sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Aula de frevo


Qualquer espécie que deixa seu habitat natural para habitar outro passa por uma fase de adptação e, às vezes, uma transformação sem volta. Os 16 músicos da Spokfrevo Orquestra deixaram as ruas de Pernambuco para tocar em cima dos palcos dos teatros. Trocaram os bermudões e chapéus de por um elegante traje “terno-e-gravata”. Ou seja, levaram o frevo a terrenos antes considerados hostis. E se saíram muito bem.

Na última quinta-feira, 22 de fevereiro, a orquestra ocupou o palco do Sesc Vila Mariana em uma apresentação primorosa. Com cinco trompetes, três trombones, uma guitarra, um contrabaixo, quatro saxofones e três percussionistas, a formação comandada pelo Maestro Spok tocou um frevo com o peso adquirido nas ruas de Olinda, misturado com a erudição das improvisações do jazz.

Assim, durante o show não faltaram oportunidades para saborear a virtuose dos músicos. No meio de uma levada pesadíssima dos metais, levanta-se o guitarrista Renato Bandeira e sola esbanjando classe. Spok também deu demonstrações lindíssimas de solos no seu sax alto enquanto a orquestra espera atenta a hora de voltar com tudo.

Não só isso, ciente de que a grande maioria do público pouco ou nada conhecia sobre o estilo musical, Spok timoneou uma verdadeira aula ilustrativa de frevo. Com exemplos ao vivo, o maestro e sua orquestra explicaram que as origens do frevo estão na modinha, no dobrado, na polca, na quadrilha e no maxixe.

Também contou sobre as três modalidades de frevo que existem: Frevo Canção, Frevo de Bloco e Frevo de Rua. O último, especialidade da orquestra, se divide em ainda mais três modalidades: O frevo coqueiro, o frevo ventania e o curioso frevo abafo.

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Em um final apoteótico, após executarem composições de Sivuca, Levino Ferreira e de Maestro Duda, a orquestra atacou de Vassourinhas. A famosíssima música de Matias da Rocha e Joana Batista foi em homenagem a Felinho, que fez história com o frevo nas mãos.

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Após o final da apresentação, provaram que não pretendem esquecer o habitat de origem, muito menos que essa é uma ida sem volta para os salões da sociedade. Assim, abandonaram o palco, conduzindo o numeroso público para uma apresentação “de rua”. Tocaram diversas músicas no hall do teatro para o público que também deixou a seriedade dos assentos numerados para arriscar os passos de um bom frevo de rua.

Quem ficou de fora
Quem perdeu ainda pode tentar um assento nesta sexta-feira no segundo dia do espetáculo no Sesc Vila Mariana. O ingresso custa 20 reais. A outra opção é ir atrás do disco e do DVD, que lembram bastante o show, mas tem o salgado preço de 30 e 40 reais, respectivamente. A produção é da Biscoito Fino.

Para quem quiser conferir mais músicas, o site da orquestra é uma saída. O único problema é a agenda que está bastante desatualizada, não informando onde será o próximo show “de rua” nos palcos.

4 comentários:

Anônimo disse...

Com Spok no comando, eu vi a orquestra em uma verdadeira jornada!!!

Juliano Coelho disse...

Belo show. o final, com direito a bloco de carnaval em pleno sesc, foi a cereja do bolo. vale a pena lembrar a qualidade som do teatro do sesc e como esses rapazes tocam rápido. os metaleiros ficarão com inveja.

daniel marques disse...

bem lembrado...os caras tocam muito. cada solo entusiasmava e mal pude me segurar na cadeira. outra coisa legal: uma galera de pernambuco também acompanhou o espetáculo com gosto, prova de que lá em Rééécife a Spokfrevo Orquestra é bastante cultuada.

www.ferrugemnuncadorme.blogspot.com

Anônimo disse...
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