sexta-feira, 30 de maio de 2008
Considerações acerca do Prêmio TIM
Para melhor disco
DISCO: Sambista Perfeito
ARTISTA: Arlindo Cruz
PRODUTOR: Leandro Sapucahy
GRAVADORA: Deckdisc
DISCO: Estação Melodia
ARTISTA: Luiz Melodia
PRODUTOR: Humberto Araújo
GRAVADORA: Biscoito Fino
DISCO: Acústico MTV
ARTISTA: Paulinho da Viola
PRODUTOR: Luiz Pereira – Adilson Tokita
GRAVADORA: Sony/BMG
Ganhou Acústico MTV Paulinho da Viola.
Para melhor grupo
ARTISTA: Casuarina
DISCO: Certidão
GRAVADORA: Biscoito Fino
ARTISTA: Cristina Buarque e Terreiro Grande
DISCO: Ao Vivo
GRAVADORA: Dançapé
ARTISTA: Fundo de Quintal
DISCO: O Quintal do Samba
GRAVADORA: LGK Music
Ganhou Fundo de Quintal - O Quintal do Samba.
Para melhor cantor
ARTISTA: Jair Rodrigues
DISCO: Em Branco e Preto
GRAVADORA: Trama
ARTISTA: Luiz Melodia
DISCO: Estação Melodia
GRAVADORA: Biscoito Fino
ARTISTA: Paulinho da Viola
DISCO: Acústico MTV
GRAVADORA: Sony/BMG
Ganhou Paulinho da Viola.
Para melhor cantora
ARTISTA: Alcione
DISCO: De Tudo que eu gosto
GRAVADORA: Indie Records
ARTISTA: Elza Soares
DISCO: Beba-me Ao Vivo
GRAVADORA: Biscoito Fino
ARTISTA: Fabiana Cozza
DISCO: Quando o céu clarear
GRAVADORA: Gravadora Eldorado
Ganhou Alcione
Dito isso, agora darei os meus pitacos. O prêmio de melhor disco ficou em boas mãos, porém não seria ruim se o Luiz Melodia levasse essa, já que seu disco está muito bonito, tanto quanto o Acústico do Paulinho.
Quanto ao melhor grupo, é aqui que acontece uma das maiores injustiças desta premiação. Digo isso porque quando o Fundo de Quintal foi no programa do Faustão para escolher o repertório do próximo CD, que conteria os melhores sambas de todos os tempos, fizeram uma apresentação pífia, tocando as músicas de qualquer jeito e até mesmo esquecendo letras de sambas mais que consagrados. Do outro lado se encontra o Terreiro Grande, um grupo que se notabilizou justamente por interpretar a obra dos grandes baluartes do samba com delicadeza, emoção e sem esquecer as letras.
Sobre o melhor cantor, acredito que qualquer um dos três poderia levar o prêmio numa boa!
E quanto a melhor cantora, apesar de não gostar muito do repertório da Alcione, considero-a uma boa cantora e acredito que poderia ser entregue a qualquer uma das três.
Veja aqui os outros indicados, e aqui os outros ganhadores.
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Saudosa Caderneta!
Como uma forma de dar mais destaque à marca, personalidades são convidadas e, claro que por uma boa grana, atrelam seu nome a uma marca. Em 1978, Adoniran Barbosa compôs um sambinha para a Caderneta de Poupança Unibanco.
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Reduto do choro - Sobre vida, música e arte
Ouça Pelo Telefone na voz de Zé da Zilda
Além da roda, o espaço é reservado para aulas de violão e cavaquinho que acontecem durante os dias da semana com Arnaldo, 38 anos, músico e professor funcionário da casa.
terça-feira, 27 de maio de 2008
1967: Noel, 30 anos após sua morte

Uma grande parte das camadas urbanas, proletarizada ou mesmo um pouco acima do salário-mínimo, formula um contexto específico de que o samba nascido na Praça Onze, é apenas uma das incontáveis ramificações. Mergulhado neste contexto, prodruto de uma mistura de mulato, violão e botequim, o samba é a forma de expressão mais rápida para comunicar aquela carga latente de nostalgia & desencanto, conseqüências da marginalização social e econômica.
SEM CHORO NEM VELA
Segundo Almirante, desde 1935 a vida de Noel vinha minando a sua frágil resistência física. A tuberculose já o rondava, por trás de seu defeito no rosto que o fazia comer de menos e beber de mais - dormir todo dia e só depois sair, para seu samba engolir a noite. Constatada a doença, sucederam-se as estações de repouso, mas o samba de Noel não tinha férias nem tomava conhecimento de descanso. O cantor já iria regressar da última viagem, em Piraí, com a moléstia seriamente agravada.
Tudo terminou no dia 4 de maio de 1937, em Vila Isabel, presentes Orestes Barbosa e Marília Batista, e, daí a meia hora Aracy de Almeida acabava de gravar, naquele dia, o último samba de Noel: Eu Sei Sofrer.
TRISTE CUÍCA
A morte de Noel lançou no limbo o compositor, repercutindo quase que únicamente nos arraiais do samba. Isto porque, segundo Almirante e Aracy de Almeida, nos idos de 30 qualquer sambista era violentamente marginalizado e acusado de vagabundagem, sofrendo todos êles os efeitos dessas discriminação. Menos Noel, que, apesar de sua família enfrentar uma série de dificuldades, jamais abandonou aquêle despojamento e desprêzo pelo sucesso.
Os seus sambas continuaram a ser tocados no rádio, sem grande alarme popular. Em 1942, Almirante produziu na Rádio Tupi, o primeiro programa dedicado à revisão de Noel Rosa e, a êste, seguiram-se vários outros. A "redescoberta" do compositor pelos cantores de maior contato com as massas, como Silvio Caldas, acabou de restituir-lhe a plena identificação com o público, especialmente depois de um show de sambas de Noel na Boate Vogue, com Aracy de Almeida, em 1948.
FEITIÇO DE NOEL
Aracy fala do samba, no tempo de Noel: "A gente ganhava pouco ou nada, mas vivia só pra sair de noite, cantar e fazer música, e viver na vida boêmia. Não era à toa que sambista naquele tempo era sinônimo de malandro e vadio. De fato, naquela época, sambista era pinta-braba, tinha muito valente e mal-elemento querendo ser compositor. O Noel, que conhecia todos os pilantras do Rio, nunca foi muito aceito porque não saía da Lapa e do Mangue, de onde voltava com uma porção de sambas escritos em maços de cigarros Odalisca, que depois ele vendia pra pagar a fatura do dia seguinte. Aliás, naquele tempo não houve sambista a quem Noel não tivesse dado uma mãozinha, trocando uma letra aqui, outra ali, e muito samba famoso por causa disso, tem o dedo do Noel Rosa, e ninguém sabe".


O XIS DO SAMBA
Eo 30 anos, os sambas de Noel foram regravados algumas dezenas de vêzes, desfechando aquela carga poética e musical que tanto influencia os novos compositores. Três livros foram escritos a seu respeito: um dêles, o mais completo, por Almirante, testemunha ocular da história do samba e amigo de Noel desde 1923. Das suas madrugadas, saíram cerca de das centenas de músicas, algumas mulheres e uma série de lendas suobre sua vida e obra. Mas, o chôro da flautam violão e cavaquinho para os 30 anos de sua morte é a sua presença mais constante nêstes 30 anos de samba.
Recolocada em órbita a partir dos anos 40, a sua obra pode ser submetida hoje a um olhar de Raios-X sem perder nada de sua instigante comtemporaneidade. Mesmo porque Noel traduz o X do samba, haja vista que a sua arte permanece pelo tempo, não só pela eternidade de suas criações gravadas na cêra para a posteridade, mas principalmente por sua poderosa influência no que de melhor se faz hoje em samba.
Trinta anos depois de Conversa de Botequim, Com que Roupa?, Coisas Nossas, Mentiras de Mulher, Fita Amarela, Noel encontra um eco nas criações de Chico Buarque de Hollanda e Sidney Miller. A mesma divisão crítica e criativa dos seus sambas, por trás da historinha ingênua e bem temperada, está presente em Juca, Você não Ouviu, A Rita etc, e nas duas mais recentes composições de Chico: Com açúcar e afeto e Quem te viu e quem te vê. E quanto a Sidney Miller é só ouvir O Circo.
A revalorização do trivial, do cotidiano e do popularesco, o reencontro do samba com as suas raízes, que são os vértices da moderna música brasileira, têm como base Noel. Carioca e universal. De 1937 a 1967, Noel tem sido o X do samba.
segunda-feira, 26 de maio de 2008
Bambino da Renault
A composição é de 1913, originalmente para piano. É o vigésimo sexto tango de Nazareth e foi intitulado em homenagem ao caricaturista Arthur Lucas, responsável por algumas capas de partituras de Nazareth.
Confira:
Como acontece com alguns choros brasileiros, a música recebeu letra posteriormente. Mas o curioso é que dois artistas fizeram diferentes letras. Catulo da Paixão Cearense foi responsável pela primeira versão pra música, muito mais elaborada. Catulo além de lhe dar os versos, deu um outro título à música: “Você não me dá”.
Ouça na voz de Antonio Adolfo:
José Miguel Wisnik foi o segundo a pegar um dos grandes sucessos de Nazareth e dar-lhe uma letra. Ouça. Esta versão foi gravada no CD “Do Cóccix até o Pescoço”, de Elza Soares.
domingo, 25 de maio de 2008
Disco da semana: Divino Samba Meu - Dona Inah

2 - Qual foi o mal que eu te fiz (Noel Rosa / Cartola)
3 - Palhaço (Nelson Cavaquinho / Osvaldo Martins / Washington)
4 - Não sou manivela (Ary Barroso)
5 - Armadilhas (Ataulfo Alves / Hermínio Bello de Carvalho)
6 - Feitio de oração (Noel Rosa / Vadico)
7 - Como é que eu posso? (Cartola)
8 - Ladrão que entra em casa de pobre (Jorge Costa)
9 - Ingenuidade (Serafim Adriano)
10 - Ressentimento (José Eduardo Rennó / Heron Coelho)
11 - Samba de mágoa (Eduardo Gudin)
12 - No fim não se perde nada (Paulo Vanzolini / Toquinho)
13 - Divino samba meu (Heron Coelho / Luis Ribeiro / Alexandre Pavan)
sexta-feira, 23 de maio de 2008
Paulo Vanzolini, Assis Ângelo e Osvaldinho da Cuíca juntos em debate
O “Debate: Músicas para São Paulo e a formação cidadã” abordará temas que vão desde a origem da cidade de São Paulo até a qualidade de vida nos grandes centros urbanos.
O evento, que será realizado na biblioteca Cassiano Ricardo no espaço Itamar Assumpção ás 15 horas, é grátis.
Saiba mais aqui.
quinta-feira, 22 de maio de 2008
Vermute com Amendoim apóia o Sesc!
A principal proposta do projeto de lei é inverter a porcentagem do repassamento das verbas que as entidades voltadas para o serviço social recebem (60%) com relação ao que é destinado ao aprendizado profissional (40%). Ou seja, 60% da verba para a capacitação profissional e 40% para o social.
Assisti em diversas unidades do Sesc, de graça ou a um preço bem acessível, shows memoráveis com grandes nomes da nossa música. Creio que a capacitação de profissionais mereça, sim, mais atenção do governo, porém retirar recursos de uma entidade que tem tanto a oferecer para a população, que em sua maioria não tem condições de freqüentar um teatro pelo custo que demanda, é um enorme retrocesso.
Além disso, o Sesc oferece ações de inclusão social por meio do esporte, programas de alimentação, atividades para a terceira idade, atendimento odontológico etc.
Leia abaixo a carta aberta do diretor regional do Sesc SP.
Carta aberta ao público freqüentador do SESC
Queremos compartilhar com todos vocês o risco ao qual o SESC está exposto neste momento. O governo federal pretende enviar ao Congresso Nacional projeto de lei que retira pelo menos 33% dos recursos do SESC para a criação de mais um fundo de financiamento de programas de formação profissional. Diante desse risco, é nosso dever expor à sociedade brasileira o valor e a importância desta instituição criada, mantida e administrada com recursos privados, provenientes de contribuição compulsória das empresas do comércio de bens e serviços surgida nos anos 40 por proposta voluntária do empresariado.
Esta definição tem amparo na lei e na Constituição Brasileira (art. 240). O SESC promove a educação permanente por meio de suas ações culturais, socioambientais, esportivas, de promoção da saúde e da cidadania, das atividades de lazer e de sociabilização, voltadas prioritariamente às pessoas de menor renda. A melhor maneira de conferir o significado dessa ação é vivenciar o dia-a-dia.nos centros culturais e desportivos. Ouvir o relato dos freqüentadores sobre a importância do SESC em suas vidas e para suas famílias.
Utilizar os equipamentos e instalações de primeira qualidade, abertos a todos os estratos sociais, e participar das inúmeras atividades que abrangem um amplo arco de interesses e necessidades, reunindo um público extremamente diversificado. Acreditamos que todos vocês já tiveram essa oportunidade. São, portanto, testemunhas da natureza beneficamente eficaz, engajadamente eficiente e profundamente educativa do trabalho que o SESC desenvolve há 61 anos.
Esse patrimônio não pode ser sacrificado em favor de prioridades transitórias, em nome das quais se destruiria um trabalho consolidado em mais de seis décadas de atuação, causando um prejuízo incalculável ao desenvolvimento do país. A educação profissional é importante. Mas se dissociada de uma ação voltada ao desenvolvimento integral do indivíduo, torna-se meramente utilitarista, o que levaria a um evidente retrocesso, fruto de uma visão obscurantista e flagrantemente retrógrada.
Diante da gravidade dessa situação, que propõe a retirada de substanciais recursos dos programas socioeducativos do SESC, convidamos a todos para que se manifestem, pelos meios ao seu alcance, em prol da continuidade de nosso trabalho. Um projeto que, afinal, é uma conquista da sociedade brasileira.
Danilo Miranda, Diretor Regional do SESCSP
Veja o que já foi públicado sobre o assunto.
Assine o manifesto em defesa do Sesc.
quarta-feira, 21 de maio de 2008
Reflexões de Sargento
Não entraram e deram o pano de fundo para o show “Pensamentos Cantados”, projeto que tomou forma ao lado de Agenor de Oliveira (não, não é o Cartola). A idéia é selecionar um punhado de frases e cantar uma ou duas músicas relacionadas ao tema.
Algumas, porém, continuam na exclusividade do papel, como é o caso de “O traído é o último a saber. Se fosse o primeiro, não haveria graça” ou “Dançar é a melhor maneira de pegar na cintura da vizinha”.
No vídeo, gravado na Lagoa Rodrigo de Freitas, Nelson é acompanhado do filho Ronaldo Mattos e de Agenor de Oliveira.
terça-feira, 20 de maio de 2008
Adeus Darcy!

Darcy Fernandes Monteiro foi levado por Nelson Sargento, no início da década de 50, e ingressou a ala de compositores da Mangueira. Em 1970 gravou o disco "A História do Samba Verdadeiro - Darcy da Mangueira".
Chiquita existencialista

“Chiquita Bacana” tem uma letra com apenas sete versos, mas um fundo bastante filosófico. A idéia de fazer a música veio do próprio Braguinha, que propôs ao companheiro Alberto Ribeiro fazer algo sobre o tema mais explorado na imprensa da época: o existencialismo.
Sartre, Camus e Simone de Beauvoir talvez ficassem pasmos com a música que trata, com muito bom humor, dos “existencialistas”. Aqueles de vida boêmia, que passavam noites enfurnados nos cabarés parisienses, em volta de um canecão de vinho.
Chiquita bacana lá da Martinica
Se veste com uma casca de banana nanica
Não usa vestido, não usa calção
Inverno pra ela é pleno verão
Existencialista com toda razão
Só faz o que manda o seu coração.
A marchinha fez tanto sucesso que foi gravada nos Estados Unidos, Argentina, Itália, Holanda, Inglaterra e França. O título não ficou o mesmo do original. “Chiquita madame de la Martinique” tem versos de Paul Misraki e faz parte da discografia da sensual Josephine Baker e de Ray Ventura.
Ouça aqui a versão interpretada por Emilinha Borba, lançada pela Continental, ainda em 1949.
Mais no Vermute
Conheça Lan, um caricaturista estrangeiro que brilhou no Brasil
Veja a entrevista com o diretor do filme "Noel, o Poeta da Vila"
Lembra de Bethânia cantando Carcará? Confira
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Rosa de Ouro na Globo
Alguns ilustres acompanham o conjunto como o grande violonista César Faria (pai de Paulinho), Celsinho Silva que toca pandeiro com Paulinho até hoje e Mauro Diniz no violão. No show ainda há particpações especiais de Radamés Gnattali, Maestro Copinha, Canhoto da Paraíba, Zezé Mota e da Velha Guarda da Portela.
Vale lembrar que na formação original Nelson Sargento não figurava. Não à toa uma das músicas canta: "São quatro crioulos...". Acontece que em determinada época o conjunto sentiu falta de mais um violão. Elton Medeiros que lembrou: "Olha, eu conheço um violonista lá em Mangueira".
Era Nelson Sargento. Mas o quinto crioulo demorou para integrar a formação. Só depois de três vezes que Elton Medeiros subiu o morro e deixou recado com Leocádia, que era mulher dele na época, é que Nelson resolveu descer o morro e aparecer no Teatro Jovem, onde eram os ensaios.
Quando ele chegou, nada de violão. Nelson perguntou: "Onde é que é o serviço?". Nelson pensou que havia sido chamado para pintar o teatro. Mal sabia ele que sua colaboração seria muito mais geniosa.
O show em questão encontra-se disponível em DVD e pode ser comprado aqui.
Mais no Vermute
Confira as três seleções de músicas que o Vermute fez para você.
Conheça um dos maiores incentivadores da marchinha: Silvio Santos.
Sabe a história do samba "Lá se vão meus anéis...". Leia aqui.
domingo, 18 de maio de 2008
Disco da semana: Sucessos de Zé Kéti

Quando perguntaram qual o nome daquele grupo que juntava Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho e outros, Zé Kéti é que disse: “A voz do morro”. Foi ele que nomeou um dos grupos mais famosos do samba. O homem que compôs “Diz que fui por aí”, “Mascarada” e “Máscara Negra”, os dois últimos feitos para um amor de carnaval.
Zé Kéti do show Opinião e da ginga cantada em “Vestido Tubinho”. O mesmo Zé que canta “Queixa” e “Cicatriz”, que canta a pobreza como um poeta que exalta o que a maioria da população tenta esconder. Um homem que soube o lugar prioritário que o favelado deve ocupar no samba. O lugar daquele que não pode comprar o disco, mas que é homenageado por um dos grandes favelados da música.
Tudo isso no disco “Sucessos de Zé Kéti”, de 1967.
Músicas:
1 - Acender as velas (Zé Kéti)
2 - Cicatriz (H. Bello de Carvalho / Zé Kéti)
3 - Diz que fui por aí (H. Rocha / Zé Kéti)
4 - Opinião (Zé Kéti)
5 - Queixa (Paulo Thiago / Zé Kéti / Sidney Miller)
6 - Vestido tubinho (Zé Kéti)
7 - Favelado (Zé Kéti)
8 - Poema de botequim (Zé Kéti)
9 - Prece de esperança (Zé Kéti)
10 - Máscara negra (Pereira Matos / Zé Kéti)
11 - Viver! (Zé Kéti)
12 - Mascarada (Elton Medeiros / Zé Kéti)
Baixe esse disco no um que tenha.
sexta-feira, 16 de maio de 2008
Vermute Recomenda: Rumo aos Antigos (1981)

Mas engana-se quem espera encontrar uma marchinha como as executadas lá nos idos da década de 20. Rumo aos Antigos não se acanha em colocar um guitarra distorcida para cantar “Bobalhão” ou um sotaque português para “Não quero saber mais dela”, ambas de Sinhô. Já outras como “Pierrô Apaixonado”, música de Heitor dos Prazeres e Noel Rosa que dá nome a este espaço e "Provei”, de Noel, têm uma levada quase de bossa.
Ouça no player a versão de "Bobalhão" e a original aqui.
Algumas músicas lembram os grandes feitos de Sá, Rodrix e Guarabira, como “Zepelin”. Alguma coisa lembra os bons e velhos Mutantes. Mas a verdade é que Rumo aos Antigos soa único e a certeza é que as 17 faixas são, no mínimo, surpreendentes.
Um dos integrantes do grupo, dono de uma famosa voz, Luiz Tatit, assina a moderna e curta “Pro bem da cidade”. Esta é a que mais lembra a fórmula original que o grupo Rumo adotou nos discos que fizeram grande sucesso.
Baixe aqui o disco
Taí. Pus a cara ao tapa.
quinta-feira, 15 de maio de 2008
O choro em pessoa

Altamiro Carrilho começou a tocar, ainda menino, em uma flautinha de bambu. Aos 16 anos saiu de Santo Antônio de Pádua (RJ) e mudou-se para Niterói com sua família. Foi nessa época em que começou a dividir a vida entre o trabalho pela manhã em uma farmácia e os estudos de música, que tinha com o flautista amador Joaquim Fernandes. Ainda neste mesmo período, Altamiro começa a freqüentar os programas de rádio dos flautistas Dante Santoro e Benedito Lacerda.
Os músicos notaram a sua grande capacidade de improvisação e assim em 1943 Altamiro estreou em disco, com uma participação em um 78 rpm de Moreira da Silva, lançado pela Odeon.
Em 1949 Altamiro gravou seu primeiro disco, Flauteando na chacrinha, e um ano depois já possuía seu próprio conjunto, que tocava na Rádio Guanabara. Porém o conjunto só durou até maio de 1951, quando foi convidado para integrar o Regional do Canhoto (que não é o da Paraíba), substituindo Benedito Lacerda. Altamiro ocuparia este posto até 1957.
Na década de 60 passou a excursionar pelo exterior, apresentando-se em Portugal, Espanha, França, Inglaterra etc. Com a redescoberta do choro na década de 70, tornou-se um flautista dos mais requisitados, tanto como solista ou como acompanhante em gravações de choro ou samba.
A partir daí Altamiro participou da produção de diversos álbuns como os discos: 100 anos de música popular brasileira 1, 2 e 3, Antologia da flauta, Velhos sambas... velhos bambas, entre outros.
É por isso que Altamiro Carrilho, hoje com 84 anos, e totalmente na ativa possui por volta de 200 composições, e mais 100 participações em discos.
quarta-feira, 14 de maio de 2008
A Fidalga e o Telefone
A idéia é falar sobre uma das duas paródias que se conhece dessa música. Obviamente, a menos conhecida. Deixemos Gilberto Gil de lado para falar de algo mais importante: a Cerveja Fidalga.
Registrada pela Brahma em 20 de julho de 1914, a cerveja fazia parte de uma seleção de rótulos que a Brahma inaugurava naquele ano, como a Carioca, a Suprema e a Malzebier, a última que vinha com a epígrafe: “Saborosa e nutriente, recomendada especialmente à senhoras que amamentam”.

pelo telefone
mandou me dizer
que há em toda parte
Cerveja Fidalga
para se beber
terça-feira, 13 de maio de 2008
Camarada Laurindo estamos a sua disposição!
O curioso é que Laurindo, que nunca existiu, acabou se tornando um personagem bastante forte no imaginário popular da época. Tanto que foi personagem de sambas de outros compositores, como Wilson Batista, Haroldo Lobo e Zé da Zilda. E hoje em dia há ainda quem questione e existência do sambista.
Nos versos de Wilson Batista, Laurindo abandonou a bateria da Mangueira para ir lutar no front, e voltou “coberto de glórias” e com uma cruz no peito e com divisas que ele ganhou fez um discurso bem comovente em um comício que foi realizado em Mangueira.
Lá Vem Mangueira (Wilson Batista - Haroldo Lobo - Jorge de Castro) / Cabo Laurindo (Wilson Batista - Haroldo Lobo) / Comício em Mangueira (Wilson Batista - Germano Augusto) --- Cristina Buarque e Chico Buarque
Zé da Zilda não botou fé na história do Cabo Laurindo e deu o seu recado:
Conversa Laurindo
Peço que não leve a mal
Você não foi onde estava o rival
Anda dizendo que lutou como herói
E, no entanto nem saiu de Niterói
Aproveitou a nossa vitória
E assim conseguiu o seu nome na História
Agora vejo você falando que viu a cobra fumando
Lá na linha de frente
Nem eu nem você fizemos nada
Ficamos na retaguarda
Aplaudindo nossa gente
Laurindo ainda aparece em composições de Noel Rosa (Triste Cuíca) e em outras composições de Herivelto Martins (As Três da Manhã, em parceria com Príncipe Pretinho, Quem Vem Descendo e Desperta Dodô em parceria com Heitor dos Prazeres).
Ouça mais músicas sobre o Laurindo
Praça Onze
As Três da Manhã
Quem Vem Descendo
Tríste Cuíca
segunda-feira, 12 de maio de 2008
A sete dicas de Tinhorão para ouvir "Cartola"

Por incrível que pareça, esse disco que só a perspectiva histórica permitirá compreender a verdadeira importância, no futuro, é o primeiro long-play de um dos poucos verdadeiros gênios da música popular brasileira, o compositor Angenor de Oliveira, chamado Cartola.
(...) Em certo sentido, porém, foi bom que o primeiro elepê de Cartola tivesse demorado tanto. Graças ao entusiasmo de Pelão e ao sentido cultural do trabalho de Marcus Pereira, o disco Cartola é perfeito. Sem citar o próprio compositor, que canta suas músicas com um admirável sentido de interpretação (de agora em diante, cantor que gravar samba de Cartola precisa ouvi-lo primeiro, para aprender), o elepê reúne dez dos mais competentes músicos populares brasileiros ligados à fonte popular, a saber, Horondino Silva, o Dino, e Jaime Florence, o Meira (violões), Valdiro Tramontano, o Canhoto (cavaquinho), Raul de Barros, fazendo uma espécie de gloriosa reentrée (trombone), Nicolino Cópia (flauta), Gilberto (surdo e pandeiro), Milton Marçal (cuíca e caixa de fósforo), Roberto Pinheiro, o Luna (tamborim e agogô), Jorge da Silva, o Jorginho (pandeiro), e Wilson Canegal (ganzá e reco-reco).
Dirigidos por Horondino José da Silva, o maior violão de sete cordas do Brasil, o que fizeram esses músicos e ritmistas? Ofereceram ao velho Cartola, com aquele sentimento de alegre companheirismo do povo, a melhor, mais competente, mais criativa e mais bonita moldura musical que qualquer compositor-cantor poderia esperar, para nela exibir seu talento.
Assim, fica difícil apontar o que é melhor nesse disco sem defeitos desde a capa, onde Cartola sorri, por trás dos seus óculos escuros, numa foto granulada que o mostra indefinido e único como os insondáveis mistérios do seu próprio gênio criativo. Dizer qual dos sambas do disco é o melhor? Mas como, se qualquer um deles só pode ser comparado aos de Nélson Cavaquinho, e quando se pergunta ao próprio Nélson Cavaquinho qual é o maiôs compositor brasileiro ele responde – Cartola.
De qualquer forma, há algumas recomendações que um estudioso de música popular brasileira pode fazer ao público, e que passo a enumerar: 1º) comprar com urgência o elepê de Cartola e, após ouvi-lo dez ou vinte vezes em seguida, começar a pressionar os amigos a fazerem o mesmo, sob pena de não poderem mais falar em música popular; 2º) atentar bem para certas passagens de sambas de Cartola, e comparar sua harmonia com o que os compositores da geração bossa-nova afirmaram ter sido a maior contribuição do movimento à música popular brasileira; 3º) ouvir com atenção o violão de Dino; 4º) demorar-se na apreciação do trabalho de trombone de Raul de Barros, em suas duas pequenas intervenções; 5º) procurar avaliar bem a riqueza do ritmo, não apenas na parte da percussão, mas de todo o conjunto; 6º) sentir o imprevisto, a originalidade e a beleza poética de certos versos (atenção para os sambas em parceria com Carlos Cachaça) e 7º) tirar o chapéu para os artistas das camadas populares urbanas brasileiras.
Porque este long-play de Cartola revela, afinal de contas, é esta verdade que qualquer pessoa imbecilizada pela cultura de massa sabe muito bem: quando a grandeza da criação repousa no espontâneo, fora do povo não há salvação. E é com ele que se deve aprender”.
José Ramos Tinhorão - Jornal do Brasil (11 de junho de 1974)
Baixe no Um que Tenha o disco Cartola, de 1974
Mais no Vermute
Foram descobertas 63 novas letras de Cartola. Saiba mais
No Mercado Informal, samba vale grana. Veja
Baixe aqui o documentário "Fala Mangueira"
Dica: A música para quem gosta
domingo, 11 de maio de 2008
Disco da semana: Cachaça dá Samba! - Alfredo del-Penho & Pedro Paulo Malta

Quem sacou isso foi a dupla Alfredo del-Penho e Pedro Paulo Malta, que em conjunto com a Cachaçaria Mangue Seco desenvolveram um espetáculo homônimo ao disco “Cachaça dá Samba!”. O repertório do show e do disco são frutos da pesquisa de: Alfredo del-Penho, Henrique Cazes, Luís Filipe de Lima, Cristina Buarque e Paulo César Andrade.
As músicas são cantadas quase todas em dupla, com exceção de duas músicas de Noel Rosa, que aliás, é o compositor mais prestigiado do disco com quatro músicas de sua autoria (Por esta vez passa, Maria Fumaça, Prá Esquecer e É Bom Parar, esta em parceria com Rubens Soares) Alfredo dá o tom sozinho na “Pra Esquecer” e Malta fica com a música “Maria Fumaça”.
O disco ainda conta com clássicos como a famosa marcha “Cachaça” (aquela que diz: Se você pensa que cachaça é água / Cachaça não é água não...) e a “Moda da Pinga”, música que ficou consagrada na voz de Inezita Barroso.
Músicas
1 - Ai, cachaça! (Manezinho Araújo - Fernando Lobo)
Bebida, mulher e orgia (Aniz Murad - Luiz Pimentel - Manoel Rabaça)
2 - Quem não sabe beber (Elino Julião - Severino Ramos)
3 - A verdade é pura (Moacyr Luz)
4 - O pingo e a pinga (Antônio Almeida - Pedro Caetano)
5 - Malvada Pinga (Moda da Pinga) (Laureano)
6 - Delírio alcoólico (E. Briu)
7 - Por esta vez passa (Noel Rosa)
8 - Maria Fumaça (Noel Rosa)
9 - Prá Esquecer (Noel Rosa)
10 - É Bom Parar (Noel Rosa - Rubens Soares)
Quem mandou você beber (Bide)
Não deixarei de beber (Sebastião Gomes - Jorge Gonçalves - Irineu Silva)
11 - Moenda Velha (Zeca Pagodinho - Wilson Moreira)
12 - Baranga das Dez, broto das Duas (Jota Canalha)
13 - O que me dão pra beber (Candeia)
Beberrão (Aniceto do Império - Molequinho)
14 - Deixa-me beber (J.G. De Carvalho)
Cachaça (Héber Lobato - Lúcio Girão - Marinósio Filho - Mirabeau Pinheiro)
sexta-feira, 9 de maio de 2008
Samba e Psicodelia na Disney

A dupla Zé Carioca e Pato Donald se conheceu no Rio de Janeiro, como o Vermute mostrou alguns posts atrás. Porém estes dois passaram por mais bons bocados para mostrar a beleza do samba. E dessa vez mais um personagem aparece no filme: o pica-pau Folião.
O trecho a seguir é do filme “Melody Time”, lançado em 1948. Era uma época em que os estúdios Walt Disney não estavam lá em bons lençóis. A Segunda Guerra Mundial fez com que as finanças na europa ficassem congeladas e a saída foi investir em filmes pacotes. Você já ouviu falar do clássico da Disney, “Fantasia”? Foi nessa fórmula que Walt investiu para conseguir vender.
No Melody Time, mais seis trechos de música são apresentados: “Once Upon a Wintertime” fala de um casal de namorados patinando no invero, “Bumble Boogie” apresenta uma abelhinha que interage com instrumentos musicais, “Johny Appleseed” conta a história de Johny Semente de Maçã, um plantador de maçãs, e “Trees”, que se trata de uma peça acompanhada por uma versão musical do poema de Joyce Kilmer
A música em destaque do trecho “Blame it on samba” é “Apanhei-te cavaquinho”, de Ernesto Nazareth. As canções de Ernesto agradavam e muito os ouvidos fora do Brasil. Não é à toa que existem várias citações ao compositor brasileiro por aí.
A psicodelia do trecho ficou por conta da diretora de arte, Mary Blair. Personagens reais, como a mulher que toca primorosamente o piano na interpretação do choro, contracenam com os três, um recurso bastante usado no passado.
Vale a pena assistir.
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quinta-feira, 8 de maio de 2008
Astaire homenageia Nazareth

As músicas também não ficavam atrás. Ainda que não fosse de uma beleza excepcional, Astaire cantava, dançava e a música parecia perfeita. O maxixe "Dengoso", de Ernesto Nazareth foi uma dessas músicas utilizadas nas cenas de Astaire.
A obra, composta nos idos de 1912, por si só já vale a pena. Executada pela orquestra do canadense Percy Faith, fica mais ainda entusiasmante. A ocasião da transmissão foi o programa 'Music of the 60s', de Ed Prentiss transmitido em 1962.
Voltando a Astaire, o astro do bailado homenageou, no seu décimo filme, "The Story of Vernon and Irene Castle", em 1939, Ernesto Nazareth. Havia três anos que o compositor de “Apanhei-te cavaquinho”, do tango "Odeon" e choros diversos já havia morrido tragicamente.
Na cena, o casal executa os passos em uma sala grande, enquanto os figurantes se limitam a olhar a dança. Tá bom, a música é animada e os dois são entrosadíssimos. Mas mesmo assim, arrisco a dizer que falta uma ginga brasileira, não?
Ah, para quem ficou curioso sobre como foi a morte deste grande compositor: Em 1933, com 70 anos, Ernesto começou a desenvolver problemas mentais. Havia perdido a esposa quatro anos antes e já não escutava tão bem, tendo que colocar o ouvido perto do piano para ouvir suas notas soarem. Foi internado em um hospital psiquiátrico, mas fugiu um ano depois. Foi encontrado morto por afogamento, em um lago atrás do manicômio.
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quarta-feira, 7 de maio de 2008
Choro na Praça
Mas o que faz dessa, uma feira ainda mais atraente não são as barraquinhas de artesanato, nem de comidas típicas brasileiras, mas a tradicional roda de choro que acontece lá mesmo, no meio da Praça de Alimentação, a céu aberto, todos os sábados das 14h30 às 18h30.
O grupo é o Quinteto da Praça, formado por chorões e uma chorona. São quatro senhores e uma jovem clarinetista, todos muito bons instrumentistas. Durante a tarde, eles fazem um apanhado do choro relembrando clássicos como "Flor Amorosa" de Antonio Callado e "Um a Zero" do mestre Pixinguinha. Conforme os músicos vão tocando, pessoas param para observar melhor a roda. Há quem ache uma dupla e arrisque uns passos. Há quem arrisque os passos mesmo sozinho.
Wilson, 79 anos, é o mais antigo no grupo. Há 15 ele participa da roda tocando violão sete cordas. "Nunca vivi de música", conta ele "mas quem gosta mesmo não se aparta nunca", explica. Ágil e talentoso, Wilson é o que se pode chamar de macaco velho do choro. Com muita naturalidade e leveza, ele faz soar os baixos do violão mostrando que também se improvisa no choro.
O que chama bastante atenção nessa e nas tradicionais rodas é o fato de os chorões não usarem partituras. As aproximadamente 45 músicas que o Quinteto da Praça mostra aos sábados são tocadas de cor. E, diga-se de passagem, erros ou problemas técnicos que comprometam a execução não são freqüentes. Angélica, responsável pelos solos de clarinete explica que durante dois anos estudou o repertório para então entrar na roda. "Não é proibido tocar com partitura, mas o músico que usa não é muito bem-visto".Ela é a única mulher do grupo e também a única que tem formação musical acadêmica. Estudou na Unesp e além de clarinete, toca sax e se dedica ao jazz. Dentre os compositores de choro que mais gosta, Angélica destaca Pixinguinha, apesar de ser dele "Um a Zero", a música que mais deu trabalho a ela durante os estudos. Nada mais compreensível; Tocar a seqüência ininterrupta de notinhas no ritmo, e tudo isso sem perder o fôlego exige uma respiração adequada, além de muita agilidade nos dedos. Veja só:
Angélica enfim pode descansar um pouco nas partes em que passa o solo para Rodolfo, 74 anos. Assim, clarinete e bandolim vão se revezando durante as partes "A" e "B" das músicas. Essa é uma divisão típica do choro que normalmente apresenta duas partes distintas que se caracterizam por apresentarem melodias trabalhadas em tonalidades diferentes.
O mais sorridente do grupo é Zezinho do Pandeiro, 79 anos, que entre um golinho e outro de cerveja, que é oferecida pela Associação da praça, vai marcando o ritmo das músicas com muita precisão e graça. "É por isso que eu bebo... para tocar", se diverte rindo. Ele, que fugiu de casa para poder tocar o instrumento – o pai queria que seguisse carreira na Marinha –, acompanhou Elizeth Cardoso, na época em que tocava em bares no Rio de Janeiro, e outros grandes músicos com destaque para Elis Regina, Jair Rodrigues e Elza Soares, na ocasião em que fez parte da orquestra Carlos Piper. Essa foi uma orquestra importante e que ficou muito conhecida por acompanhar músicos no programa O Fino da Bossa.
Zé do cavaquinho, 82 é o mais velho da roda. Ele carrega um comprimido de isordil no bolso, por ter sofrido dois ataques cardíacos. "Já fui bom no cavaquinho. Hoje estou até esquecendo o choro", diz rindo.
Quando o relógio marca 18h30, depois de 4 horas intercaladas por pequenos intervalos de 15 e 30 minutos, Wilson anuncia a saideira e quando o grupo termina, são aplaudidos. O movimento por ali já é bem menor, porque a noite cai e a maioria das barracas já encerrou suas atividades. Os músicos também encaixotam seus instrumentos, se despedem e rapidamente deixam a praça. Cada um recebe 70 reais. Zé do cavaquinho e Wilson do violão 7 cordas vão embora juntos. A neta de Zé passa para pegar o avô e Wilson vai também, de carona.
Choro na Praça, só no sábado que vem. Mas fica o exemplo de valorização da música brasileira e a dedicação a esse gênero tão nosso.
Confira o clima do Choro na Praça
A feira na Praça Benedito Calixto só acontece aos sábados, a partir das 9 horas da manhã.
terça-feira, 6 de maio de 2008
O samba pintado por Lan

Lan nasceu na Itália e chegou ao Brasil acompanhado do pai, um talentoso músico. Mas não criou raízes. Depois de um tempo integrando a Orquestra Sinfônica de São Paulo, mudou-se para Montevidéu, no Uruguai. Lá é que Lan estudou arquitetura e, apesar de não exercer a profissão, o desenho o levou a Buenos Aires, onde passou a trabalhar como caricaturista em diversos jornais da capital argentina.
Lan chegou Rio de Janeiro por conta de uma viagem que havia programado com o objetivo de conhecer o continente americano, porém a Cidade Maravilhosa o fisgou e Lan não conseguiu nem cumprir o roteiro da sua viagem e nem regressar à Argentina. No Rio, logo tratou de se ajeitar. Arranjou trabalho e se casou com Olívia, que junto com Mary e Norma formavam o trio de dançarinas Irmãs Marinho.
Jair do Cavaquinho
Lan não só desenhou o samba, mas também imortalizou muitos de seus personagens mais importantes. E mais do que ter se naturalizado brasileiro, Lan se naturalizou carioca, flamenguista e portelense fanático. E é por isso que recebeu da dupla Moacyr Luz e Aldir Blanc um samba em sua homenagem chamado “Mitos Cariocas: Lan”.
Mitos Cariocas:Lan (Moacyr Luz / Aldir Blanc)
Martinho da Vila
Chegou a pintar figurões da sociedade carioca, como Roberto Marinho, Carlos Lacerda, Armando Falcão, Getúlio Vargas e outros. Até no futebol deixou seus traços fortes. Foi tão importante para o Rio de Janeiro que foi declarado "Cidadão Carioca honorário" em duas ocasiões. Para saber mais sobre Lan, clique aqui.
Noel Rosa
Novidades no Vermute
Não à toa. Flautista e dona de uma bela voz, Paula já participou de alguns grupos musicais cantando jazz e música brasileira de qualidade. Seus textos também não ficam atrás e é isso que ela mostrará no Vermute a partir de amanhã. Vale a pena aguardar.
segunda-feira, 5 de maio de 2008
Vingança de mestre

A música é datada do ano de 1951 e tem história verdadeira por trás. A canção conta a história de um homem traído que fica sabendo que sua mulher está na pior,chorando e bebendo em um botequim. A reação do ex-amante é inesperada: gostou tanto da notícia que tem que fazer esforço para ninguém notar.
A vingança foi do próprio Lupicínio Rodrigues, que viveu um tempo com uma pequena chamada Mercedes (conhecida por Carioca). A moça tentou trair Lupicínio com um empregado seu, mas se deu mal. A fidelidade do empregado fez com que ele denunciasse Carioca, que acabou sendo abandonada.
Tempos depois ficou sabendo do rumo da moça, triste e bebendo no bar. Lupicínio, então continuou sua vingança e escreveu o ácido samba. O primeiro a cantá-lo foi Jorge Goulart, na noite carioca. Acontece que Jorge não podia gravar o samba porque era artista da Continental, enquanto Lupicínio era da RCA. A música foi parar nas mãos de Herivelto Martins, que gravou junto com o Trio de Ouro.
Mas fez sucesso mesmo com Linda Batista (foto), que a gravou duas vezes. A primeira com o conjunto do violonista Fafá Lemos, que estourou nas paradas de sucesso. E a segunda, com uma orquestra de cordas, que ficou pouco conhecida e só saiu em elepê. A música, porém, será ouvida na voz de Jamelão, aquele que Lupicínio considerava seu melhor intérprete.
Em 1963, no jornal Última Hora, o compositor afirmou a veracidade dos versos: “Nunca se está livre de ter, num momento de rancor, algum desejo de vingança”.Mais no Vermute
Confira o disco da semana
Veja outros da série "Vermute conta o samba"
Conhece Caio Bassit? Leia a entrevista que o Vermute elaborou!
domingo, 4 de maio de 2008
Elton com mais sabedoria

Na primeira vez em que ouvi demorei para chegar na faixa três. Tamanha a beleza do samba-canção com belos solos do pianista e arranjador Gilson Peranzzetta e do saxofinista alto Mauro Senise. A letra fica por conta de Antonio Valente e é um discurso inteiro sobre a saudade. Elton deu seu tom, mais uma vez com a uma melodia em que é quase impossível arriscar o caminho dela.
Saboreie a faixa dois do disco, "Antigas Lembranças"
O título do disco fica para uma parceria de Elton com Paulinho da Viola, seu parceiro mais constante. Mais uma vez, o piano dá o fundo para o samba, com arranjos de Cristóvão Bastos. A produção é de Luciana Rabello.
A seleção das faixas ainda conta com Vestido Tubinho, de Zé Keti, Lavo minhas mãos, de Nelson Cavaquinho, e Partiu, de Cartola. O disco não é só de obras-primas, mas não tem samba ruim.
Com 78 anos, este deverá ser o penúltimo disco de Elton Medeiros, que tem a meta de gravar apenas mais um disco. Infelizmente.
Fica a dica.
sexta-feira, 2 de maio de 2008
Seleção Vermute: Homenagens

01- Homenagem ao Mestre Cartola (Nelson Sargento) Canta: Nelson Sargento / Homenageado: Cartola.
02- Um Samba pro Cyro Monteiro (Wilson das Neves) Canta: Wilson das Neves e João Nogueira / Homenageado: Cyro Monteiro.
03- Homenagem (Moreira da Silva) Canta: Moreira da Silva / Homenageado: Noel Rosa.
04- Um Sarau Para Raphael (Paulinho da Viola) Tocam: Nó em Pingo D’Água e Paulinho da Viola / Homenageado: Raphael Rabello.
05- Naquela Mesa (Sérgio Bittencourt) Canta: Nélson Gonçalves / Homenageado: Jacob do Bandolim.
06- Som de Prata (Moacyr Luz / Paulo César Pinheiro) Canta: Moacyr Luz / Homenageado: Pixinguinha.
07- Wilson, Geraldo e Noel (João Nogueira) Canta: João Nogueira / Homenageado: Wilson Batista, Geraldo Pereira e Noel Rosa.
08- Silêncio que o Natal Morreu (Picolino da Portela) Canta: Picolino da Portela / Homenageado: Natal da Portela.
09- Homenagem a Paulinho da Viola (Nelson Sargento) Canta: Nelson Sargento / Homenageado: Paulinho da Viola.
10- Tempo de Glória (Wilson Moreira / Nei Lopes) Canta: Wilson Moreira e Nei Lopes / Homenageada: Clementina de Jesus.
11- Rosinha, Essa Menina (Paulinho da Viola) Tocam: Paulinho da Viola, César Faria e João Rabello / Homenageada: Rosinha de Valença.
12- Exaltação a Villa-Lobos (Jurandir da Mangueira / Cláudio) Canta: Jurandir da Mangueira / Homenageado: Heitor Villa-Lobos.
13- Homenagem a Antenor Gargalhada (Geraldo Babão) Canta: Geraldo Babão / Homenageado: Antenor Gargalhada.
15- Um Ser de Luz (João Nogueira / Paulo César Pinheiro / Mauro Duarte) Canta: João Nogueira / Homenageada: Clara Nunes.
16- Harmonia em Mangueira (Carlos Cachaça) Canta: Carlos Cachaça / Homenageado: Vários.
18- Mais Feliz (Elton Medeiros / Paulo César Feital / Carlinhos Vergueiro) Canta: Elton Medeiros / Homenageado: Vários.
quinta-feira, 1 de maio de 2008
Nada de show da CUT!

Veja mais shows que valem a pena na agenda do Vermute
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