terça-feira, 25 de março de 2008

Vermute conta o samba: E Lá Se Vão Meus Anéis...

Devemos este post ao grande amigo e jornalista Guilherme Conte, que está elaborando um livro sobre o Gudin

Paulo César Pinheiro é um dos letristas de maior prestígio na música brasileira. Eduardo Gudin também figura entre os grandes compositores, porém sua especialidade é a melodia. O post de hoje é referente a uma obra que é fruto da união desses dois grandes artistas, a música "E Lá Se Vão Meus Anéis...".

A história do samba começa quando Paulo César Pinheiro vem a São Paulo para receber o dinheiro de um festival que havia sido organizado pela TV Tupi em 1970, ano em que Gudin gravou seu primeiro compacto e que começou a parceria dos dois. Em seguida Paulo encontrou o amigo Gudin em um bar e juntos fizeram a melodia. Logo depois foram para a casa da cantora e amiga Márcia (cantora paulista que participou de diversos festivais. Talvez seu maior sucesso seja a música Eu e a Brisa, de Johnny Alf) mostrar a música e lá ficaram.

Pela manhã, Paulo tomou um táxi de volta ao hotel em que estava hospedado para descansar. Somente no dia seguinte é que deu falta do dinheiro. “Acho que esqueci no táxi.”. E a partir daí veio a letra, que diz assim:

Lá se vão meus anéis, diz o refrão
Mas meus dedos são dez, duas mãos
E a mulher que tu és: oh, não!
Isso não são papéis não são
Não merece meus réis de pão
Mete os pés pelas mãos

Todos sabem que o meu coração
É uma casa aberta não sei porque
Portas e janelas dão pra você
Dão, deram e darão
É por que a chave do meu coração
Somente o teu coração pode abrir
E lá vai meu coração por aí
Mas não perdoa não
E lá se vão meus anéis

Lá se vão meus anéis, outros virão
Nas primeiras marés encho as mãos
Mas me por a teus pés, oh, não!
Nem que fosse o que resta então
Nem que virem cruéis os bons
E infiéis os cristãos

No ano seguinte a dupla inscreveu essa música no festival organizado pela TV Tupi e conseguiu o primeiro lugar. Paulo ainda conta que o prêmio era o mesmo valor daquele perdido um ano antes e que a música foi como uma espécie de premonição no verso que diz: “Lá se vão meus anéis, outros virão”.

No festival, a música foi defendida pelo grupo Originais do Samba e gravada pela primeira vez no LP O samba é a corda... os Originais a caçamba (RCA Victor, 1972). A versão que está aqui é do primeiro LP de Eduardo Gudin com participação de Jane Reis (Odeon, 1973).


E Lá Se Vão Meus Anéis... (Eduardo Gudin / Paulo César Pinheiro)

Get this widget
Track details
eSnips Social DNA

2 comentários:

Anônimo disse...

"O samba é a corda... os Originais a caçamba" é um ótimo LP. Aconselho também a música "Catimba Criolo" de ninguém mais ninguém menos que Wando. òtimo post.

Fel Mendes disse...

Valeu pela dica, Doriva. Vou atrás desses sons!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...