quinta-feira, 29 de outubro de 2009

De como o Bip-Bip entrou na rota do samba

Em 2004, foi lançado o curta metragem "Samba em Copacabana", de Sérgio Santeiro. O filme é sobre o surgimento da roda de samba no bar Bip-Bip. Com depoimentos de Cristina Buarque, Walter Alfaiate, Elton Medeiros, Teresa Cristina e Alfredinho. Participam também, no acompanhamento, os músicos: Afonso Machado, Paulão 7 Cordas, Jayme Vignolli e Esguleba. Confira:

Parte 1


Parte 2

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Samba sobre nada

Elton Medeiros nasceu em 1930, no Rio de Janeiro. A cidade fervia musicalmente e aos oito anos o menino já vivia batucando pelos cantos. Até que um dia, seu irmão Achilles chegou para Elton e disse. – “Você fica aí batucando, porque não faz um samba?”.

Ele resolveu arriscar. O resultado foi uma colcha de retalhos, um monte de frases reunidas sob uma interessante linha harmoniosa. O sambinha era mais ou menos assim:
O Brasil vai ser campeão,
Se minha nega não me abandonar
Agora eu vou à praia pra nadar,
Se ela aparecer eu vou pro futebol.
Eu tenho esperança que ela vai voltar

Achilles não aprovou o produto final. “Elton, você é burro! Não sabe que um samba tem que contar uma historinha? Inventa, conta história e vai contando...”, disse. Mesmo assim, Achilles não deu tempo para o irmão se redimir e burilou a letra, aproveitando a melodia.

Anos depois, na metade da década de 1960, Elton Medeiros gravou um samba que não fala de nada. É isso mesmo. Um samba sem assunto nenhum, que ficou com o nome de "Samba Original". A música que está no disco "Samba na Madrugada", pode ser ouvida abaixo:

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

100 Maiores Músicas Brasileiras (Rolling Stone)

Fazer lista é deixar de lado as tantas outras que não entraram. Nem mesmo uma lista de 100 grandes músicas brasileiras é capaz de agraciar todas. É claro que muitas ficaram de fora, algumas foram injustiçadas e outras estão realmente onde deveriam (ou dentro ou esquecidas para nunca mais).

Mesmo assim a Rolling Stone investe nessa onda de lista e assim como a Bravo já fez, agora lança a edição "100 Maiores Músicas Brasileiras". A matéria parece ser uma boa pedida para atrair os compradores justamente no mês em que a primeira edição da Billboard brasileira chega às bancas e com uma capa do Roberto Carlos. Sem mais delongas, vamos à lista organizada por Música - Intérprete (compositor):

1 - Contrução - Chico Buarque (Chico Buarque)
2 - Águas de março - Elis e Tom (Tom Jobim)
3 - Carinhoso - Pixinguinha (Pixinguinha e João de Barro)
4 - Asa Branca - Luiz Gonzaga (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)
5 - Mas que nada - Jorge Ben (Jorge Ben)
6 - Chega de saudade - João Gilberto (Tom e Vinícius)
7 - Panis et circensis - Os Mutantes (Gil e Caetano)
8 - Detalhes - Roberto Carlos (Roberto e Erasmo)
9 - Canto de Ossanha - Baden e Vinícius (Baden e Vinícius)
10 - Alegria, alegria - Caetano Veloso (Caetano Veloso)
11 - Domingo no parque - Gilberto Gil e Os Mutantes (Gilberto Gil)
12 - Aquarela do Brasil - Francisco Alves (Ary Barroso)
13 - As rosas não falam - Cartola (Cartola)
14 - Desafinado - João Gilberto (Tom Jobim e Newton Mendonça)
15 - Trem das onze - Demônios da Garoa (Adoniran Barbosa)
16 - Ouro de tolo - Raul Seixas (Raul Seixas e Paulo Coelho)
17 - O Mundo é um moinho - Cartola (Cartola)
18 - Sinal fechado - Chico Buarque (Paulinho da Viola)
19 - Quero que tudo vá pro inferno - Roberto Carlos (Roberto e Erasmo)
20 - Preta pretinha - Novos Baianos (Luiz Galvão e Moraes Moreira)
21 - Tropicália - Caetano Veloso (Caetano)
22 - Da Lama ao caos - Chico Science & Nação Zumbi (Chico Science)
23 - Inútil - Ultraje a Rigor (Roger Moreira)
24 - Eu sei que vou te amar - Vinícuis (Tom e Vinícius)
25 - País tropical - Wilson Simonal (Jorge Ben)
26 - Roda viva - Chico Buarque & MPB4 (Chico Buarque)
27 - Garota de Ipanema - Pery Ribeiro (Tom e Vinícius)
28 - Pra não dizer que não falei das flores - Geraldo Vandré (Vandré)
29 - Nanã (Coisa Nº5) - Moacir Santos (Moacir Santos e Mario Telles)
30 - Baby - Gal Costa (Caetano Veloso)
31 - Travessia - Milton Nascimento (Milton Nascimento e Fernando Brandt)
32 - Ovelha negra - Rita Lee (Rita Lee)
33 - Pérola negra - Luiz Melodia (Luiz Melodia)
34 - Brasil pandeiro - Novos Baianos (Assis Valente)
35 - Trem azul - Lô Borges (Lô Borges e Ronaldo Bastos)
36 - O bêbado e o equilibrista - Elis Regina (João Bosco e Aldir Blanc)
37 - Primavera - Tim Maia (Cassiano e Silvio Rochael)
38 - Eu quero é botar meu bloco na rua - Sérgio Sampaio (Sérgio Sampaio)
39 - Metamorfose ambulante - Raul Seixas (Raul Seixas e Paulo Coelho)
40 - Sanque latino - Secos e Molhados (João Ricardo e Paulinho Mendonça)
41 - Manhã de carnaval - Luiz Bonfá (Luiz Bonfá e Antônio Maria)
42 - Sampa - Caetano Veloso (Caetano)
43 - Como nossos pais - Elis Regina (Belchior)
44 - Azul da cor do mar - Tim Maia (Tim Maia)
45 - Carcará - Maria Bethânia (João do Vale e José Candido)
46 - Ponteio - Edu Lobo e Maria Medalha (Edu Lobo e Capinam)
47 - Me chama - Lobão e os Ronaldos (Lobão)
48 - Maracatu atômico - Chico Science & Nação Zumbi (Jorge Mautner e Nelson Jacobina)
49 - Os alquimistas estão chegando - Jorge Ben (Jorge Ben)
50 - Ando meio desligado - Os Mutantes (Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias)
51 - Disparada - Jair Rodrigues (Geraldo Vandré e Théo de Barros)
52 - Diário de um detento - Racionais MC´s (Jocenir e Mano Brown)
53 - Brasileirinho - Waldir Azevedo (Waldir Azevedo e Ruy Pereira Costa)
54 - Sabiá - Cynara e Cybele (Tom Jobim e Chico Buarque)
55 - Balada do louco - Os Mutantes (Arnaldo Baptista e Rita Lee)
56 - A lua e eu - Cassiano (Cassiano e Paulo Zdanowski)
57 - Conversa de botequim - Noel Rosa (Noel Rosa, Vadico e Francisco Alves)
58 - Apesar de você - Chico Buarque (Chico buarque)
59 - Minha Namorada - Carlos Lyra (Vinicius de Moraes e Carlos Lyra)
60 - Na rua, na chuva, na fazenda - Hyldon (Hyldon)
61 - Chão de estrelas - Silvio Caldas (Silvio Caldas e Orestes Barbosa)
62 - Luar do Sertão - Luiz Gonzaga (Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco)
63 - Alagados - Paralamas do Sucesso (Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone)
64 - As curvas da estrada de santos - Roberto Carlos (Roberto e Erasmo)
65 - BR-3 - Toni Tornado (Antonio Adolfo e Tibério Gaspar)
66 - Clube da esquina nº2 - Milton Nascimento (Milton, Lô Borges e Márcio Borges)
67 - A Banda - Nara Leão (Chico buarque)
68 - Comida - Titãs (Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Britto)
69 - Rosa de Hiroshima - Secos e Molhados (Gerson Conrad e Vinicius de Moraes)
70 - Ronda - Inezita Barroso (Paulo Vanzolini)
71 - Como uma onda (Zen Surfismo) - Lulu Santos (Lulu Santos e Nelson Motta)
72 - Gita - Raul Seixas (Raul seixas e Paulo Coelho)
73 - Wave - Tom Jobim (Tom Jobim)
74 - Sentado à beira do caminho - Erasmo Carlos (Roberto e Erasmo)
75 - Foi um rio que passou em minha vida - Paulinho da Viola (Paulinho da Viola)
76 - Samba de Verão - Marcos Valle (Marcos Valle e Paulo Cesar Valle)
77 - Insensatez - Tom Jobim (Tom e Vinícius)
78 - Cálice - Chico Buarque e Milton Nascimento (Gilberto Gil e Chico Buarque)
79 - Maria fumaça - Banda Black Rio (Oberdan Magalhães e Luiz Carlos Batera)
80 - Vapor barato - Gal Costa (Jards Macalé e Waly Salomão)
81 - Que País é este? - Legião Urbana (Renato Russo)
82 - Sossego - Tim Maia (Tim Maia)
83 - Ideologia - Cazuza (Cazuza e Roberto Frejat)
84 - Rosa - Orlando Silva (Pixinhuinha e Otávio de Souza)
85 - O Barquinho - Maysa (Ronaldo Bôscoli e Roberto Menescal)
86 - Nervos de aço - Paulinho da Viola (Lupicínio Rodrigues)
87 - Meu mundo e nada mais - Guilherme Arantes (Guilherme Arantes)
88 - Sá Marina - Wilson Simonal (Antonio Adolfo e Tibério Gaspar)
89 - A flor e o espinho - Nelson Cavaquinho (Nelson, Guilherme de Brito e Alcides Caminha)
90 - 2001 - Os Mutantes (Tom Zé e Os Mutantes)
91 - Felicidade - Caetano Veloso (Lupicínio Rodrigues)
92 - Tico-tico no fubá - Ademilde Fonseca (Zequinha de Abreu e Eurico Barreiros)
93 - Casa no campo - Elis Regina (Zé Rodrix e Tavito)
94 - O mar - Dorival Caymmi (Dorival Caymmi)
95 - Último Desejo - Aracy de Almeida (Noel Rosa)
96 - Disritmia - Martinho da Vila (Martinho da Vila)
97 - Você não soube me amar - Blitz (Evandro Mesquita, Ricardo Barreto, Guto e Zeca Mendigo)
98 - A noite de meu bem - Dolores Duran (Dolores Duran e Tom Jobim)
99 - Rua Augusta - Ronnie Cord (Hervé Cordovil)
100 - Anna Júlia - Los Hermanos (Marcelo Camelo)



Se quiser comparar com a lista da Bravo. Clique Aqui.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Clara e Clementina (versão Trapalhões)

Em 1978, Clementina de Jesus e Clara Nunes se encontraram na Rede Globo para gravar um clipe com os Trapalhões. Duvida? Basta dar play no vídeo:

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Lévi-Strauss: a memória de São Paulo

Na seção que focaliza fotógrafos, consagrados ou não, que usaram suas máquinas para deixar as manifestações sambísticas registradas, um antropólogo famosíssimo. Belga, nascido em 1908, Claude Lévi-Strauss chegou ao Brasil em 1935, aos 27 anos com o objetivo de dar aulas na USP, em São Paulo.


Mas ele não se ateve à capital paulista. Até 1939 foi responsável por organizar diversas missões etnográficas por estados como Mato Grosso e Amazonas. Apesar do seu imenso esforço em entender as diversas faces do Brasil, foram os cliques dados na Pauliceia que se tornaram um referencial em memória histórica.



O IMS detém 44 negativos originais produzidos entre 1935 e 1937, em que se pode ver uma cidade muito diferente do que aparece nos noticiários de hoje. Vacas ao lado de bondes, arranha-céus (como o edifício Martinelli) e um desfile de blocos de carnaval de 1937.


À época, o pessoal seguia um extenso circuito. "...Partia da região de Campos Elíseos, seguindo pelas avenidas Angélica, Paulista e Brigadeiro Luís Antônio, até a região central, quando percorria então a avenida São João até retornar ao ponto inicial. Os bairros da Barra Funda e Campos Elíseos foram berço de sociedades como o Grupo Carnavalesco Barra Funda, que originou a Camisa Verde e Branco, e o Grupo Carnavalesco Campos Elíseos", conta o site IMS que detém os direitos de imagem.

Todas estas fotos, que podem ser vistas aqui, foram publicadas apenas sessenta anos mais tarde, no livro "Saudades de São Paulo".

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

E os Cd´s vão para...

Depois de receber dezenas de frases, finalmente elegemos a vencedora. Gostaríamos de agradecer todos os participantes e dizer que foi realmente difícil escolher uma frase, devido a criatividade e a qualidade.

O autor ganhará de bandeja os primeiros quatro Cd´s da Coleção "Memória do Samba Paulista":

- Toniquinho Batuqueiro
- Tias Baianas Paulistas
- Velha Guarda Unidos do Peruche
- Embaixada do Samba Paulistano

E a frase vencedora foi....

"Aniversário de malandro é feito no botequim. Acompanhado de um bom samba, vermute e amendoim".

O autor da frase vencedora, Edinho, será notificado por e-mail.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

41 anos do Bar do Alemão

Noel Rosa na avenida

Ouvi ontem, no Botequim do Bruno, o samba da Vila Isabel, composto por Martinho da Vila para o carnaval de 2010. De cara, percebi que estava diante de algo diferente. Digo isso pois o samba é anos-luz a frente do que a muito tempo vem sendo feito. No entanto, também não sei se dá para compará-lo com os clássicos do gênero. A valorização da inovação a qualquer custo, fez com que enredos subjetivos ganhassem cada vez mais espaço entre as escolas. Tanto que ver uma escola de samba exaltando um sambista virou coisa rara. Taí o grande ponto positivo do enredo da Vila Isabel, que é levar o nome de Noel para aqueles que ainda não o conhecem.



Se um dia na orgia me chamassem
Com saudades perguntassem
Por onde anda Noel
Com toda minha fé responderia
Vaga na noite e no dia
Vive na terra e no céu
Seus sambas muito curti
Com a cabeça ao léu
Sua presença senti
No ar de Vila Isabel
Com o sedutor não bebi
Nem fui com ele a bordel
Mas sei que está presente
Com a gente neste laurel

Veio ao planeta com os auspícios de um cometa
Naquele ano da Revolta da Chibata
A sua vida foi de notas musicais
Seus lindos sambas animavam carnavais
Brincava em blocos com boêmios e mulatas
Subia morros sem preconceitos sociais

(Foi um grande!)

Foi um grande chororô
Quando o gênio descansou
Todo o samba lamentou Ô ô ô
Que enorme dissabor
Foi-se o nosso professor
A Lindaura soluçou
E a Dama do Cabaré não dançou
Fez a passagem pro espaço sideral
Mas está vivo neste nosso carnaval
Também presentes Cartola
Araci e os Tangarás
Lamartine, Ismael e outros mais
E a fantasia que se usa
Pra sambar com o menestrel

Tem a energia da nossa Vila Isabel
Tem a energia da nossa Vila Isabel

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Ainda dá tempo

Atenção! Última chamada para a promoção do Vermute que vai dar os quatro primeiros discos da coleção Memória do Samba Paulista. As frases serão aceitas até amanhã as 00h00. Se você ainda não mandou a sua frase, clique aqui e saiba como fazer.

Disco da semana: Pra tirar o chapéu - Eduardo Gudin & Notícias dum Brasil


Taí um disco que é bem a cara do Gudin. Músicas tranquilas, com boas letras e arranjos bem elaborados. Entre os inúmeros músicos que participam do disco, destaco os multi-instrumentistas Cabelinho e Osvaldinho da Cuíca. Integaravam, na época, o conjunto Notícias dum Brasil, os seguintes nomes: Edson Montenegro, Fabiana Cozza, Luciana Alves, Maria Martha e Marilise Rossatto. Os pontos altos do disco são, sem dúvida, as faixas "Velho sambista" e "Santo dia".

Músicas:
1. Violão gentil (Dino Galvão Bueno/ Eduardo Gudin)
2. Refaz (Eduardo Gudin)
3. Das flores (Eduardo Gudin)
4. Minha cara no espelho (Eduardo Gudin/ Celso Viáfora)
5. Não sou rei (Eduardo Gudin)
6. Quem chega atrasado (Eduardo Gudin)
7. Velho sambista (Eduardo Gudin)
8. Ainda mais (Gudin/ Paulinho da Viola)
9. Retrato (Gudin/ J. Petrolino)
10. Samba canção (Gudin)
11. Águas passadas (Gudin/ Roberto Riberti)
12. Conversar comigo (Guinga /Gudin)
13. Etérea (Guinga/ Gudin)
14. Santo dia (Gudin/ Paulo César Pinheiro)

Baixe esse disco no Música da Boa.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Viva o samba. Viva Gordurinha.

Gordurinha é grande expoente da música nordestina. No entanto, ele não se ateve a interpretar somente côcos e baiões. Ele também cantava e até compunha sambas. Exemplo disso é a música abaixo que diz: "Viva o samba".

Viva o samba (Gordurinha)


Não interessa saber se você veio lá dos esteites
Aceite. Não é meu parente
Eu sou do samba
E humildemente com meu samba vou viver
Não me importa
Se você fechar a porta para o meu samba
Não é por isso que o meu samba vai morrer
Viva o samba
Salve o samba
Tem gente aí sem ser de nada
Falando mal da batucada
Deixa essa gente falar

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Com vocês: Stefano Bollani!

Para os que não conhecem o pianista italiano Stefano Bollani, aí vai:


Depois de abalar as estruturas no Rio de Janeiro, um dos maiores expoentes do jazz na europa se apresenta nesta quinta-feira no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo. O show contará com participações especiais de Marcos Sacramento e Mônica Salmaso.

Os ingressos que custam 30 reais podem ser adquiridos na bilheteria do evento ou pelo site do Ticketmaster. Eu estarei lá!

Dia: 15 de Outubro de 2009
Horários: Quinta, 21h
Duração: 90 min (aproximadamente)
Ingressos: R$ 30,00 e R$ 15,00 (meia-entrada)
Gênero: Música Instrumental
Classificação Indicativa: Livre para todos os públicos
Mais informações: aqui

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Cuidado, Moreira!

Em 1973, o cineasta Ivan Cardoso resolveu gastar algumas horas do seu tempo para filmar um curta-metragem sobre Moreira da Silva e seu personagem mais famoso, Kig Morengueira.

Já com 70 anos, mas em plena forma Moreira topa e se apresenta na maior estica: terno de linho branco e chapéu panamá. O malandro do samba de breque interpreta seu personagem ainda mais malandro em cenários conhecidíssimos dos valentes das antigas, como o Morro de São Carlos, o Hipódromo da Gávea, o Cinema íris ou a gafieira Elite...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

As capas dos discos de samba


Além de um som melhor, um dos grandes baratos dos LP´s são as capas. Por conta de seu tamanho maior, os artistas tinham mais espaço na hora de criar. Não raro, as capas acabam se tornando até mais famosas que os próprios discos, confirmando o caráter artístico da mesma.

Por conta de um projeto de graduação, Raoni Felix e Tamara Emy fizeram um livro sobre as capas de discos de samba, principalmente das décadas de 1950, 1960, 1970 e 1980. O livro tem como proposta a análise das capas no decorrer destas décadas. Como o projeto ainda não tem uma versão impressa, a dupla resolveu disponibilizar o trabalho para consulta na internet. Vale muito a pena!

Para acessá-lo clique aqui.

Disco da semana: Tantinho canta Padeirinho da Mangueira - Tantinho


Há tempos não figurava aqui nesta seção, um disco que está vendendo por aí, na praça. Pois bem, neste feriado escutei o CD “Tantinho canta Padeirinho da Mangueira”, e logo vi que se tratava de um grande registro.

Dono de um cantar sóbrio e preciso, nem seria preciso dizer nada sobre o repertório do disco de Tantinho. Ainda mais porque Padeirinho figura na mais alta linhagem do samba da Mangueira. Mesmo assim, vale alguns pitacos: com arranjos “tranqüilos”, o disco passeia por sambas um mais conhecidos, como: “A situação do Escurinho”, “Terreiro de Itacuruçá”, “Favela” e “Linguagem do morro” e também por alguns que poucos conhecem, no entanto, não menos inspirados. Participa, como intérprete em duas faixas, o filho mais velho de Padeirinho, Mestre Birinha, que não fica atrás de Tantinho. Sem dúvida, um dos pontos altos do disco.

Distância (Padeirinho) - Canta Mestre Birinha


O grande presidente (Padeirinho) - Canta Tantinho


Músicas:
01- Modificado (Padeirinho)
02- Rua das casas (Padeirinho)
03- Esta saudade (Padeirinho / Jorginho Peçanha)
04- Cuidado mulher (Padeirinho)
05- Se manda mané (Padeirinho)
06- A situação do escurinho (Padeirinho / Aldacyr Louro)
07- Logo a mim (Padeirinho)
08- O remrorso me persegue (Padeirinho)
09- Tereiro em Itacuruçá (Padeirinho / Moacyr)
10- Favela (Padeirinho / Jorginho Peçanha)
11- Distância (Padeirinho)
12- Linguagem do morro (Padeirinho / Ferreira dos Santos)
13- A mais querida (Padeirinho)
14- O Grande presidente (Padeirinho)

Compre este disco aqui.

Baixe esse disco no Download é Comunismo.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A incrível coincidência entre Paulinho e Zeca

Até hoje eu não tinha me dado conta desta imensa coincidência. Duas músicas que se parecem demais no tema e na forma em que são cantadas. "Timoneiro", feita por Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho e "Deixa a vida me levar", composta por Serginho Meriti e Eri do Cais.



O primeiro ponto de encontro entre as duas é o tema. Ambas falam sobre os caminhos que a vida vai oferecendo, o destino difícil de ser contestado. Na de Paulinho, o mar simboliza a vida que o carrega para lá e para cá: "Meu velho um dia falou/Com seu jeito de avisar:/Olha, o mar não tem cabelos/Que a gente possa agarrar". Muito menos sutil, a música eternizada por Zeca, o refrão já diz tudo: "Deixa a vida me levar"

Em seguida, o eu-lírico que nos dois sambas não tem dinheiro o suficiente para mudar o rumo que a vida está impondo. Mais uma vez, Paulinho e Hermínio esbanjam sutileza fazer uma comparação com um pescador: "A rede do meu destino/Parece a de um pescador;Quando retorna vazia/Vem carregada de dor". Zeca deixa bem claro de que classe social está falando: "Confesso que sou/De origem pobre/Mas meu coração é nobre/Foi assim que Deus me fez".

Outro fator comum às duas é a presença de Deus. Enquanto Zeca canta "E sou feliz e agradeço/Por tudo que Deus me deu...", Paulinho solta: "Timoneiro nunca fui/Que eu não sou de velejar/O leme da minha vida/Deus é quem faz governar".

O penúltimo ponto de tangência entre as duas, pelo menos que entre os que eu notei, está na moral da história. Apesar dos problemas, ambos são felizes como são. Paulinho canta que "A onda que me carrega/Ela mesma é quem me traz", ou seja, os problemas vão e voltam. Ao passo que Zeca diz: "Se não tenho tudo que preciso/Com o que tenho, vivo/De mansinho lá vou eu".

Por fim, o mais impressionante: o refrão. Note que nas duas as frases são repetidas na ordem direta e inversa.


"Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar"


"Deixa a vida me levar
Vida leva eu"


Falatório à parte, ouça (e alto) estes dois bons sambas, que curiosamente também estão no formato Acústico MTV.






quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Parcerias brasileiras de Mercedes Sosa

Três dias depois de seu falecimento, vale ainda fazer uma homenagem em forma de post à grande cantora e mulher que ficou conhecida como ‘La Negra’, devido a cor escura dos cabelos.

Não somente porque Mercedes Sosa foi dona de uma das vozes mais representativas do cancioneiro popular argentino e da América Latina e gravou mais de 40 álbuns, mas vale lembrar de suas parcerias com importantes músicos brasileiros como Caetano, Chico, Milton e Beth Carvalho.

No dueto com Beth Carvalho, foi a sambista quem mais se adaptou ao universo da cantora argentina. Elas não repicaram, mas uniram suas vozes cantando juntas ‘Solo le pido a Dios’, no Rio de Janeiro em 1986. A faixa, típica música latino americana de protesto, entrou para o disco ‘Beth’, do mesmo ano.

O auge da popularidade de Mercedes Sosa no Brasil foi na década de 70. A cantora defendeu através de sua música, a liberdade e ampliação de direitos humanos em período de forte opressão militar no cenário latino americano.

Em 1980, a cantora gravou o álbum ‘Ao Vivo no Brasil’ e em 1982 teve um outro disco montado só para o mercado brasileiro, ‘Gente Humilde’, puxado pela faixa-título de Chico Buarque, Vinicius de Moraes e Garoto.

A última parceria brasileira de Mercedes Sosa foi em 2007, com Maria Rita. Além de ‘Insensatez’ de Tom e Vinícius de Moraes, as duas cantaram canções de Milton Nascimento, como ‘Coração de Estudante’ e ‘Encontros e Despedidas’.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Somos todos filhos da terra

Conheçam Adão Xalebaradã, um homem com mais de 500 composições. Quase sempre é um batuque simples com uma letra complexa e crítica. Em 1998, os cineastas Walter Moreira Salles e Daniela Thomas subiram o morro do Cantagalo onde residia Adão e filmaram o curta "Somos todos filhos da terra". O filme foi premiado no Festival de Cinema de Tiradentes(MG) daquele ano.



Em 2003, Adão lançou o cd "Escolástica" pelo Selo Ambulante. Xalebaradã também foi o responsável pela troca do nome de "Dadinho" por "Zé Pequeno". Explico: é que em 2002 o cineasta Fernando Meirelles o convidou para atuar com Pai-de-Santo no filme "Cidade de Deus".

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O apito de Pato N´água

Wálter Gomes de Oliveira, era esse o nome de Pato N´água, um mestre de bateria como poucos. Aliás, mestre não, Pato N´Água era apitador como se dizia antigamente. Comandando o cordão do Vai-Vai, o batuque saía perfeito, sem nenhum probleminha na afinação ou ritmo. "Ele passou pelo Bixiga, pela Vila Santa Isabel que hoje é a Escola de Samba Acadêmicos do Tatuapé, Peruche, Camisa Verde...", conta Geraldo Filme no seu Ensaio à TV Cultura.

Geraldo Filme, um dos compositores deste lindo samba

O cara era mesmo uma fera. Bom de dar pernada na tiririca, Pato era um malandro completo. Um negrão alto, forte e valente. E como bom bamba que era, Geraldo Filme conta que Pato era cheio de "comadrinhas" por aí. E foi num dia que o homem foi visitar suas moçoilas que o bicho pegou. Pato alugou um táxi e começou a rodar a cidade. Visitou uma aqui, tomou um café acolá, bateu um papo noutra esquina. Enfim, ficou o dia todo com o mesmo motorista que acabou desconfiando e avisando a polícia. Como já naquela época o pessoal atira primeiro pra depois perguntar, Pato acabou dançando. Em uma manhã de 1969 foi encontrado morto em uma lagoa de Suzano.

"O laudo dava infarte. Mas de susto não morreu porque era bravo. Afogado também não porque era Pato N´Àgua porque nadava bem demais", lembra Geraldo Filme, "Aí o motorista do carro funerário disse pra mim, o Carlão do Peruche: 'Dá uma olhada na japona dele que ela tá com uns furos meio estranhos' Aí quando o Carlão pegou a japona, o dedo dele já entrou no buraco. Aí fomos tirar a roupa dele pra ver, mas não tinha marca de furo. Aí fomos tirar a roupa dele pra ver e não tinha marca de furo. Aí explicaram pra gente que se foi baioneta ou punhal, na água fecha".

Pra contar o final da história, Plínio Marcos, em um texto que saiu no dia 13 de fevereiro de 1977 na Folha de S. Paulo: "O que se sabe é que a notícia chegou no Bexiga à tardinha, na hora da Ave-Maria, e logo correu pelos estreitos, escamosos e esquisitos caminhos do roçado do bom Deus. E por todas as quebradas do mundaréu, desde onde o vento encosta o lixo e as pragas botam os ovos, o povão chorou a morte do sambista Pato Nágua. E o Geraldão da Barra Funda, legítimo poeta do povo, chorou por todos num bonito samba chamado Silêncio no Bexiga".

Silêncio no Bixiga

Silêncio
O sambista está dormindo
Ele foi mas foi sorrindo
A notícia chegou quando anoiteceu
Escolas
Eu peço silêncio de um minuto
O Bixiga está de luto
O apito de Pato N'água emudeceu

Partiu
Não tem placa de bronze
Não fica na história
Sambista de rua morre sem glória
Depois de tanta alegria que ele nos deu
Assim
Um fato repete de novo
Sambista de rua, artista do povo
E é mais um que foi sem dizer adeus

Silêncio...

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Domingo tem Samba de Terreiro de Mauá


Passando só para avisar que domingo samba do bom lá no Bar do Buiú, em Mauá.
Horário: à partir das 15:00
Endereço: Rua San Juan, 121 - Pq das Américas - Mauá, próximo à Estação do Guapituba
Entrada Franca!!!!

Cidade mulher

Em homenagem à escolha do Rio de Janeiro como cidade-sede das olimpíadas de 2016 aqui vai um grande samba de Paulo da Portela


Cidade mulher (Paulo da Portela)



Cidade, quem te fala é um sambista,
Anteprojeto de artista,
Teu grande admirador

Me confesso boquiaberto,
De manhã, quando desperto
Com tamanho esplendor

Quando nosso infinito
Se apresenta tão bonito
Trajando azul anil

Baila o sol lá nas alturas
Dando maior formosura
À mais linda dama do Brasil

Como é linda suas matas,
Seus riachos e cascatas,
Deslumbrar-me é natural

Diante de tal beleza
Que lhe deu a natureza
Se há outra, não vi igual

Quando a tarde é cor de rosa
Ainda é mais formosa
Tem cenários sedutores

Te admiram os estrangeiros
Se orgulham os brasileiros
Seu poetas sonhadores

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Sacramento, o coração na cabeça

Aí moçada. Diretamente do Rio de Janeiro, nosso colaborador ítalo-carioca Alberto Riva bate um papo exclusivo com Marcos Sacramento, uma das ótimas revelações dos últimos tempos.

Viajante entre o presente e a tradição da música popular brasileira, o carioca de Niterói Marcos Sacramento, de 49 anos e com sobrenome Rimoli (verdadeiramente italiano, de Gênova), é guiado pelas emoções. Desde o seu primeiro trabalho solo, "A modernidade da tradição" (1994), relançado recentemente pela Biscoito Fino, gravadora com a qual o cantor e compositor lançou todos os seus últimos trabalhos, Sacramento coleciona um repertorio vastíssimo. E variado, como mostrou no último cd "Na Cabeça", que Sacramento vai lançar no Sesc/Campinas (7/10), depois na Vila Mariana (Sesc, 8/10) e no Sesi Rio Claro (30/10) em um show espetacular acompanhado pelos violões de Luiz Flavio Alcofra, Zé Paulo Becker e Rogério Caetano, e com Netinho Albuquerque ao pandeiro. No dia 13/10, Sacramento toca com o pianista de jazz Stefano Bollani, no Sesc Ginástico.

Nessa conversa informal com o Vermute, o cantor se diz devoto de Noel Rosa, Elis Regina e Orlando Silva e também revela ter um disco de valsas pronto pra ser lançado.



"Na Cabeça" fecha a trilogia inaugurada com "Memorável Samba" e depois com "Sacramentos"?
De certa forma sim, embora não tenha pensado nunca em termos de trilogia. Mas acho que encerra um ciclo.

O repertório é variado, como já foi "Sacramentos", só que desta vez é mais "autoral". Está sentindo mais a exigência de ser mais pessoal, de falar mais de si?
Gosto mais de ser cantor/intérprete do que de ser compositor. Às vezes até acho que tenho mais a dizer interpretando músicas alheias do que as minhas próprias, mas também tenho necessidade de compor. Então é natural que, de tempos em tempos essa necessidade fique mais aguçada. Isso está acontecendo agora, digo, nessa fase da minha vida, mas nada é definitivo. Pode ser que faça um próximo trabalho com a força do intérprete, pode ser que venha forte o compositor. Tenho sido muito cobrado para lançar em disco o show que fiz na Sala Cecília Meireles cantando as valsas, o “Valserestas”. Esse show foi gravado e está lindo. Um trabalho de intérprete forte pra caramba.

Como intérprete de samba, com quem sente mais afinidade e por que: Noel Rosa, Assis Valente, Geraldo Pereira ou Ari Barroso?
Você pegou pesado né? Todos esses são campeões. Tenho estado muito devotado a Noel. Gravei em todos os discos. Então...

Marcos, brincando um pouco, você é a reencarnação de Carmen, Dalva ou Elis?
(Risos) Você me perguntasse quem eu gostaria de ser, eu diria Elis!!!!!! Ou, Orlando Silva!

Você gosta mais de ouvir o samba pelos intérpretes (penso em Aracy, por exemplo) ou pelos compositores (tipo: Nelson Cavaquinho)?
Isso é relativo. Nelson Cavaquinho é um ótimo intérprete de suas próprias músicas, mas os intérpretes pra valer fazem a diferença. Quando você ouve um verdadeiro intérprete você percebe coisas da obra que às vezes o próprio autor pode não ter percebido. Digo isso porque já aconteceu comigo como compositor e como intérprete.

Qual é o melhor deles, pra você, cantando os próprios sambas? Quem te da mais emoção?
Cartola tinha uma sensibilidade comovente quando cantava.

Tem um compositor brasileiro que na sua opiniao deveria ser mais cantado, lembrado, conhecido pelo público?
Um monte! Custódio Mesquita, Herivelto Martins, Fátima Guedes, Ataulfo Alves e todos os bons compositores contemporâneos que estão por aí. Luís Capucho, Antonio Saraiva, Sérgio Natureza, Carlos Fuchs, Paulo Padilha, Paulo Baiano...

E você, Marcos, quando vai mostrar ao público o seu lado "voz e violao"? Ou, no mínimo, seu lado mais compositor?
Não sei. Não há previsão. Trabalho com a emoção que estou sentindo, não faço assim, um planejamento racional. Vou muito pela intuição.

Talvez no quarto capitulo da trilogia (desculpe o paradoxo)?
Quem sabe?


Se você quiser saber mais de Marcos Sacramento, visite o site.
Se quiser falar com o Alberto, basta escrever para: alberto.reporter@gmail.com
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