terça-feira, 18 de março de 2008

Bezerra da Silva, o Porta-Voz do morro


Olha aí malandragem é o Vermute com Amendoim provando e comprovando sua versatilidade.

Bezerra da Silva tem algumas músicas bem conhecidas, principalmente aquelas de duplo sentido e com a temática de drogas. Justamente por conta dessas músicas (que nem são a maioria), Bezerra é visto como quem faz uma simples apologia às drogas, e aí que é cometida uma das maiores injustiças com o malandro e a sua obra. Erradíssimo!

A obra de Bezerra é de certa forma revolucionária, pois além de ir na contra-mão musicalmente do que acontecia nos anos 80 (época em que ele já havia se iniciado no ofício de cantar samba), em que o pessoal do Cacique de Ramos começava a ganhar espaço na mídia, ela ainda abdicava do lirismo da poesia para ir direto ao ponto, na ferida. Bezerra não tinha papas na língua para falar "a favela é um problema social".

Bezerra sempre foi a voz dos excluídos, cantava a realidade do morro e isso envolvia os problemas sociais, os episódios entre malandros e manés e é claro, as drogas. Por conta disso o estilo defendido pelo “malandro rife” (aquele malandro boa gente) foi chamado de “Sambandido”, nomenclatura que eu particularmente não gosto.

Bezerra foi único. Não há ninguém que siga a sua linha dentro do samba. Exemplo de versatilidade, Bezerra deixou sua marca até mesmo no rap, estilo que influenciou muito. Porém, a seriedade das letras declamadas do rap brasileiro não poderiam carregar a bandeira. Afinal, a contestação sisuda quase nunca dá espaço para o lado do bem humorado, tal qual fazia Bezerra. Certo malandragem? Certíssimo!


Saudação às Favelas (Pedro Butina / Sergio Fernandes) --- Bezerra da Silva


Meu Bom Juiz (Beto sem Braço / Serginho Meriti) --- Bezerra da Silva


Entenda as gírias:
Presunto- Defunto
171- Falsário
Mané- Otário
Kojak- Policial
Grampear- Prender
Antena- Chifre na cabeça dos outros
Chá de bule- Café
Bater para alguém- Avisar
157- Assalto à mão armada
Corujão- Curioso / Cagüete
Urubú de ferro- Avião
Caô- Mentira
Grupo- Armação
Dar dois- Fumar maconha
Dividida- Trocar tiro com a polícia
Gavião- Paquerador
Levar eco- Levar tiro
Malandro rife- Malandro boa gente
Matraca- Metralhadora
Tubarão- Ladrão de gravata
Pintou sujeira- Delator na área
Ripar- Surrar
Cabrito importado- Muamba
Dedo na seta- Delator
Vinte e um- Marido traído

Um comentário:

Anônimo disse...

Boa frase seria:
"O kojak grampeou o 171 que estava dando dois com uma matraca na mão, pronto para um 157"
Certo malandragem?

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