio de Freitas.

Dia 17 - Moderna Tradição (de São Paulo)
Tocarão clássicos de Pixinguinha, Jacob do Bandolim e Garoto.

Dia 3/3 - Tira Poeira (do Rio mesmo)
Com um choro misturado, que reflete a formação jazzística e clássica dos cinco integrantes, tocarão Benedito Lacerda, Waldir Azevedo e Ernesto Nazareth.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Aos Heróis da Liberdade

O post de hoje terá como base o clássico samba-enredo Heróis da Liberdade, de Mano Décio da Viola, Manuel Ferreira e Silas de Oliveira. O samba foi feito para o carnaval de 1969 do Império Serrano.

Na primeira versão que será apresentada aqui, o samba vem de maneira mais clássica. Com um cavaco bem evidente e uma cuíca que não deixa por menos. Tem cara de samba-enredo antigo, ou seja, com uma levada mais devagar, porém contagiante. Ainda é possível também identificar um pandeiro, violão e outros instrumentos do samba tradicional. Até porque esta é a versão que saiu pela Marcus Pereira (na coleção História das Escolas de Samba), gravadora interessada em registrar o que a nossa música tinha de mais autêntica. Quem canta é Jorge Pessanha.

A segunda versão aqui exposta também se utiliza de instrumentos tradicionalmente de samba. Porém os arranjos e o coral (não um coro) meio lírico que acompanha a música fazem com que a letra do samba fique em destaque. Entretanto identificamos violão, surdo, pandeiro, cuíca e até uma bateria. Entrando um de cada vez. Quem canta é Mano Décio da Viola e, esta versão encontra-se no disco Mano Décio Legendário de 1976.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Samba ou Maxixe?

É ponto comum que o primeiro samba gravado foi "Pelo Telefone", em 1917. Mas era samba mesmo? Ou era um tanguinho brasileiro amaxixado?

Cair na discussão de gêneros é sempre muito difícil, por isso vale a pena deixar os mestres do ritmo falarem. E nesse caso, uma cena que se passou na SBACEM (
Sociedade Brasileira de Autores, Compositores e Escritores de Música) vem bem a calhar. Quem narra é nada menos do que Ismael Silva:

O que se passou foi o seguinte. Eu e Donga discutimos sobre o verdadeiro samba. Foi assim, o Sérgio Cabral pode confirmar:

- Ué, ué. Samba é isso há muito tempo: “O chefe da polícia / pelo telefone/ mandou me avisar / que na Carioca / tem uma roleta para se jogar.”

- Isso é maxixe.

- Então o que é samba?

- Se você jurar / que me tem amor / eu posso me regenerar / mas se é pra fingir, mulher / a orgia assim não vou deixar.”

- Isso não é samba, é marcha.

Em 1977, um ano antes da morte de Ismael, a Globo filmou com ele e um dos temas foi justamente a discussão sobre "Pelo Telefone". Confira:


terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

50 anos de samba - Parte III

Aqui está a terceira e última parte do artigo do jornal O DIA de 1972. Nele percebemos que a rixa "bossa nova X samba" é de longa data. Leia também a primeira e a segunda parte.

MODERNISTAS

O samba dez anos a esta parte, sofreu profundas feridas. Com tanta gente tentando minimizá-lo, modificá-lo, reduzi-lo a coisa nenhuma, teria fatalmente de degenerar, daí surgir essa degringolada toda após alguns autores metidos a renovadores gravarem coisas incriveis, cacofônicas e ferinas ao sentimento do que é o verdadeiro ritmo popular mais famoso de nossa terra.

Não vamos apontar com certeza quais os inspirados anarquisadores do samba. Eles são muitos e na desejariamos criar polêmicas. Aliás, José Ramos Tinhorão, em nossa opinião um dos mais esclarecidos conhecedores das coisas relacionadas com a nossa música, autores e interpretes, publicou um livro intitulado "O Samba Agora Vai" que é bastante preciso nêsse ponto em que a nossa memória falha... O livro em questão deve ser lido por todos os que pretendem saber o que tem acontecido com a nossa musica e as causas de suas grandes infelicidades...

ÉPOCA INTERMEDIÁRIA

Após a época de ouro do samba, sucedeu outra fase que poderiamos chamar de "intermediária", em que surgiram interpretes de grande categoria como Elizete Cardoso e Jorge Veiga, e comositores como Monsueto, Billy Branco, Miguel Gustavo, Ary Cordovil, Carlos Jobim, Vinicius de Morais, só para falar dos mais conhecidos, que juntamente com as Escolas de Samba, muito lutaram para manter o samba tradicional em toda a sua grandeza e dimensão como musica de um povo que sempre se apegara às suas tradições e ao seu FOLCLORE.

Então apareceram os renovadores, tendo à frente João Gilberto, o mesmo Carlos Jobim (que se passou com armas, cuias e bagagens para o lado de lá), Baden Powel, Edu Lobo, encorajados por musicos brasileiros que como muito bem diz José Ramos Tinhorão, passaram a fazer um outro jogo de interesse de terceiros, daí a nossa musica - o samba principalmente - ter-se modificado aos poucos sob o impacto de uma bossa nova que há quarenta anos passados Mário Reis revelária, porém, sem ferir nem de leve a beleza rítmica, ou quebrar a linha melódica com interposições de acordes semitonados e que não passam de pueril esnobação dos que se dizem modernistas...

A nova geração da chamada bossa nova, poderá parecer coisa legítima nossa. Na realidade foram intervenções fantasistas de musicos estrangeiros - é o nosso ponto de vista estribado em observações meditadas - que tiraram ao samba o sabor que é de seu natural. Senão vejamos, numa figuração que bem elucidará o leitor acerca de nossa argumentação. Imaginemos a avenida Getúlio Vargas, no Rio, preparada para grandes exibições de Escolas de Samba, blocos e demais grupos dessa categoria, e repentinamente , surgindo na enorme passarela , com seu passistas dançando samba bossa nova... Seria uma coisa gritantemente boba, vazia, grotesca e sem motivação, porque a marcação ritmica sofreria um vazio enorme, perdendo toda a sua elasticidade, que é justamente o que dá ao passista aquela euforia e entusiasmo contagiantes a quem os assiste em requebros e malabarismos incríveis.

Não concordamos com José Ramos Tinhorão, quando ele diz que foi o "Samba com uma nota só" que deu início à bossa nova ou então que inovação pouco louvável aos tradicionalistas, recebeu reforço consideráel através do disco de João Gilberto para a "Capitol", intitulado: "Brazil's Billiant João Gilberto". Estamos mais com ele quando afirma que quatro musicos - Charlie Bird, Stan Getz (que nem chegou a vir ao nosso país), Herbien Mann e Dizzy Gillespie foram os que infiltraram a bossa nova no mercado norte-americano. Nós vamos mais longe. Foram eles que contribuiram para que os nossos compositores inovadores se desandassem a esbulhar a nossa musica - o samba principalmente - de todas as suas verdadeiras características - ritmo sincopado e linha melódica sem distorções - inpingindo-lhe as mesmas inovações que os quatro musicos norte-americanos haviam bolado, só que com maiores vantagens porque a musica de seu país conta com incontáveis para se impor - boas orquestrações, alto gabarito dos arranjadores, facilidade em reunir instrumentistas consumados - e não se limitava com a nossa a um conjunto médio instrumental ou a conjuntos regionais reunindo flauta, cavaquinho, violões, pandeiro e cuíca...

Assim fomos nós quem absorvemos em maior proporção as chamadas inovações que deram em resultado a bossa nova (?) e não eles - os norte-americanos - que copiaram de nossas musicas esse novo estilo.

Não há duvida que o samba moderno conta com uma plêiade de elementos de alto gabarito. Mas eles surgiram quando já a bossa nova (vamos dizer assim) já era, e nunca se demoraram em observar, analizar e descobrir o que o samba tradicional tinha de bom, de melódico e contagiante. Acostumaram-se com a barulheira metaloide ou elotronismo (será neologismo?) dos conjuntos modernos, e não sabem - ou não querem saber - qual a diferença entre a bossa antiga e a nova.

Felizmente, ainda andam por aí esbanjando alegria, esntusiamo sambístico, o Martinho da Vila, o Paulinho da Viola, e outros autores e cantores que guardam o velho espírito seresteiro que imperava nas reuniões boêmias da casa da Tia Ciata e que não esquecem do dia em que apareceu pela primeira vez no Brasil o precursor de todos os sambas: o "Pelo Telefone"!

A verdade é que nestes cinquenta anos de musica brasileira, muita coisa aconteceu e muita coisa acontecerá. Isto porque, o velho samba, o sambão como é chamado, tem bom pulmão e não morrerá nunca!   

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Documentários no SESC

Ainda dá tempo. Para os paulistas interessados na vida do cantor e compositor Germano Mathias, o SESC Consolação apresentará nesta segunda-feira o filme "O Catedrático do Samba", às 20 horas.

Feito em 1999, o documentário tem direção e roteiro de Alessandro Gamo e Noel Carvalho e dura 23 minutos. Mas o evento não para por aí. Após a exibição do filme, o próprio Germano falará sobre sua obra além de, é claro, dar uma palhinha.

Programe-se
Para quem quiser já deixar marcado na agenda, as próximas segundas-feiras também contarão com exibições na unidade Consolação do Sesc.

09 de fevereiro - "Osvaldinho da Cuíca - Cidadão Samba".
Feito em 2008 e com duração de 54 minutos e dirigido por Toni Nogueira, Simone Soul e pelo próprio Osvaldinho, o filme conta diversas histórias marcantes do samba paulista. Além disso, após a exibição o cuiqueiro bate papo com a plateia.

Veja o trailer:



16 de fevereiro
- "O dia em que Macunaíma e Gilberto Freire visitaram o terreiro da Tia Ciata mudando o rumo da nossa história"
Gravado em 1998, a ficção brinca com a história do samba e com um dos principais sociólogos do país. Tem apenas 20 minutos e após o filme, Tobias da Vai-Vai conta mais um pouco sobre a história do samba.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Disco da semana: Olha Quem Chega - Dona Inah


Sobre o disco Olha Quem Chega, de Dona Inah, fico com as sábias palavras de Paulo César Pinheiro.

"Gostei por demais do disco da Dona Inah. Cantora intuitiva, sem escolas, sem pretensão de mostrar virtuosismos, sem mirabolâncias vocais. É uma cantadeira realmente popular, do botequim, da esquina, do palco, da vida. Tem a voz das amas-de-leite do tempo do cativeiro, das lavadeiras de beira-rio, das croners enfumaçadas dos cabarés antigos, das pastoras das primeiras escolas de samba. Voz agradável de ouvir, pura, primitiva. E tem bom-gosto a danada. Escolheu interpretar uma pala da obra de um compositor que já merecia, há muito, essa homenagem: o meu querido parceiro Eduardo Gudin, um dos maiores representantes do samba de sua terra nativa, a boêmia São Paulo. Fui premiado com oito músicas nesse CD. E adorei. Ouvi de uma talagada só. E, coisa rara, sem pular nenhuma faixa. Direto. Me deleitando. E, tenho certeza, vou escutar por muitas vezes ainda. É disco pra curtir sempre. Pra mostrar. Pra indicar. Pra dar de presente. Gudin, meu velho companheiro, belíssimo momento eterno esse. Dona Inah, magnífico tributo o seu. Um beijo grande, boa sorte. E deixa eu botar de novo a bolacha pra tocar."

Músicas:
01- Olha Quem Chega (Gudin / Paulo César Pinheiro)
02- E Lá Se Vão Meus Anéis (Gudin / Paulo César Pinheiro)
03- Ainda Mais (Gudin / Paulinho da Viola)
04- Longe de Casa (Gudin / Paulo Vanzolini)
05- Boa Maré (Gudin / Paulo César Pinheiro)
06- Velho Ateu (Gudin / Roberto Riberti)
07- Veneno (Gudin / Paulo César Pinheiro)
08- Verde (Gudin / J. C. Costa Netto)
09- Desperdício (Gudin / Paulo César Pinheiro)
10- Mente (Gudin / Paulo Vanzolini)
11- Chorei (Gudin / Paulo César Pinheiro / Mauro Duarte) / Euforia (Nelson Cavaquinho / Gudin / Roberto Riberti)
12- Quem Chega Atrasado (Gudin)
13- Santo Dia (Gudin / Paulo César Pinheiro)
14- Velho Sambista (Gudin) / Violão Gentil (Dino Galvão Bueno / Gudin)
15- Maior é Deus (Gudin / Paulo César Pinheiro)
16- Praça 14 Bis (Gudin)

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