segunda-feira, 31 de março de 2008

Maria Bethânia há 43 anos

Na crista da onda, Maria Bethânia e o disco lançado ao lado da cubada Omara Portuondo. O disco tem solos individuais de Bethânia e Omara em interpretações juntas em português e espanhol.

Há 43 anos, Bethânia estreava nos palcos. Bethânia não apenas cantou “Carcará”, de José Cândido e João do Vale, no conhecidíssimo Show Opinião. Em 1965, a baiana deu ali um atestado de presença de palco, preenchendo o local com a potente voz escondida naquele corpo franzino. Bethânia sabia que tinha que fazer bonito. Estava substituindo Nara Leão nos palcos.

O show marcou a história da música brasileira. A interpretação de Bethânia foi apenas um dos motivos:

Saiba mais sobre o mais novo disco de Maria Bethânia.

domingo, 30 de março de 2008

Vermute Entrevista: Caio Bassitt

Ele vive em uma fina linha criada entre o samba e o blues. Desde pequeno ouve nomes como Stevie Ray Vaughan e Buddy Guy. Na adolescência caiu em suas mãos uma coletânea de discos do Noel Rosa, feita pelo seu professor de biologia, o especialista Omar Jubran. O resultado dessa equação é Caio Bassitt, que divide seu tempo entra a guitarra da banda Australopitecus, o violão e as aulas do curso de letras na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Puc-SP).

Seu maior ídolo na música não é sambista, mas foram os versos do samba que o ampararam depois de uma desilusão amorosa. Para ele, o elo entre as músicas que cria está no lamento e nas raízes africanas.

Em 2005 lançou um disco com composições próprias (algumas delas feitas nos idos dos seus 16 anos e a primeira faixa composta quando Caio ainda nem ouvia samba) e parcerias. Com uma variedade musical ampla, o disco intriga quem escuta com cuidado. Entretanto ainda guarda um Caio um pouco verde, buscando o amadurecimento nas letras e melodias.

O Vermute com Amendoim entrevistou este paulista e descobriu mais algumas histórias de Caio, contadas aqui:

Vermute com Amendoim: Uma das coisas que me fascina é sua passagem do blues para o samba. Como foi essa história?
Caio Bassitt: Eu sempre toquei guitarra desde os oito anos. Tinha uma banda de blues e de rock na adolescência e sempre considerei, por puro desconhecimento, o samba esse pagode que a gente ouve nas rádios. E quando eu namorava, a família da minha namorada sempre ouvia Vinícius [de Moraes], Chico Buarque, mas eu não dava muita atenção. Curtia um Rock! Aí, quando o namoro terminou... Primeira desilusão...Você sabe como é!(risos). Fui viajar com um amigo e vi uma roda de samba com um pessoal mais velho tocando um samba. Noel, Nelson Cavaquinho, Ataulfo Alves, Cartola... Eu comecei a prestar atenção nas letras e identifiquei muito com o momento que estava passando. A partir daí, comecei a pesquisar o samba e a freqüentar rodas em São Paulo, e entendi sua beleza, importância e sua origem de lamento. Acabei comprando o Box do Noel rosa e deixei a guitarra de lado. Passei uns seis anos sem tocar guitarra, e comecei a estudar violão.

VCA: A guitarra ficou definitivamente de lado?
CB:
Depois de um tempo, uns amigos me convidaram para fazer um blues. Nós formamos uma banda, ensaiamos e tocamos em alguns eventos e bares.

Como chama a banda?
CB:
Australopitecus.

VCA: Que tipo de som vocês tocam?
CB:
A gente toca muito Stevie Ray Vaughan... Buddy Guy ,Jimi Hendrix, Chuck Berry, Beatles...

VCA: E como é viver no limite entre o samba e o blues?
CB:
É engraçado, porque o samba e o blues têm uma raiz parecida. Os dois têm essa questão do lamento, essa raiz africana. Estou embasado nas duas. O blues eu ouço e toco desde moleque e o samba veio mais tarde, mas no fim e eles se complementam... Mesmo os trabalhos sendo diferentes.

VCA: A Teresa Cristina foi no show do Iron Maiden, você também?
CB:
Não. Gosto de algumas músicas do Iron Maiden. Acho que são grandes músicos e artistas. Admiro a presença de palco deles. Eu prefiro o Rock mais Clássico...Elvis, Chuck Berry...

VCA: Quando seu disco foi lançado? Como foi a seleção das músicas?
CB:
O disco começou em 2005 e terminou em 2006. Foi, na verdade, uma homenagem aos meus amigos, que me acompanhavam pelos bares da cidade tocando e cantando. Porque o samba existe nesse ambiente. No ambiente de instabilidade, da madrugada, da desarmonia, da angústia, do “Desconcerto do mundo”...E, queira ou não, vivemos essa oscilação todos os dias.

VCA: Ficou muita coisa de fora?
CB:
Ficaram algumas músicas.

VCA: E você já pensa em lançar outro?
CB:
Por enquanto não. Vou esperar amadurecer esse. Estou com algumas músicas mais recentese algumas que ficaram fora da seleção do cd, mas ainda não é o momento de gravá-las.

VCA: Alguma música neste disco tem uma história curiosa?
CB:
Quando eu fiz a 1ª música do CD (“Pra Você”), eu tinha uns 16/17 anos. Não ouvia samba na época. Foi uma coisa engraçada. O samba saiu...Com uma mistura de blues, mas saiu. Tem uma história pra “Você que levou meu violão” (também do CD) que foi um fato real. Eu estava tocando em um sarau com bastante gente conhecida. Ai, me chamaram pra cantar... E como havia um violão na roda já sendo usado, deixei meu violão num canto. Quando eu voltei o violão não estava mais lá. Gostava muito daquele violão. Fiquei namorando ele um tempão, e quando eu estava com ele alguém leva embora assim... Aí fiz esta música como vingança...Pra evitar assassinato (risos).

VCA: E a “Vinho de Dionísio”?
CB:
Essa eu compus a partir de uma conversa profundamente calorosa com dois amigos sobre namoro, casamento... E uma amiga falou pra gente que gostaria de casar virgem. Aí começou uma discussão sobre isso... Sobre ela querer viver como uma freira...Até que ponto seria uma hipocrisia de pensamento moldado pela sociedade para preservar uma imagem ou um desejo realmente puro e transparente...Enfim... “Vinho de Dionísio” é uma reflexão sobre o sexo santificado e o amor profano.

VCA: Um ídolo na música?
CB:
Stevie Ray Vaughan... Noel Rosa.

VCA: Qual disco de samba você considera indispensável no acervo?
CB:
Tem vários...O Box do Noel Rosa e todos do Stevie Ray.

Veja a entrevista que o Vermute com Amendoim fez com o diretor do filme Noel, o Poeta da Vila.

Saiba mais sobre Stevie Ray Vaughan

Ouça as músicas de Caio Bassitt

sábado, 29 de março de 2008

Boemia, aqui me tens de regresso

É com o clima da vida boêmia que o Bar do Nelson se mantém em São Paulo. Idealizado pela filha do cantor, o bar presta uma série de homenagens ao famoso boêmio, desde fotos nas paredes até a nomes de drinks.

Bar do Nelson - r. Canuto do Val, 83, Santa Cecília, região central, tel. 0/xx/11/3338-2525. 250 lugares. Seg. a sáb.: a partir das 16h. Música ao vivo (a partir das 19h).


sexta-feira, 28 de março de 2008

À luz da Lua, Pierrô respondeu

Dessa vez o post de sexta-feira saiu atrasado. E alguns podem reclamar, pois a princípio não tem a ver com samba. A princípio.

Trata-se do que os pesquisadores acreditam ser a primeira gravação da história da música. A descoberta de uma gravação folclórica feita por um inventor francês ficou ainda mais brilhante com o sucesso na sua execução. Ouça aqui a canção

A gravação, feita em 1860, é de uma pessoa cantando "au clair de la lune, Pierrot repondit", que de acordo com os pesquisadores do First Sound, é parte de uma canção francesa. Nos dez segundos do arquivo, dificilmente se pode ouvir, mas significam: "à luz da Lua, Pierrô respondeu".

As reações foram variadas. Desde a comoção, como a do historiador David Giovannoni, que disse: "É mágica! Como ouvir um fantasma cantando.", ao riso descontrolado. Este último foi o caso de uma jornalista da rádio britânica BCC. Charlotte Green não aguentou o comentário do companheiro de estúdio e mal conseguiu terminar de falar a notícia de tanto rir. O comentário foi que parecia "o zumbido de uma abelha dentro de uma garrafa". Vale a pena escutar

Para se ter uma idéia, a gravação é datada apenas 17 anos após Thomas Edison inventar o fonógrafo. Muitos anos depois o autofone revolucionaria o processo de gravação, antecipando a vinda do microfone, que possibilitou novas maneiras de cantar, como a de Mário Reis.

O Primeiro Som
Para quem se interessou pelo grupo que realizou a descoberta, vale aproveitar mais o site do First Sound, um grupo de historiadores do registro sonoro, engenheiros de gravação, arquivistas de áudio e outros profissionais dedicados a preservar as mais antigas gravações sonoras humanas.

quinta-feira, 27 de março de 2008

DP´s De cor e salteados

Tá, o Murilo já provou e comprovou que o samba de Bezerra da Silva não tem nada de “sambandido”. Mas cantar a relação de quase todos os Distritos Policiais da capital do Rio de Janeiro, deve significar alguma coisa. Abre o olho, piolho!


A idéia é saber onde fica para não dar mole a Kojak! Afinal, bom piolho está sempre esperando o ataque. Certo malandragem?

As 40 DPs (Gil de Carvalho) --- Bezerra da Silva

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Teresa Cristina em shows no Sesc Pompéia


Teresa Cristina e o Grupo Semente estão na estrada há 10 anos. Para comemorar a marca atingida, esta amálgama musical, que surgiu em 1998 para fazer um show em homenagem ao mestre Candeia, volta aos palcos paulistas nos dias 05 e 06 de abril.

Depois de se apresentar na Índia, Espanha, Holanda, México, Equador e Itália, os palcos que receberão Teresa serão os do Sesc Pompéia. Lá, ela apresentará o repertório do seu disco, o “Delicada”, lançado em 2007.

Para não deixar de dar nome aos bois, o Grupo Semente é formado por Pedro Miranda atuando no pandeiro e dando demonstrações da sua voz, João Calado com o cavaquinho nas mãos, Bernando Dantas ao violão e Mestre Trambique na percussão.

Para os interessados em driblar os 26 reais do preço do ingresso, uma alternativa é participar da promoção que o site oficial da cantora está realizando. A cada dia são dados dois ingressos do show, basta escrever um comentário sobre o tema dos 10 anos da carreira. A promoção vai até dia 31/03.

Como de costume, o show no domingo é mais cedo, às 18 horas. Já no sábado, a apresentação começa às 21 horas.

Serviço
Data: 06/04 e 05/04
Local: Sesc Pompéia. Rua Clélia, 93
Ingressos: R$26,00 (inteira)
R$13,00 (usuário matriculado no SESC e dependentes, +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino)
R$6,50 (trabalhador no comércio e serviços matriculado no SESC e dependentes)

Quem estiver no Rio de Janeiro terá a oportunidade de ver Cristina nos palcos logo em seguida. Isso porque no dia 9 de Abril, a cantora estará ao lado de Seu Jorge em uma apresentação no histórico Canecão.

terça-feira, 25 de março de 2008

Vermute conta o samba: E Lá Se Vão Meus Anéis...

Devemos este post ao grande amigo e jornalista Guilherme Conte, que está elaborando um livro sobre o Gudin

Paulo César Pinheiro é um dos letristas de maior prestígio na música brasileira. Eduardo Gudin também figura entre os grandes compositores, porém sua especialidade é a melodia. O post de hoje é referente a uma obra que é fruto da união desses dois grandes artistas, a música "E Lá Se Vão Meus Anéis...".

A história do samba começa quando Paulo César Pinheiro vem a São Paulo para receber o dinheiro de um festival que havia sido organizado pela TV Tupi em 1970, ano em que Gudin gravou seu primeiro compacto e que começou a parceria dos dois. Em seguida Paulo encontrou o amigo Gudin em um bar e juntos fizeram a melodia. Logo depois foram para a casa da cantora e amiga Márcia (cantora paulista que participou de diversos festivais. Talvez seu maior sucesso seja a música Eu e a Brisa, de Johnny Alf) mostrar a música e lá ficaram.

Pela manhã, Paulo tomou um táxi de volta ao hotel em que estava hospedado para descansar. Somente no dia seguinte é que deu falta do dinheiro. “Acho que esqueci no táxi.”. E a partir daí veio a letra, que diz assim:

Lá se vão meus anéis, diz o refrão
Mas meus dedos são dez, duas mãos
E a mulher que tu és: oh, não!
Isso não são papéis não são
Não merece meus réis de pão
Mete os pés pelas mãos

Todos sabem que o meu coração
É uma casa aberta não sei porque
Portas e janelas dão pra você
Dão, deram e darão
É por que a chave do meu coração
Somente o teu coração pode abrir
E lá vai meu coração por aí
Mas não perdoa não
E lá se vão meus anéis

Lá se vão meus anéis, outros virão
Nas primeiras marés encho as mãos
Mas me por a teus pés, oh, não!
Nem que fosse o que resta então
Nem que virem cruéis os bons
E infiéis os cristãos

No ano seguinte a dupla inscreveu essa música no festival organizado pela TV Tupi e conseguiu o primeiro lugar. Paulo ainda conta que o prêmio era o mesmo valor daquele perdido um ano antes e que a música foi como uma espécie de premonição no verso que diz: “Lá se vão meus anéis, outros virão”.

No festival, a música foi defendida pelo grupo Originais do Samba e gravada pela primeira vez no LP O samba é a corda... os Originais a caçamba (RCA Victor, 1972). A versão que está aqui é do primeiro LP de Eduardo Gudin com participação de Jane Reis (Odeon, 1973).


E Lá Se Vão Meus Anéis... (Eduardo Gudin / Paulo César Pinheiro)

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segunda-feira, 24 de março de 2008

O samba pintado por Tarsila

Desta vez nada para ouvir, mas sim para encher os olhos.

Ela é conhecida principalmente por ter pintado o homem que come homens, o antropófago, “O Abaporu”. Além de ser um ícone do modernismo brasileiro, Tarsila do Amaral, marcou a história com “Operários”, pintada depois de uma visita à União Soviética e deu início à pintura social no Brasil.

Em fevereiro de 1924, Tarsila do Amaral passa o carnaval no Rio de Janeiro acompanhada de Oswald de Andrade. Recém chegada da Europa, onde teve intenso contato com poetas, pintores, músicos e todo o tipo de modernista que se possa imaginar, Tarsila chegou no Brasil com fome de cultura brasileira.

Nessa época, sua pintura ficou conhecida como “pau-brasil”, por conta das cores e temas brasileiríssimos. O carnaval de Madureira marcou Tarsila e a pintora do interior de São Paulo deixou essa marca registrada em três telas: “Carnaval em Madureira”, “Morro da Favela” e “EFCB”, todas feitas em 24.

Melhor do que falar de cada uma é vê-las de pertinho, ainda que seja na tela de um computador. Se quiser, clique em cada uma para aumentar.

Morro da Favela-1924
óleo/tela 64 X 76cm
Assin:"Tarsila 1924"

EFCB (Estação Central do Brasil)-1924
óleo/tela 142 X 127cm,
Assin.:"TARSILA 1924"

Carnaval em Madureira-1924
óleo/tela 76 X 63cm
Assin.:"Tarsila 24"

Saiba mais sobre Tarsila do Amaral

Se você também pintou o samba, envie sua obra para vermutecomamendoim@gmail.com



sábado, 22 de março de 2008

Descobertas 63 letras inéditas de Cartola

A obra do que pode ser considerado o maior sambista da história está em vias de tomar dimensões ainda maiores. Angenor de Oliveira, o Cartola, compunha em ritmo intenso. Era um samba pro pileque e outro pra ressaca. E olha que em uma época Cartola chegou a tomar dois litros de cachaça por dia. É um porre de manhã e outro a tarde.

Todas suas composições eram devidamente anotadas em um velho livrinho que em uma ocasião foi posto para fora do barracão, como se fosse lixo. Exposto ao sol e à chuva, o livro ficou imprestável. Quando Cartola chegou e viu toda sua obra em estado lastimável, se irritou e pôs fogo no caderno.

Mesmo assim muita coisa ficou guardada “embaixo do tapete” e recentemente sua neta, a produtora musical Nilcemar Nogueira, catalogou todas as composições do avô. O resultado foi a descoberta de 63 letras inéditas em um total de 187 canções. Outras 37 músicas permanecem inacabadas.

As músicas foram encontradas em papéis velhos, maços de cigarros e com entrevistas com amigos e parceiros de Cartola. O material reunido se tornará em um livro, que será lançado para comemorar o centenário do nascimento de Cartola, este ano.

Saiba mais sobre um samba vendido por Cartola

sexta-feira, 21 de março de 2008

Samba Racional



“Maaaaaanoel
O maior homem do mundo
Homem sábio e profundo
Semeou conhecimento
Missionário da pureza
Fez brilhar oh que beleza
Essa nova geração”.

Esses versos ficaram marcados com a voz grave de um Tim Maia que, em 1975 deixou de lado a maconha, o uísque e a cocaína para se dedicar a só uma coisa: se imunizar.

Depois da leitura do primeiro de muitos livros publicados por seu Manoel Jacintho Coelho, o “Universo em desencanto”, Tim abraçou com toda a força a causa da Cultura Racional.

Careta, Tim ficou doidão. Começou a profetizar os dizeres do livro: “Nós somos originários de um planeta distante e perfeito e estamos na Terra exilados. Aqui, nós vivemos na animalidade, sujos e magnetizados, sofrendo nesse vale de lágrimas. A única salvação é a imunização racional, que se conquista lendo o livro e seguindo seus ensinamentos. Só assim podemos nos purificar e ser resgatados pelos discos voadores de volta a nosso planeta de origem: O Racional Superior”.

Tim só usava branco, pois era a cor que não carregava magnetismo. Pintou de branco os instrumentos da banda. Não permitia que ninguém fumasse unzinho ou cafungasse. Quem fosse pego em um fragoroso estava fora.

Como tinha um baita vozeirão e esbanjando uma considerável fama, Tim resolveu gravar dois discos, daqueles gospel, que ficaram marcados como um dos melhores da carreira de Tim. Sua voz está perfeita, alcança níveis que o triatlo de THC, álcool e coca não permitiam. Dois discos?

Recentemente foram descobertas algumas músicas inéditas, precisamente sete. E o espantoso é que três delas não usam o Hammond ou as guitarras de soul do gênio Tim Maia. A cuíca ronca quando ele começa: “Maaaaaaaaanoel....” Isso mesmo. Três sambas que têm, claro, os metais característicos da banda. Essa dita chama-se “O grão-mestre varonil”. Tim também arriscou sambar em “Do nada ao tudo” e “Minha felicidade racional”. Os sambas empolgam com um cavaquinho marcando a batida e a voz de Tim passeando com a harmonia.

No volume dois do Tim Maia Racional, Tim já havia colocado uma marcha. O rei do soul arriscou uns acordes na música tipicamente brasileira. Talvez influência de Jackson do Pandeiro, que o acompanhava nas reuniões com seu Manoel Jacintho Coelho.

O Grão-Mestre Varonil (versão samba)

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Falar de cada música ia ser um exagero. O bom mesmo é ouvi-las, ou baixar no Música Social


Minha Felicidade Racional
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Do Nada ao Tudo
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Saiba mais sobre soul no Ferrugem Nunca Dorme

quinta-feira, 20 de março de 2008

Velha Guarda da Mangueira faz show em São Paulo

Um repertório que tenha os grandes nomes da Mangueira. Essa é a promessa do show intitulado "Tititi da Sapoty", que será realizado no Bar B, localizado na Rua General Jardim, em São Paulo.

Integrante da Velha Guarda da Mangueira, Sapoty fará uma apresentação exclusiva em que promete lembrar músicas dos grandes nomes da Estação Primeira: Cartola, Chico Buarque e Nelson Sargento e outros.

O show está marcado para começar às 15 horas. Para harmonizar as músicas estarão presentes cinco jovens sambistas de Santo André, que formam o grupo Candeeiro. “A intenção é manter viva a chama da música mais popular do Brasil: o samba”, diz Aldemir, violonista do grupo.


Sapoty da Mangueira & Candeeiro
Data: 22/03 - Sábado
Preço: R$ 10
Local: BAR B – Rua General Jardim 43, São Paulo – SP
Reservas: (11) 3129-9155

Retirado do site da Revista RAIZ

terça-feira, 18 de março de 2008

Bezerra da Silva, o Porta-Voz do morro


Olha aí malandragem é o Vermute com Amendoim provando e comprovando sua versatilidade.

Bezerra da Silva tem algumas músicas bem conhecidas, principalmente aquelas de duplo sentido e com a temática de drogas. Justamente por conta dessas músicas (que nem são a maioria), Bezerra é visto como quem faz uma simples apologia às drogas, e aí que é cometida uma das maiores injustiças com o malandro e a sua obra. Erradíssimo!

A obra de Bezerra é de certa forma revolucionária, pois além de ir na contra-mão musicalmente do que acontecia nos anos 80 (época em que ele já havia se iniciado no ofício de cantar samba), em que o pessoal do Cacique de Ramos começava a ganhar espaço na mídia, ela ainda abdicava do lirismo da poesia para ir direto ao ponto, na ferida. Bezerra não tinha papas na língua para falar "a favela é um problema social".

Bezerra sempre foi a voz dos excluídos, cantava a realidade do morro e isso envolvia os problemas sociais, os episódios entre malandros e manés e é claro, as drogas. Por conta disso o estilo defendido pelo “malandro rife” (aquele malandro boa gente) foi chamado de “Sambandido”, nomenclatura que eu particularmente não gosto.

Bezerra foi único. Não há ninguém que siga a sua linha dentro do samba. Exemplo de versatilidade, Bezerra deixou sua marca até mesmo no rap, estilo que influenciou muito. Porém, a seriedade das letras declamadas do rap brasileiro não poderiam carregar a bandeira. Afinal, a contestação sisuda quase nunca dá espaço para o lado do bem humorado, tal qual fazia Bezerra. Certo malandragem? Certíssimo!


Saudação às Favelas (Pedro Butina / Sergio Fernandes) --- Bezerra da Silva


Meu Bom Juiz (Beto sem Braço / Serginho Meriti) --- Bezerra da Silva


Entenda as gírias:
Presunto- Defunto
171- Falsário
Mané- Otário
Kojak- Policial
Grampear- Prender
Antena- Chifre na cabeça dos outros
Chá de bule- Café
Bater para alguém- Avisar
157- Assalto à mão armada
Corujão- Curioso / Cagüete
Urubú de ferro- Avião
Caô- Mentira
Grupo- Armação
Dar dois- Fumar maconha
Dividida- Trocar tiro com a polícia
Gavião- Paquerador
Levar eco- Levar tiro
Malandro rife- Malandro boa gente
Matraca- Metralhadora
Tubarão- Ladrão de gravata
Pintou sujeira- Delator na área
Ripar- Surrar
Cabrito importado- Muamba
Dedo na seta- Delator
Vinte e um- Marido traído

sábado, 15 de março de 2008

Cristina Buarque e Terreiro Grande no RJ


O Rio de Janeiro terá mais uma oportunidade de ver e ouvir a preciosa batucada do Terreiro Grande. Acompanhados, é claro, pela Cristina Buarque o grupo realizará dois shows nos dias 28 e 29 de março na Sala Baden Powell, localizada no coração de Copacabana.


Além disso acontecerá no domingo (30) uma roda no tradicionalíssimo bairro da Lapa. Vale a pena conferir. Para quem interessou, os ingressos só serão vendidos na terça-feira da semana do show.


Sala Baden Powell
28 e 29 de março
Horário: 20 horas
Av. Nossa Senhora de Copacabana, Copacabana
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (estudante)


Roda de samba - Mal do Século
30 de março Horário: 17 horas
Rua do Resende, 26, LapaIngressos: R$15,00



Saiba mais sobre o novo Cd de Cristina Buarque
Saiba mais sobre o Terreiro Grande


sexta-feira, 14 de março de 2008

O Mercado Informal do Samba

Vender samba nunca foi novidade. Grandes nomes da música ajudaram a construir sua reputação gastando alguns trocados. A fórmula era simples: os nomes consagrados do rádio da década de 20 e 30 subiam nos morros para buscar "inspiração" dos compositores espontâneos e por uma soma barata podia se arrumar uma parceria.

Outros nem se davam o trabalho de gastar dinheiro. Baseados na máxima de Sinhô que dizia que “Samba é que nem passarinho, é de quem pegar”, alguns malandros usavam das mais sórdidas técnicas para sair com um sambinha nas mãos. Brancura, por exemplo, pedia a Benedito Lacerda para que ficasse atrás da parede escutando e copiando as músicas de sambistas ingênuos.


Mais honesto, Francisco Alves, o rei da voz, era um desses garimpeiros de samba. Não se sabe ao certo quantos sambas Chico Alves comprou, mesmo porque em muitos só entrava o nome do “contratante”, enquanto o verdadeiro compositor acabava caindo no esquecimento. Contemporâneo de Chico, Mário Reis efetuou a transação de uma importante transação, deixando depois o samba para o companheiro, por não conseguir cantá-lo adequadamente.


O samba era de Cartola, chamado de “Infeliz Sorte”. Em uma entrevista dada ao Diário de Notícias de 20 de julho de 1974, Cartola lembra como foi o processo da compra: “Em 1931 o Mário Reis veio no morro. Ele chegou com um rapaz chamado Clóvis, que era guarda municipal e tinha dito que era meu primo, coisa e tal. O Clóvis subiu pra falar comigo, mas o Mário ficou lá embaixo. Chegou dizendo que o Mário queria comprar um samba meu. Pensei que ele estava maluco. Como, vender samba? Clóvis disse que era pro Mário gravar, e tanto insistiu que eu acabei descendo e cantando um samba para ele, que, por sinal, ele já conhecia. Pergunta quanto eu queria. Fiquei sem resposta. Já ia pedir uns cinqüenta mil réis, mas o Clóvis cochichou e disse pra eu pedir quinhentos. Pedi trezentos e ele me deu”.

Vídeo retirado do Balaio do Carl Ole e O couro do cabrito

Comprositores



A grana era boa, visto que um maço de cigarros custava em torno de 500 réis. Mesmo assim não era suficiente e quem acabava lucrando mais, definitivamente, era o comprador que fazia sucesso.


A música estourou e Cartola passou a ser um comerciante de sambas. Somente para o Chico Alves vendeu “Não faz amor”, “Tenho um novo amor”, “Divina Dama” (que foi gravado em 1933, pela Odeon e também acabou se tornando um sucesso) e “Diz qual foi o mal que eu te fiz”. Todos pelo mesmo preço.


Cartola, porém, não deixava margem para pilantragem. Em todos os sambas que vendeu o acordo era que seu nome saísse no disco. A malandragem, porém não era dom de qualquer um. Babaú da Mangueira também vendeu um samba por mixaria e depois de arrependeu, mas isso é papo para uma próxima vez.

Saiba mais sobre o samba "A flor e o espinho", que Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito venderam

terça-feira, 11 de março de 2008

O samba informal de Mauro Duarte

Considerado por muitos especialistas no assunto como o melhor compositor do chamado Samba de Lamento, Mauro “Bolacha” Duarte (02/06/1930 – 26/08/1989) acaba de ganhar um registro que com certeza entrará na galeria dos melhores discos de samba. O disco é assinado por Cristina Buarque e o grupo Samba de Fato, que é formado por Pedro Amorim, Pedro Miranda, Alfredo Del-Penho e Paulino Dias.

Clássicos conhecidos do grande público como Lama, Canto das 3 Raças e Portela na Avenida ficaram de fora por opção dos artistas, já que essas obras receberam gravações irretocáveis de nomes como: Clara Nunes, Roberto Ribeiro e Alcione. O samba informal de Mauro Duarte – Samba de Fato e Cristina Buarque é composto por 2 CDS com 15 faixas cada, entre inéditas e raridades e fragmentos de música finalizadas postumamente com maestria por Paulo César Pinheiro, seu parceiro mais constante, especialmente para esse trabalho. Há ainda 2 sambas lembrados por Walter Alfaiate (Eu Não Quero Saber e Jeito do Cachimbo), 1 por Paulo César Pinheiro (Dúvida), 1 samba extraído das rodas de samba do bar Bip Bip, em Copacabana, de parceria de Mauro Duarte e Adélcio Carvalho (Carnaval), 2 sambas extraídos do acervo de Elton Medeiros (A Mulher do Pedro e Malandro Não Tem Medo) e a gravação da primeira parte de um samba nunca terminado que leva o nome de Não Sou de Implorar, cantado pelo próprio Bolacha.

Enfim, não há sequer uma música ruim e os arranjos (que ficaram por conta de Cristina Buarque e Samba de Fato) são fiéis ao estilo de Mauro Duarte, fazendo com que o disco seja um verdadeiro presente aos apreciadores da obra do Bolacha e principalmente do bom samba.

Retirado do encarte do CD
Músicas:

CD 1

01- Lenha na Fogueira (Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro)
Conhecido nas rodas informais de samba, música perpetuada pela tradição oral que teve primeira gravação em disco por Walter Alfaiate, em 2005, com pequenas alterações na letra. Neste disco é cantada com a letra original.

02- Sublime Primavera* (Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro)

03- Carnaval (Mauro Duarte / Adélcio Carvalho)
Música em parceria com Adélcio de Carvalho, companheiro de bar e mecânico de Botafogo, colhida nas rodas de samba informais do bar Bip Bip, em Copacabana, onde é cantada constantemente por seus filhos.

04- Acerto de Contas* (Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro)

05- Mineiro Pau* (Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro)
Provavelmente, última música composta por Mauro pouco antes do seu falecimento em 1989. Inicialmente, uma homenagem a seu pai nascido em Minas Gerais.

06- Eu Não Quero Saber (Mauro Duarte)
Melodia e letra do samba lembradas por Walter Alfaiate a partir do título da música no caderno de anotações de Mauro.

07- Desde Que Me Abandonou (vinheta) (Mauro Duarte)
Primeira música composta por Mauro, provavelmente em 1947, sem segunda parte, que deveria ser improvisada. Gravação de voz de Mauro em show do projeto Brahma Extra em 1988.

08- Falou Demais* (Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro / João Nogueira)
Parceria de Mauro e João Nogueira que não tinha sido completa, foi finalizada por Paulo César Pinheiro a partir de trechos cantados pelos autores em gravações distintas.

09- Samba de Botequim* (Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro)
Letra de Paulo César Pinheiro que, a princípio, gerou polêmica pela concordância verbal nos primeiros versos e, depois, foi avalizada por parecer de estudiosos da língua portuguesa. Leia o parecer completo no site do disco.

10- Compaixão* (Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro)

11- Sofro Tanto (Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro / Maurício Tapajós)
Samba originalmente gravado por Cláudia Savaget em 1979.

12- A Mulher do Pedro (Mauro Duarte / Elton Medeiros)
Música encontrada no acervo de Elton Medeiros com gravação de voz e batucada dos compositores que foi aproveitada neste disco como vinheta de apresentação no ínicio da faixa.

13- A Água Rolou (Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro)
Samba com única gravação no LP do cantor Portella de 1992.

14- Engano* (Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro)

15- Não Sei (Mauro Duarte / Noca da Portela)
Parceria com Noca gravada originalmente em LP raro da cantora Sônia Santos de 1975.

CD 2

01- O Samba Que Eu lhe Fiz* (Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro)

02- Dúvida (Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro)
Samba inédito lembrado a partir da letra datilografada encontrada por Paulo César Pinheiro em seu acervo pessoal.

03- Jeito do Cachimbo (Mauro Duarte)
Samba lembrado por Walter Alfaiate a partir do caderno de músicas pessoal de Mauro Duarte.

04- Mais Consideração (Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro / Maurício Tapajós)
Gravado em 1987 por Mart'nália. Apesar de tomar conhecimento à época, Mauro não chegou a conhecer a gravação original e não se lembrava da música, composta na casa de Maurício Tapajós em tarde regada a cerveja.

05- Malandro Não Tem Medo (vinheta) (Mauro Duarte / Elton Medeiros)
Gravação informal da música ainda não terminada, extraída do acervo de Elton Medeiros é cantada e batucada pelos autores.

06- Começo Errado* (Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro)

07- Lamento Negro* (Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro)

08- Sonho de Criança (Estado de Coisas) (Mauro Duarte / Noca da Portela)
Samba gravado por Noca da Portela em 1980 e por Paula de Madureira em 1985.

09- Reza, Meu Bem (Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro)
Samba inédito encontrado no acervo de Paulo César Pinheiro.

10- Sonho e Realidade (Mauro Duarte / Edil Pacheco)
Música inédita, é a única parceria de Mauro com o baiano Edil Pacheco.

11- À Procura da Felicidade (Mauro Duarte /Maurício Tapajós / Paulo César Pinheiro)
Música gravada por Ataulfo Alves Jr. em 1974.

12- Samba do Eleitor (Mauro Duarte / Adélcio Carvalho)
Morro (Mauro Duarte / D. Yvonne Lara)
Samba do Eleitor: Samba de tema político, ainda inédito, encontrado em fita K7 com gravação informal dos autores / Morro: Também de temática social, é a única parceria de Mauro com Dona Ivone Lara. Gravado por Elza Soares em 1979.

13- Não Sou de Implorar (vinheta) (Mauro Duarte)
Muitas vezes, ao chegar em casa com uma idéia nova de samba, Mauro registrava em fita o mote para ser terminado depois, às vezes em parceria. Alguns desses sambas eram esquecidos ou ficavam somente com a primeira parte. Essa vinheta é um exemplo dessas gravações de Mauro, que não tocava instrumento harmônico, batucando e cantando o samba para ser terminado posteriormente.

14- Tempo de Amigo (Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro)
Inédito até a morte de Mauro, foi mostrado por Paulo César Pinheiro a Ataulfo Alves Jr. que o gravou em 1997.

15- Caprichosos de Pilares (Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro)
Depois de grande sucesso obtido por Clara Nunes com a gravação de "Portela na Avenida", Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro decidiram fazer uma série de músicas exaltando as escolas de samba do Rio de Janeiro. Dos 10 sambas-exaltação, Caprichosos de Pilares era o único que permanecia inédito.

(*) Músicas finalizadas postumamente por Paulo César Pinheiro em 2006, a partir de trechos encontrados em fitas do acervo pessoal de Mauro Duarte.

Ficha Técnica
Produção: Alfredo Del-Penho
Direção Artística: João Augusto


Compre aqui o disco: O samba informal de Mauro Duarte – Samba de Fato e Cristina Buarque

domingo, 9 de março de 2008

São Pixinguinha (4 de 4)

Os versos de Carinhoso são um dos mais conhecidos de toda a obra de Pixinguinha. Mas este gênio da música brasileira tem muito mais do que uma canção letrada. É sobre esse tema que o quarto e último programa que voltou seus olhos para a obra de Pixinga, as letras que moldaram canções.

Entre as composições que serão apresentadas, a pequena notável aparece como parceira. Também Donga, Almirante, João da Baiana aparecem em "Patrão prenda seu gado". A belíssima música "Fala Baixinho", e a valsa "Rosa" de 1917 que foi letrada em 1937, também aparecem na seleção de Jubran.

Para quem perdeu os programas, o Vermute com Amendoim já colocou à disposição os dois primeiros episódios. Confira o
primeiro episódio em que Jubran fala das composições sem parceria. No segundo, o tema foram os arranjos orquestrados e no terceiro a parceria com Benedito Lacerda.

O programa Olhar Brasileiro é apresentado por Omar Jubran, todos os domingos, às 9 horas. Vale acompanhar agora o especial que está indo ao ar sobre Paulinho da Viola.

Confira os blocos deste episódio:

Bloco 1 (duração de 21 minutos)
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Bloco 2 (duração de 24 minutos)
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Bloco 3 (duração de 15 minutos)
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Saiba mais sobre Pixinguinha

sábado, 8 de março de 2008

O sambista que ficou esquecido

Há tempos o samba deixou de ser um estilo musical marginal e entrou pela porta da frente das casas que antes o rechaçavam. Entretanto, o sambista não desceu o morro. Ainda que alguns sambistas tenham se criado em um meio menos turbulento, o samba mantém algumas de suas raízes cravadas no ambiente seco em que nasceu.

Prova disso é o caso do sambista Benedito Oliveira. Conhecido na Baixada do Glicério, no centro de São Paulo, como Benê do Pagode, este sambista ao modo antigo tocava nos bares, pela noite paulistana, retratando o duro cotidiano da Paulicéia.

Aprendeu tocar cavaquinho na Igreja, já dormiu dentro de um carro emprestado já visitou o Rio de Janeiro, com seu cavaquinho e a idéia de viver de música. Não deu certo e vivia ao relento desde que gravou um Cd com Vanessa Jackson, vencedora de um reality show musical, e recebeu menos de 10 reais. Ultimamente vendia seu Cd, chamado “Benê Brilho” e tirava seis reais por cópia vendida.

Foi protagonista de dois documentários, feitos por Pedro Dantas e Cristian Cancino. No último documentário em que apareceu, “Lamento Paulista”, teve que pegar o cavaquinho de volta, uma vez que o tinha empenhado para conseguir um marmitex. Não passava por bons bocados. Um exagerado das ruas, Benedito nunca negou seu relacionamento com o crack e já teve que passar poucas e boas por conta disso.

No aniversário dos 454 anos da cidade de São Paulo, Benetido descompassou. Entrou na Catedral da Sé com o cavaquinho em uma mão e um facão na outra, gritando: “São Paulo vai me matar! Eu quero morrer de fome!”. Acabou ferindo três pessoas. Nesta segunda-feira, Benedito será julgado no Fórum da Barra Funda e pode pegar até 18 anos de pena.

A história de Benê não é única. Até o gênio Cartola passou por péssimos dias em sua vida, lavando carros de madrugada, com pouco dinheiro no bolso. Tomava sua cachaça, mas deixava como válvula de escape o violão. Benê não suportou a pressão e mostrou, da pior forma que, quando o samba entrou pelos salões da sociedade, se esqueceram de chamar os sambistas.


Informações retiradas do site da Revista Época

Seleção Vermute: Mulher, oh Mulher

Florisbela não agüentou a dor de ver o marido ao lado de outra e botou fogo nas coisas do malandro antes de partir. Emília também partiu, mas só depois de um bom tempo servindo o homem ao seu lado. Rosa Maria foi chorar na beira da praia por conta de uma desilusão causada por um falso amor. Luzia simplesmente tomou umas cangibrinas a mais e riscou o palito de fósforo para incendiar o morro.

Sebastiana, Olga, Mimi, Marta, Maria, Florisbela, Dorinha, a inesquecível Amélia... A mulher sempre foi uma das principais inspirações do sambista. A independente, a arruaceira, a resignada, a formosa e a nem tanto, a morena, a loira e a ruiva. Não há tipo de mulher que não possa encontrar nas batidas de um tamborim um samba que lhe caiba.

E em dia em que é de praxe distribuir rosas para as damas, o Vermute com Amendoim resolveu homenageá-las de outra maneira: com poesias escritas por gloriosos poetas populares. São 15 faixas escolhidas por Murilo Mendes para homenagear todos os tipos de mulher e, para dizer: Feliz dia das Mulheres!

Seleção Vermute: Mulher, oh Mulher*

01 - Rosa Maria (Eden Silva / Aníbal da Silva) Canta: Acadêmicos do Salgueiro
02 - Maria Boa (Assis Valente) Canta: Maria Alcina
03 - Marta (Batatinha) Canta: Batatinha
04 - Sebastiana (Élton Medeiros / Ciro de Souza) Canta: Élton Medeiros
05 - Onde Está Florisbela (Ari Monteiro / Geraldo Pereira) Canta: Batista de Souza
06 - Emília (Haroldo Lobo / Wilson Batista) Canta: Vassourinha
07 - Volta Pra Casa, Emília (Antônio Almeida / Wilson Batista) Canta: Roberto Silva
08 - Neuma (Tantinho da Mangueira) Canta: Tantinho da Mangueira
09 - Nega Luzia (Jorge de Castro / Wilson Batista) Canta: Cyro Monteiro
10 - Ai! Que Saudades da Amélia (Ataulfo Alves / Mário Lago) Canta: Ataulfo Alves
11 - Linda Mimi (João de Barro) Canta: Mário Reis
12 - Cadê Mimi (Alberto Ribeiro / João de Barro) Canta Mário Reis
13 - Olga (Alberto Ribeiro - Satyro de Mello) Canta: Vassourinha
14 - Dorinha, Meu Amor (Freitinhas) Canta: Mário Reis
15 - Formosa(Baden Powell - Vinicius de Moraes)
•Sacode Carola (Hélio Nascimento-Alfredo Marques)
• Madame Fulano de Tal (Cyro Monteiro-Cândido Dias da Cruz)
• Divina dama (Cartola)
• Sofrer é da vida (Ismael Silva-Francisco Alves-Nilton Bastos)
• Risoleta (Raul Marques-Moacyr Bernardino) Canta: Cyro Monteiro

*Seleção das músicas: Murilo Mendes

Veja a outra seleção que o Vermute com Amendoim elaborou

sexta-feira, 7 de março de 2008

Nas ondas de 1936, o samba atravessa o Atlântico

Muito antes de Duquesa de Kent visitar o Brasil, na década de 50, e esbanjar os ouvidos com os acordes portelenses, o samba atravessou o Atlântico para chegar aos ouvidos de uma nação acostumada a uma tonalidade musical completamente diferente da do couro do pandeiro.

Em 29 de janeiro de 1936, a Hora do Brasil irradiou para a Alemanha um programa de uma hora sobre a Mangueira. Narrado por Rudolph Kleinoscheq, as fortes consoantes se misturavam a sambas de Cartola, Maciste Carioca, Gradim.

Na época em que o presidente Getúlio Vargas flertava com os ideais nazistas, e no mesmo ano em que Adolf Hitler assinaria um pacto com Benito Mussolini, canções feitas e tocadas por negros invadiam as residências germânicas. O programa teve patrocínio do Departamento Nacional de Propaganda e passou pelas mãos de Ilka Labarthe, diretora de publicidade do DNP.

Às 18h45 a transmissão foi iniciada com a leitura da crônica “Reportagem de Carnaval”, de Henrique Pongetti, seguida do samba “Liberdade”, composto por Cartola e Arlindo dos Santos. A primeira parta terminou com o samba “Pérolas para teu colar”, de Cartola e Maciste.

A segunda parte contou com a leitura da crônica de Rubem Gill, intitulada “Musa no terreiro”, seguida de “Dama Abandonada”, de Cartola, “O destino não quis”, de Carlos Cachaça e Cartola, e “Me deixa chorar”, samba de Lauro Santos.

Não Quero Mais Amar a Ninguém (Cartola / Carlos Cachaça / Zé da Zilda) --- Carlos Cachaça


Embora o fato tenha sido histórico, não se pode medir o resultado final. É o que contou o jornalista e pesquisador Sérgio Cabral: “Não sabemos como os sambas da Estação Primeira foram recebidos entre os alemães, porém, é certo que os mangueirenses devem ter aumentado sua auto-estima com o evento que projetava internacionalmente a sua imagem, tanto que daquele episódio retiraram o enredo para 1937”. O enredo foi intitulado de "Cinco Continentes", de Gradim e conquistou o carnaval daquele ano

No Brasil, a repercussão acabou tomando tons de política. Em fevereiro de 1936 o comunista Carlos Lacerda escreveu um artigo na Tribuna Popular, relacionando do samba com a disputa marxista de classes.

Confira o texto na íntegra:

“Arte não é invenção. É criação a que se atinge depois de um processo emotivo e sensorial. Essa emoção, essa sensação só se encontram onde está a vida. E a vida só existe onde os homens lutam, sofrem, amam, gozam e vivem. Eis por que a música nasce do povo, nas suas manifestações mais diretas, como que iniciais. A dança nasce do trabalho. A origem das danças está nas cerimônias propiciatórias, da fermentação da terra e da perpetuação da espécie. A música não é enfeite da vida. É necessidade, quase conseqüência da vida.

O samba nasce do povo e deve ficar com ele. O samba elegante das festanças oficiais é deformado: sofre as deformações na passagem de música dos pobres para divertimento dos ricos. O samba tem de ser admirado onde ele nasce, e não depois de roubado aos seus criadores e transformado em salada musical para dar lucros aos industriais da música popular.

O samba é música de classe. O lirismo da raça negra vive nele. Uma estupenda poesia surge dele. A força criadora da classe que vai transformar o mundo brota nele aos borbotões na improvisação, na cadência, no ritmo. É preciso defender o samba contra as concepções de seus deformadores, que preferem mostrá-lo como curiosidade exótica. O samba não é exótico. É humano. É uma expressão de arte viva. Defenda-se o samba. Defenda-se o sambista. Quando os oprimidos vencerem os opressores, o samba terá o lugar que merece”.

*Não me altere o samba tanto assim

A música "O Destino Não Quis", com o tempo, foi modificada na letra e no título. Uma segunda parte feita por Zé da Zilda apareceu e se consagrou na voz de Aracy de Almeida. O novo título "Não Quero Mais" saiu sem o nome de Cartola e com o nome de Carlos Cachaça escrito errado.

Mais uma mudança na década de 70. Com o título de "Não Quero Mais Amar a Ninguém", Paulinho da Viola cantou o samba, dessa vez com o crédito a Cartola.

Saiba mais sobre o samba fora do Brasil

terça-feira, 4 de março de 2008

Vermute conta o samba: Falsa Baiana

Em uma noite no Café Nice (um botequim famoso na década de 50 que ficava situado na Avenida Rio Branco 174, esquina com Rua Bittencourt Silva, e freqüentado por toda classe musical popular do Rio de Janeiro), mais precisamente numa segunda-feira de carnaval do ano de 1944 estavam, entre outros, Roberto Martins conversando com Geraldo Pereira quando entrou, fantasiada de baiana, a esposa de Roberto que atendia pelo nome de Isaura Martins.

Roberto notou a falta de animação de sua senhora que contrastava com a amimação dos presentes e como ela não era muito de carnaval comentou com Geraldo:
- Olha aí, Geraldo a Falsa Baiana

E foi daí que surgiu a inspiração para o samba Falsa Baiana, que diz:
Baiana que entra no samba e só fica parada
Não samba, não dança, não bole nem nada
Não sabe deixar a mocidade louca
Baiana é aquela que entra no samba de qualquer maneira
Que mexe, remexe, dá nó nas cadeiras
Deixando a moçada com água na boca

A falsa baiana quando entra no samba
Ninguém se incomoda, ninguém bate palma
Ninguém abre a roda, ninguém grita ôba
Salve a bahia, senhor

Mas a gente gosta quando uma baiana
Samba direitinho, de cima embaixo
Revira os olhinhos dizendo
Eu sou filha de são salvador


Falsa Baiana (Geraldo Pereira) --- Nadinho da Ilha

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Saiba mais sobre as histórias dos sambas:

Vagolino de Cassino, composto por Noel na década de 30

A Flor e o Espinho, composto por Guilherme de Brito e Nelson Cavaquinho na década de 50

domingo, 2 de março de 2008

São Pixinguinha (3 de 4)

Benedito Lacerda ostenta sua flauta ao lado de Pixinguinha, Zilda e Zé da Zilda

Mais um domingo e chega o dia de seguir com a divulgação da série elaborada pela Rádio USP sobre o maestro Pixinguinha. Timoneado por Omar Jubran, o programa Olhar Brasileiro levou ao ar quatro episódios sobre Pixinga entre o dia 3 e 24 de fevereiro.

Para quem perdeu os programas, o Vermute com Amendoim já colocou à disposição os dois primeiros episódios. Confira o
primeiro episódio em que Jubran fala das composições sem parceria. No segundo episódio, o tema foram os arranjos orquestrados.

Desta vez, no programa que foi ao ar no dia 17 de fevereiro, Benedito Lacerda vem à cena. Parceiro de Pixinga por cinco produtivos anos, entre 1946 e 1951, Benetido tem um pouco de sua mão na famosíssima “Segura Ele”, que Jubran põe para tocar.

A fase também ficou marcada pelo afastamento de Pixinguinha da flauta. Quando tocando com Benedito, o maestro adotava o sax alto, deixando a flauta para seu companheiro. Os arranjos finais, com dois grandes nomes da música, são primorosos.

Vale a pena conferir:

Bloco 1 (duração de 18 minutos)
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Bloco 2 (duração de 19 minutos)
Em WMP
Em Real Player

Bloco 3 (duração de 20 minutos)
Em WMP
Em Real Player

Saiba mais sobre Pixinguinha

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