sábado, 8 de março de 2008

O sambista que ficou esquecido

Há tempos o samba deixou de ser um estilo musical marginal e entrou pela porta da frente das casas que antes o rechaçavam. Entretanto, o sambista não desceu o morro. Ainda que alguns sambistas tenham se criado em um meio menos turbulento, o samba mantém algumas de suas raízes cravadas no ambiente seco em que nasceu.

Prova disso é o caso do sambista Benedito Oliveira. Conhecido na Baixada do Glicério, no centro de São Paulo, como Benê do Pagode, este sambista ao modo antigo tocava nos bares, pela noite paulistana, retratando o duro cotidiano da Paulicéia.

Aprendeu tocar cavaquinho na Igreja, já dormiu dentro de um carro emprestado já visitou o Rio de Janeiro, com seu cavaquinho e a idéia de viver de música. Não deu certo e vivia ao relento desde que gravou um Cd com Vanessa Jackson, vencedora de um reality show musical, e recebeu menos de 10 reais. Ultimamente vendia seu Cd, chamado “Benê Brilho” e tirava seis reais por cópia vendida.

Foi protagonista de dois documentários, feitos por Pedro Dantas e Cristian Cancino. No último documentário em que apareceu, “Lamento Paulista”, teve que pegar o cavaquinho de volta, uma vez que o tinha empenhado para conseguir um marmitex. Não passava por bons bocados. Um exagerado das ruas, Benedito nunca negou seu relacionamento com o crack e já teve que passar poucas e boas por conta disso.

No aniversário dos 454 anos da cidade de São Paulo, Benetido descompassou. Entrou na Catedral da Sé com o cavaquinho em uma mão e um facão na outra, gritando: “São Paulo vai me matar! Eu quero morrer de fome!”. Acabou ferindo três pessoas. Nesta segunda-feira, Benedito será julgado no Fórum da Barra Funda e pode pegar até 18 anos de pena.

A história de Benê não é única. Até o gênio Cartola passou por péssimos dias em sua vida, lavando carros de madrugada, com pouco dinheiro no bolso. Tomava sua cachaça, mas deixava como válvula de escape o violão. Benê não suportou a pressão e mostrou, da pior forma que, quando o samba entrou pelos salões da sociedade, se esqueceram de chamar os sambistas.


Informações retiradas do site da Revista Época

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