segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Férias do VCA

Como eu e o Murilo somos nossos próprios patrões, fizemos o que todos os empregados gostariam que seus chefes fizeram: nos demos férias até o ano que vem. É isso aí, depois de um ano de muito samba de qualidade, o Vermute com Amendoim encerra suas atividades em 2010 para se preparar para mais alto astral sambístisco no próximo ano.

Enquanto isso, daremos um toque às marcas relacionadas ao mundo do samba que até hoje não se ligaram na importância do público de alta erudição que visita Vermute com Amendoim. Eis nossa dica:

ANUNCIE AQUI EM 2011

Até breve, rapaziada!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Tudo sobre Laurindo

Uma vez na prodígia lista de emails do grupo do Samba-Choro, a discussão foi quantos sambas existem citando o personagem Laurindo. Até que a pesquisadora Daniella Thompson resolveu definitivamente a questão:

Laurindo apareceu pela primeira vez em "Triste Cuíca" (Noel Rosa/Hervê Cordovil), gravado por Aracy de Almeida em 1935.

Herivelto Martins aproveitou o personagem em 1942, criando o samba "Laurindo" para o carnaval de 1943. O disco foi gravado pelo Trio de Ouro.

Depois surgiram "Lá Vem Mangueira" (Haroldo Lobo/Jorge de Castro/Wilson Batista), gravado por Déo em 1943;

"Quem Vem Descendo" (Herivelto Martins/Principe Pretinho), gravado por Trio de Ouro em 1943;

"Cabo Laurindo" (Haroldo Lobo/Wilson Batista), que Jorge Veiga gravou em 1945;

"Comício em Mangueira" (Wilson Batista/Germano Augusto), gravado por Carlos Galhardo em 1945;

"Conversa, Laurindo!" (Zé da Zilda/Ary Monteiro), gravado por Zé da Zilda em 1945;

"Às Três da Manhã" (Herivelto Martins), gravado por Aracy de Almeida em 1946.

Tem até um samba chamado "Laurinda" (Ary Monteiro/Arnaldo Passos/Newton Teixeira), gravado por Carlos Galhardo em 1944."

Reuni todas, exceto a "Conversa, Laurindo", que não encontrei, nesta pasta. Assim que encontrar o arquivo, adiciono. Logo menos também aparecerá uma capinha para a Seleção Vermute do dia.

UPDATE
"Desperta, Dodô" foi incluída aqui graças ao comentário de Pedro Nathan. O samba é de 1945, de Heitor dos Prazeres e Herivelto Martins, e foi gravado originalmente pelo Trio de Ouro.
Desperta, Dodô


UPDATE 2
Recebi um e-mail do leitor João Almeida, me alertando de mais um samba que tem o personagem Laurindo. Trata-se de "Sem Cuíca não há samba", composto por Geraldo Augusto e João Antonio Peixoto e interpretado por Isaurinha Garcia em 1942.


Sem Cuíca não há Samba



Alguém mais sabe algum samba em que o Laurindo apareça?

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Talentos para baixar

Olha aí pessoal, a dica de hoje é o site da TV Câmara. É que dentre os diversos programas que a TV produz, tem um que se chama Talentos. A ideia é bem parecida com o do programa Ensaio, mesclando apresentações musicais com entrevista. Paulo César Pinheiro, Dori Caymmi, Fabiana Cozza, Hamilton de Holanda e Pixinguinha são alguns dos nomes que já foram contemplados. O legal é que além de assistir, é possível baixar os programas sem muita frescura. Divirtam-se.



terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Tom e Jerry em: "Mamãe eu quero"

Ok, o sucesso de Carmem Miranda nos Estados Unidos foi imenso. Mas o que signigica isso? A famosa marchinha "Mamãe eu quero", gravada pela primeira vez em 1937, em um episódio do Tom e Jerry de 1943? Simplesmente genial.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Adoniran.com.br

Este ano também foi o ano do centenário de Adoniran Barbosa. Por causa disso foi criado um belo site, totalmente dedicado ao mais famoso dos sambistas de São Paulo. O endereço é adoniran.uol.com.br . É bem verdade que o site caiu no esquecimento e, pelo que parece, já não tem atualização. Mas vale pela linha do tempo e pelas fotos que contém.

Disco da semana: Elton Medeiros - Mais Feliz

Um dos melhores discos de Elton, jamais rendeu grana para ele. "Mais Feliz", gravado em 1995 e lançado em 1996, foi feito com pouca grana e saiu pela Leblon Records. Afonso Machado, idealizador, produtor do disco e integrante do grupo Galo Preto, revelou a mim e a Mariana Romão o que aconteceu: "Foi um negócio independente, os músicos foram por amizade ao Elton e foram sorrindo. Só que o dono era o maior um-sete-um. O Elton não recebeu um tostão pelo disco".

Naquele ano de lançamento, Elton, insatisfeito com o golpe, foi a São Paulo e chegou a declarar para o jornal O Estado de S. Paulo que não tinha ânimo para trabalhar o disco, mas que tinha vindo à cidade por respeito ao público cativo que mantinha ali.

Entre as 15 faixas, quatro não são parcerias. “Um tema para Tom” e “Improviso brasileiro” são instrumentais, uma novidade nos discos de Elton. Mas os mais bonitos sambas são aqueles cantados por um intérprete que resolveu se assumir. Elton interpreta lindamente canções como "Coração Deserto", dele e de Regina Werneck.

Coração Deserto


Baixe este disco aqui.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

100 anos de Noel

Amanhã é o dia em que Noel Rosa completaria 100 anos. Como homenagem, posto um vídeo com algumas músicas e depoimentos sobre o poeta da Vila Isabel. O curta foi produzido pela BossaFilmes, e selecionado para o 6° Prêmio BRAVO! Bradesco Prime de Cultura. Aprecie.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Hermeto no dentista

Quem é que disse que pra fazer samba é preciso pandeiro, tamborim, cavaquinho e violão? O genial Hermeto Pascoal nos prova que até na cadeira do dentista é possível fazer um sambinha. Ele usou nada menos do que um sugador para tocar "Trem das Onze" e tão famoso quanto temido motorzinho para fazer uma versão de "Cidade Maravilhosa". É ou não é fera?

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Disco da semana: Heitor dos Prazeres e sua gente (1957)

Heitor dos Prazeres é um dos mentores deste blog. É dele, junto com Noel Rosa, a marcha que deu origem a este humilde projeto em prol da música popular brasileira que vale a pena.


"Pierrô Apaixonado" foi gravado pela primeira vez em 1936, por Joel e Gaúcho. Mas esta, feita em 1957, é a primeira gravação de um dos autores.

Pierrô Apaixonado


O disco também tem outros clássicos de Heitor dos Prazeres, como "Nada de Rock Rock", uma crítica bem-humorada ao som que, naquela época, já invadia nossas rádios, e "Mulher de Malandro", uma das típicas músicas machistas dos anos 30.

Mulher de Malandro


Baixe este disco no Prato e Faca

Oscar Niemeyer é sambista!

Tornar-se compositor aos 103 anos não é para qualquer um. Tem que ser mesmo o genial Oscar Niemeyer, que em parceria com outra fera, Edu Krieger, compôs o samba "Tranquilo com a Vida", que acaba de ser lançado.


Iniciado em 2009, ficou na gaveta por meses até que Edu Krieger foi convidado para arrematar a música, que já tinha uma melodia inciada pelo enfermeiro de Niemeyer, Caio Almeida. Krieger não teve como negar: “Aceitei na hora o convite e tratei de arrematá-la: coloquei a letra na métrica, criei uma segunda parte para a melodia e harmonizei. Entrei em estúdio, gravei o samba e mandei para a família Niemeyer. Todos adoraram o resultado, principalmente o grande Oscar, que me convidou para ir a seu escritório conhecê-lo.”

O samba será tocado ao vivo pela primeira vez no dia 20 de dezembro, em um show no Teatro Rival, no Rio de Janeiro. Mas por enquanto dá pra ouvir o resultado neste vídeo:

Tranquilo com a vida

Projeto Resgate em Florianópolis




Caso chova, somente não haverá samba na Travessa Ratclif, por ser um local aberto. O Praça e o Vigia estão confirmados!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Vermute recomenda: Capoeira de Besouro - Paulo César Pinheiro

Mais uma vez, Paulo César Pinheiro mostra porque ele é um dos compositores mais importantes da música brasileira. O disco Capoeira de Besouro é uma verdadeira aula. Não só pelas letras incontestáveis de Paulo, mas também porque cada faixa corresponde a um tipo de toque da capoeira. Além disso, como o próprio nome sugere, é inteiramente dedicado ao lendário capoeirista Besouro. Ele reúne as músicas que foram feitas originalmente para a peça Besouro Cordão-de-Ouro. Além da famosa Lapinha, feita para a Bienal do Samba de 1968. As palavras a seguir são do Diário de Pernambuco:

´O disco é muito simples. É um violão fazendo a harmonia e o resto é ritmo. São atabaques, berimbaus`, explica Paulo César. O mestre Camisa, um dos mais importantes capoeiristas do país, participa do álbum tocando berimbau gunga e ainda descreve cada toque no encarte do CD. ´O berimbau é o instrumento que rege e comanda a roda de capoeira. Através de seus diferentes toques, pode-se interpretar o tipo de jogo ou o comportamento mais adequado para cada momento. Existem os toques que sugerem a forma como o capoeirista deve jogar, como Angola, Benguela, São Bento Grande, Iúna. Há também os toques que indicam uma determinada situação, como Cavalaria que, no tempo da repressão, avisava quando a polícia estava se aproximando`, conta Camisa.

Uma da grandes responsáveis pelo disco foi Maria Bethânia, que conheceu as músicas num DVD amador da peça, provavelmente os mesmos vídeos que tem no youtube. Sobre as músicas, ela explicou ao Diário de Natal:

"O que eu tinha em mãos era algo muito representativo do Brasil caboclo, pelo qual sou apaixonada. Sou uma cantora popular que gosta de moda de viola, de samba de roda. Paulinho, dono de poética sofisticada, escreveu essa obra sobre a capoeira, que é de uma riqueza absoluta", elogia. A cantora diz que foi uma honra poder lançar o disco pelo seu selo, o Quitanda.

Toque de Benguela


Toque de Iúna

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Samba sobre tela

Achei no site do artista Petrus Beekhuizen algumas telas que retratam, de alguma forma, o cotidiano do brasileiro. Todas elas são pintadas em óleo sobre tela.

"ENSAIO DE SAMBA NO MORRO" (Bateria de Escola de Samba)


"CAPOEIRA"


"SAMBISTAS " CARNAVAL Nº9


"BUMBA MEU BOI"




sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Dia do samba em Mauá

O dia do samba já passou, mas as comemorações continuam ocorrendo. A que eu quero destacar é a do pessoal de Mauá, que ocorrerá neste domingo. Se liga:

Concentração a partir do 12h na rua Havana, Parque das Américas - Mauá (Rua da Feira) em Frente à Praça Eleonor Correia. Colado com a estação Guapituda da CPTM. Aí a batucada parte em direção à estação da Luz e volta para Guapituba até chegar no Bar do Buiú, onde a bagunça continua.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Dia do Samba: Louros a quem merece

No dia do samba, a correria da vida não me permitiu preparar a devida homenagem, mas nem por isso deixarei de colocar algumas pedradas louvando quem merece:

O Samba bate outra vez


Confraternização 1, Confraternização 2 e Confraternização 3


O samba é meu dom

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Na cena do samba

Neste mês de dezembro, o gênio Noel Rosa completaria, se vivo, 100 anos. Nem é preciso dizer que se  trata de um nome fundamental da história da música brasileira. Assim sendo, posto hoje um curta sobre o poeta da Vila. "Na cena do samba" é dirigido por Lívia Camargo em parceria com a amiga Águeda Amaral. Divirtam-se!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

30 anos sem Cartola

No triste dia em que completamos 30 anos da morte do gênio Cartola, um triste vídeo: o do dia de seu enterro. Nunca pensei que fosse dizer isso aqui no blog, mas este vídeo deve ser visto sem música.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Wilson, Nelson e Walter

Peguei do site Graffiti 73% quadrinhos uma entrevista muito bacana com os sambistas Wilson Moreira, Nelson Sargento e Walter Alfaite. Da só uma olhada:


COMPASSO DE TERREIRO

A história do Wilson
WILSON MOREIRA: Eu sou de 36, eu sou do subúrbio de Realengo, eu era da Mocidade Independente escola ali de Padre Miguel, vizinha do Realengo. Fui um dos que ajudei na fundação da Mocidade, que era um time de futebol na época, depois formou uma escola de samba com a série de sambistas que tinha ali de Realengo e sambistas de Padre Miguel. Lá tinha a escola de samba Os Três Mosqueteiros, ficava lá no Murundu (Padre Miguel), era uma escola muito boa que desfilava com as grandes naquela época na Praça 11, o Nelson deve saber disso.

NELSON SARGENTO: Primeiro ano que eles desfilaram ficaram em segundo lugar.
WILSON : Aí a escola, não sei lá qual foi o motivo, pegou fogo numa confusão e a escola acabou. Então essa turma de sambista que tinha lá, alguns foram para a Mocidade, Renatão, Ari de Lima, Seu Dengo que era da Portela e muitos mais, foi onde conheci o Toco de Padre Miguel, aquele grande compositor. Eu era um moleque novo, cresci ali batucando. Primeiro ano meu na Mocidade era na bateria do mestre André. Foi na praça 11 e chegamos lá em primeiro lugar em tudo. Passei para uma ala depois, sai puxando a ala dos boêmios.

Já tinha minhas músicas na mente, mas tinha vergonha de mostrar, era difícil a gente mostrar música, era um respeito danado. Me perguntava, “será que eu fiz alguma bobagem?” O primeiro cara que olhou minha música e falou que eu podia mostrar sem medo foi o Paulo Brasão. Eu vim pela Mocidade coisa e tal, quando chegou 68, foi quando eu sai da Mocidade. Os sambistas saiam da cidade e iam para lá assistir aos ensaios. E via a gente cantando, eu tinha lá meus sambas de terreiro, o terreiro era uma coisa de louco. Sabe quem gravou um samba de terreiro meu? Leny Andrade. Ela ia fazer um disco com sambista de escola de samba, numa ocasião na década de 70, e o produtor dela, que era o João de Aquino, me chamou e disse: Moreira mostra um samba teu da Mocidade. Ai mostrei né. Ela gravou dois sambas meus, um de terreiro e outro com um parceiro que eu tinha lá, chamava-se Josan, um samba muito bonito. Em 68, Seu Natal já tinha me convidado para ir a Portela. Ai encontrei um amigo: “Ô Wilson, vou à Portela, sou diretor lá tenho que tá na reunião”. Ai eu disse: “Vou até lá contigo”. Chegou lá na reunião, me receberam de pé, a diretoria toda. Me agradei. Aí Seu Natal, presidente de honra, falou assim: "Esse é o garoto que eu falei lá de Padre Miguel". Depois falou: "O garoto vai assistir à reunião dos compositores, ai fui, o Picolino era o presidente: “O Wilson Moreira tudo bem, veio assistir à nossa reunião”. E eu: “Olha, pelo que eu tô vendo, vou ficar com vocês”. “Ah! pra gente é um prazer”.
Com Ari do cavaco, Jair do Cavaquinho, Casquinha, tudo mundo lá. Mas nessa época eu já conhecia os sambistas quase todos, o Nelson Sargento, é um camarada que já conhecia a muitos anos, a gente viajou muito, fazendo show com o Zuza Homem de Melo em SP, lá na...
NELSON : Record
WILSON : É os caras cara vinham aqui, gostavam das coisas que a gente fazia e levava lá para SP, no Anhembi. Eu já conhecia o Nelson da época do Rosa de Ouro, eu ficava olhando assim com medo de chegar perto, é aquela historia de chegar... , não é que nem muita rapaziada de hoje que chega e vai chegando.

Primeira gravação
WILSON: Em 72, o Adelzon Alves produziu uma série chamada "Quem Samba Fica". Ele então falou assim: “Moreira eu queria um samba teu que eu gostei e vou colocar na voz de um rapaz lá de Padre Miguel”. O Adelzon Alves é um produtor muito nosso amigo, dá muita força para os sambistas e produziu um disco de um cara, o Edalmo, lá da Mocidade e cantou um samba meu. Aí ele falou assim: ”No próximo, você vai entrar no disco”. Aí eu entrei, em 74. O primeiro foi em 72. Ai ele fez eu, Dona Ivone, Sidnei da Conceição, Casquinha e Flávio Moreira. Estes discos assim ... chamados Pau de Sebo, sempre aparece um ou dois, às vezes até mais. Então neste disco saiu eu e Dona Ivone. A Odeon se prontificou em fazer um disco com a gente, e mais tarde fizeram, primeiro com a Dona Ivone e depois comigo e com o Nei Lopes. Aí eu encontro com Délcio Carvalho na galeria da gravadora Odeon ali na Av. Rio Branco 277, naquela época.
WALTER ALFAIATE: Edifício São Borges.
WILSON : Aí o Délcio falou assim: “Tem um amigo nosso que tá doido para te conhecer, é o Nei Lopes”. O Nei era publicitário. “Ô Nei, vou te apresentar um cara que bota música até em bula de remédio que é o Wilson Moreira”. Aí nós começamos a fazer música. Nesta época eu estava fazendo música com o Candeia e ele ficou meio emburrado comigo: “Poxa rapaz, estava começando um trabalho tão bom, estava pensando que a gente ia dar continuidade a isso!”
Eu sou um cara que não sei dizer não para ninguém, só se o negócio for feio mesmo. O Nei me ofereceu umas parcerias, me mostrou umas letras muito boas, que eu gostei. Aí eu falei: “Candeia não vá se aborrecer comigo”. Mas mesmo assim Candeia e eu continuamos a fazer umas coisas assim devagarinho. Bom, mas tudo, todos esses convites, veio de uma gravação histórica que nós fizemos, chamado Partido em Cinco. Foi eu, Candeia, Velha, Casquinha e Anésio. Esse disco aí chegou nos ouvidos do pessoal de rádio, e, bom, aí tocava toda noite. Minha música tocava, eu fiquei conhecido e quase toda roda de samba que a gente ia, tinha que cantar que as pessoas pediam: “Canta aquela música!”. Bom, foi através desse disco que o Adelzon ficou me conhecendo e me convidou para este negócio todo e de lá para cá eu vim mimbora. E honrando a bandeira da Portela, sem esquecer a Mocidade, que foi onde começou tudo.

Três gerações do samba?
NELSON : Duas gerações , eu e o Walter temos a mesma idade.
WALTER: Nãaaaao (risos gerais), são oito anos malandro, oito anos. Quando eu tinha 12, tu tinha 20, tu me dava cascudo, eu nem podia te encarar, agora já fica diferente.
NELSON : Tu tem 70.
WALTER: Eu tenho 68, a geração parte de 10 em 10 anos, já o Wilson não, ele é mais novo. Poxa, quê que há?, são 3 gerações mesmo.
NELSON: Eu penso o seguinte: em cada esquina deste imenso Brasil tem Cartola, tem Nelson Cavaquinho, tem Roberto Carlos, tem Paulo da Portela o difícil é chegar. Se chega num subúrbio deste qualquer, bota uma roda de samba, você escuta um carinha qualquer cantar cada samba que puxa!! É um dos desconhecidos, é um dos que estão aí, são poucos que conseguem chegar. Então eu não vou considerar o WIlson novo, mas tem o Luís Carlos da Vila, tem Sombrinha, tem o Toninho Gerais, Arlindo Cruz, o Zé Luís, o PQD, Marquinho de Oswaldo Cruz, então ainda tem pessoas na nossa linha, chegar o projeção é que é difícil.
Quando fui lá em BH, que eu vi o tamanho daquela casa, eu disse: Essa praça não é minha, que é que eu tô fazendo aqui? Não era a minha praça, aqui que é a minha praça. Às vezes eu já luto para botar uma platéia aqui... Pô, vou em BH, quando eu vi aquela casa transbordando, aí é que me deu mais medo: Pô e agora?. O que acontece é o seguinte: se você investe numa determinada coisa, ela funciona. Se você investir em mim, no Walter, no Wilson, no Nei, maciçamente, nós vamos tomar conta do mercado. Mas não se investe maciçamente em samba. Eu acho que o samba não vai acabar nunca, o samba é a linguagem popular deste país, é a identidade musical deste país, pode esconder, mas não vai derrubar. Por exemplo, a Globo faz um samba Pagode e Cia., pô!!
WALTER; Não tem um de nós lá, único que foi, foi o Martinho da Vila.
NELSON: O Martinho foi porque a Sony impõe.
WALTER: Se você entra em lojas aqui no Rio não tem meu disco. Agora se entra numa Americanas tá lá comé, sinhazinha, não, Tiazinha, cheeeia a prateleira e não tem um Walter Alfaiate, não quer dizer que eu seja ... Mas bem melhor que ela eu sou, cantando, porque da outra forma ela é bem melhor! (risos)
NELSON: Estava na hora agora destes produtores armar um projeto e levar pra Bandeirantes, levar pro SBT, se você levar um projeto de samba de raiz bem feito eles vão fazer .

NELSON: Quando eu conheci o Walter não sabia que ele era sambista Quando eu o conheci ele tinha uma alfaiataria na Lapa. Ainda levei umas roupas pra você reformar e você nunca me devolveu as porra da roupa, mas eu também não fui buscar. A outra vez que tive conhecimento com o Walter, quando a gente tinha os Cinco Crioulos, que o Mauro entrou que eu comecei a frequentar os Foliões de Botafogo, inclusive uma vez até saimos na frente né.
WALTER: Neste ano ganhamos o carnaval , saiu todo mundo, a maior ala de compositores de todos os tempos.


A PORRA DO ECAD
NELSON: É complicado. Eu já tentei saber como é essa pontuação que eles fazem da execução, ninguém sabe dizer, nem o editor, nem o dono, nem ninguém. É um ponto, esse mesmo ponto vale três reais. Na hora que você vai lá ver... Você tem o caso do Wilson, que tem mais de cinco sucessos, vai lá e cada música contou um ponto. É três merréis o ponto, por cinco sucessos: 15 merréis. Quer dizer, é um negócio que você não sabe. O Ecad é feito pelas gravadoras e pelos editores, eles é que são o Ecad. Na realidade, o que é direito de autor? Direito de autor é a vendagem do disco e a execução da música. Direito do disco o que é? É 8,4% sobre o preço de custo dividido pelo números de faixas do disco. Essa é a matemática e essa é universal. Agora com a gravadora você tem o direito de intérprete, você pode assinar 12%, pode assinar 15%, nunca menos de 8%. A execução da música, que é o outro direito de autor. Quantas vezes toca, é quantas vezes você recebe. Agora como é que eu vou saber, eu, o Wilson, o Walter, se a nossa música está tocando no Acre, no Amazonas, no Piauí, no Maranhão. Não tem como saber. Porquê? Porque nem todo estado da federação você tem o Ecad arrecadando. Tem lugares aí que o direito não passa por lá. Você tem muitas emissoras no Norte e no Nordeste que são de deputados e de senador e esses caras não pagam mesmo. Não adianta você botar a lei em cima deles que eles têm imunidade. Então fica difícil, isso na parte de execução de música. E a fábrica, quando a fábrica diz que você vendeu um milhão de cópias, você vendeu dois. O disco não é numerado. Então você vendeu um milhão e até logo. Você imagina um cara como Xuxa, Roberto, que bate mais de dois milhões. Quando a fábrica publica que vendeu dois milhões, adeus, vendeu muito mais. Mas não há como cobrar. O que é que precisa fazer? Pra defender o autor tem que numerar o disco e gravadora nenhuma vai numerar o disco. Isso depende de uma lei. Os produtores fonográficos vão lá e dizem assim: Uma casa lá em Sepetiba doutor, com todo conforto pra votar nisso aqui. Vai se importar com isso? Execução é o seguinte. Antigamente, na década de 40, a rádio mandava para a sociedade o que tocou, não tinha o Ecad. Mandava mensalmente o que tocou e a grana. Quando veio o Ecad, eles fizeram um sistema de escuta. Vai escutar 24 horas todo o Brasil?
WALTER: É ruim pra caramba.
NELSON: O Ecad é ladrão? Não, o Ecad não é ladrão. Você não pode chamar de ladrão porque você não pode provar que os caras são ladrões. Mas se sabe perfeitamente que nessa mutreta toda há desvio de dinheiro. Você não pode provar. Como eu vou saber que nossas músicas estão sendo tocadas agora no Maranhão? Se tiver, não vai constar, não vai receber. Pode até estar, mas não vai receber. Porquê? Porque o sistema de amostragem é falho. Mas as televisões têm que dar 3% do faturamento bruto para o Ecad. O Marinho diz que não dá porque ele sabe que não vai chegar na mão do autor.
WALTER: Se chegasse na mão do autor, tudo bem.
NELSON: Que há desvio e dinheiro há, você não tem o poder de controlar. Você tem um editor. Por exemplo, o que acontece com o disco? É um direito fonomecânico. Eu editei uma música, tem uma parte aí que é do editor. Aí a fábrica pega e paga pra ele e ele me paga. Quando a fábrica paga pra ele, já paga fraudado e ele me paga mais fraudado ainda. Não há nada que eu possa fazer. O editor é obrigado a receber o que a fábrica paga.
WILSON: Deve acontecer a mesma coisa com vocês. Recebo direito da Dinamarca, Holanda, mas é uma coisa, que se eu mostrar as pessoas, nego fica até embasbacado.
NELSON: O Monarco recebeu do exterior 70 centavos. Um amigo nosso falou assim: “Poxa, eu vi teu samba num daqueles CD-Rom da Microsoft”. Aí ele levou o CD lá em casa e tocou o “Agoniza Mas Não Morre”, tocou a gravação que eu fiz na Kuarup, movi uma ação, ai eu peguei tudo que tem “Agoniza Mas Não Morre”, contrato de edição, não sei lá mais o que, e mandei para o advogado. Isso tem uns quatro meses, ele me respondeu o seguinte: que a microsoft mandou dizer que desconhece e não editou nada, então é pirata, se é pirata eu vou ter que correr atrás, então fui na editora, e ela também entrou com o processo, mas o meu processo está correndo por lá e o da editora está correndo por aqui, então a editora precisa de um intermediário lá para dar andamento. Mas tem mais um detalhe, a editora te cobra quando ela recebe do exterior, tira 50%. Se recebe 10 mirreis, ela te dá cinco.

NOITE
WILSON: Eu sinceramente nunca fui um cara, nunca acompanhei as pessoas em bebida Mas eu tenho saudade dos tempos da boêmia porque conheci vários boêmios, como Nelson Cavaquinho, eu conheci ali na taberna da Glória, aquilo ali era tão bonito, eu conheci o Alife.
NELSON: Se lembra do Brick, aquele navio que ficava lá no Botafogo? Chamava Brick da Folia, a Mangueira fez muitos bailes ali.
NELSON: A zona sul era um negócio sensacional, as gafieiras Dragão, Eldorado, o Elite do Méier, Tupi.
WALTER : Você conheceu o Laje? No Botafogo esquina de São Clemente
NELSON: Tinha o Fogão no Engenho Novo. Sabe porque que chamava Fogão? Porque só frequentava cozinheiro, tinha um na praça Sans Pena onde hoje é o correio.
WALTER: O Catuca.
NELSON: Era tudo sobrado.
WILSON: Sabe quê que eu fazia naquela época? A gente trabalhava e roupa era muito manjada. Então eu tinha um terno e ai se eu fosse na gafieira hoje com aquele terno e fosse amanhã ou semana que vem com o mesmo terno. As meninas chamavam a gente de canarinho de uma muda só. Aí a Ducal lançou o paletó esporte, lembra disso? aberto atrás.
NELSON: Paletó com duas calças
WILSON: É, paletó com duas calças. E eu comprei uma calça de mescla e um paletó cor de abóbora. Aí eu fui, quando eu cheguei, eu ia no Vitória Danças, ali na rua do Rezende, e quando a gente tava com a roupa manjada aqui neste baile a gente ia lá para Niterói, no Manacá.
WALTER: Depois eles começaram a chamar o cara que ia com o paletó de uma cor e a calça de outra de Caneta Parker
NELSON: Caneta Parker ou saia e blusa.
WILSON: Na Bambina tinha um baile bom ali também, Amante?
WALTER: Amante era na rua da passagem, ali era o Abrantes.
NELSON: E os famosos piqueniques do Samuel? Lá na ilha de Paquetá. 1º de maio e 15 de novembro. Dia 1º de maio não arrumava nada que era dia de piquenique. Foi o Lacerda que acabou com o troço lá. A primeira barca saia às 7h da manha, já ia festa, bebida, gente. Naquela época eu passeava às segundas-feiras, não passeava domingo. Domingo estava tudo mundo passeando e ficava assim, eu só ia para Paquetá na segunda feira.

WALTER: A banda Portugal , lá na Presidente Vargas.
NELSON: Frequentava muito pouco, frequentei muito as duas cervejarias, uma era a Lusitana e a outra esqueci o nome. Chegava lá, pedia a champanhada e o cara trazia uma cerveja e um pratinho de tremoço, o tremoço era grátis. Se pedia a segunda já não vinha o pratinho, tinha que comprar. Nessa época não tinha a Presidente Vargas, tinha a Senador Euzébio de um lado e a Visconde de Itaúna no outro e tinha o canal no meio .A primeira água mineral que existiu aqui no Rio se chamava Idolitrol, o cara pegava um disco especializado colocava dentro da garrafa e sacudia, era a água mineral da época. Qualquer botequim da cidade se tinha uma redomazinha assim com um copo de água gelada, você chegava bebia um copo d’água gelada e ia embora.
WILSON: Eu andava com uns caras que bebiam muito. Anescar bebia tanto, eu não bebia e ficava andando com os caras. O Silas de Oliveira bebia pra caramba e era muito meu amigo e eu não bebia, o Silas de Oliveira saia lá do Opinião, eu ia lá pro Realengo e ele ia lá pra Madureira, ele falava assim : Ô Wilson, eu sei que você não bebe, mas eu vou ali tomar um negócio, vamos lá , ai eu pra não ficar assim ... pra trás, batida de maçã.


A diferença ontem e hoje
NELSON: Não é que antigamente era melhor, o pobre tinha menos vaidade.
WILSON: Menos vaidade, exatamente. Tu comprava dois terno e tava satisfeito.
NELSON: Você passava numa loja e via esta camisa por 10.000 reis, você não podia comprar e não existia prestação, aí você juntava 2000 reis por cinco semanas, se você fosse lá a camisa custava 10.000 reis, tinha uma estabilidade de preço. A vaidade era menor.
WILSON: Olha eu bato palma para essa rapaziada que tem cabeça boa, que dá força em tudo que é atração aí e eu acho que tem de ter muita cabeça pra poder conviver com as coisas, que o negócio é o seguinte: não pode fazer asneiras porque as curtições são muito boas. Eu fui um cara que fez o barco correr sozinho, que meu pai morreu em 45, eu com oito anos de idade, minha mãe era mineirona. Lá em casa, o único sambista sou eu, meus irmãos não são compositores nem nada, negocio deles e dormir cedo, assistir ao futebol. Minha mãe falava assim: “Só o Wilson puxou o pai”. Meu pai foi embora cedo e eu não deixei minha cabeça se perverter. Teve a invasão das coisas de fora de nosso pais muito aqui, americano implantou muita coisa aqui que fez a cabeça da rapaziada, eu acho que a rapaziada não deve deixar se levar.
NELSON: Eu acho o seguinte Wilson: eu, quando me entendi mesmo musicalmente, porque até 1950, 60, eu não tinha uma noção da música do pais, mesmo frequentando Escola de Samba, coisa e tal. Eu não tinha uma noção exata do valor cultural da música popular brasileira, eu comecei a aprender isso quando fui fazer o Rosa de Ouro, em 65. Juntando o que eu vi dali pra frente, com o que eu tinha visto no passado, comecei a fazer uma associação de idéias, porque quando eu conheci o Cartola, eu sabia que ele era importante como compositor mas não sabia que ele era importante num contexto de Brasil, ele, Carlos Cachaça, Geraldo Pereira. As gravadoras tinham de dez a oito sambistas contratados, na Victor, na Odeon, na Phillips, na Columbia, e essas coisas foram diluindo conforme a situação econômica foi piorando. As casas noturnas foram fechando. Olha, eu fiz muito programa do Chacrinha quando eu tava na Excelsior lá em Ipanema. Você já entrava para cantar com o dinheiro no bolso. Ora ele cresceu na audiência, então nego começou a pagar para cantar no programa dele. Degringola as coisas, ele estava pagando para você se apresentar e daqui a pouco ele começa a receber para apresentar você.

Disco da Semana: Clementina de Jesus - Convidado Especial: Carlos Cachaça

Um dos oito disco que contou com participação de Carlos Cachaça é também um dos melhores de Clementina de Jesus. Neste, de 1976, Clementina canta o sucesso "Incompatibilidade de gênios" (Aldir Blanc - João Bosco) e "Não quero mais amar a ninguém" (Zé da Zilda - Carlos Cachaça - Cartola).

Incompatibilidade de gênios


Também tem, para aqueles que não conseguem ouvir Clementina sem ser nos tradicionais cantos negros, a ótima faixa "Cinco Cantos de Trabalho", penúltima do disco, de diversos artistas.

Cinco cantos de trabalho



Pra finalizar, o texto de contracapa é assinado por ninguém menos do que Milton Nascimento. Dá uma sacada:

"Salve os séculos, as tribos, os gritos, toda existência de uma raça, lançada como cinema pela voz da Clementina. Ela repousa em seu colo a música que nina com amor que só as velhas amas sofreram, ou da menina que caminha para seus treze anos. Teria um livro inteiro para começar a falar da beleza dela. Mãe, que trabalhão! Ainda bem que não é preciso. De dezembro de 64, onde aparecia pela primeira vez, ao lado de Turíbio Santos, Benedito Cezar Faria, Paulinho da Viola e Elton Medeiros, até agora um dos mais fortes veículos de cultura.
Atraca, atraca...
Milton Nascimento"

1. Pergunte ao João (Helena Silva - Milton Costa)
2. Incompatibiliade de gênios (Aldir Blanc – João Bosco)
3. Olhar assim (Paulo da Portela)
4. Ingenuidade (Serafim Adriano)
5. Defesa (Jorge Gonçalves – Vital de Oliveira – Mirabeau)
6. Ajoelha (Batelão – Silvio)
7. Não quero mais amar a ninguém (Zé da Zilda – Cartola – Carlos Cachaça)
8. Itinerário (Carlos Cachaça)
9. Lacrimário (Carlos Cachaça)
10. Jongos: Picapau (Folclore-Arr. Adpt. Clementina de Jesus)
- Carreiro Bebe? (Folclore-Arr. Adpt. Clementina de Jesus)
11. Cinco cantos de trabalho: Os escravos de Jó (Milton Nascimento-Fernando Brant)
Alegria do carreiro (Folclore-Arr. Adpt. Clementina de Jesus)
Ensaboa (Cartola)
Peixeira catita (Folclore-Arr. Adpt. Clementina de Jesus)
Atividade no abano (Folclore-Arr. Adpt. Clementina de Jesus)
12. Lapa (Folclore)

Baixe este disco no Prato e Faca

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Samba no Opinião

Olha aí pessoal, olho vivo neste filme que está para sair sobre as noites de samba do Teatro Opinião. Parece ser coisa boa. Confere aí o promocional que está no youtube.

Dica do Fábio.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Quem Roubou meu Samba?

Depois de um breve recesso para uma viagem à terra de Fidel Castro, voltamos com a corda toda. Embora o luto tenha nos acometido ontem, a vida continua e, nós, vamos de samba. Mais precisamente com o filme "Quem roubou meu Samba", de 1959

O filme, que foi dirigido por José Carlos Burle e Hélio Barroso, tem a presença de Ankito (um dos grandes nomes da chanchada brasileira), Maria Vidal e Nancy Wanderley e participação de outros gênios, como Germano Mathias, Angela Maria, Trio Irakitan, entre outros.

Cheio de música, o longa de 82 minutos fala do compositor de sambas Atanásio Cruz, que, malandro, assina contratos com duas gravadoras rivais e escafede-se. A bagunça começa quando as duas gravadoras saem para caçar o esperto.

Fiquem com o trecho que contém a música-tema


E agora, a participação de Germano Mathias, novinho e cheio de ginga:


e, agora, Angela Maria:

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A cuíca de luto

Um acidente de carro levou o grande percurssionista, e principalmente cuiqueiro Ovídio Brito. O enterro será às 10h de terça-feira (23), no Cemitério do Caju, na Zona Portuária. Hoje a cuíca chora sem ter o seu tocador atrás.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

As palavras de PCP a João Gilberto

Esta história foi retirada do livro "Histórias das Minhas Canções - Paulo César Pinheiro", que reúne alguns causos musicais contados pelo próprio Paulinho. Um deles é sobre a música "De Palavra em Palavra", uma parceria dele, do Maurício Tapajós e do Miltinho.

De Palavra em Palavra


"A estrutura melódica remeteu-me a João Gilberto, a quem eu já adorava, e resolvi homenageá-lo. Foi uma tarefa complicada e insana. Cismei de construir um mosaico. A letra seria uma colagem de letras do repertório de João. Só que pra isso tinham que caber os versos de Antonio Maria, Vinicius, Tom, Caymmi, Bôscoli, Ary Barroso, Haroldo Barbosa, na música que se me apresentava. E, lógico, o papo tinha que fazer sentido. Destrinchei os discos do cantor. Decorei-os. E parti pra montagem. Foi conseguindo e me empolgando. Termino um um carinhoso abraço no João, motivo da minha admiração maior".
(...)
"Tempos depois, Miltinho inscreveu a composição num festival de Juiz de Fora. Um jornalista membro do júri, influenciando a opinião dos outros, desclassificou o samba alegando plágio. Depois de tamanho esforço pra o que eu considero um achado, a visão torta de um crítico soa como uma imbecilidade sem propósito".

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Dois filmes de samba

Vi dois vídeos no blog É Ouro Só que valem muito a pena. Os dois são produzidos por Thomas Farkas. O primeiro chama-se "Nossa escola de samba" e mostra o dia a dia de uma escola de samba lá pelos anos 60. Tem participação da Escola de Samba Unidos de Vila Isabel e moradores do Morro do Pau da Bandeira



Filme: "Nossa Escola de Samba"
Direção: Manuel Horácio Gimenez
Produtor: Thomaz Farkas
Ano: 1965
Baixe aqui.


O outro é sobre a cuíca, e traz um Osvaldinho da Cuíca quase irreconhecível de tão jovem, no filme "A Cuíca - Instrumentos da Música Popular Brasileira".



Filme: "A Cuíca - Instrumentos da Música Popular Brasileira"
Direção: Sergio Muniz
Produtor: Thomaz Farkas
Ano: 1978
Com Osvaldinho da Cuíca e Escola de Samba Mocidade Alegre da Casa Verde
Baixe aqui.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Pedrada de Mano Décio

Este samba de Mano Décio da Viola está no disco "Legendário Mano Décio", de 1976. Simplicidade na letra e uma melodia primorosa fazem do som uma verdadeira pedrada. Está na mesma estante de sambas dos cânones do nosso cancioneiro:

Nunca Mais


Ah, eu sabia
Que você um dia
Ia magoar meu coração
Por sofrer tanto
Não lhe darei mais meu perdão

Não, não foi surpresa para mim mais uma vez
Agora chegou ao fim
Amor, vai embora
Deus terá pena de mim

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Marcos Sacramento todas as segundas no RJ


Disco da Semana: Mario Reis canta suas criações em Hi-Fi (1960)

Este é o primeiro Long Play de Mario Reis. Chamado de "O Fino da Bossa" por seu jeito moderno, já na década de 1930, de interpretar os sambas de Sinhô e outros figurões do começo do século.

Depois de dois hiatos em sua carreira, em 1960 Mario Reis foi convidado pelo diretor artístico da Odeon, Aloysio de Oliveira, para gravar um disco. Ele escolheu sozinho o repertório do disco (aliás foi esta uma de suas imposições para entrar no estúdio) que tem alguns sambas amaxixados, marchas e composições inéditas.

Saiu o "Mario Reis interpreta canta suas criações em Hi-Fi". Além de seus sucessos já cantados em outros tempos, Mario pediu que Tom Jobim compusesse duas músicas, solicitação devidamente aceita. O disco é um primor, além de ser ótimo para quem quer se iniciar no "Fino da Bossa".

Vamos deixar de intimidade


1. Palavra doce (Mario Travassos de Araújo)
2. Vamos deixar de intimidade (Ary Barroso)
3. O que vale a nota sem o carinho da mulher (Sinhô)
4. Yayá boneca (Ary Barroso)
5. Mulato bamba (Noel Rosa)
6. Rasguei a minha fantasia (Lamartine Babo)
7. Isso eu não faço, não (Tom Jobim)
8. Deus nos livre dos castigos das mulheres (Sinhô)
9. Linda Mimi (João de Barro)
10. A tua vida é um segredo (Lamartine Babo)
11. Vai-te embora (Francisco Matoso e Nonô)
12. O grande amor (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Disco da semana: Martinho da Vila e convidados - Nem todo Crioulo é doido

Volta de feriado nacional e o Vermute com Amendoim retorna cheio de gás. O disco da semana, que já está quase acabando, é "Martinho e seus convidados - Nem Todo Crioulo é Doido", de 1978.

Os primeiros segundos da faixa inicial, uma cuíca roncando crua, já dão conta do que vem por aí: um samba autêntico, um clima de festa que foi gravada. A lista de convidados estraçalha qualquer possibilidade de o disco não ser genial: Zuzuca, Noca da Portela, Walter Rosa, Tolito, Silas de Oliveira, Darcy da Mangueira e outros bambas.

Pra que dinheiro? - Martinho da Vila


Como Martinho diz no texto de contracapa, "O único defeito deste disco é só ter 12 faixas, pois, por falta de espaço, grandes cobras do sambão ficaram de fora: Mano Décio, Anescarzinho, Bidi, João Laurindo, Pelado, Osório, Leléo, Paulo Brazão e muitos outros."

Só de pensar que Martinho, que em 1978 já era um sambista consagrado, fez um disco com espaço para outros nomes de peso da batucada...

Sou de opinião - Darcy da Mangueira


1. Pra que dinheiro (Martinho da Vila) - Martinho da Vila
2. Deixa Serenar (Sidney da Conceição/ Castelo) - Martinho da Vila
3. Se eu errei (Tolito) - Martinho da Vila
4. Querer é poder (Picolino/ Colombo/ Noca) - Martinho da Vila
5. De Fevereiro a Fevereiro (M. Pereira/ J. Galvão) - Mario
6. Só Deus (Walter Rosa/ Jorginho) - Anália
7. Trsteza de Malandro (Zuzuca/ Bala) - Zuzuca
8. Nem todo crioulo é doido (Cabana) - Cabana
9. Sou de opinião (Darcy da Mangueira) - Darcy da Mangueira
10. Quem lhe disse (Antonio Grande) - Antônio Grande
11. Sinfonia do Mosquito (Aurinho da Ilha) - Antonio
12. Berço do samba (Silas de Oliveira/ Edgard Cardoso)- Anália

Dica: Ouça esse disco alto. É uma pancada atrás da outra.

Baixe no Couro do Cabrito

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Telefone ao menos uma vez

Não achei quase nenhuma informação sobre o comercial que Caymmi fez para os classificados do O Globo, o Classifone. A música parodiada é "Conversa de botequim" (Noel Rosa)



Conversa de botequim (Noel Rosa)

Ouça duas faixas do novo disco de Mariene de Castro

Chegou às minhas mãos o novo cd de Mariene de Castro, gravado ao vivo em 2010.
"Santo de Casa", o segundo álbum da cantora vem com metade das músicas assinadas por Roque Ferreira, o que já é uma certeza de que aí vem coisa boa. Sua interpretação também não deixa nada a desejar. Afinal, nada melhor do que uma baiana para exaltar as mais finas pérolas do samba baiano.

Eis duas músicas que dão mostra de como o disco é altamente recomendável, um belo presente:

Prece de Pescador


Vi Mamãe na Areia


Compre o disco aqui.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Disco da semana: Noel Rosa Pela Primeira Vez Vol.7

Veio atrasado, mas veio. Eis o último volume da coleção "Noel pela Primeira Vez", certamente o mais interessante para os noelófilos. Isso porque o disco 2 contém preciosas curiosidades compostas pelo Filósofo do Samba.

Pedacinhos de composições, estrofes não gravadas, raridades encontradas, paródias e por aí vai. Nele é que está a composição mais pornográfica de Noel, "Saí de tua alcova", ou "Vagolino de Cassino", ambas já postadas aqui no Vermute.


Disco 1
1. Espera mais um ano (Gravação comercial) - c/ Noel Rosa & Arthur Costa (Início) & Conjunto Coisas Nossas (Complemento)(Noel Rosa)
2. Estátua da paciência - c/ Conjunto Coisas Nossas (Jerônimo Cabral, Noel Rosa)
3. Araruta - c/ Conjunto Coisas Nossas (Noel Rosa, Orestes Barbosa)
4. Na Bahia - c/ Conjunto Coisas Nossas (Noel Rosa, José Maria de Abreu)
5. Com mulher não quero mais nada - c/ Conjunto Coisas Nossas(Silvio Pinto, Noel Rosa)
6. Choro - c/ Luis Otávio Braga, Henrique Cazes & Caola (Noel Rosa)
7. Feitio de oração (Vinheta) - c/ Caola & Zé Carlos (Vadico, Noel Rosa)
8. Até amanhã (Vinheta) - c/ Caola, Aluísio Didier, Zé Carlos, Oscar Bolão & Zênio
(Noel Rosa)
9. Fita amarela (Vinheta) - c/ Caola & Zênio (Noel Rosa)
10. Tudo pelo teu amor - c/ Caola (Arnold Glückmann, Noel Rosa)
11. Cansei de implorar - c/ Grande Othelo (Noel Rosa)
12. Boas tenções - c/ Caola (Arnold Glückmann, Noel Rosa)
13. Para o bem de todos nós - c/ Grande Othelo, Marília Pera & Caola (Arnold Glückmann, Noel Rosa)
14. O Joaquim é condutor - c/ Marília Pera & Grande Othelo (Arnold Glückmann, Noel Rosa)
15. Perdoa este pecador - c/ Caola (Arnold Glückmann, Noel Rosa)
16. Tipo zero - c/ Grande Othelo (Noel Rosa)
17. Tudo nos une - c/ Marília Pera, Grande Othelo, Caola & Oscar Bolão(Arnold Glückmann, Noel Rosa)
18. Finaleto - c/ Caola, Marília Pera, Grande Othelo & Oscar Bolão (Arnold Glückmann, Noel Rosa)
19. Saí da tua alcova - c/ Henrique Cazes & Cristina Buarque (Noel Rosa)
20. Faz três semanas... - c/ Henrique Cazes (Part.: Cristina Buarque)(Paródia de Noel Rosa)

Disco 2
1. Último desejo - c/ Marília Baptista (Noel Rosa)
2. Fiquei rachando lenha (Trecho) - c/ Almirante (Noel Rosa, Hervê Cordovil)
3. Feitiço da Vila (Estrofe não gravada em disco) - c/ Aracy de Almeida (Vadico, Noel Rosa)
4. Deixa de ser convencida - c/ Roberto Paiva (Wilson Baptista, Noel Rosa)
5. Vou te ripar II - c/ Onéssimo Gomes (Noel Rosa)
6. Dono do meu nariz - c/ Onéssimo Gomes (Paródia de Noel Rosa)
7. Paga-me esta noite - c/ Déo (Paródia de Noel Rosa)
8. Canção do galo capão - c/ Jamelão (Paródia de Noel Rosa)
9. Roubou, mas não leva - c/ Roberto Paiva (Paródia de Noel Rosa)
10. Foi ele - c/ Maria do Carmo (Paródia de Noel Rosa)
11. A Genoveva não sabe o que diz - c/ Onéssimo Gomes (Paródia de Noel Rosa)
12. Mardade de cabocla - c/ José Souza Pinto ("Alegria") (Noel Rosa)
13. Chuva de vento - c/ Almirante (Noel Rosa)
14. Habeas-corpus - c/ Caola (Noel Rosa, Orestes Barbosa)
15. Seu Zé - c/ Caola (Paródia de Noel Rosa)
16. Vagolino de Cassino - c/ Caola (Paródia de Noel Rosa)
17. Faz de conta que eu morri - c/ Caola (Henrique Gonçales, Noel Rosa)
18. Amar com sinceridade - c/ Caola (Silvio Pinto, Noel Rosa)
19. Não morre tão cedo - c/ Vânia Bastos (Noel Rosa)
20. Marcha da prima... Vera - c/ Vânia Bastos (Noel Rosa)
21. Belo Horizonte - c/ Caola (Paródia de Noel Rosa)
22. Condeno o teu nervoso - c/ Caola (Paródia de Noel Rosa)
23. Envio essas mal traçadas linhas - c/ Ná Ozzetti (Paródia de Noel Rosa)
24. Precaução inútil - c/ Ná Ozzetti & Pedro Mourão (Paródia de Noel Rosa)
25. Homenagem: "Noel, rosa do samba" - c/ Johnny Alf (Paulo César Pinheiro, Johnny Alf)

Baixe no Um que Tenha

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Foi bolinha de papel

Eis que o candidato José Serra prestou grande serviço a nossa cultura. O fatídico episódio da bolinhagate deu samba. Ou melhor, deu partido-alto.

Deixa de ser enganador
Foi bolinha de papel
Não fere nem causa dor



Fica difícil dizer quem é o autor dos versos, mas ao que tudo indica ele brotaram mesmo na cabeça do grande Tantinho. E viva o povo brasileiro!

UPDATE em 28/10/10
Vi no blog do Nassif um vídeo com o partido gravado em estúdio. Se liga:

Zé da Velha e Silvério Pontes convidam amigos em Niterói

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Pra dois malandros olhou a sorrir

Quando vi esta animação, a primeira música que me veio à cabeça foi "Quando o samba acabou", de Noel Rosa. Para quem conhece a canção, nem precisava falar que trata-se de uma história de triângulo amoroso. Uma morena e dois malandros disputando na navalha o seu amor.



Para quem não conhece o samba, aí vai:

Quando o samba acabou


O autor da pérola é Cadux.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Caricaturas de Souto Maior

O carioca Alan Souto Maior já apareceu no Vermute com Amendoim em um post chamado Cartolatria, com diversas caricaturas de Cartola. Dono de um blog sempre atualizado com seus trabalhos, Souto Maior, artista plástico e ilustrador, é um caricaturista na sua melhor definição. Não à toa já faturou alguns prêmios em exposições Brasil afora. Vejam alguns de seus trabalhos:













segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O mundo mágico de Adoniran Barbosa

Peguei este belo texto no site Algo a Dizer. Vale a pena ler.

Por Aquiles Rique Reis

Adoniran nasceu João Rubinato em 6 de agosto de 1910. São Paulo, Rio de Janeiro e o Brasil têm no coração este paulistano de Valinhos. Seu centenário traz desejos de ouvi-lo, de reverenciá-lo.

Sua lembrança nos deixou marcas de espanto e admiração. Seus versos, que repetem o linguajar popular paulistano, causaram estranhamento. Suas letras, entretanto, valeram para melhor expressar o que ele sabia de sua gente, tudo o que ele tinha certeza de que atingiria, como num "Tiro ao Álvaro" poético: a mosca da alma do povo.

Meu coração juvenil custou a entender. Mas a criatividade era tanta que meu coração musical se convenceu. Meu esforçado coração ampliou horizontes, rompeu barreiras. Inquieto, invadiu fronteiras, desfez preconceitos e ajuntou opostos. E meu coração inexperiente ligou Bexiga e Vila Isabel, bairros geograficamente distantes.

Foi aí que meu coração amoroso sorriu e pela primeira vez sentiu que Adoniran Barbosa e Noel Rosa eram como um só. Ali ficara claro para mim que uma nova linguagem, que vocalizava o falar da gente das ruas de São Paulo e do Rio de Janeiro, tinha dois responsáveis: Adoniran e Noel, cronistas e intérpretes de sonhos e anseios populares através do humor, da delicadeza e da ternura.

Adoniran era como um Quixote de Cervantes errando por São Paulo. A cada rua percorrida, era como se entrevisse moinhos a serem destruídos por sua lança (cuja ponta tratava de acarear a imaginação com a realidade) com golpes certeiros desfechados por versos corrosivos ou engraçados, plenos de contemporaneidade, dignos de um fecundo trovador urbano.

Feito Sancho Pança, os Demônios da Garoa se fizeram imprescindíveis. Tornaram-se de Adoniran o eco, multiplicando-o com suas cinco gargantas. Juntos, os seis são sinônimos de um samba que nasceu em São Paulo e ganhou o Rio de Janeiro - e logo o Brasil lhes fazia coro.

Juntos, criaram a identidade que sintetiza a personalidade de um estado que abriga pensamentos e doutrinas díspares, raças e gente imigrante diversas, culturas e crenças distantes, todos integrados pela pluralidade que os acolhe e propicia direitos, deveres e oportunidades iguais.

Meu coração aflito me trouxe para São Paulo, Adoniran. Aqui, meu coração vagabundo sentou praça num "lindo lote, dez de frente e dez de fundos". Meu coração, quando angustiado, se apoia em sua música para levantar, véio. Assim que nem você, que pergunta "por onde andará Joca e Matogrosso/ Aqueles dois amigos/ Que não quis me acompanhá?", tenho vontade de indagar por onde anda você, espelho no qual tento me ver refletido quando de minhas andanças na noite paulistana.

Adoniran, aqui e agora o meu coração confidencia: para merecer o que a nossa São Paulo me deu (depois de aqui ter desembarcado há uns bons dezesseis anos), eu tento vê-la com os seus olhos, com a sua ironia, com seu humor e afeto. Nunca conseguirei tal proeza, mas, com suas músicas, continuarei tentando.

Obrigado, Adoniran!

Aquiles Rique Reis, músico e vocalista do MPB4

contato@algoadizer.com.br

Disco da semana: Noel Rosa Pela Primeira Vez Vol.6

Três das músicas que mais gosto de Noel Rosa estão no sexto volume da coleção "Noel Pela Primeira Vez": Último Desejo (1937), Pra Que Mentir (1937) e Pela Décima Vez (1935). Curiosamente, as três formam um combo imbatível de desilusão de amor.

Último Desejo


"Pra que Mentir"


"Pela Décima Vez"



Disco 1
1. O maior castigo que eu te dou - c/ Aracy de Almeida (Noel Rosa)
2. Último desejo - c/ Aracy de Almeida (Noel Rosa)
3. O século do progresso - c/ Aracy de Almeida (Noel Rosa)
4. Pastorinhas - c/ Sílvio Caldas (João de Barro, Noel Rosa)
5. Rapaz folgado - c/ Aracy de Almeida (Noel Rosa)
6. Pra que mentir? - c/ Sílvio Caldas (Vadico, Noel Rosa)
7. De qualquer maneira - c/ Déo (Ary Barroso, Noel Rosa)
8. Silêncio de um minuto (Versão mais curta) - c/ Marília Baptista (Noel Rosa)
9. Pela décima vez - c/ Aracy de Almeida (Noel Rosa)
10. Silêncio de um minuto (Versão completa) - c/ Aracy de Almeida (Noel Rosa)
11. Três apitos - c/ Aracy de Almeida (Noel Rosa)
12. Três apitos (Gravação particular) - c/ Orlando Silva (Noel Rosa)
13. Mais um samba popular - c/ Ana Cristina (Vadico, Noel Rosa)
14. Remorso - c/ Marília Baptista (Noel Rosa)
15. Tipo zero - c/ Marília Baptista (Noel Rosa)

Disco 2
1. Cor de cinza - c/ Aracy de Almeida (Noel Rosa)
2. Voltaste (Pro subúrbio) - c/ Aracy de Almeida (Noel Rosa)
3. A melhor do planeta - c/ Aracy de Almeida (Almirante, Noel Rosa)
4. Queimei teu retrato - c/ Linda Rodrigues (Henrique Britto, Noel Rosa)
5. Você é um colosso - c/ Rosinha de Valença (Noel Rosa)
6. No baile da flor-de-lis - c/ Aracy de Almeida (Noel Rosa)
7. Suspiro - c/ Aracy de Almeida (Noel Rosa, Orestes Barbosa)
8. Balão apagado - c/ Elizeth Cardoso (Marília Baptista, Noel Rosa)
9. Morena sereia - c/ Marília Baptista (Noel Rosa, José Maria de Abreu)
10. João teimoso - c/ Marília Baptista (Marília Baptista, Noel Rosa)
11. Verdade duvidosa - c/ Marília Baptista (Noel Rosa)
12. Para atender a pedido - c/ Marília Baptista (Noel Rosa)
13. Vai para casa depressa - c/ Marília Baptista (Noel Rosa)
14. Atchim! - c/ Aldacir Louro (Hamilton Sbarra, Noel Rosa)
15. Cabrocha do Rocha - c/ Sílvio Caldas (Sílvio Caldas, Noel Rosa)
16. Ao meu amigo Edgar (Carta de Noel) - c/ João Nogueira (João Nogueira, Noel Rosa)
17. Disse-me disse - c/ Conjunto Coisas Nossas (Noel Rosa)

Aliás, este é o penúltimo CD da coleção. Semana que vem encerramos com as músicas e excertos do grande Noel.

Baixe no Um que Tenha

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A fala da flauta

Muito bom o documentário "A fala da flauta" sobre o gênio Altamiro Carrilho. Abaixo um trecho que dá para ter uma ideia. Assiste aí:

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Versão gringa

"Versão é a coisa mais ingrata que existe", escreveu Tom Jobim em uma das suas cartas a Vinicius de Moares. Mas qual a fórmula para que uma versão de música brasileira fique boa também em outra língua? É preciso que a cultura do país que recepcionará a versão esteja igualmente bem representada como no original.

Foi o Jobim percebeu isso ao fazer a tradução do hit "Águas de Março" para "Waters of March": "Um dia, eu estava meditando em cima do verso 'é um espinho na mão, é um corte no pé' e percebi tudo. Como é que um americano iria cortar o pé se ele nunca anda descalço?"

É exatamente sobre isso que fala uma ótima matéria na Revista Bravo assinada por Barbara Heckler. Ela mostra como a versão feita cantada jazzista norte-americana Stacey Kent para "Águas de Março", transformando-a em "Les Eaux de Mars", de autoria do intérprete egípcio Georges Moustaki.

Les Eaux de Mars


Traduzindo, a letra fica assim:

Les Eaux de Mars
Uma pedra, um bastão, é Joseph e é Jacques,
Uma serpente que ataca, um corte no calcanhar,
Um passo, uma pedra, um caminho que avança,
Um toco de raiz, é um pouco sozinho

É o inverno que acaba, é o fim de uma estação,
É a neve que derrete, são as águas de março,
A promessa de vida, o mistério profundo,
São as águas de março dentro do seu coração

A matéria ainda fala de mais das versões de "Garota de Ipanema", "Aquarela do Brasil" e "Madureira Chorou", de Carvalinho e Júlio Montero, que virou "Si Tu Vas à Rio"

Madureira Chorou


Si Tu Vas à Rio


Traduzindo a letra, fica assim:

Si Tu Vas à Rio
Se você for ao Rio
Não se esqueça de subir
A uma pequena vila
Escondida entre as flores selvagens
Na encosta do morro
É em Madureira
Que você verá os cariocas
Saindo de suas casinhas
Para irem à festa
À festa do samba

Para ouvir outras versões, clique aqui
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