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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

12 de Novembro e o show que nunca aconteceu


Nem só de Paulinho da Viola vive o dia 12 de novembro. A data de hoje que marca os 70 anos de Paulo César Baptista Faria, também marcaria - se fosse vivo- os 71 anos de João Nogueira.

Agora veja como o samba, por mais belo e perfeito que possa ser, certas vezes acaba nos deixando na mão. Segundo o produtor cultural e sambista Didu Nogueira uma de suas ideia mais brilhantes, e que não foi colocada em prática, foi o show "12 de Novembro", que colocaria juntos, no palco, João e Paulinho.



As semelhanças eram suficientes para justificar a produção: os dois sambistas eram portelenses, nasceram no dia 12 de novembro, lá na certidão de nascimento consta como sobrenome o 'Batista' - tudo bem que no caso de Paulinho a grafia é 'Baptista'. E por falar em família, eram filhos de dois músicos brilhantes. A única diferença ficava por conta do futebol: João era flamenguista e Paulinho é vascaíno, mas no fanatismo, ambos ficavam iguais.

Ah, tem mais uma: os dois conviveram muito de perto com o mestre Cartola. Paulinho frequentou ainda jovem o Zicartola, enquanto João, durante uma temporada de shows com o ícone da Estação Primeira, foi o portador da notícia da morte do pai de Cartola.



"Eu, hein, Rosa!" Realmente, um crime do samba para conosco. Imaginem só, um show de Paulinho com João... Mas, são "coisas do mundo".

Ainda em tempo: o Vermute com Amendoim presta a homenagem, neste mesmo dia 12, a "Seu Delegado", presidente de honra da Estação Primeira de Mangueira, que nos deixou e foi sambar lá no céu. Essa é a nossa singela lembrança ao grande mestre-sala da Verde e Rosa. Axé! 

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O dia em que Moreira da Silva salvou o Rei Pelé

Considerado o último malandro à moda antiga e um dos precursores do samba-de-breque, Moreira da Silva (1902-2000) tem uma importância fundamental no título da Seleção Brasileira em 1970, no México. Mais especificamente na partida contra a Inglaterra.

Pelo menos, Morengueira tinha essa importância na cabeça do jornalista e compositor Miguel Gustavo, um dos parceiros mais importantes de Moreira. Foi dele a ideia de criar essa faceta heróica ao sambista. Antes de ser agente secreto e salvar Pelé, o malandro já tinha dado as caras no velho oeste encarnando a figura do justiceiro Kid Morengueira. Anos mais tarde seria gangster e acabaria com a quadrilha de Al Capone para depois dar um pulo no Brasil e tornar-se o Rei do Cangaço.

O enredo do samba é que Bond, James Bond, recebe a missão de sequestrar Pelé para que a Inglaterra tivesse o caminho mais fácil no mundial de 1970, tendo assim, maiores chances de se sagrar bicampeã.

Acompanhando 007 estava Claudia Cardinale. Os dois se hospedam na concentração do Santos e, à beira da piscina, o rei do futebol e a atriz protagonizam um romance que deixa Bond furioso. O inglês tira o soco inglês e parte para cima de Pelé. Mas ele não contava com o agente brasileiro Moreira da Silva que, além de salvar o camisa 10, prende o maior agente do mundo no DOPS e desperta o amor de Cardinale após um dia de pif-paf no Guarujá e uma bela pizza no Brás.


No fim das contas o Brasil derrotou a Inglaterra na Copa de 70 por 1 x 0, gol de Jairzinho após passe de Pelé. Naquele mesmo ano, Miguel Gustavo assinaria uma composição mais conhecida do torcedor nacional: “Pra Frente Brasil”.

Salve Morengueira e o samba-de-breque, Miguel Gustavo e Pelé, é claro!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Abre alas minha gente que a Noruega chegou


Quem me mostrou e me enviou esta pérola do nosso cancioneiro foi o Barão do Pandeiro. Um dos melhores pandeiristas e intérpretes que eu já vi.

O site trem de doido apresenta uma breve história sobre a música:

" 'Noruega, Gelo e Alegria', na estrutura, é um samba-enredo. Mas na verdade foi uma brincadeira do Luis Carlos Sá. Não sei se a versão que ouvi da história está correta, mas parece que um diplomata gaiato, que percebeu a brincadeira, comentou ao cônsul/embaixador da Noruega. Este, ao tomar conhecimento da "homenagem", teria procurado o "Doutor Pereira" para agradecer em nome do povo de seu país. O "Bom Doutor", ao se ver nessa sinuca, teve de fazer as maiores contorções para explicar o espírito da música. Por sorte era dotado de senso de humor o norueguês, tendo entendido direitinho, e contraído uma bela amizade com o "Bom Doutor". Diz a lenda que esse encontro gerou boas gargalhadas e acarretou no consumo de boas doses da melhor vodca....finlandesa. Se não foi bem assim que aconteceu, publique-se a versão."

Quem canta são "As Gatas".



Noruega, Gêlo e Alegria (Luiz Carlos Sá / Paulinho Machado)
A escola de samba Unidos de Oslo saúda a imprensa e o público em geral, e pede passagem!

Noruega, teus campos brancos de neve
Nos traz a mais feliz recordação
Dos momentos gloriosos
Inesquecíveis, heróicos
Da pesca do bacalhau, ô ô
Quem já viu o sol da meia-noite nascer
Pode nos dizer com mais razão, ô ô
Noruega, Noruega querida
Para sempre morarás no meu coração, Noruega
Baluarte da Europa Setentrional
Banhada pelo Oceano Glacial, ô ô
Teve em sua história grandes vultos
Reis, crianças e adultos
Que fizeram sua honra e tradição
As ardósias dos fiordes majestosos
As papoulas das falésias tão gentis
Ôo, ôo, ôo, ôo
Abre alas minha gente que a Noruega chegou
(diz, Noruega!)
Das planícies geladas e silenciosas
Partiram os temidos vikings
Navegando rumo oeste, mar afora
Descobriram a América antes da hora
Na bandeira o vermelho da coragem
O branco da pureza e o azul do imenso céu
Terra abençoada onde reside o bom velhinho
conhecido pela alcunha de Papai Noel, Noruega
Ôô, ôô, ôô
Abre alas minha gente
Que a Noruega chegou (bis)
(Noruega ou não é?)

Aqui para baixar.

quarta-feira, 16 de março de 2011

A receita para virar casaca de neném

Nada melhor do que quem participou do processo de composição de um samba contar como ele nasceu. É exatamente isso que faz Cyro Monteiro, o Formigão, neste vídeo.

Em um programa levado ao ar em 1973, Cyro aparece sentado em uma mesa ao lado de Elke Maravilha (eu nunca imaginei que a Elke tivesse sido tão bonitinha), Carminha Mascarenhas, Sergio Cabral (o pai, claro) e Lucio Alves. Neste trecho conta a história do curioso samba "Ilmo Cyro Monteiro", de autoria do gênio Chico Buarque, que depois ganhou o segundo título: "Receita para virar casaca de neném". Eu nunca tinha entendido este apelido que a música ganhou e o Formigão explica.


Ouça aqui a música gravada pelo próprio Chico Buarque no disco "Chico Buarque de Hollanda Vol. 4", de 1970:
Ilmo Cyro Monteiro

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O pingo e a pinga

Hoje se comemora o centenário de Pedro Caetano. Portanto, o Vermute o exalta contando como surgiu o samba "Pingo e a pinga" (Pedro Caetano / Antônio Almeida). Estas e outras histórias você encontra no Programa Ensaio do compositor.


Lá pelos idos dos anos 40, Pedro Caetano estava em um parque de diversões a convite de uma família amiga (os donos do parque). No meio da visita começou a cair uma chuva com "pingos frios pra burro e muito grossos". Pedro, que estava um tanto quanto resfriado disse ao amigo: "Ô rapaz, vamos sair daqui porque estes pingos estão grossos demais e gelado que nem na...". E o amigo respondeu: "Não se incomode com o pingo frio, que nós temos uma pinga muito quente lá dentro, pra acabar com esse negócio.". Aí surgiu a primeira parte:

O pingo pinga
Mas a pinga é diferente
Porque o pingo é muito frio
E a pinga é muito quente
Oi pinga, pinga vai pingando devagar
Pinga mais um bocadinho
Pinga boa sinhá

Chegando no Rio de Janeiro, Pedro mostrou a primeira para Antônio Almeida, que se ofereceu para fazer a segunda. Que ficou assim:

Defendo a pinga
Porque pinga tem valor
Esquenta no inverno
E refresca no calor
Quem toma um pingo pode até se resfriar
Mas um pingo só de pinga é o bastante pra curar

E o resto é samba.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Gente humilde


As informações deste artigo foram tiradas do site Sovaco de Cobra.

A música "Gente Humilde" tem quase sempre a sua autoria atribuída somente a Chico Buarque. Acontece que a composição dessa música é cercada de histórias. Começa quando o violonista Garoto faz uma visita por algum subúrbio carioca. Depois de observar as pessoas e suas casas simples, ele resolve homenageá-las com uma música. Aí ele compõe a melodia que é tão conhecida. Isso tudo lá pelos idos de 1945.

Algum tempo depois a música recebe sua primeira letra. O autor é um poeta mineiro que preferiu o anonimato. A letra é assim:

Em um subúrbio afastado da cidade
Vive João e a mulher com quem casou
Em um casebre onde a felicidade
Bateu à porta foi entrando e lá ficou
E à noitinha alguém que passa pela estrada
Ouve ao longe o gemer de um violão
Que acompanha
A voz da Rita numa canção dolente
É a voz da gente humilde
Que é feliz

A gravação ficou por conta do coral "Os Cantores do Céu", composto por Belinha Silva, Zezé Gonzaga, Os Cariocas, Trigêmeos Vocalistas e o coro da Rádio Nacional, além de Lolita e Magda Marialva, do Trio Madrigal. A primeira versão pode ser ouvida aqui.

Quase quize anos depois da morte de Garoto, Baden Powell mostrou a música a Vinicius de Moraes que, em parceria com Chico Buarque, compôs a famosa letra abaixo:

Tem certos dias
Em que eu penso em minha gente
E sinto assim
Todo o meu peito se apertar
Porque parece
Que acontece de repente
Como um desejo de eu viver
Sem me notar
Igual a tudo
Quando eu passo no subúrbio
Eu muito bem
Vindo de trem de algum lugar
E aí me dá
Como uma inveja dessa gente
Que vai em frente
Sem nem ter com quem contar

São casas simples
Com cadeiras na calçada
E na fachada
Escrito em cima que é um lar
Pela varanda
Flores tristes e baldias
Como a alegria
Que não tem onde encostar
E aí me dá uma tristeza
No meu peito
Feito um despeito
De eu não ter como lutar
E eu que não creio
Peço a Deus por minha gente
É gente humilde
Que vontade de chorar

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

"Só quem morre dentro de uma igreja..."

Coloquei hoje, no Facebook do Vermute com Amendoim, um vídeo do grande Moacyr Luz cantando "Som de Prata", que considero uma de suas melhores composições com o também grande Paulo César Pinheiro.

Eis que depois descobri a história da música, no site do próprio Moa. Saiba de onde surgiu o mais lindo verso sobre Pixinguinha:
"Só quem morre dentro de uma igreja
Virá orixá, louvado seja Senhor
Meu santo Pixinguinha"

"Eu queria falar um pouco sobre Som de Prata, parceria nossa gravada no CD Samba da Cidade em 2003, uma homenagem que fizemos a um santo chamado Pixinguinha. Era um dia importante pro samba, dia 2 de dezembro. Eu estava sendo levado da porta do teatro Rival para o pagode do trem, trem que partiria logo da Central do Brasil. A turma do Carlitos, bar em frente ao Rival, num cantinho que passou a se chamar Beco da Cirrose, estava na saideira para o percurso ferroviário. Acontece que o cartaz anunciava: João Nogueiera. João se recuperava de um delicado problema de saúde e eu queria muito ve-lo cantar. Sem ainda saber o destino, vejo chegar meu parceiro Paulinho Pinheiro:
- Vim ver o João…
Cinco minutos depois chega a competência de Sergio Cabral, pai:
- Vim ver o João…
Cinco minutos depois estavamos os três dividindo uma garrafa de Red Label em uma das mesas do teatro.

Fim de show, todos emocionados, fomos à saideira no extinto Tangará. Só mais uma dose pra cada. Não sei daonde, olhando o copo cheio de uisque, a lembrança do mestre Pixinguinha submergiu do malte e uma frase nos calou por instantes:
- Um santo, o Pixinguinha. E ainda foi morrer numa igreja. Um santo…
Olhei pro Paulinho com cara de parceria nova e ele sorriu. Eu fiquei com a incumbência de fazer a melodia. Dos versos, só o Paulinho. Essa é a inspiração.

O samba ficou pronto no carnaval. Fui buscar a letra no Recreio dos Bandeirantes junto com dois amigos de São Paulo: Ricardo Garrido e Zé Luiz.Os versos, manuscritos, estão emoldurados e pendurados na parede do Pirajá. Na gravação desse samba um agradecimento à Carlos Malta. Esperamos ele voltar de uma temporada na Europa pra nos emprestar sua flauta, o som de prata, nesse registro. Ficou maravilhoso, cada contra-canto, cada incidental que revenciasse o motivo dessa história, meu santo Pixinguinha."

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Voltei, de Jair do Cavaquinho

Nada melhor do que o próprio compositor contar a história de um samba feito por ele.
Existem poucos registros, como esse de Jair do Cavaquinho. No filme "O Mistério do Samba", ele fala como fez o samba "Voltei", gravado em 2002 no disco "Seu Jair do Cavaquinho".



Voltei

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

As palavras de PCP a João Gilberto

Esta história foi retirada do livro "Histórias das Minhas Canções - Paulo César Pinheiro", que reúne alguns causos musicais contados pelo próprio Paulinho. Um deles é sobre a música "De Palavra em Palavra", uma parceria dele, do Maurício Tapajós e do Miltinho.

De Palavra em Palavra


"A estrutura melódica remeteu-me a João Gilberto, a quem eu já adorava, e resolvi homenageá-lo. Foi uma tarefa complicada e insana. Cismei de construir um mosaico. A letra seria uma colagem de letras do repertório de João. Só que pra isso tinham que caber os versos de Antonio Maria, Vinicius, Tom, Caymmi, Bôscoli, Ary Barroso, Haroldo Barbosa, na música que se me apresentava. E, lógico, o papo tinha que fazer sentido. Destrinchei os discos do cantor. Decorei-os. E parti pra montagem. Foi conseguindo e me empolgando. Termino um um carinhoso abraço no João, motivo da minha admiração maior".
(...)
"Tempos depois, Miltinho inscreveu a composição num festival de Juiz de Fora. Um jornalista membro do júri, influenciando a opinião dos outros, desclassificou o samba alegando plágio. Depois de tamanho esforço pra o que eu considero um achado, a visão torta de um crítico soa como uma imbecilidade sem propósito".

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Disseram que voltei americanizada

Em julho de 1940, depois de uma temporada nos EUA, Carmen Miranda retornou ao Brasil. Foi recebida com muito calor pelo povo nas ruas, chegando até a desfilar pela Av. Rio Branco em um carro aberto. No entanto, a elite da época não enxergava a situação desse jeito. E depois de uma apresentação em um espetáculo de caridade no Cassino da Urca, foi acusada de estar americanizada. Carmen respondeu as criticas com o samba "Disseram que voltei americanizada", de Luiz Peixoto e Vicente Paiva, composto especialmente para ela.



Disseram que voltei americanizada (Luiz Peixoto / Vicente Paiva)
E disseram que eu voltei americanizada
Com o "burro" do dinheiro, que estou muito rica
Que não suporto mais o breque de um pandeiro
E fico arrepiada ouvindo uma cuíca
Disseram que com as mãos estou preocupada
E corre por aí que ouvi um certo zum-zum
que já não tenho molho, ritmo, nem nada
E dos balangandãs já nem existe mais nenhum

Mas p"rá cima de mim, p"rá que tanto veneno?
Eu posso lá ficar americanizada?
Eu que nasci com samba e vivo no sereno
topando a noite inteira a velha batucada
Nas rodas de malandro, minhas preferidas
eu digo é mesmo "eu te amo" e nunca "I love you"
Enquanto houver Brasil... na hora das comidas
eu sou do camarão ensopadinho com chuchu!

Peguei a história do site www.carmenmiranda.com.br . Um site que vale a pena visitar.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Tira os óculos e recolhe o homem

A única parceria de Moreira da Silva e Jards Macalé, "Tira os óculos e recolhe o homem", surgiu de um caso verídico ocorrido em 1978, durante um show dos dois em Vitória. Como o Brasil estava em plena ditadura militar, a censura, que estava de olho em tudo o que era artista, andava afiada.



Mesmo assim, Jards resolveu provocar: saiu do roteiro e cantou a marcha "Casca de ovo", que debochava de um dos candidatos à presidência, Magalhães Pinto. A música dizia: "Será que esse pinto sobe / será que esse pinto desce / será que esse pinto murcha / será que esse pinto cresce". Pronto. No dia seguinte após o show, o quarto do hotel de Jards estava cheio de milicos espadaúdos.

No site da Funarte, tem um depoimento do Jards sobre o caso: "Às 6 h da manhã fui acordado em meu quarto por três homens fortes, pareciam armários de 10 de frente por 29 de fundos. Um deles me cutucou e disse: ‘Polícia Federal. O doutor delegado quer falar com o senhor’. Respondi: ‘Tudo bem. Mas não saio sem falar com Moreira da Silva’. Ele disse: ‘Sou fã dele, pode falar’. Logo depois virou para os dois outros policiais e ordenou: ‘Enquanto isso, vamos dar uma geral no quarto’. Pensei: ‘Ai, meu Deus!’. Telefonei para o Moreira, que estava dois andares abaixo do meu: ‘Moreira, os hôme tão no meu quarto’. Moreira abriu um bocejo e respondeu firme: ‘Nos encontramos no saguão’. Quando desci escoltado pelos policiais, Moreira da Silva já estava nos esperando no saguão do hotel, vestindo seu impecável terno branco, sapato bicolor e chapéu panamá. E disse: ‘Meus filhos, o que está havendo com meu menino?’. O policial: ‘Moreira, sou seu fã. O delegado mandou buscá-lo’. ‘Posso ir com vocês?’, sorriu Moreira. ‘É uma honra’, respondeu o policial. Entramos num pick-up chapa fria e partimos para a Polícia Federal. O policial sabia todo o repertório do Moreira. ‘Você conhece essa?’, perguntou Moreira. E começou a cantar: ‘Pra se topar uma encrenca / basta andar distraído / que ela um dia aparece / não adianta fazer prece / eu vinha de ontem lá da gafieira / com minha nega Cecília / quando gritaram…diz aí!’ E o policial feliz, deu o breque: Olha o Padilha. Não acreditei que estava vivendo aquilo”.

Quando chegaram na delega, a coisa ficou pior: "Entramos na sala do delegado e ele perguntou sem nos olhar: ‘Qual de vocês dois é o tal do Macalé?’ Moreira tentou tergiversar: ‘Mas doutor delegado…’ O delegado rosnou: ‘Cala a boca!’ e voltou a perguntar: ‘Qual de vocês dois é o tal do Macalé?’ Moreira, botando o chapéu sobre o peito, olhou pra mim e murmurou baixinho: ‘Acho que desta vez você se fodeu’. O delegado olhou pra mim e disse: ‘Tira o óculos, recolhe o homem e incomunicabilidade com ele. Ficha, tira o retratinho e bota o número em baixo’”.

Macalé moveu seus pauzinhos. Falou com o governador da época, Elcio Álvares, que não obteve sucesso. Falou com o ministro Ney Braga, que enfim conseguiu soltar Jards.

Claro que deu samba, né? E Jards gravou em 2001, num disco em homenagem ao seu novo amigo, Kid Morengueira.

Tira os óculos e recolhe o homem

quarta-feira, 26 de maio de 2010

É plágio, seu dotô!

Ouça esta música com atenção. Ela foi gravada em 1976 por Jair Rodrigues:

Na Beira do Mangue


Notou alguma semelhança com um sucesso, daqueles fabricados precariamente, que inundou nossos ouvidos no final dos anos 1990? Não? Tente de novo a versão em samba-rock feita pelo grupo Os Caretas deste samba composto por Ary do Cavaco e Otacílio da Mangueira.

Na Beira do Mangue


Nada ainda? Então saca só:


Pois é. A famigerada "Dança do Bumbum" foi copiada descaradamente. Com o estouro da "Dança do Bumbum", os verdadeiros donos entraram na justiça, mas antes que houvesse qualquer julgamento um acordo estendeu a co-autoria da faixa a Otacílio e Ary.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O samba inédito de Babaú

O ótimo blog O Couro do Cabrito presenteou os amantes do samba com uma pérola rara.

Trata-se de um samba inédito de Babaú da Mangueira, chamado "Desprezaste um lindo samba". A história foi contada por Nelson Sargento, quando foi se apresentar em Uberlândia.

Nas palavras do blog: "Babaú, grande bamba da Mangueira, tinha a promessa de Aracy de Almeida de que ela gravaria três sambas seus. No entanto, ela gravou apenas dois ("Eu dei" e "Tenha pena de mim") e se recusou a gravar o terceiro. Babaú então compôs esse samba, obviamente inédito".

segunda-feira, 15 de março de 2010

A mulher que foi pro dicionário

Do dicionário Aurélio:
"Amélia - Mulher que aceita toda sorte de privações e/ou vexames sem reclamar, por amor a seu homem."


Esta é o único verbete decorrente de uma música. Mas de onde surgiu essa tal Amélia? Amélia dos Santos Ferreira foi uma empregada de Aracy de Almeida e seu irmão, o baterista Almeidinha. Este costumava brincar quando as coisas lhe iam mal: "Ah! A Amélia! Aquilo sim é que era mulher! Lavava, passava, engomava, cozinhava, apanhava e não reclamava". Amélia morreu em julho de 2001, aos 91 anos de idade.

Quando deu a explicação de onde tinha surgido a ideia, em 1953, na revista Radiolândia, Ataulfo comentou: "Com essa explicação desiludi milhares de Amélias, que se julgavam homenageadas. Em compensação, ganhei tranquilidade doméstica. Minha esposa até hoje era cismada com essa tal de Amélia".

Mas quem disse que a música tinha nascido para ser hit? Começou mesmo é numa briga entre Ataulfo Alves e Mário Lago. Mário entregou a letra para Ataulfo musicar e ele acabou fazendo várias alterações em função da melodia. Mário ficou indignado e decidiu abandonar a parceria.

Além disso, ninguém queria gravar! Cyro Monteiro recusou, Carlos Galhardo recusou, Orlando Silva também não quis e Moreira da Silva chegou a chamar o samba de "marcha fúnebre". Aí o Ataulfo é que teve que colocar a sua própria voz, numa gravação feita no estúdio da Odeon em 1941.

A gravação original teve um toque de gênio de Jacob do Bandolim. Ele foi convidado por Ataulfo em caráter de urgência:
- Olha, Jacob, preciso de você para gravar aqui e agora.
- Mas estou sem o bandolim, rapaz. Onde vou encontrar um bandolim?
"Ele me obrigou, de uma corrida na Rua do Senado, apanhou um cavaquinho muito ordinário, que nem verniz tinha, pintado a pincel, com cordas de cobre [...]Com aquele cavaquinho, eu não podia fazer nada. Solar não podia, porque iria sair desafinado. Então improvisei aquela introdução que se tornou típica. Só naquela entrada do cavaquinho, todo mundo sabia que era Amélia", disse o grande Jacob ao MIS (Museu da Imagem e Som).

A primeira gravação, de 1941 e lançada no Carnaval do ano seguinte


Uma versão mais elaborada, do disco "O melhor de Ataulfo Alves", de 1984


Apesar do estrondoso sucesso até hoje, Ataulfo só recebeu 500 mil réis. Isso porque ele vendeu os direitos ao editor Emílio Vitale, usando o dinheiro para pagar Mário Lago, que queria um adiantamento pela música. "É a música que menos me rendeu direitos autorais, embora seja o maior sucesso meu e do próprio Mário Lago", revelou em seu depoimento ao MIS em 17 de novembro de 1966.

O samba Amélia tem mais uma dezena de boas histórias. Todas contadas no livro "Ataulfo Alves - Vida e Obra", escrito por Sérgio Cabral

segunda-feira, 8 de março de 2010

Respeita os oito baixo do teu pai

Luiz Gonzaga é daqueles tipos que sabem mesmo contar uma história. Prova disso é o vídeo abaixo em que ele conta a da música "Respeita Januário" (Luiz Gonzaga / Humberto Teixeira). Veja aí!



Quando eu voltei lá no sertão
Eu quis mangar de Januário
Com meu fole prateado
Só de baixo, cento e vinte, botão preto bem juntinho
Como nêgo empareado
Mas antes de fazer bonito de passagem por Granito
Foram logo me dizendo:
"De Itaboca à Rancharia, de Salgueiro à Bodocó, Januário é o maior!"
E foi aí que me falou meio zangado o véi Jacó:
Luiz respeita Januário
Luiz respeita Januário
Luiz, tu pode ser famoso, mas teu pai é mais tinhoso
E com ele ninguém vai, Luiz
Respeita os oito baixo do teu pai!
Respeita os oito baixo do teu pai!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Quando Cartola passou o bastão

"Fiz por você o que pude" é, na minha opinião, um dos mais bonitos sambas do Cartola. Dizem que o Mestre não gostava muito de cantá-lo por conta de um suposto erro de português no verso "Eis que Jesus me premeia". Os estudiosos da língua portuguesa no entanto, atestaram que o verso está mais do certo.

O samba foi feito para sambista Nelson Sargento, o qual Cartola ensinara os primeiros acordes no violão. Cartola passou o bastão em grande estilo com os seguintes versos:

Fiz por você o que pude (Cartola)



Todo o tempo que eu viver
Só me fascina você, Mangueira
Guerreei na juventude
Fiz por você o que pude, Mangueira
Continuam nossas lutas
Podam-se os galhos, colhem-se as frutas
E outra vez se semeia
E no fim desse labor
Surge outro compositor
Com o mesmo sangue na veia

Sonhava desde menino
Tinha o desejo felino
De contar toda a tua história
Este sonho realizei
Um dia a lira empunhei
E cantei todas tuas glórias
Perdoa-me a comparação
Mas fiz uma transfusão
Eis que Jesus me 'premeia'
Surge outro compositor
Jovem de grande valor
Com o mesmo sangue na veia.

A história me chegou via o blog Por trás da Letra.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Bamboleando!

Uma rumba flamenca, cantada em espanhol. A princípio "Bamboleo", este grande sucesso do grupo Gipsy Kings, não tem nada a ver com a música brasileira.



Mas escuta só este samba carnavalesco composto por André Filho e gravado em 1932 por Carmem Miranda.



O nome "Bamboleô" das duas não é apenas uma mera coincidência. Tampouco o refrão igualzinho, que na versão brasileira canta:

Bamboleô, bamboleá
A vida eu levo cantando
Pra não chorar

E na latina diz:

Bamboleo, bambolea
Porque mi vida yo la aprendí vivir así

Mas depois, a música dos ciganões de voz quase rouca segue para outro caminho, fazendo metáforas com cavalos, falando de um amor arrebarador. Veja o começo da letra:

Este amor llega asi esta manera
No tiene la culpa
Caballo le ven sabana
Porque muy depreciado,
Por eso no te perdon de llorar
Este amor llega asi esta manera
No tiene la culpa,
Amor de comprementa
Amor del mes pasado
Bebele, bembele, bembele
Bamboleo, bambolea
Porque mi vida, yo la prefiero vivir asi

Enquanto isso, a música cantada por Carmem Miranda é muito mais genérica, dando conselhos de como se viver, como no último verso:

Tudo passa nesta vida
Nada fica pra semente
Não se matando a tristeza
A tristeza mata a gente

A solução desta inquietante "coincidência" não está nem em Carmem Miranda, nem nos Gipsy Kings, mas no espanhol Julio Iglesias. Afinal de contas, foi ele que gravou pela primeira vez uma mistura de duas canções: "Caballo Viejo", um tema popular venezuelano famoso na de Símon Díaz e "Bamboleô", de André Filho.

Esta, uma versão de "Caballo Viejo", que tem alguns dos versos usados na versão gravada por Julio:



Cuando el amor
llega así
de esta manera
uno no se da ni cuenta
el carutal reverdece
el guamachito florece y la soga
se revienta (bis)Caballo le dan sabana
porque esta viejo
y cansao,
pero no se dan de cuenta
que un corazón amarrao,
cuando le sueltan las riendas
es caballo desbocao

Y si una potra alazana
caballo viejo se encuentra
el pecho se le desgrana
no le hace caso a falseta
y no le obedece a freno,
ni lo paran
falsas riendas

Cuando el amor
llega asi
de esta manera,
uno no tiene la culpa

Quererse no tiene horario, ni fecha
en el calendario
cuando las ganas
se juntan (bis)Caballo le dan sabana
y tiene el tiempo contao
y se va por la mañana
con su pasito apurao
a verse con su potranca
que lo tiene embarbascao

El potro da tiempo al tiempo
por que le sobra
la edad,
caballo viejo
no puede
perder la flor
que le dan,
porque después
de esta vida
no hay otra oportunidad.

E o último vídeo deste longo post é aquele em que o cantor que vendeu sua pinta de galã por muito tempo fez a mistureba das duas músicas:


Para terminar, fica a dúvida: Como alguém mistura, aparentemente sem mais nem menos, duas músicas totalmente diferentes?

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Salve o Almirante Negro!

Muito tempo antes de ficar mumunhando no microfone, João Bosco esbanjava sua técnica vocal de outras maneiras. Uma delas era simplesmente cantar com sua bela e afinada voz. E era isso que ele fazia em 1975 quando ocorreu este causo.

A censura estava pegando geral no Brasil. Qualquer palavrinha mais torta, insinuação à desordem, ao comunismo ou a qualquer coisa que não estivesse dentro da linha dos militares ou era proibido ou tinha que mudar. Isso aconteceu com o samba "Mestre sala dos mares", de João Bosco e Aldir Blanc.

O samba exalta a figura de João Cândido Felisberto, o "Almirante Negro", um dos líderes da Revolta da Chibata, em 1910 (entenda a Revolta da Chibata). Acontece que, por ser negro e ter comandado uma revolta contra os castigos corporais que eram aplicados aos subordinados de um navio, sua exaltação incomodava (e muito) os milicos.


Em uma ocasião, Aldir Blanc contou: "Tivemos diversos problemas com a censura. Ouvimos ameaças veladas de que a Marinha não toleraria loas e um marinheiro que quebrou a hierarquia e matou oficiais, etc. Fomos várias vezes censurados, apesar das mudanças que fazíamos, tentando não mutilar o que considerávamos as idéias principais da letra. Minha última ida ao Departamento de Censura, então funcionando no Palácio do Catete, me marcou profundamente. Um sujeito, bancando o durão, (...) mãos na cintura, eu sentado numa cadeira e ele de pé, com a coronha da arma no coldre há uns três centímetros do meu nariz. Aí, um outro, bancando o "bonzinho", disse mais ou menos o seguinte:

-Vocês não então entendendo... Estão trocando as palavras como revolta, sangue, etc. e não é aí que a coisa tá pegando...

-Eu, claro, perguntei educadamente se ele poderia me esclarecer melhor. E, como se tivesse levado um "telefone" nos tímpanos, ouvi, estarrecido a resposta, em voz mais baixa, gutural, cheia de mistério, como quem dá uma dica perigosa:

- O problema é essa história de negro, negro, negro..."

O samba foi mudado e a história é pouco conhecida. Veja a comparação entre a letra original e a alterada.

O Mestre sala dos mares




Sem censura
O Mestre Sala dos Mares
Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo marinheiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o almirante negro
Tinha a dignidade de um mestre sala
E ao navegar pelo mar com seu bloco de fragatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas jorravam das costas
dos negros pelas pontas das chibatas
Inundando o coração de toda tripulação
Que a exemplo do marinheiro gritava então
Glória aos piratas, às mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça, às baleias
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais
Salve o almirante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais
Mas faz muito tempo

Letra Censurada
O Mestre Sala dos Mares
Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o navegante negro
Tinha a dignidade de um mestre sala
E ao acenar pelo mar na alegria das regatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas jorravam das costas
dos santos entre cantos e chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que a exemplo do feiticeiro gritava então
Glória aos piratas, às mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça, às baleias
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais
Salve o navegante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais
Mas faz muito tempo

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O apito de Pato N´água

Wálter Gomes de Oliveira, era esse o nome de Pato N´água, um mestre de bateria como poucos. Aliás, mestre não, Pato N´Água era apitador como se dizia antigamente. Comandando o cordão do Vai-Vai, o batuque saía perfeito, sem nenhum probleminha na afinação ou ritmo. "Ele passou pelo Bixiga, pela Vila Santa Isabel que hoje é a Escola de Samba Acadêmicos do Tatuapé, Peruche, Camisa Verde...", conta Geraldo Filme no seu Ensaio à TV Cultura.

Geraldo Filme, um dos compositores deste lindo samba

O cara era mesmo uma fera. Bom de dar pernada na tiririca, Pato era um malandro completo. Um negrão alto, forte e valente. E como bom bamba que era, Geraldo Filme conta que Pato era cheio de "comadrinhas" por aí. E foi num dia que o homem foi visitar suas moçoilas que o bicho pegou. Pato alugou um táxi e começou a rodar a cidade. Visitou uma aqui, tomou um café acolá, bateu um papo noutra esquina. Enfim, ficou o dia todo com o mesmo motorista que acabou desconfiando e avisando a polícia. Como já naquela época o pessoal atira primeiro pra depois perguntar, Pato acabou dançando. Em uma manhã de 1969 foi encontrado morto em uma lagoa de Suzano.

"O laudo dava infarte. Mas de susto não morreu porque era bravo. Afogado também não porque era Pato N´Àgua porque nadava bem demais", lembra Geraldo Filme, "Aí o motorista do carro funerário disse pra mim, o Carlão do Peruche: 'Dá uma olhada na japona dele que ela tá com uns furos meio estranhos' Aí quando o Carlão pegou a japona, o dedo dele já entrou no buraco. Aí fomos tirar a roupa dele pra ver, mas não tinha marca de furo. Aí fomos tirar a roupa dele pra ver e não tinha marca de furo. Aí explicaram pra gente que se foi baioneta ou punhal, na água fecha".

Pra contar o final da história, Plínio Marcos, em um texto que saiu no dia 13 de fevereiro de 1977 na Folha de S. Paulo: "O que se sabe é que a notícia chegou no Bexiga à tardinha, na hora da Ave-Maria, e logo correu pelos estreitos, escamosos e esquisitos caminhos do roçado do bom Deus. E por todas as quebradas do mundaréu, desde onde o vento encosta o lixo e as pragas botam os ovos, o povão chorou a morte do sambista Pato Nágua. E o Geraldão da Barra Funda, legítimo poeta do povo, chorou por todos num bonito samba chamado Silêncio no Bexiga".

Silêncio no Bixiga

Silêncio
O sambista está dormindo
Ele foi mas foi sorrindo
A notícia chegou quando anoiteceu
Escolas
Eu peço silêncio de um minuto
O Bixiga está de luto
O apito de Pato N'água emudeceu

Partiu
Não tem placa de bronze
Não fica na história
Sambista de rua morre sem glória
Depois de tanta alegria que ele nos deu
Assim
Um fato repete de novo
Sambista de rua, artista do povo
E é mais um que foi sem dizer adeus

Silêncio...

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Verde pelas Diretas!

O ano era 1984, e as "Diretas Já", já era uma realidade. Tanto que reuniu, no dia 16 de abril, cerca de 1,5 milhão de pessoas em prol do movimento. Entre a multidão, estavam os amigos Eduardo Gudin e Costa Netto, que tomados pela sensação de retorno da democracia, compuseram a música "Verde".


Veja o comentário do livro "A canção no tempo - Vol. 2: 1958-1985": "Gudin, sugerindo que a letra deveria enfatizar a cor verde, desenvolveu então um esboço de melodia que já tinha em mente. A primeira parte (A) da canção, em sol maior, era sucedida por uma segunda (B) em sol menor, porém a seqüência final, com o mesmo motivo de A, tinha uma modulação para si bemol maior. Esta interessante resolução levanta a música, provocando um explosivo entusiasmo: “Verde as matas no olhar / ver de perto / ver de novo um lugar / ver adiante / sede de navegar / verdejantes tempos / mudança dos ventos no meu coração...” ".

A música ainda prestou um grande serviço. Lançou a paraense Leila Pinheiro como cantora, já que ela levou a canção a terceira posição no Festival dos Festivais, da TV Globo, em 1985.

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