sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

A reimpressão do retrato de Tom

De músicos brasilianistas a música brasileira está cheia. Os exemplos vão desde o francês Nicolas Krassic até Stan Getz, passando, é claro, pelo Mr. Blue Eyes, Frank Sinatra.

Entre as centenas destes romances com estrangeiros, um que resultou um belíssimo filho foi o de Chet Baker com Tom Jobim. Ou mais precisamente do trompete de Baker com a música “Retrato em Branco e Preto” feita em 1968 por Jobim.

O disco “Sings And Plays From the Film Let's Get Lost" veio em 1987 com as músicas do documentário “Let´s Get Lost”(1988), que conta toda a trajetória do trompetista, seus problemas com a heroína e sua decadência.

Apenas um ano antes de sua morte, o álbum tem uma neblina triste. A primeira faixa dá o tom. Com uma voz já cansada, Chet canta “Moon and Sand” e é impossível não se emocionar, ainda que não se saiba de todos os problemas da vida do músico.

Na oitava canção é que Chet presta mais uma homenagem a Tom Jobim e à música verde-e-amarela. “Retrato em branco e preto” é lindamente interpretada entre belos solos de trompete, piano e violão.

Ouça a versão de Tom Jobim e Elis Regina para Retrato em Branco e Preto

Este, porém, não foi o único flerte de Chat Baker com a música brasileira. Em 1977, o trompetista gravou o disco “The Girl From Ipanema”. O álbum, além de contar com o clássico que o intitula, tem uma boa seleção de bossa nova. A última faixa é um medley com a marchinha “Mamãe Eu Quero” e “Chica Chica Boom Chica”. Chat podia ser um maluco, mas não se arriscou a cantar em português, deixando a missão para Astrud Gilberto.

Depois disso, em 1980, outro disco trouxe Baker aos ritmos brasileiros. O disco Chet Baker & The Boto Brazilian Quartet tem outra pegada do de 77, com um trompete muito mais agressivo e atingindo notas mais altas do que as de costume (Chat não tocava muito rápido, nem notas muito altas por conta de um dente perdido que o impossibilitava de ter a embocadura perfeita. Em certo momento, desabafoi em uma entrevista para a revista Down Beat, em 1953: "Tento extrair do instrumento algo que tenha qualidade e que seja único. Parece que as pessoas só ficam impressionadas por três coisas: se você toca rápido, se toca agudo ou pelo próprio som do instrumento, não pelas notas que você toca."

Em maio de 1988, Chet Baker protagonizou uma misteriosa morte, daquelas que recheiam a história da música. Caiu do terceiro andar de um hotel em Amsterdã. Até hoje não se sabe se foi suicídio ou mero acidente. Na rua do hotel ainda hoje há uma placa lembrando o local em que Chet caiu.

Baixe o disco Sings And Plays From the Film Let's Get Lost

Formação:
Chet Baker – Trompete e Vocal
Frank Strazzeri - Piano
John Leftwich – Contrabaixo
Ralph Penlan - Bateria
Nicola Stilo – Violão e Flauta

Músicas
1. Moon and Sand - 5:30
2. Imagination - 4:52
3. You're My Thrill - 4:59
4. For Heaven's Sake - 4:51
5. Every Time We Say Goodbye - 4:48
6. I Don't Stand A Ghost Of A Chance With You - 5:03
7. Daydream - 5:00
8. Zingaro (Portrait In Black and White) - 7:33
9. Blame It On My Youth - 6:18
10. My One and Only Love - 5:30
11. Everything Happens To Me - 5:19
12. Almost Blue - 3:13

Veja a discografia de Chet Baker

Entre Sonetos e Tamancos
Em certa ocasião pergutaram ao maestro Jobim por qual razão ele tinha escolhido o termo “branco e preto”, quando o mais usual na língua portuguesa seria “preto e branco”. Tom, esbanjando bom-humor, soltou: “porque senão, eu teria que colecionar tamancos”.

Outra Versão
O músico Stan Getz também elaborou uma versão para a música de Tom. Vale a pena conhecer:

Ouça a versão de Stan Getz e João Gilberto para Retrato em Branco e Preto

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Samba de Raiz de...

Quem é que não se lembra
Da jaqueira
Da jaqueira da Portela
(Zé Kéti)

Cada vez que ouço alguém dizendo que canta ou toca samba de raiz sinto um frio na espinha, isso porque o termo está cada vez mais banalizado. O que vem acontecendo com o termo “Samba de Raiz” é o mesmo que aconteceu com o “Pagode”, que na verdade significa uma reunião de sambistas, mas a indústria precisava catalogar o ritmo que ganhou força nos anos 90 e o nome escolhido foi pagode.

Agora a indústria quer por que quer convencer que samba de raiz é aquele surgido na década de 80, e não venham me dizer que tudo isso faz parte de uma teoria da conspiração que eu criei porque não é. Basta acessar o youtube e ver os comentários de qualquer vídeo do Fundo de Quintal que irão entender o que estou dizendo.

A minha proposta para que não haja mais mal entendidos é a seguinte: a partir de agora o sujeito deveria dizer o tipo da raiz do samba dele. Por exemplo: “Samba de Raiz de Tamarineira” ou então “Samba de Raiz de Jaqueira e/ou Mangueira”.

Caso a idéia não pegue, o que poderia ser feito é usar a mesma estratégia daquela cerveja que é feita com o Lúpulo de Hallertau, aí o sujeito diria: “eu faço samba com a raiz de Ramos” ou então “eu faço samba com a raiz do Estácio” e por aí vai. Assim resolveríamos os problemas de brigas sobre o que é o “Samba de Raiz” e ainda de quebra não banalizaria o termo.

Jaqueira da Portela (Zé Kéti) --- Paulinho da Viola

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sábado, 23 de fevereiro de 2008

São Pixinguinha (Parte 2 de 4)

Além de um grande compositor, Alfredo da Rocha Vianna Filho, o Pixinguinha foi um grande arranjador de orquestras. Foi o fundador do Conjunto Os Oito Batutas, que foi inicialmente batizada de Grupo do Pixinguinha em meados de 1915. O grupo era formado por Pixinguinha (flauta), China (voz violão e piano), Donga (violão), Raul Palmieri (violão), Nelson Alves (cavaquinho), José Alves (bandolim e ganzá), Jacó Palmieri (pandeiro), Luís de Oliveira (bandola e reco-reco), João Tomás (bateria) e J. Ribas (piano).

Também deu vida a importantes orquestras, que poderão ser ouvidas no segundo episódio desta série de quatro programas feitas pela Rádio USP sobre este gênio da música brasileira. O programa Olhar Brasileiro vai ao ar comandado pelo especialista Omar Jubran e irá para seu último quarto no próximo domingo, às 10 horas. Para quem perdeu, acordou tarde ou quer ouvir mais uma vez, o Vermute com Amendoim irá disponibilizar toda a série, que já começou com o programa exibido no dia 3 de fevereiro

Desta vez, Jubran falará sobre suas interpretações e seu trabalho como arranjador de orquestras. O episódio foi ao ar no dia 10 de fevereiro.


Bloco 1 (duração de 22 minutos)
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Bloco 2 (duração de 19 minutos)
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Bloco 3 (duração de 20 minutos)
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Saiba mais sobre Pixinguinha


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Aula de frevo


Qualquer espécie que deixa seu habitat natural para habitar outro passa por uma fase de adptação e, às vezes, uma transformação sem volta. Os 16 músicos da Spokfrevo Orquestra deixaram as ruas de Pernambuco para tocar em cima dos palcos dos teatros. Trocaram os bermudões e chapéus de por um elegante traje “terno-e-gravata”. Ou seja, levaram o frevo a terrenos antes considerados hostis. E se saíram muito bem.

Na última quinta-feira, 22 de fevereiro, a orquestra ocupou o palco do Sesc Vila Mariana em uma apresentação primorosa. Com cinco trompetes, três trombones, uma guitarra, um contrabaixo, quatro saxofones e três percussionistas, a formação comandada pelo Maestro Spok tocou um frevo com o peso adquirido nas ruas de Olinda, misturado com a erudição das improvisações do jazz.

Assim, durante o show não faltaram oportunidades para saborear a virtuose dos músicos. No meio de uma levada pesadíssima dos metais, levanta-se o guitarrista Renato Bandeira e sola esbanjando classe. Spok também deu demonstrações lindíssimas de solos no seu sax alto enquanto a orquestra espera atenta a hora de voltar com tudo.

Não só isso, ciente de que a grande maioria do público pouco ou nada conhecia sobre o estilo musical, Spok timoneou uma verdadeira aula ilustrativa de frevo. Com exemplos ao vivo, o maestro e sua orquestra explicaram que as origens do frevo estão na modinha, no dobrado, na polca, na quadrilha e no maxixe.

Também contou sobre as três modalidades de frevo que existem: Frevo Canção, Frevo de Bloco e Frevo de Rua. O último, especialidade da orquestra, se divide em ainda mais três modalidades: O frevo coqueiro, o frevo ventania e o curioso frevo abafo.

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Em um final apoteótico, após executarem composições de Sivuca, Levino Ferreira e de Maestro Duda, a orquestra atacou de Vassourinhas. A famosíssima música de Matias da Rocha e Joana Batista foi em homenagem a Felinho, que fez história com o frevo nas mãos.

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Após o final da apresentação, provaram que não pretendem esquecer o habitat de origem, muito menos que essa é uma ida sem volta para os salões da sociedade. Assim, abandonaram o palco, conduzindo o numeroso público para uma apresentação “de rua”. Tocaram diversas músicas no hall do teatro para o público que também deixou a seriedade dos assentos numerados para arriscar os passos de um bom frevo de rua.

Quem ficou de fora
Quem perdeu ainda pode tentar um assento nesta sexta-feira no segundo dia do espetáculo no Sesc Vila Mariana. O ingresso custa 20 reais. A outra opção é ir atrás do disco e do DVD, que lembram bastante o show, mas tem o salgado preço de 30 e 40 reais, respectivamente. A produção é da Biscoito Fino.

Para quem quiser conferir mais músicas, o site da orquestra é uma saída. O único problema é a agenda que está bastante desatualizada, não informando onde será o próximo show “de rua” nos palcos.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Vermute com Amendoim recomenda: Marçal Interpreta Bide e Marçal

Lançado em 1978 pelo Mestre Marçal, filho do Marçal que fazia dupla com Bide, o disco contém apenas composições da dupla que se destacou a partir da década de 30. Com músicas gravadas por Mario Reis, Francisco Alves, Carmen Miranda, Orlando Silva entre outros, o disco é uma bela homenagem de um filho ao trabalho do pai.

Composto por 21 sambas distribuídos em 7 faixas, o disco é inteiramente formado por pout-porris, dando assim um clima de roda bastante informal. Na música “Velho Estácio” ainda há participações de: Dona Ivone Lara, João Nogueira, Clara Nunes e Paulinho da Viola.

Músicas:
1- Agora É cinza/Meu Primeiro amor/A Primeira vez/A Carta

2- Barão Das cabrochas/Que Bate-Fundo É Esse

3- Tua beleza/Não Diga A Ela Minha Residencia

4- Foi você/Tu Não Sabes Mais O Que Há De querer/Velho Estácio

5- Sorrir/Louca Pela boemia/Nunca mais/Meu Sofrer

6- Violão amigo/Se Ela Nao Vai Chorar, Nem Eu

7- Madalena/Olha A Sua vida/Você Foi embora/Agora É Cinza

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Shows homenageiam 90 anos de Jacob do Bandolim em SP

No mês em que teria completado 90 anos de idade, o bandolista Jacob Pick Bittencourt (1918-1969) recebe uma homenagem com espetáculos nos próximos sábado (23) e domingo (24) em São Paulo.

Os shows são parte do projeto Jacob do Bandolim --90 anos e a iniciativa reúne bandolistas brasileiros, além de estudiosos sobre Jacob, familiares, vídeos e depoimentos.

A idéia é de que o público conheça parte do acervo de Jacob do Bandolim, sua obra e os músicos que atuam no choro.

Participam da homenagem Izaías Bueno de Almeida e Déo Rian, contemporâneos e amigos de Jacob, representantes da velha guarda do choro.

Os músicos Hamilton de Holanda e Aleh Ferreira também se apresentam.

Ronen Altman participa do show no sábado e Renato Anesi no domingo, ambos fazem parte da nova geração e tocarão composições de autoria de Jacob.

Os instrumentistas serão acompanhados pelos integrantes do Izaías e seus Chorões.

Durante a homenagem também ocorrerá o lançamento do CD "Inéditos de Jacob do Bandolim Vol.2", com patrocínio da Petrobrás. As composições são interpretadas pelos bandolista Déon Rian e artistas convidados.

Jacob do Bandolim -90 anos
Quando: sábado (23), às 21h; e domingo (24), às 18h
Onde: Teatro Paulo Autran no Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195, Pinheiros, tel. 0/xx/11/3095-9400)
Quanto: de R$ 3,50 a R$ 15

Retirado do Caderno Ilustrada da Folha Online

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Samba de Fato e Cristina Buarque - O samba informal de Mauro



De Garrincha a Paulinho da Viola, de Nilton Santos a Walter Alfaiate, o bairro de Botafogo sempre foi celeiro de craques. Mauro Duarte esteve na linha de frente do samba de Botafogo. Nos botequins, nos terreiros, nas rodas, a presença do Bolacha era tão contínua quanto a água que jorrava do pinto do Manequinho. Dezoito anos depois de sua morte, o grupo Samba de Fato e a cantora Cristina Buarque realizam a maior homenagem já prestada ao sambista, com o lançamento do álbum duplo “O samba informal de Mauro Duarte”, pela Deckdisc. São trinta faixas, entre inéditas, raridades e fragmentos de músicas completadas pelo parceiro Paulo César Pinheiro, a partir do repertório escolhido pelo cantor, violonista e produtor do disco Alfredo Del-Penho, que integra o Samba de fato ao lado de Pedro Miranda (voz e percussão), Paulino Dias (percussão e voz) e Pedro Amorim (bandolim e voz).

Retirado do site do Centro Cultural Carioca

O lançamento do disco ocorrerá no dia 4 de março no Centro Cultural Carioca

Músicas:

CD 1
1 - Lenha na Fogueira
2 - Sublime Primavera
3 - Carnaval
4 - Acerto de Contas
5 - Mineiro Pau
6 - Eu não Quero Saber
7 - Desde que me Abandonou (Vinheta)
8 - Falou Demais
9 - Samba de Botequim
10 - Compaixão
11 - Sofro Tanto
12 - A Mulher do Pedro
13 - A Água Rolou
14 - Engano
15 - Não Sei

CD 2
1 - O Samba que lhe Fiz
2 - Dúvida
3 - Jeito do Cachimbo
4 - Mais Consideração
5 - Malandro não tem Medo
6 - Começo Errado
7 - Lamento Negro
8 - Sonho de Criança (Estado de Coisas)
9 - Reza, Meu Bem
10 - Sonho e Realidade
11 - A Procura da Felicidade
12 - Samba do Eleitor / Morro
13 - Não sou de Implorar (Vinheta)
14 - Tempo de Amigo
15 - Caprichosos de Pilares

domingo, 17 de fevereiro de 2008

São Pixinguinha (Parte 1 de 4)

Grande incentivadora da música popular brasileira, a Rádio USP está levando ao ar uma série de quatro programas sobre um dos maiores nomes da música no Brasil, ao lado de Heitor Villa Lobos: Pixinguinha.

O programa Olhar Brasileiro vai ao ar comandado pelo especialista Omar Jubran e irá para seu último quarto no próximo domingo, às 10 horas. Para quem perdeu, acordou tarde ou quer ouvir mais uma vez, o Vermute com Amendoim irá disponibilizar toda a série, a começar pelo programa exibido no dia 3 de fevereiro.

O tema deste primeiro bloco são as composições sem parceria de São Pixinguinha, o arquivo poderá ser aberto no Windows Media Player ou no Real Player . Com Jubran contando curiosidades e tocando músicas raras, vale a pena conferir:

Bloco 1 (duração de 23 minutos)
Em WMP
Em Real Player

Bloco 2 (duração de 20 minutos)
Em WMP
Em Real Player

Bloco 3 (duração de 19 minutos)
Em WMP
Em Real Player

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

De Irving para Noel

Em meio a alguns casais, Jerry Travers conduz a dança com a bela Dale Tremont, como se estivesse flutuando pelo salão. Sua voz leve se encaixa perfeitamente com a música de lrving Berlin: “Heaven, I´m in heaven, and my heart beats so that I can hardly speak...”. O casal segue bailando até Travers alcançar a segunda parte da música e deixar para trás os outros convidados.

A cena continua em uma seqüência antológica, gravada no filme-musical “Top Hat”, de 1935. O casal, Fred Astaire e Ginger Rogers estrelava em sua quarta película e a coreografia de “Cheek to Cheek” entrou para a história, junto com a música.

No Brasil, o filme acabou sendo chamado de “O Picolino” e também foi sucesso de crítica e público. Nas mãos de Noel Rosa, a música “Cheek to Cheek” acabou se tornando “Vagolino de Cassino”, uma paródia com um pouco mais de humor do que a original e que lembra os tempos em que as casas de jogo eram permitidas no Brasil, antes do decreto do presidente Eurico Gaspar Dutra, em 1946.

Neste Fox Trot, que mistura elementos norte-americanos e brasileiros, Noel conta a história de Vagolino, um habitué de cassinos, mas que tem pouco dinheiro e nenhuma compostura, atrapalhando os clientes mais elegantes.

A música não chegou a ser gravada em disco e tampouco se sabe com exatidão o ano em que foi composta. O que se tem certeza é que foi na década de 30. A paródia foi ensinada ao jornalista João Máximo e ao músico e pesquisador Carlos Didier por Fernando Pereira.

A gravação a seguir foi extraída do programa “Noel Rosa: As Histórias e os Sons de uma Época”, levado ao ar em 20 de maio de 1992, pela Rádio Cultura AM, de São Paulo. A voz é de Carlos Didier:

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Fica também a seqüência de Mark Sandrich, que trabalhou dirigindo 74 filmes entre os anos de 1926 e 1946, alguns com esta histórica dupla de bailarinos e atores:



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terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Parabéns Martinho!

Com 70 anos de vida completados nesta terça-feira, sendo 54 deles de samba, Martinho José Ferreira, o popular Martinho da Vila, vai contra a aceleração do ritmo que aconteceu nos últimos anos e mantém o seu jeito sereno e tranqüilo de cantar assim como iniciou sua carreira.

Incentivado por Tolito da Mangueira, Martinho começou a compor aos 16 anos, para a escola Aprendizes da Boca do Mato. Além de compor, Martinho participava da bateria, tocando frigideira. Lá desfilou até 1965, chegando a atingir a presidência da Ala de Compositores.

Em 1967, participou do III Festival de Música Popular Brasileira, realizado pela Rede Record, e teve o samba Menina Moça defendido por Jamelão. A música foi apresentada no terceiro dia de eliminatória, em 14 de outubro, mas com a inovação de Gilberto Gil, a guitarra elétrica dos Mutantes e a ousadia de Chico Buarque, a menina acabou ficando de canto.

No dia 21 de outubro, foram declarados os vencedores. A primeira colocada foi Ponteio, de Edu Lobo e José Carlos Capinam, seguida de Domingo No Parque, de Gil e de Roda Viva, feita por Chico Buarque.

Outro grande samba foi apresentado nos palcos da Record. Mas "Isso não se faz”, composto por Pixinguinha e Hermínio Bello de Carvalho também não figurou nem entre as finalistas.

Martinho não desanimou e em 1968 participou do LP As escolas cantam seus sambas para 1968. Porém foi somente a partir do ano seguinte que Martinho resolveu deixar de lado a carreira de contador para se dedicar exclusivamente à carreira de cantor e compositor.

Nesse mesmo ano seria lançado o LP Martinho da Vila (1969), que até hoje o cantor e compositor considera uma de suas grandes obras ao longo da carreira, como contou em exclusividade ao Vermute com Amendoim:"O disco mais marcante foi o primeiro (1969), que foi o disco que abriu tudo né!"

Recheado de sucessos como O Pequeno Burguês, Casa de Bamba, Iaiá do Cais Dourado, Quem é do Mar Não Enjoa e Pra Que Dinheiro, essa obra abriu as portas para Martinho e aflorou de vez o artista que existia dentro dele. E ao contrário do ritmo devagarinho, de 1969 até hoje Martinho só tirou folga em 1996, ano em que não lançou nenhum novo material.

Entretanto, mesmo com os 54 anos no ritmo do samba Martinho afirmou ao Vermute que nenhum disco alheio marcou a sua vida: "Disco que marcou eu não tenho, às vezes tem uns colegas que têm um disco que influenciou a vida do cara, fez ele repensar coisas, mas eu sinceramente não tenho isso."

Ele ainda foi responsável por popularizar o partido-alto, que até então estava preso aos terreiros. Compôs diversos sambas-enredo para a Vila Isabel, foi o criador do histórico enredo Kizomba - a festa da raça e ainda se arriscou como escritor, com sete livros publicados.

Ouça aqui o samba Menina Moça, no tradicional ritmo do setentão:


Fonte da Imagem: Martinho da Vila - Site Oficial

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Muito antes de topar tudo por dinheiro...

Sua inconfundível voz pode causar alguma dúvida quando entoando um bolero ou um samba-canção. Porém, ao ouvi-lo entoando uma de suas famosas marchinhas é impossível não reconhecer todo seu carisma. Aliás, o protagonista em 14 compactos e três LP´s, Silvio Santos pode ser considerado um dos grandes incentivadores da marchinha no Brasil.

Isso porque, nos anos 90, mesmo depois do auge do gênero, entre 1930 e 1950, o empresário das comunicações usou nada mais do que o SBT, o segundo maior canal de televisão do país, para difundir o tipo musical na sua própria voz.

Entretanto, seu flerte com a marchinha vem de muito antes. O primeiro compacto foi lançado em 1968, pela gravadora Copacabana. No Lado A, a romântica marcha “Me dê a mão”, No Lado B a bem-humorada "Marcha do Barrigudinho", ambas compostas por Manoel Ferreira e Gentil Junior.

Depois disso, em 1969, mais um compacto com duas marchas: No Lado A, Silvio cantava “Tetéo” pedindo ao bom moço que emprestasse a sua namorada. No Labo B, vinha “Marcha do Cachorro (A Vez do Osso)” em que tinha chegado a vez do osso morder o cachorro. Mais uma vez a dupla Manoel Ferreira e Gentil Junior estava à frente das composições.

Mas os grandes sucessos do carnaval de Silvio Santos foram compostos por outra dupla: o casal Manoel Ferreira e Ruth Amaral. O apresentador os conheceu em 1962, quando tinha um programa de domingo na Tv Paulista. De lá para cá foram 16 anos gravando e dez primeiros lugares em concursos de marchinhas.

O primeiro sucesso da dupla que Silvio deixou marcado na história foi “Transplante Corinthiano”, lançada em 1968. A faixa lembra a má-fase do Corinthians dos anos 1960-70, e o primeiro transplante de coração feito pelo Dr. Zerbini no Hospital das Clínicas, em São Paulo.




Ferreira e Amaral compuseram mais diversos sucessos. Em 1970, veio “A Bruxa Vem Aí”, lançada pela Odeon. A faixa estava no Lado B, mas até hoje é cantada nos carnavais de rua.

Até 78, Silvio gravou sempre os dois lados do disco com Manoel Ferreira e Ruth Amaral. Depois disso, talvez em um de seus acessos de mudança repentina, resolveu trocar os compositores. Por cinco anos não conseguiu emplacar nada.

Mas em 1987, surgiu um dos maiores sucessos de Silvio Santos na marchinha: “A Pipa do Vovô”. Ela conta como surgiu a inspiração, no jornal Notícias Populares de 28 de fevereiro de 1987. Ruth Amaral estava assistindo o noticiário, quando viu uma matéria sobre um campeonato de pipas. “Havia um garotinho empinando uma delas e a seu lado um velhinho olhando”.

A princípio ela teve vergonha de mostrar sua idéia para o marido: “Eu sabia que era no duplo sentido mesmo. Mas ele achou ótima, fizemos letra e música e mandamos a fita para o Silvio. Em pouco tempo o apresentador colocou voz e passou a tocar nos seus programas de domingo. Pegou no Brasil inteiro e hoje todo mundo está cantando”.


Fonte da imagem - Página do Silvio Santos

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Paulo da Portela por Walt Disney

Estados Unidos, 1941. Na terra do jazz e do blues nasce um típico brasileiro. Zé Carioca foi concebido em uma época em que reinava uma política de boa vizinhanca entre Brasil e Estados Unidos. Com a Segunda Guerra Mundial em curso, manter relações diplomáticas com o maior país da América do Sul, evitando que Getúlio Vargas se aliasse ao nazismo, parecia importantíssimo.

Walt Disney foi muito bem orientado pelo governo norte-americano e resolveu conhecer o Brasil. Ao chegar aqui, caiu no samba de Oswaldo Cruz. Recebido pelo elegantíssimo Paulo da Portela. Já estava acostumado a ciceronear visitantes ilustres, Paulo mostrou a Disney e a seu desenhista a legítima batucada brasileira da Portela.

O resultado foi o personagem brasilianíssimo e muito bem vestido conhecido como Joe Carioca, ou José Carioca. Mas o primeiro Zé era muito diferente do que se vê hoje nos gibis. Para os acostumados com o preguiçoso e malandro dos gibis mais recentes, esqueça essa imagem.

O que você verá no vídeo a seguir é um Zé Carioca cortês, educado e elegante. Tal qual era Paulo da Portela. A animação é marcada pelo encontro do sotaque inglês "apatado" de Mister Donald Duck e pelo cordialismo de José Carioca.

Disney fez questão de rechear a animação com os elementos brasileiros e, principalmente, cariocas. Desde os mais evidentes como os nomes dos bairros que enchem os ouvidos de Donald e a cachaça, até a calçada do Rio de Janeiro, que imita as ondas do mar. Vale a pena assistir.

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