quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Uma trova, um soneto e um samba-canção
Samba que nem a Rita à Dora
A princípio eu pensava ser apenas uma brincadeira com o sucesso de Chico Buarque, "A Rita":
Até que eu ouvi o samba "Artigo Esgotado", composto por Luis Carlos da Vila e gravado pela primeira vez por Mussum em 1978, no disco "Água Benta".
Artigo Esgotado
Cirurgicamente, Luis Carlos pegou o melhor trecho da música e colocou na composição que fez em parceria com Seu Jorge. E aí, pode Arnaldo? Qual samba você prefere, Caio?
quarta-feira, 24 de março de 2010
As histórias de Benedito e Pedro
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Uma dicussão e Teresa
Da outra vez que comparei dois sambas (um cantado por Zeca Pagodinho e outro por Paulinho da Viola) não sabia que isso poderia render aqui mais uma das inúmeras seções aí ao lado. Mas comparando alguns outros sambas por aí, me dei conta de que há muitas coincidências no nosso cancioneiro. Uma delas entre "É preciso discutir", de Noel Rosa, e "Tereza da Praia" de Tom Jobim e Billy Blanco.
"É preciso discutir"
"Teresa da Praia"
A primeira, de Noel, foi gravada em novembro 1931. A de Jobim e Blanco, em 1954. Uma é samba, a outra bossa. Terminam aí as diferenças. A primeira semelhança é o formato: ambas foram gravadas em forma de duetos. E por duplas de sucesso, como é o caso de Mário Reis e Francisco Alves, e Dick Farney e Lucio Alves, que tiveram discos bem sucedidos cantando lado a lado.


Depois, a temática. Nas duas há uma discussão por causa de uma mulher. Na de Noel, um prólogo, além do próprio título, anunciam que vai rolar discussão. Na outra, porém, o ouvinte só fica sabendo que se trata da mesma mulher no decorrer da canção.
Para terminar, em nenhuma há um vencedor. Enquanto na primeira, a discussão segue, na segunda eles chegam à conclusão de que a Teresa jamais pertencerá a ninguém.
E aí, qual é melhor?
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
A incrível coincidência entre Paulinho e Zeca

O primeiro ponto de encontro entre as duas é o tema. Ambas falam sobre os caminhos que a vida vai oferecendo, o destino difícil de ser contestado. Na de Paulinho, o mar simboliza a vida que o carrega para lá e para cá: "Meu velho um dia falou/Com seu jeito de avisar:/Olha, o mar não tem cabelos/Que a gente possa agarrar". Muito menos sutil, a música eternizada por Zeca, o refrão já diz tudo: "Deixa a vida me levar"
Em seguida, o eu-lírico que nos dois sambas não tem dinheiro o suficiente para mudar o rumo que a vida está impondo. Mais uma vez, Paulinho e Hermínio esbanjam sutileza fazer uma comparação com um pescador: "A rede do meu destino/Parece a de um pescador;Quando retorna vazia/Vem carregada de dor". Zeca deixa bem claro de que classe social está falando: "Confesso que sou/De origem pobre/Mas meu coração é nobre/Foi assim que Deus me fez".
Outro fator comum às duas é a presença de Deus. Enquanto Zeca canta "E sou feliz e agradeço/Por tudo que Deus me deu...", Paulinho solta: "Timoneiro nunca fui/Que eu não sou de velejar/O leme da minha vida/Deus é quem faz governar".
O penúltimo ponto de tangência entre as duas, pelo menos que entre os que eu notei, está na moral da história. Apesar dos problemas, ambos são felizes como são. Paulinho canta que "A onda que me carrega/Ela mesma é quem me traz", ou seja, os problemas vão e voltam. Ao passo que Zeca diz: "Se não tenho tudo que preciso/Com o que tenho, vivo/De mansinho lá vou eu".
Por fim, o mais impressionante: o refrão. Note que nas duas as frases são repetidas na ordem direta e inversa.