terça-feira, 25 de dezembro de 2007
Wilson Batista: De malandro a operário
Wilson era amante da boemia, apoiava a malandragem e era um malandro de fato: para ganhar algum dinheiro ia desde a cafetinagem até a venda de sambas. O sucesso veio em 1933 com um samba chamado "Desacato" em parceria com Patrício Vieira e gravado por Francisco Alves, Castro Barbosa e Murilo Caldas. No mesmo ano o samba "Lenço no pescoço" foi gravado por Sílvio Caldas, samba que daria início a famosa polêmica já mencionada, dizendo:
Meu chapéu do lado
Tamanco arrastando
Lenço no pescoço
Navalha no bolso
Eu passo gingando
Provoco e desafio
Eu tenho orgulho
Em ser tão vadio
Sei que eles falam
Deste meu proceder
Eu vejo quem trabalha
Andar no miserê
Eu sou vadio
Porque tive inclinação
Eu me lembro, era criança
Tirava samba-canção
Comigo não
Eu quero ver quem tem razão
E eles tocam
E você canta
E eu não dou
Mas seu primeiro grande sucesso veio na voz de Moreira da Silva, com o samba "Acertei no milhar" (1938), composto em parceria com Geraldo Pereira.
Em meados dos anos 1940, Wilson teve que mudar a temática dos seus sambas, que exaltava a malandragem, principalmente por conta de uma portaria do governo da época que proibia tal coisa. O samba que marca esta reviravolta em sua obra foi composto junto com Ataulfo Alves e chama-se "O bonde de São Januário", que diz:
Quem trabalha
É quem tem razão
Eu digo
E não tenho medo
De errar
Quem trabalha...
O Bonde São Januário
Leva mais um operário
Sou eu
Que vou trabalhar
O Bonde São Januário...
Antigamente
Eu não tinha juízo
Mas hoje
Eu penso melhor
No futuro
Graças a Deus
Sou feliz
Vivo muito bem
A boemia
Não dá camisa
A ninguém
Passe bem!
Wilson Batista morreu na miséria, por conta do abuso das drogas, do álcool e da depressão causada pelo esquecimento de seu nome.
Ouça Wilson Batista:
Desacato
Por favor vai embora
Inimigo do batente
O bonde de São Januário
Acertei no milhar
Louco (Ela é o seu mundo)
Mundo de zinco
Nega Luzia
Ganha-se pouco mas é divertido
Lenço no pescoço
Oh! Seu Oscar
E o 56 não veio
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
Paralelas do ritmo
Por Áurea Alves
Costuma-se brincar quando um grupo de pessoas canta de modo desafinado, chamando-os de “paralelos do ritmo” aqueles que nunca se encontram. Paralelas diz-se das retas que não se encontrarão em ponto algum do plano geométrico.
O samba de resultados de Maria Rita
Ficha técnica:
O delicado samba de Teresa Cristina
Ficha técnica:
domingo, 16 de dezembro de 2007
Obrigado, Terreiro Grande!
Por onde passam, eles resagatam aquela alegria e leveza que a muito tempo a gente não encontrava no samba. Até agora a única menção negativa que encontrei ao trabalho deles foi em uma coluna do Nelson Motta, aonde ele diz, sem citar qualquer grupo, que os novos artistas que estão gravando samba como por exemplo a Maria Rita e o D2 inovam e "[...]deixam os resgates para o Corpo de Bombeiros[...]" referindo-se às gravações atuais de sambas antigos.
A verdade é que pela primeira vez me sinto vivendo uma revolução artística, dessas que a gente só ve na escola, provocada pelo "estouro" do grupo Terreiro Grande. Fico cheio de esperança só de pensar que este pode ser o primeiro passo de uma retomada mais abrangente dos sambas e dos sambistas esquecidos, ou não. E tenho quase certeza que, bons frutos virão com o tempo. Se Deus quiser!!!
Ingrata Solidão --- Geraldo Babão
TERREIRO GRANDE OU UMA REUNIÃO DE AMIGOS
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
100 anos de Cartola sem Cartola
Teu poeta maior foi o mestre Cartola
Te deu formas e cores e te projetou"
(Nelson Sargento)
2008 é um ano especial para a Mangueira e para o samba como um todo. É o centenário do Mestre Cartola. Nada mais natural que Cartola voltasse à avenida 28 anos depois de sua morte como o enredo da verde e rosa, mas a praga dos enredos patrocinados já tomou conta do carnaval carioca e já começa a se instaurar no carnaval paulista, e por isso o enredo será: 100 anos do frevo. É de perder o sapato. Recife mandou me chamar.
Não é querendo desmerecer o frevo, mas são 100 anos de frevo e 100 de Cartola, que foi um dos fundadores da escola, que deu o nome de Estação Primeira de Mangueira, que escolheu as cores e que fez uma infinidade de sambas que o consagraram como um dos maiores poetas do morro de Mangueira.
Em 2002 a mesma gafe foi cometida, era centenário de Carlos Cachaça. Essa é mais uma consequência da deturpação das escolas de samba.
Mangueira, Divina e Maravilhosa --- Nelson Sargento
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
Vermute com Amendoim recomenda: Paulo Vanzolini --- Por ele mesmo
Vanzolini se formou em medicina no ano de 1947, e no ano seguinte logo após se casar foi para os EUA onde ganhou o título de Doutor em zoologia que lhe foi conferído pela tradicionalíssima Universidade de Harvard e, por conta disso, foi lecionar zoologia na USP. Entre seus sambas mais conhecidos estão: Ronda, Cravo Branco e Volta por Cima.
1 - Bandeira de guerra
(Paulo Vanzolini)
2 - Tempo e espaço
(Paulo Vanzolini)
3 - Raiz
(Paulo Vanzolini)
4 - Samba erudito
(Paulo Vanzolini)
5 -Amor de trapo e farrapo
(Paulo Vanzolini)
6 - Alberto
(Paulo Vanzolini)
7 - Falta de mim
(Paulo Vanzolini)
8 - O rato roeu a roupa do rei de Roma
(Paulo Vanzolini)
9 - Cravo branco
(Paulo Vanzolini)
10 - Vida é a tua
(Paulo Vanzolini)
11 - Capoeira do Arnaldo
(Paulo Vanzolini)
12 - Samba do suicídio
(Paulo Vanzolini)
13 - Samba abstrato
(Paulo Vanzolini)
Paulo Vanzolini --- Por ele mesmo (1979)
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
Lamento do Samba
O LAMENTO DO SAMBA
(Paulo César Pinheiro)
Eu tenho saudade
Dos sambas de antigamente
Quando o samba deixava
Uma vaga tristeza
No peito da gente
Não era amargura
E nem desventura
E nem sofrimento
Era uma nostalgia
Era melancolia
Era um bom sentimento.
Nos dias de hoje
O samba ficou diferente
Não tem mais dolência
Mudou a cadência
E o povo nem sente
Sua melodia
É uma falsa alegria
Que passa com o vento
Ninguém percebeu
Mas o samba perdeu
Sua voz de lamento.
Quando eu canto na roda de samba
Um samba que é mais antigo
A moçada se cala, escuta, aprende,
E ainda canta comigo
O que falta pra quem faz um samba
É a tristeza que vem de outro tempo.
Quem não sabe a ciência do samba
Vai fazer o que pede o momento.
O segredo da força do samba
É a vivência do seu fundamento.
O que faz ser eterno um bom samba
É a beleza que tem seu lamento.
Parabéns a todos os sambistas e admiradores.
O lamento do Samba --- Paulo César Pinheiro (2003)
segunda-feira, 26 de novembro de 2007
Roda de samba na linha de frente
A grande maioria das pessoas certamente já foi a algum show de samba, se bom ou ruim não interessa no momento. Talvez alguns deles até se auto-intitulassem como uma roda de samba por uma questão de promover o espetáculo, ou por desconhecimento do que vem a ser uma legítima roda de samba.
A roda de samba surgiu na Praça Onze, quando a Tia Ciata abriu as portas de sua casa para que o batuque fosse feito em seu quintal regado a muita bebida e comida, já que no início o ritmo era discriminado pela polícia e pela sociedade da época. Durante algum tempo a roda de samba e a escola de samba dividiam em determinadas ocasiões o mesmo espaço. Pelo menos é o que diz Elton Medeiros no programa Ensaio, que participou ao lado de Paulinho da Viola, Jair do Cavaquinho, Anescarzinho do Salgueiro e Nelson Sargento. No programa ele diz que antigamente o ensaio das escolas de samba era uma festa onde se armava uma roda e o samba era propagado sem a ajuda de aparelhagem, ou seja se o samba fosse bom rapidamente ele era aceito pela comunidade.
Isso tudo se perdeu na década de 60 quando foi instituída a chamada "ditadura do samba-enredo". Então, os sambistas e os sambas de terreiro junto com as rodas migraram para casas como o Zicartola e surgiram espetáculos como o Rosa de Ouro. "Não é a toa que João Nogueira se afasta da Portela ao ser impedido de cantar um samba de meio de ano na quadra. Na ditadura das escolas, a partir de meados dos anos 60, só entra samba-enredo", diz o jornalista e historiador Roberto M. Moura.
Ainda segundo o jornalista, havia algumas regras a serem seguidas: "Como em qualquer prática social semelhante, a roda também tem uma espécie de regulamento interno: não se pode ousar manejar um instrumento sem competência, falar mais alto do que o som quem vem da roda (um papo discreto, no canto, mesmo uma paquera, nenhum problema), interromper quem está puxando o samba e, pecado venial quando o sujeito está se aproximando, mas suportável quando ele já pertence ao grupo, puxar um samba e esquecer a letra pela metade".
A partir do momento em que a roda sobe em um palco ela deixa de ser roda para virar espetáculo, pois ela perde o caráter de espontaneidade e diversão que a roda propõe, salvo raras exceções. Talvez a roda seja a responsável pela sobrevivência do samba, uma vez que ela nunca deixou de ocorrer, seja nos fundos de quintais da vida ou na porta dos botecos diversos espalhados pelo país, tornando-se a principal arma na resistência do samba no Brasil.
Inspirado no artigo "A roda por princípio" de Bruno Ribeiro publicado em 30 de março de 2005 e no livro A Suprema Elegância do Samba, de 2005. Editado por Pontes Editores
No Princípio, Era a Roda --- Roberto M. Moura
A Suprema Elegância do Samba: Notas Sobre Campinas --- Bruno Ribeiro
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
Fala Mangueira
O documentário é datado do ano de 1982, tem 50 minutos e quem o assina é Frederico Confalonieri, como foi digitalizado por um norueguês contém uma legenda um tanto quanto estranha ao nossos olhos.
Trecho do documentário Fala Mangueira
Baixe aqui o documentário Fala Mangueira (1982) completo
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
Passado e presente de glória
Portela, Passado de Glória - Velha Guarda da Portela (1970)
Esse disco é indispensável e obrigatório na "estante" de quem é apreciador do bom samba. Com produção de Paulinho da Viola, e com o velho César Faria no violão, Casquinha comandando o surdo e Jair do Cavaquinho no instrumento que lhe dá o nome. Além de outros bambas que acompanham o coro como: Alberto Lonato, Alcides (o Malandro Histórico da Portela), Aniceto da Portela, Antônio Caetano, Armando Santos, Chico Santana, João da Gente, Manacéa, Mijinha, Ventura, Vicentina da Portela e tantos outros. Ou seja, não tinha como sair uma coisa que não fosse genial.
Portela, Passado de Glória - Velha Guarda da Portela (1970)
Teresa Cristina e Grupo Semente - Delicada (2007)
A primeira vez que ouvi o trabalho da Teresa foi em um show que ocorreu no ano passado e no qual iam se apresentar Nelson Sargento, Nei Lopes e Teresa Cristina. Ela foi a primeira a cantar e confesso que na época não chamou muito a minha atenção, porém recentemente tive contato com seu mais recente cd e tive uma grata surpresa. Não é genial como o da Velha Guarda, mas é um belo disco.
Teresa Cristina e Grupo Semente - Delicada (2007)
domingo, 11 de novembro de 2007
São Pixinguinha
Vira Orixá, louvado seja Senhor
Meu santo Pixinguinha"
(Moacyr Luz / Paulo César Pinheiro)
Alfredo da Rocha Vianna Jr., ganhou o apelido Pixinguinha de uma junção de duas palavras. Pizidim, que significa "pequeno bom" e Bixiguinha, referente a uma doença (varíola) contraída que ocasionou marcas em seu rosto.
Pixinguinha era o típico sujeito boa-praça. Diz a história que certa vez voltando de uma apresentação, foi abordado por três ladrões que, ao reconhecê-lo, desistiram do assalto. Feliz pelo ocorrido, Pixinguinha convidou os assaltantes para uma cerveja que durou a noite inteira e foi paga com o dinheiro recebido pela aprensentação na noite anterior. No final ele ainda disse: "Querem algum para a passagem?".
Como diz a letra de Moacyr Luz e PCP, Pixinguinha morreu dentro de uma igreja, vítima de um infarto fulminante no dia 17 de fevereiro de 1973 quando tinha ido batizar o filho de um amigo, que já tinha adiado várias vezes em função do seu estado de saúde debilitado. Ao saber da notícia da morte do mestre do choro, segundo Moacyr Luz, a Banda de Ipanema, que saía pelas ruas na época do carnaval, passou a tocar continuamente o que talvez seja seu maior sucesso: o choro Carinhoso. No dia 23 de abril, aniversário de Pixinguinha, é comemorado o dia nacional do choro.
Pixinguinha com Altamiro Carrilho e Garoto --- Carinhoso
Som de Prata --- Moacyr Luz
Memórias Musicais - CD 9 - Pixinguinha - Vol. 2 (2002)
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
Vermute entrevista Ricardo Van Steen
Sem ter certeza de que a obra é perfeita, Ricardo não vê problemas em aceitar críticas, como o fato de que o próprio Noel, interpretado por Rafael Raposo, pouco canta suas músicas. Mesmo assim Van Steen colocou a cara ao tapa e tem se saído muito bem na sua primeira experiência com longa-metragem.
O diretor recebeu a equipe do Vermute com Amendoim em uma entrevista exclusiva e esclareceu mais do filme para quem já viu e para quem ainda pretende ver. Confira:
Vermute com Amendoim: A idéia de fazer o filme sobre Noel veio da biografia feita pelo João Máximo. O que mais te interessou na vida de Noel Rosa?
Ricardo Van Steen: Achei que foi mais do que tudo a vida de sambista, o ambiente do samba, o tipo de conversa, tipo de ritmo que a vida tem, sem muito batente, sem muito bater cartão. Ao mesmo tempo é trabalho como qualquer outro deste que o cara rala pra cacete também.
VA: Em 1996 você filmou um curta, chamado “Com que roupa?”. O que mudou de um filme para o outro?
RVS: Ah, mudaram dez anos de vida e dez anos de reflexão, dez anos de aprendizado, de Noel e de cinema. O mundo mudou completamente nesses dez anos. No cinema em que a gente ia quando eu comecei a fazer o “Com que roupa?”... Nem sei se você viu os filmes que eu já vi... “Touro Indomável”. Mudou demais o cinema nesses dez anos.
VA: No seu primeiro longa você teve que sintetizar 26 anos de Noel em uma hora e meia. Quais as principais dificuldades? (Foram 10 anos de gravações, com problemas de dinheiro)
RVS: A gente ficou com os sete anos finais, mesmo assim... A dificuldade é aprender fazendo, eu acho que essa é a dificuldade. Então você não sabe nada e tem que aprender errando, erra e aí acerta, erra e acerta, erra então demora. E você tem que aprender tudo, pois é uma indústria que tem 500 mil particularidades desde a hora de arrumar dinheiro até a hora de se apresentar, a hora de exibir as suas idéias, a hora de desenvolver o trabalho, prestar contas, é um aprendizado todo dia. E aí vou falar, é claro, da dramaturgia, contar uma história. Tem tanta coisa pra decidir a todo momento, é uma superescola. Então se eu tivesse feito faculdade eu teria aprendido um monte de coisas que teriam me facilitado nas decisões, mas dificilmente eu teria tanta experiência técnica como eu tive fazendo o outro caminho. Então acaba que é apenas o rio que faz as suas margens. É isso aí, cada um é um, e o tempo é o tempo que precisa pra ficar pronto.
VA: Como foi o treinamento do Rafael para entrar na personagem? Quais quesitos vc exigiu dele?
RVS: Ele fez mais de uma dúzia de cursos, desde a questão postural, da boca né...
VA: Ele usou uma prótese, né?
RVS: A boca que tem uma prótese. Chegou um dia antes da filmagem sem treinamento sem nada, pra desandar tudo o que ele aprendeu em dois meses. Ele perdeu de novo a dicção, perdeu a afinação...A hora em que botaram aquele plástico dentro da boca dele, travou geral. Mas foi bom pro filme. Ele ficou meio doidão, meio desestruturado e foi interessante.
VA: Apesar de o Rafael estar muito bem na pele de Noel, são poucas as vezes que se vê ele cantando. Em seu lugar, Aracy de Almeida ou Francisco Alves é que interpretam mais. Por quê?
RVS: Eu me filiei à história, o Noel interpretava quase que só pra rádio mesmo, quer dizer, só quando não dava para ter um cantor. Daí ele ia lá e cantava. É claro que, como ele tinha um posição de líder na rádio, na medida que ele organizava a vida de todo mundo, preparava as gravações, os programas, ele ajudava a todos...Todo mundo queria ele cantando. Era o Noel, era o jeito dele e tal, mas ele não era um cara que queria cantar tanto assim. Ele era um compositor, um ótimo instrumentista. Apesar de que para os superexigentes, parece que o irmão era melhor.
VA: A síncope da música de Noel, que revolucionou o caminho do samba, não se esconde quando Francisco Alves aparece mais?
RVS: É, é engraçado que eu li isso na sua matéria... Por que você não faz essa pergunta para o Filipe [Luis Filipe de Lima – Diretor Musical]? Acho que essa é boa pra ele, porque eu sou um reles diretor. Eu não chego aí. Hoje, depois de pronto e na tela eu sei do que você está falando. Mas eu cheguei a entender de tanto ficar dentro do estúdio, ouvindo e entendendo um pouco do que você está falando. Pra falar em síncope o cara precisa ser músico. Mas eu te entendo, acho que o filme tem um andar na linha em excesso, sem passear no ritmo. Isso mostra que tem que ter um equilíbrio da história emocional dele com a história musical. Espero que no próximo filme eu consiga ir tão adiante em todos os aspectos, até nessa questão. Porque isso é uma arapuca do destino, porque na medida em que você vai enxugando, enxugando os personagens pra caber em uma história menor, você acaba optando por aquele que mais cantou Noel, mas que não necessariamente reverberou o que o Noel trazia de novo em termos de síncope. Mas se tinha alguém que cantava Noel nessa época era esse cara. Ele deu vazão à metade da produção do Baixinho.
VA: No filme, você optou por algumas cenas diferente do que se vê no cinema brasileiro, como uma em que o teto é filmado, ou quando o personagem não fica totalmente enquadrado. O que o levou a escolher isso?
RVS: Acho que essas imagens representam as dúvidas, as incertezas, os questionamentos dele. Cada vez que aparece uma desta, você pode ter certezaa que ele está em um momento de indecisão ou indefinição. Ou ele está totalmente indefinido na suas idéias do que fazer ou ele tem que decidir naquele momento. Aquela parede pra ele quer dizer ou ele decide, toma um rumo ou ele não vai chegar lá.
VA: Durante as filmagens, algum fato engraçado aconteceu? Algo que você não esperava?
RVS: Tem pouco disso, viu? É porque a nossa pobreza não permite. Você já está tão estrangulado no tempo para conseguir fazer tudo o que você já tinha pensado que não tem como aceitar o improviso ou o inesperado. É muito raro. Mas tem: aquela cena dele no banheiro passando mal, que ele vai pra festa vomita e...Aquilo não existia no roteiro. A gente foi filmar em uma locação na delegacia e de repente eu visitando o banheiro e tinha aquele banheiro incrível dos anos 30. Aí a gente falou: ‘Que roupa que o Noel tá? Ah, é a mesma da festa. Então vomita aí’ E ficou muito bom, mas foi a única coisa que se improvisou, praticamente.
VA: Você acredita que o filme possa de certa forma catequizar os ouvidos do público, já acostumados com o pagode?
RVS: O que eu queria é que soubessem alguma coisa sobre o Noel, porém que ainda venha outros filmes pra falar de síncope, de malandragem, mas de outra forma, com mais isso e menos aquilo...Porque é um cara que merece 10 filmes. É que nem Macbeth, merece ser refilmado a vida toda.
VA: Pretende filmar alguma outra história do samba? Tem outros projetos?
RVS: Já, você já ouviu falar no Vassourinha? Então estamos investigando essa seara...
VA:Você tem alguma canção preferida de Noel?
RVS: Olha, dentro das que eu tenho ouvido na trilha é “Mais um samba popular”. Não sei se você teve chance de prestar atenção nela, porque é a primeira música dos letreiros e normalmente as pessoas estão batendo palma nessa hora. É a que eu estou curtindo.
sábado, 3 de novembro de 2007
Noel para todos
C
Não só no que é explícito, como a história do compositor, a freqüente venda de sambas e os exageros com bebida e cigarro de Noel, mas também em detalhes, como no momento em que o ator Rafael Raposo vai beber sopa e o faz tal qual um glutão (explicado pelo fato de que Noel tinha dificuldades para comer por conta do problema no seu queixo). Outro importante detalhe é a relação de amizade entre Noel e Aracy de Almeida, que acabou sendo sua principal intérprete.
As músicas escolhidas também são bem significativas. Desde com “Com que roupa”, o primeiro grande sucesso de Noel Rosa cantando sem o Bando de Tangarás ( grupo com o qual fazia apresentações sem cobrar por cachê) até o “Último desejo”, canção composta à beira da morte para seu grande amor Ceci (muito bem feita por Camila Pitanga).
Com figurino de época, e objetos que mostram como era a década de 20, o filme só peca em um detalhe. Deixa de lado a síncope da música de Noel, que mudou o conceito de se cantar samba. Em lugar da forma que o Poeta cantava, atrasando uma sílaba ou à revelia da melodia, que acompanha a voz causando uma sensação totalmente nova na época.
As interpretações empoladas de Chico Alves e a bela voz da jovem “Araca” são mais valorizadas e raramente se vê Noel cantando. As poucas vezes são no embate musical entre Noel e Wilson Batista, que rendeu uma seqüência de belos sambas.
Mesmo assim o filme vale, pela história, pela bela cena de sexo entre Noel e Ceci, pelo samba que se sai da sala cantando e as cervejas que dá vontade de tomar, ouvindo, é claro o Poeta de Vila Isabel.
quarta-feira, 31 de outubro de 2007
Partido Alto
Não é necessário baixar
Partido Alto de Leon Hirszman
segunda-feira, 29 de outubro de 2007
Parabéns Nelson!
Nelson Cavaquinho - Raízes do Samba
quinta-feira, 25 de outubro de 2007
Pra cantar samba se precisa muito mais...
Não basta fazer uma linda canção
Pra cantar samba se precisa muito mais,
Samba é lamento, é sofrimento, é fuga dos meus ais"
segunda-feira, 22 de outubro de 2007
Para Americano Ouvir
Angenor de Oliveira sempre vendeu samba, mesmo antes de ser conhecido como Cartola. Aliás o apelido veio por conta de um “chapéu-coco” (como ele mesmo afirmou) usado para que o cimento não caísse em seus cabelos. Aliás, Angenor não trabalhou apenas como ajudante de pedreiro. Também foi pintor de paredes, vigia de prédio e contínuo de repartição pública. Não só isso, quando foi descoberto por Sérgio Porto, o conhecido Stanislaw Pontepreta, na década de 50, Cartola lavava carros e não andava muito bem de saúde. Depois disso, sua vida não melhorou muito, mas Cartola começou a trilhar o caminho como o principal poeta de Mangueira. Muitos sambistas gravaram composições suas. Francisco Alves, o rei da voz, era cliente habitual dos sambas de Cartola. Aliás, Chico sempre se deu ao luxo de comprar canções e, muitas vezes as raptava para sua autoria.
A passagem de Cartola por uma gravadora demorou a acontecer. Em Agosto de 1940, Leopold Stokowski diretor musical da Orquestra da Filadélfia, Leopold Stokowski, interessado na música brasileira, contatou o maestro Heitor Villa-Lobos. A idéia de Stokowski era registrar a mais legítima música popular brasileira. O disco foi lançado pela Columbia Records e seria apresentado em um congresso pan-americano de folclore, mas que nunca aconteceu.
Villa-Lobos resolveu atender ao pedido de seu amigo norte-americano. Contatou três sambistas: Donga, Zé Espinguela e Cartola. A partir destes, mais alguns foram contatados, Pixinguinha, Zé da Zilda, Jararaca e Ratinho, Luiz Americano entre outros.
Foram gravadas 40 músicas a bordo do navio Uruguay. E, selecionadas, formaram dois volumes. Dessas, Cartola gravou “Quem Me Vê Sorrir”. Foi acompanhado pelo compositor/violonista da Mangueira Aluísio Dias; um grupo de percussionistas da Mangueira incluindo Preguiça, China e Negro; e as pastoras da escola de samba, um coro feminino integrado por Neuma, Cecéia, Nadir, Ornélia, Guiomar, Nesilia e Neguinha.
Pelo samba, recebeu “um dinheirão”: 1.500 réis. Muitos sambistas morreram sem ouvir suas vozes no disco. Cartola só conseguiu ouvir uma vez.
Native Brazilian Music Vol. 1 e 2
Saiba mais em: Caçando Stokowski por Daniella Thompson
domingo, 21 de outubro de 2007
Morre o violonista César Faria
Até o ano passado era ele quem acompanhava o filho, e por causa da idade veio a ser substituído pelo seu neto João Rabello. César tinha 88 anos e morreu vítima de um infarto na sua casa, em Copacabana.
O infeliz acontecimento vem justamente quando Paulinho da Viola lança, junto com a MTV, seu DVD acústico.
Conjunto Época de Ouro Ensaio
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
Vermute com Amendoim recomenda: Cristina Buarque e Terreiro Grande Ao Vivo
Porém como já vi o disco rolando por aí resolvi disponibilizá-lo, e peço, que se gostarem e puderem comprar, façam isso pois realmente vale a pena. Então lá vai, há quem diga que este disco faz parte da lista dos 10 melhores álbuns de samba de todos os tempos, eu como não gosto de listas vou deixar ele aqui sem mais, para que cada um tire suas próprias conclusões!
Cristina Buarque e Terreiro Grande Ao Vivo
1. Bloco 1 - O meu nome já caiu no esquecimento
autor: Paulo da Portela editora: Direto
2. Eu não sou do morro
autor: Francisco Santana editora: Direto
3. Não deixo saudade
autor: Manoel Ferreira editora: Irmãos Vitale
autor: Roberto Martins editora: Irmãos Vitale
4. Você me abandonou
autor: Alberto Lonato editora: BMG Music
5. Quantas lágrimas
autor: Manacéa editora: Fermata
6. Bloco 2 - Já chegou quem faltava
autor: Nilson Gonçalves editora: Direitos Reservados
7. O mundo é assim
autor: Alvaiade editora: ADDAF
8. Jura
autor: Adolfo Macedo editora: Mangione
autor: Marcelino Ramos editora: Mangione
autor: Zé da Zilda editora: Mangione
9. Meu primeiro amor
autor: Bide editora: Irmãos Vitale
autor: Marçal editora: Irmãos Vitale
10. A lei do morro
autor: Antônio dos Santos editora: Mangione
autor: Silas de Oliveira editora: Mangione
11. Quem se muda pra mangueira
autor: Zé da Zilda editora: Direto
12. Assim não é legal
autor: Noel Rosa editora: ADDAF
13. Na água do rio
autor: Manoel Ferreira editora: Irmãos Vitale
autor: Silas de Oliveira editora: Irmãos Vitale
14. Esta melodia
autor: Bubu da Portela editora: ADDAF
autor: José Bispo editora: ADDAF
15. Ando penando
autor: Alcides Dias Lopes editora: Fermata
16. Perdão, meu bem
autor: Cartola editora: Tapajós (Emi)
17. Desperta Dodô
autor: Heitor dos Prazeres editora: Irmãos Vitale
autor: Herivelto Martins editora: Irmãos Vitale
18. Na água do rio
autor: Manoel Ferreira editora: Irmãos Vitale
autor: Silas de Oliveira editora: Irmãos Vitale
19. Vou navegar
autor: Ernâni Alvarenga editora: Direto
20. Bloco 3 - Inspiração
autor: Candeia editora: Direto
21. Banco de réu
autor: Alvaiade editora: ADDAF
autor: Djalma Mafra editora: ADDAF
22. Você chorou
autor: Francisco Alves editora: Irmãos Vitale
autor: Sylvio Fernandes editora: Irmãos Vitale
23. Lenços brancos
autor: Eliana Pittman editora: Irmãos Vitale
autor: Picolino da Portela editora: Irmãos Vitale
24. Sentimento
autor: Mijinha editora: EMI Music
25. Conselho da mamãe
autor: Manacéa editora: Direto
26. Brocoió
autor: Zé Cachacinha editora: Direitos Reservados
27. Quando a maré
autor: Antônio Caetano editora: Direitos Reservados
28. Confraternização 1
autor: Walter Rosa editora: Euterpe
29. Bloco 4 - Portela feliz
autor: Zé Ketti editora: Arlequim
30. Desengano
autor: Aniceto da Portela editora: Fermata
31. A maldade não tem fim
autor: Armando Santos editora: Fermata
32. Embrulho que eu carrego
autor: Alvaiade editora: ADDAF
autor: Djalma Mafra editora: ADDAF
33. Vida de fidalga
autor: Alvaiade editora: ADDAF
autor: Francisco Santana editora: ADDAF
34. Fui condenado
autor: Mijinha editora: Tapajós (Emi)
autor: Monarco editora: Tapajós (Emi)
35. Teste ao samba
autor: Paulo da Portela editora: Direto
36. Tu me desprezas
autor: Paulo da Portela editora: Direto
37. Cantar pra não chorar
autor: Heitor dos Prazeres editora: Mangione
autor: Paulo da Portela editora: Mangione
Cristina Buarque e Terreiro Grande AO VIVO
Onde comprar:
- Todo o Brasil
FNAC - Tel: (11)3097-0022
Mubi - Tel: ( 11)3481-4707
Saraiva - Tel: ( 11)38795999
Submarino - novo - Tel: ( 11)2199-8888
SP - São Paulo
Allegreto Alpha - Tel: ( 11)3313-2040
Banana Music - Tel: ( 11)3085-8877
Baratos Afins - Tel: ( 11)3223-3629
Café Florinda - Tel:
Centro Cultural Banco do Brasil - Tel: ( 11)31133654
Compact Blue - Tel: ( 11) 32515248
Disconexus - Tel: ( 11)3081-7664
Discoteka - rod - Tel: ( 11)59060456
FNAC - Paulista - Tel: ( 11)2123-2000
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quarta-feira, 17 de outubro de 2007
Laiá Laiá Laiá Laiá
sábado, 13 de outubro de 2007
Evolução nota 0
Coma este amendoim
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
Os tempos idos, nunca esquecidos, trazem saudades ao recordar
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
Razão Social
Um pierrô apaixonado
Que vivia só cantando
Por causa de uma colombina
Acabou chorando, acabou chorando
A colombina entrou num butiquim
Bebeu, bebeu, saiu assim, assim
Dizendo: pierrô cacete
Vai tomar sorvete com o arlequim
Um grande amor tem sempre um triste fim
Com o Pierrô aconteceu assim:
Levando esse grande chute
Foi tomar vermute
Com amendoim!
Tome este vermute
Até breve!