quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

"Só quem morre dentro de uma igreja..."

Coloquei hoje, no Facebook do Vermute com Amendoim, um vídeo do grande Moacyr Luz cantando "Som de Prata", que considero uma de suas melhores composições com o também grande Paulo César Pinheiro.

Eis que depois descobri a história da música, no site do próprio Moa. Saiba de onde surgiu o mais lindo verso sobre Pixinguinha:
"Só quem morre dentro de uma igreja
Virá orixá, louvado seja Senhor
Meu santo Pixinguinha"

"Eu queria falar um pouco sobre Som de Prata, parceria nossa gravada no CD Samba da Cidade em 2003, uma homenagem que fizemos a um santo chamado Pixinguinha. Era um dia importante pro samba, dia 2 de dezembro. Eu estava sendo levado da porta do teatro Rival para o pagode do trem, trem que partiria logo da Central do Brasil. A turma do Carlitos, bar em frente ao Rival, num cantinho que passou a se chamar Beco da Cirrose, estava na saideira para o percurso ferroviário. Acontece que o cartaz anunciava: João Nogueiera. João se recuperava de um delicado problema de saúde e eu queria muito ve-lo cantar. Sem ainda saber o destino, vejo chegar meu parceiro Paulinho Pinheiro:
- Vim ver o João…
Cinco minutos depois chega a competência de Sergio Cabral, pai:
- Vim ver o João…
Cinco minutos depois estavamos os três dividindo uma garrafa de Red Label em uma das mesas do teatro.

Fim de show, todos emocionados, fomos à saideira no extinto Tangará. Só mais uma dose pra cada. Não sei daonde, olhando o copo cheio de uisque, a lembrança do mestre Pixinguinha submergiu do malte e uma frase nos calou por instantes:
- Um santo, o Pixinguinha. E ainda foi morrer numa igreja. Um santo…
Olhei pro Paulinho com cara de parceria nova e ele sorriu. Eu fiquei com a incumbência de fazer a melodia. Dos versos, só o Paulinho. Essa é a inspiração.

O samba ficou pronto no carnaval. Fui buscar a letra no Recreio dos Bandeirantes junto com dois amigos de São Paulo: Ricardo Garrido e Zé Luiz.Os versos, manuscritos, estão emoldurados e pendurados na parede do Pirajá. Na gravação desse samba um agradecimento à Carlos Malta. Esperamos ele voltar de uma temporada na Europa pra nos emprestar sua flauta, o som de prata, nesse registro. Ficou maravilhoso, cada contra-canto, cada incidental que revenciasse o motivo dessa história, meu santo Pixinguinha."

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