segunda-feira, 31 de maio de 2010

Disco da semana: Pelas Terras do Pau-Brasil - João Nogueira


Ninguém pode negar que João Nogueira era um intérprete super versátil. O disco "Pelas Terras do Pau-Brasil" é apenas mais uma das tantas provas existentes por aí. Ia do samba-enredo ao samba-canção, fazendo tudo parecer muito fácil. Destaquei alguns sambas que comprovam isso. Escuta aí:



Músicas:
1 - Xingu (João Nogueira - Paulo César Pinheiro)
2 - Na Boca do Mato (Luis Grande)
3 - Mel da Bahia (João Nogueira - Edil Pacheco)
4 - Nos teus olhos (João Nogueira - Nonato Buzar)
5 - Anunciando o Sol raiar (Jurandir da Mangueira - Cláudio)
6 - Vovô Sobral (João Nogueira - Paulo César Pinheiro)
7 - Chico Preto (João Nogueira - Paulo César Pinheiro)
8 - Dois de Dezembro - Dia do Samba (João Nogueira - Nonato Buzar - Paulo César Feital)
9 - Meu louco (João Nogueira - Paulo César Feital)
10 - Segredo (Herivelto Martins - Marino Pinto)

Baixe esse disco no Prato e Faca.

A vingança do Pindoba

Se eu tivesse que escolher uma faixa do disco "90 anos de samba - Cavalo de Praia canta Renato Borgomoni" certamente seria a última. "A Vingança do Pindoba". Não porque seja a melhor música do disco, mas porque nela o próprio Renato conta o causinho do Pindoba. Como diriam no interior de São Paulo: Bonidimais!

A vingança do Pindoba

sábado, 29 de maio de 2010

Vermute com Amendoim também no Facebook

Hoje não era nem dia de post aqui no Vermute, mas tudo bem. Isso aqui é um não-post, um quase-post. Isso porque não é nenhuma história curiosa, nenhum samba impressionante, nenhum vídeo difícil de achar até no youtube. Vamos, simplesmente, promover o próprio Vermute com Amendoim.

É que agora este espaço aqui também criou sua página no Facebook. É isso aí. Além do Orkut e do Twitter, o VCA expandiu suas fronteiras e também fala de samba e muita música brasileira de qualidade no Facebook.


Para receber as nossas atualizações diárias, basta apertar um botãozinho com uma palavra encardida: "curtir". Curtir? É estranho, mas é assim. Bom, tá dado o recado. E vamo que vamo, batalhando online e offline na resistência da música genuinamente brasileira.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Nei Lopes no Clube Anhangüera

É tarde da noite, mas ainda dá tempo de se programar para a noite sambística de amanhã. E o couro vai esquentar no Clube Anhangüera com Inimigos do Batente e o grande Nei Lopes. É isso mesmo, este excelente compositor, cantor e pesquisador da cultura negra dará o ar da graça no Bom Retiro.


A festa começa às 22 horas e custa 15 reais, mas atenção: desta vez os organizadores estão prometendo limitar o número de pessoas no clube. Para não ficar extremamente lotado, como já aconteceu em outras ocasiões, apenas 400 pessoas serão permitidas. Nem é preciso dizer que vale a pena colocar o terno branco e chegar cedo.

Não conhece Nei Lopes? Dá uma sacada na ginga do bamba:


Projeto Anhangüera dá Samba / Inimigos do Batente convidam Nei Lopes
Local: Clube Anhangüera
Endereço: Rua dos Italianos nº1261 – Bom Retiro – São Paulo - SP
Data: 28 de maio (sexta-feira)
Horário: a partir de 22h
Valor: R$ 15,00

quarta-feira, 26 de maio de 2010

É plágio, seu dotô!

Ouça esta música com atenção. Ela foi gravada em 1976 por Jair Rodrigues:

Na Beira do Mangue


Notou alguma semelhança com um sucesso, daqueles fabricados precariamente, que inundou nossos ouvidos no final dos anos 1990? Não? Tente de novo a versão em samba-rock feita pelo grupo Os Caretas deste samba composto por Ary do Cavaco e Otacílio da Mangueira.

Na Beira do Mangue


Nada ainda? Então saca só:


Pois é. A famigerada "Dança do Bumbum" foi copiada descaradamente. Com o estouro da "Dança do Bumbum", os verdadeiros donos entraram na justiça, mas antes que houvesse qualquer julgamento um acordo estendeu a co-autoria da faixa a Otacílio e Ary.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Viva o Formicida Guanabara

No longínquo ano de 1888, todo mundo que comprasse o Formicida Guanabara ganhava uma partitura de uma polca, para piano, bem animada chamada "Viva o Formicida Guanabara" (Enrico Borgongino). A estratégia deu certo e o "jingle" passou a ser tocado nos bailes da época. A música não tem letra, mas em determinado momento o pianista gritava:"Viva o Formicida Guanabara". E todo mundo respondia:"Viva". Isso é que é um viral de sucesso.

Quem pesquisou esta polca foi o pessoal do grupo "Os Matutos". Os mesmos do vídeo abaixo.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Disco da semana: Uma rosa para Pixinguinha - Elizeth Cardoso - Com Radamés Gnatalli & Camerata Carioca


Eu poderia falar aqui da importância de Pixinguinha para a música brasileira. Ou então tentar explicar porque Elizeth Cardoso foi uma das maiores vozes de todos os tempos. Eu poderia tentar convencer quem lê este texto de inúmeras formas de que este é um grande disco. Nenhuma delas seria melhor do que a que vem aí a seguir.

Voz - Elizeth Cardoso

Camerata Carioca:
Bandolim - Joel Nascimento
1° violão, reco-reco e surdo - Joaquim Santos
2° violão, violão-baixo, tamborim, prato e faca - Maurício Carrilho
Violão de 7 cordas - Luiz Otávio Braga
Cavaquinho e violão tenor - Henrique Cazes
Sax alto, flauta e tan-tan - Dazinho
Percussão - Beto Cazes
Piano - Radamés Gnatalli

Músicas:
01 - Mundo Melhor (Pixinguinha / Vinicius de Moraes) Isso É Que É Viver (Pixinguinha / Hermínio Bello de Carvalho)
02 - Fala Baixinho (Pixinguinha / Hermínio Bello de Carvalho)
03 - Ingênuo (Pixinguinha / Benedito Lacerda / Paulo César Pinheiro)
04 - Página de Dor (Pixinguinha / Cândido das Neves "Índio")
05 - Lamento (Pixinguinha / Vinicius de Moraes)
06 - Patrão Prenda o Seu Gado (Pixinguinha / Donga / João da Bahiana)
07 - Uma Rosa Para Pixinguinha (Radamés Gnattali) Rosa (Pixinguinha / Otávio de Souza)
08 - Carinhoso (Pixinguinha / João de Barro)
09 - Samba Fúnebre (Pixinguinha / Vinicius de Moraes)

Baixe esse disco no Loronix.

Homenagem ao Mané

Encontrei no ótimo blog Ocê no Samba um videozinho perfeito para a seção Samba Animado. Trata-se de uma composição de Gustavo Maguá chamada "Homenagem ao Mané". O sambinha é divertido e a animação casa bem com a letra.

Divirtam-se


Visite o Ocê no Samba

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Uma conversa de PAS e Tinhorão

Já faz um tempinho que li a ótima entrevista que o jornalista Pedro Alexandre Sanches fez com o historiador e crítico musical José Ramos Tinhorão. Gostaria de destacar algumas partes:

PAS - Então espera aí, deixa eu tentar fazer isso um pouco, na medida que eu consiga. Aí tem o outro livro (Crítica Cheia de Graça, editado pelo Empório do Livro, com uma seleção de críticas, ensaios e entrevistas publicadas por Tinhorão na imprensa nas décadas de 60, 70 e 80)...

JRT - (Ele interrompe.) Mas não tem só esse, também tem o da editora 34, A Música Popular Que Surge na Era da Revolução (livro inédito, lançado pelo Tinhorão de hoje, aos 82 anos). Nesse livro, por exemplo, há uma parte em que examino o século XVIII francês e digo que foi marcado pela influência da música militar, e portanto não poderia ter herdado uma música popular no sentido de produto para ser gostado por pessoas que cantam e tocam e ouvem alguém tocar um instrumento, conversas românticas, não existia. Aí venho para Portugal. Há dois gêneros que aparecem em Portugal, mas não são portugueses: a modinha e o lundu, que foram levados por um mulato brasileiro chamado Domingos Caldas Barbosa (tema de seu livro O Poeta da Viola, da Modinha e do Lundu, publicado pela Editorial Caminho de Lisboa em 2004).

PAS - São dois ritmos brasileiros na origem, segundo você.

JRT - Isso, e eu faço uma coisa absolutamente original nesse livro. Os principais países da Europa eram França e Inglaterra, naturalmente, e Alemanha. Então por que é que logo dois gêneros de uma colônia de um país europeu, Portugal, que era um dos países não mais importantes da Europa, vão surgir dois gêneros que vão persistir no tempo e chegarão a ser gravados depois na colônia do Brasil, de onde eles foram para lá, no século XX? Veja que o primeiro disco gravado na Casa Edison foi Isto É Bom, que é um lundu. Ora, o mesmo lundu que foi lançado no século XVIII em Portugal por um mulato brasileiro chamado Domingos Caldas Barbosa. Eu te pergunto: por que se deu esse fato?, o que explica esse fato? Aí o Tinhorão, na segunda parte do seu livro que está aí na sua mão, explica: Portugal tinha se fechado para a Europa, com medo da Revolução Francesa, que estava pondo abaixo as cabeças coroadas e trazia a república, transformava o cara em cidadão, e isso acabava com os privilégios da nobreza. Como Portugal tinha um regime absolutista que preservava exatamente as garantias que eram conferidas à nobreza, ele tinha horror às chamadas ideias sediciosas, ou seja, revolucionárias. Então Portugal se fecha para a Europa. Mas como um país não pode viver culturalmente fechado, ele tinha que se abrir para algum lugar. Se se fechava para a Europa, se abria para a sua colônia americana. E por que se abria para a sua colônia americana? Porque era da sua colônia americana no século XVII que estava chegando o ouro das Minas Gerais que salvava aquele país das suas dificuldades econômicas. Essa relação nunca ninguém fez, e está aí.

PAS - Você está dizendo que a música brasileira, num longo espaço de tempo, nasceu de ideias contrarrevolucionárias, conservadoras?

JRT - Não, aí você está tirando uma conclusão. Não nasceu de ideias contrarrevolucioárias, mas sim surgiu num período explicável pelo fato de Portugal ter se fechado para a Europa, que vivia um momento revolucionário, e acabou se tornando acessível a formas que chegavam da sua colônia distante da América. Não há essa correlação que você estabeleceu, modinha e lundu não têm nada que ver com o que Portugal pensava na época. Mas teve que ver por que é que chegou lá. Vamos supor que a França estivesse tão bem com Portugal que estivesse exportando para Portugal um monte de gêneros de música. Nunca que modinha e lundu iam poder chegar, porque o espaço da cultura portuguesa estaria ocupado pela música dos mais desenvolvidos.

PAS - E aí a história da música brasileira seria completamente outra também?

JRT - Também, porque talvez tivesse começado mais cedo a dominação do mercado musical pelos gêneros vindos de fora. Os gêneros vindos de fora sempre foram muito fortes no Brasil? Foram. No século XIX, com o aparecimento do teatro musicado, vieram para o Brasil a valsa, o schottische, a polca, a mazurca. Mas elas conviveram com os gêneros nacionais. O modinheiro, o mulato que ia cantar uma modinha debaixo da janela da namorada, não cantava nenhum gênero europeu. Ele cantava uma modinha. Quando apareceu o disco, no início do século XX, você pega os discos da Casa Edison – estão lá para você ouvir no Acervo Tinhorão (no Instituto Moreira Salles) –, tem valsa, schottische, quadrilha, mazurca... Mas tem também a modinha, o lundu, gêneros aqui do mundo rural que eventualmente eram lançados em disco. Porque a indústria cultural ainda não existia como uma indústria impositiva. Ela produzia difusamente gêneros que coexistiam no mercado. Esse é que é o grande problema. Quando a indústria cultural ganha, do ponto de vista capitalista, um peso em termos de dólares, um peso econômico tão grande, ela exclui o mais. Por que, como estávamos falando, quando você liga a televisão e o rádio em qualquer parte do mundo ocidental hoje está tocando rock? Porque a evolução da tecnologia ligada ao processo capitalista da produção de sons se tornou tão forte que escolhe um produto para globalizar. Por que ela globaliza um gênero só? Porque é mais econômico. Você já pensou se uma multinacional ficasse tocando na Argentina os vários gêneros argentinos, no Chile os vários gêneros chilenos, no Brasil os vários gêneros brasileiros? Não haveria rendimento, do ponto de vista capitalista. Mas se ela criar uma média de som que serve, que ela impõe para todo o mundo e depois não precisa mais impor porque todo mundo aceita, ótimo.

PAS - No Brasil, então, a imposição vai se dar na época da bossa nova e nos anos 60?

JRT - Antes da bossa nova, porque antes você já tinha o bolerão. Depois você tem o iê-iê-iê do Roberto Carlos, não é?

PAS - E aí não para nunca mais.

JRT - Não para nunca mais. O que para é a existência no mercado de alguma coisa que não seja aquilo ditado pela indústria cultural.

PAS - Então, mas antes eu ia perguntar sobre o livro das críticas reunidas (ele começa a interromper), deixa só eu orientar uma pergunta específica que eu queria fazer: queria que você falasse um pouco sobre a origem do que você escreveu quando escrevia na imprensa, sobre sua metodologia a partir da luta de classes, do marxismo, do materialismo dialético.

JRT - Pois é, quando você lê um artigo do Tinhorão na década de 70 no Jornal do Brasil, o que você nota? O disco que saía era um pretexto para uma análise que não era apenas crítica, ele canta bem, não canta bem, fulano é melhor, gostei, não gostei, este é bom, este é não. Não era. Eu pegava o fenômeno e procurava interpretar do ponto de vista histórico e sociológico. Por exemplo, “ah, o Tinhorão não gosta de nada que é novo”, não é que eu não gosto do que é novo. É que o que é que é novo? Num país subdesenvolvido, não há o novo. O novo é do país desenvolvido, rapaz. Eu te pergunto: existe automóvel brasileiro? Não. Existe automóvel ou da Fiat, italiana, ou da Wolksvagen, alemão, ou da Ford e Chevrolet, americanos. Não existe, não existe. Aqui se montam automóveis. Existe avião brasileiro? Não, a Embraer faz a casca.

(...)

PAS - O que fico sentindo ao ler suas críticas tantos anos depois é que consigo concordar com muitos argumentos seus, com as bases do que afirma sobre a bossa nova ou sobre a música como produto de mercado. Mas não concordo que eu precise rejeitar toda a música que se faz por conta dessas restrições – até porque eu não conseguiria.

JRT - Mas eu não rejeito! Eu não rejeito, rapaz, eu não rejeito. Aquilo que eu falava eu dava uma explicação para dizer. A minha implicância com a bossa nova, por exemplo, era por quê? Porque a bossa nova é música americana montada no Brasil. Eu sempre sustentei, você pode ver meus primeiros textos. A única coisa original do que se chama de bossa nova é a batida de violão do João Gilberto. Não é nem o que ele canta, é a ba-ti-da. Se você comparar o que existe gravado até o aparecimento de João Gilberto, ouça o som dos violões, como era tocado o violão? Aí de repente aparece a batida do João Gilberto. Use o seu ouvido, não precisa saber música. Tinha alguma coisa antes tocada desse jeito? Não. Ora, se não tinha o cara inventou. Se inventou, para mim, o cara criou uma coisa. Agora, o que se montou em cima do que se convencionou chamar de bossa nova? Se montou harmonia e até melodia de música americana, rapaz! Se você quiser um exemplo, vá ao seu computador quando você largar o telefone e procure no YouTube a Judy Garland cantando Mr. Monotony, anota aí.

(...)

PAS - Então desculpe, eu interrompi, você ia falar algo sobre a gravação da Judy Garland.

JRT - Muito bem. Eu te disse que bossa nova é música americana montada no Brasil, não falei? Pois bem, eu não vou dizer o que é. Surprise. Ligue a internet, procure no YouTube Judy Garland cantando Mr. Monotony, de 1942. Quando você ouvir você vai dizer: “Opa! Mas isso aqui é do fulano de tal!”. É de um grande compositor de bossa nova brasileiro, gravado em 1942 nos Estados Unidos pela Judy Garland.

PAS - Quando esse compositor nem era atuante ainda...

JRT - Era criança. Você quer uma outra? Já que você está na internet, pegue a Overture da Ópera dos Três Vinténs, de Kurt Weill. Os versos são de Bertolt Brecht, mas não interessa, é só a Overture, que não tem letra, evidentemente, é uma abertura musical. A abertura musical da Ópera dos Três Vinténs, do Kurt Weill, de 1928, ligue que você vai reconhecer um tema de um grande compositor de bossa nova brasileiro.

PAS - É o mesmo daquele outro?

JRT - É o mesmo.

PAS - Então, mas não haveria um meio termo? A gente sabe dessas coisas, está consciente delas, mas pode conviver com a bossa nova mesmo assim.

JRT - Mas é claro que pode! Você não vai matar a bossa nova, você tem que conviver.

PAS - Você ficou marcado como o cara que queria matar, que não aceitava nada disso.

JRT - Mas eu não queria matar nada. Eu nunca disse “isto tem que acabar”. Eu quereria matar se alguma vez tivesse escrito “isto não se admite”. Eu duvido que você veja alguma vez eu falando coisas nesses termos.

PAS - Sim, mas é que foi interpretado como se fosse.

JRT - Aaah, mas cada um interpreta como quer!

Gostou? Não deixe de conferir a entrevista completa no blog do PAS

terça-feira, 18 de maio de 2010

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Disco da semana: Diplomacia - Batatinha


Peguei um trecho de uma reportagem do Correio da Bahia, de 05/10/2003, para ilustrar um pouco sobre o disco desta semana.

A morte impediu o artista de ver pronto seu único CD, Diplomacia, no qual vinha trabalhando firme, apesar da doença. O resultado final, que ele não pôde conhecer, é emocionante. Batatinha defende seus sambas com amor e brilho, apesar da voz debilitada. "Ele cantou com muito sentimento", observa Paquito, um dos produtores do disco, ao lado de Jota Velloso. Admiradores de Batatinha há muito tempo, eles tiveram a idéia de produzir o CD a partir de um debate sobre música baiana. Durante as discussões, Batatinha foi citado como exemplo de artista baiano de qualidade que não recebia a devida atenção. Jota Velloso e Paquito decidiram, então, produzir um CD dele. Eles ainda não sabiam que o artista estava doente.

"Quando a gente procurou Batatinha, ele estava muito debilitado. Mas, com o tempo, ele foi ficando animado", conta Paquito. No bate-papo com os produtores, o sambista trouxe à tona cerca de 70 músicas, a maioria inéditas. A partir daí, eles selecionaram o repertório e começaram a gravar. Infelizmente, enquanto as gravações andavam, a doença também avançava. Mas o desejo de concluir o disco era tão forte que Batatinha chegou a faltar a uma consulta médica para não perder uma sessão de gravação. O esforço valeu. Ele conseguiu gravar todas as faixas previstas, menos uma: a música Espera, parceria com Ederaldo Gentil.


Músicas:
1-Depois eu volto
(J. Luna - Batatinha)
2-Conselheiro
(Batatinha - Paulo César Pinheiro)
3-Direito de sambar
(Batatinha)
4-Pra todo efeito
(Lula Carvalho - Batatinha)
5-Bebê diferente
(Batatinha)
6-De revólver não
(Batatinha)
7-Hora da razão
(J. Luna - Batatinha)
8-Bolero
(Roque Ferreira - Batatinha)
9-Imitação
(Batatinha)
10-Jajá da Gamboa
(Batatinha)
11-Fala de Batatinha
• Ministro do Samba (Batatinha)
12-Ironia
(Batatinha - Ederaldo Gentil)
13-Zé de Loca
(Batatinha)
14-Toalha da saudade
(J. Luna - Batatinha)
15-Diplomacia
(J. Luna - Batatinha)
• Só eu sei (Batatinha-J. Luna)
• Fala de Batatinha
16-Bolero
(Roque Ferreira - Batatinha)
17-Foguete particular
(Batatinha)

Baixe esse disco no Som do Roque.

Jackson do Pandeiro em exposição gratuita

Ainda dá tempo de visitar a exposição "Jackson do Pandeiro – A trajetória do Rei do Ritmo". Aberta desde 24 de março no SESC Santo André, a história e discografia de Jackson é mostrada de uma forma multimídia.

Cinco núcleos orientam o visitante: Painel Trajetória, Jukebox, Cabine de Rádio, Sala de Reboco e Vitrine Museológica. Vai até dia 23 de maio e o melhor: é de graça! Mais informações aqui.

Fica um videozinho para animar:

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Roteiro VCA da Virada Cultural 2010

Não sabe o que fazer na Virada Cultural de São Paulo? O Vermute com Amendoim pensou e preparou o roteiro para você!

Comece a Virada Cultural no ritmo cubano. Ainda que seu negócio seja o samba, a presença de Barbarito Torres, um dos poucos remanescentes do grupo Buena Vista Social Club, é imperdível.

18h Barbarito Torres e Ignacio Mazacote
Onde:
Praça Julio Prestes

Só tenha cuidado para não se empolgar demais e perder aquele que o VCA considera o grande show da Virada Cultural: a lenda viva do samba, esbanjando saúde aos 86 anos, Paulo Vanzolini.

19h Paulo Vanzolini
Onde:
Praça da República

Após a apresentação do compositor de “Ronda”, mantenha-se estático ainda que o frio esteja cruel e presencie a apresentação de outra lenda viva: Nelson Sargento

21h Nelson Sargento
Onde: Praça da República

Terminado o show, é hora de uma voltinha para curtir a noite paulistana. Uma ótima pedida, recheada de funk norte-americano, é Booker T., às 23 horas no Bulevar São João. Em seguida, chegue em tempo de ver Jair Rodrigues. Ele é sempre cheio de gás, não tem como ser furada.

1h Jair Rodrigues
Onde: Praça da República

Às três da manhã, dois shows podem disputar a atenção do amante de música brasileira. Na República, Elza Soares toca com o Sandália de Prata. Mas o voto do Vermute com Amendoim vai para a Orquestra Popular do Recife.

3h Orquestra Popular do Recife
Onde: Bulevar São João

Orquestra Popular do Recife


Volte para a República para ver Orlandivo, compositor de músicas como “Vou bater pra tu” e “Bolinha de Sabão”. Ótima ocasião para encontrar os remanescentes da noite em busca de suingue.

5h Orlandivo e Clube do Balanço
Onde: Praça da República

Bolinha de sabão


Tá com sono? Quer dar uma relaxada? Pegue o Trem do Adoniran, ali na estação da Luz. A composição fará viagens à estação do Brás, das 23h às 11h, enquanto músicos se apresentam homenageando o centenário do grande João Rubinato.

Trem das Onze – Adoniran Barbosa
Onde: Estação da Luz

Depois de recuperar as energias no trem, dê um pulo no Largo da Misericórdia, onde o clima de carnaval permanece durante as 24 horas com as marchinhas de São Luís do Paraitinga. Dá tempo de pegar a apresentação da Familia Santos.

8h Familia Santos
Onde: Largo da Misericórdia

Descanse um bocado e tome café da manhã assistindo uma apresentação de piano na Praça Dom José Gaspar. Qualquer hora do dia há de ter coisa boa por lá, como Erika Ribeiro que apresentará compositores brasileiros e europeus.

11h Erika Ribeiro
Onde: Praça Dom José Gaspar

Ainda no clima de música instrumental, corra para ver o grande talento do Bandolim, Danilo Brito, tocando com outras duas feras em um encontro memorável.

13h Danilo Brito, Mike Marshall e Catherina Lichtenberg – Encontro de Bandolins
Onde: Estação da Luz

Na tarde de domingo, o nível cai um pouco no Palco do Samba, com apresentações voltadas para o pagode. Só volta ao auge no final da tarde, quando duas figuraças cheias de bom humor se encontram. Certamente será o melhor show do domingo neste palco.

17h Germano Mathias e Dicró
Onde: Praça da República

terça-feira, 11 de maio de 2010

Livro sobre a Tabajara e Severino Araújo

Dica de Bete Freitas por e-mail


Foi lançado no início deste ano, o livro sobre a Orquestra Tabajara, a Big Band mais famosa do Brasil. Grande parte do sucesso e da versatilidade da Tabajara se deve ao Maestro Severino Araújo, que compôs de choros a frevos. Com 13 mil apresentações no currículo, a orquestra gravou mais 100 discos em 78 RPM. Quem fala sobre a importância da Tabajara para a música nacional é o autor do livro, Carlos Coraúcci:

"Não fosse a Tabajara, a música brasileira não teria se modernizado. Tem integrantes seus em todos os discos importantes do Brasil. É só olhar nas fichas técnicas de alguns álbuns do Chico Buarque, da Elza Soares e outros".



Livro: A Orquestra Tabajara de Severino Araújo – a vida musical da eterna big band brasileira
Autor: Carlos Henrique Coraúcci
Editora: Companhia Editora Nacional
Páginas: 296 texto / caderno com mais de 50 fotos / Total de páginas: 336
Preço: R$ 39,90

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Disco da semana: 90 anos de samba - Cavalo de Praia canta Renato Borgomoni


Hoje em dia, quando se fala na cidade de Santos, a primeira coisa que vem na cabeça é o time dos Meninos da Vila. Não por menos. A molecada vêm jogando uma bola redondíssima. Mas engana-se quem pensa que cidade vive só de futebol. Santos sempre foi reduto de samba, e muitos sambistas da capital, vez ou outra, desciam para a baixada em busca de algum baticum.

O disco "Cavalo de Praia canta Renato Borgomoni" é prova cabal disso. Renato é representante legítimo do samba e, como tantos que existem por aí, vivem no anonimato. Realmente não acho que esse pessoal tenha feito qualquer coisa almejando algum sucesso. Mas reconhecimento nunca é demais. Melhor ainda que o Renato tenha podido gozar um pouco deste reconhecimento em vida, já que o disco saiu pouquíssimo tempo antes de sua morte.









Outras músicas podem ser ouvidas no myspace.

Músicas:
Quem Viu, Viu
Como Nasceu o Cavaquinho
3515
Bom Mesmo
Chuvinha Malvada
Se For Questão de Rosas
Ai, Ai, Ai, Coração
Reencarnação
Chove Sim
São Paulo Quatrocentão
Comprei Sapatos Para Ela
Banho na Minhoca
Se Todo o Lugar do Mar Tem Peixe
Peixe de Pobre
No Fluxo e Refluxo
Vou Vender Meu Samba
A Vingança do Pindoba

Baixe esse disco aqui.

Uma paródia de Noel Rosa

No Brasil, a versão original de Mort Dixon e Harry Woods é a menos conhecida. Pudera, a tradução para o português já foi cantada aos quatro cantos por ninguém menos do que João Gilberto (1960), Marília Medalha (1968), Demônios da Garoa (1974), Nara Leão (1975), Fernanda Takai (2007) e outros pesos pesados da MPB.

Estamos falando de "Trevo de quatro folhas" ou "I´m looking over a four leaf clover", que você ouve agora:

I´m looking over a four leaf clover


Trevo de quatro folhas


Mas é agora que vem minha motivação para o post de hoje. Em 1935, muito antes da tradução para o português ganhar os gogós mais famosos do Brasil, o grande gênio Noel Rosa fez uma paródia para este sucesso anglosaxão. Foi batizada de "Belo Horizonte" e aqui é cantada por Carlos Didier:

Belo Horizonte


Esta composição foi ensinada a João Máximo e Carlos Didier por Rômulo Paes e Paulo Lessa. Na interpretação acima que está presente na coleção "Noel pela primeira vez", Didier identifica que desafina na última nota do verso "o que há de melhor pra mim", no início da canção, mas autorizou sua divulgação por reconhecer seu valor histórico.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Samba no sábado




O peso da idade, de uma forma leve

A imensa maioria de sambas que eu conheço falando da velhice tratam-na como se fosse um peso da vida. Há, em geral, um sentimento de que a mocidade ficou para trás e que agora resta carregar os problemas nas costas frágeis da velhice.

Até que ouvi o samba "Minha Ilusão", lindamente interpretado por Dominguinhos no disco "Domingo, Menino Dominguinhos", de 1976. Nele, há sim a presença do inevitável peso dos anos, mas há mais do que uma resignação. Dominguinhos, que sempre teve um ar de bem com a vida canta assim, tornando mais leve o tema: "Eu não sou culpado dessa idade avançada. A velhice foi um presente que a vida me deu".

Minha Ilusão


Minha ilusão já terminou
Pois o meu cabelo embranqueceu
O que era lindo para mim hoje é singelo
Só a esperança não morreu
Eu não sou culpado dessa idade avançada
A velhice foi presente que a vida me deu
Até os meus amores que eram muitos acabaram
E os elogios das mulheres se esgotaram
Só a minha mãe não me apaga de sua lembrança
Diz que eu fiquei velho, mas continuo criança
A realidade já tomou conta de mim
Pra que chorar se essa vida é mesmo assim?

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O despejo

A animação "O Despejo ou... Memórias de Gabiru" é inspirada na música "Despejo na Favela", de Adoniran Barbosa, e possui a seguinte sinopse:

Numa bela manhã ofuscada de sol, Seu Narciso recebe uma grave notícia... Uma carta entregue pelo oficial de justiça, pesa-lhe toda uma vida de lutas pela comunidade onde nascera. Desesperado na busca de uma solução, Narciso é levado pelo furacão de suas emoções ao lugar idílico da infância, ao abraço carinhoso da mãe Francisca, aos sonhos de Gabiru desenhados a lápis de cor... Um tempo onde problemas, por mais difíceis que fossem, poderiam ser superados.

Abaixo um teaser. Para quem se interessou, é possivel assistir a animação completa AQUI.


terça-feira, 4 de maio de 2010

A guerra das Colas

Ao som de muito samba, a guerra das Colas é resolvida. Feito em 1989, a propaganda da Araldite usa genialmente as marcas Pepsi Cola e Coca Cola (sem sequer ter pedido autorização) para provar que a Araldite une até o que parece impossível.



Exibido no Festival de Filmes Publicitários de Cannes, o filme acabou trazendo um Leão de Ouro ao Brasil.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Disco da semana: Mauro e PCP


O disco desta semana não é um disco. Isso porque ele nunca foi lançado. Não, não se trata de nenhuma gravação raríssima ou coisa parecida. O "disco" em questão é apenas uma coletânea de sambas que têm em comum duas coisas: são sambas-exaltações feitos para as escolas do Rio de Janeiro, e tem como autores a dupla peso pesada Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro.

Quem teve a simples, porém brilhante ideia de reunir todos estes sambas foi Renato Martins, do Terreiro Grande. Na época, ele disponibilizou o arquivo no blog do grupo. Eu baixei, mas quem disse que eu achava nos meus arquivos? Pois bem. Dia desses, olhando algumas pastas obscuras do meu computador me deparo com um arquivo com o seguinte nome: "Mauro e PCP".

A maioria dos sambas são interpretados pela Alcione, que mostra que quando o repertório é bom, ela mata a pau. Duvida?



Músicas:
01 - Portela na Avenida
Clara Nunes em 1981
02 - Serrinha
Clara Nunes em 1982
03 - Mangueira, Estação Primeira
Alcione em 1984
04 - Academia do Salgueiro
Alcione em 1985
05 - Mocidade Independente
Alcione em 1986
06 - Imperatriz Leopoldinense
Alcione em 1987
07 - União da Ilha do Governador
Alcione em 1988
08 - Beija-Flor
Alcione em 1990
09 - Vila
Walter Alfaiate em 2005
10 - Caprichosos de Pilares
Cristina e Samba de Fato em 2008

O Hino genuinamente Brasileiro

Um Hino Nacional com todos os ritmos brasileiros. Foi isso que apresentou no último domingo na final do Campeonato Paulista, o exepcional maestro João Carlos Martins, um mestre na arte de misturar o popular com o erudito (como já fez antes).

Para conseguir executar a ousada mistura, João Carlos Martins uniu a Orquestra Bachiana Filarmônica e a bateria do Vai-vai. Ficou impecável. Aprecie:

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