sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

A reimpressão do retrato de Tom

De músicos brasilianistas a música brasileira está cheia. Os exemplos vão desde o francês Nicolas Krassic até Stan Getz, passando, é claro, pelo Mr. Blue Eyes, Frank Sinatra.

Entre as centenas destes romances com estrangeiros, um que resultou um belíssimo filho foi o de Chet Baker com Tom Jobim. Ou mais precisamente do trompete de Baker com a música “Retrato em Branco e Preto” feita em 1968 por Jobim.

O disco “Sings And Plays From the Film Let's Get Lost" veio em 1987 com as músicas do documentário “Let´s Get Lost”(1988), que conta toda a trajetória do trompetista, seus problemas com a heroína e sua decadência.

Apenas um ano antes de sua morte, o álbum tem uma neblina triste. A primeira faixa dá o tom. Com uma voz já cansada, Chet canta “Moon and Sand” e é impossível não se emocionar, ainda que não se saiba de todos os problemas da vida do músico.

Na oitava canção é que Chet presta mais uma homenagem a Tom Jobim e à música verde-e-amarela. “Retrato em branco e preto” é lindamente interpretada entre belos solos de trompete, piano e violão.

Ouça a versão de Tom Jobim e Elis Regina para Retrato em Branco e Preto

Este, porém, não foi o único flerte de Chat Baker com a música brasileira. Em 1977, o trompetista gravou o disco “The Girl From Ipanema”. O álbum, além de contar com o clássico que o intitula, tem uma boa seleção de bossa nova. A última faixa é um medley com a marchinha “Mamãe Eu Quero” e “Chica Chica Boom Chica”. Chat podia ser um maluco, mas não se arriscou a cantar em português, deixando a missão para Astrud Gilberto.

Depois disso, em 1980, outro disco trouxe Baker aos ritmos brasileiros. O disco Chet Baker & The Boto Brazilian Quartet tem outra pegada do de 77, com um trompete muito mais agressivo e atingindo notas mais altas do que as de costume (Chat não tocava muito rápido, nem notas muito altas por conta de um dente perdido que o impossibilitava de ter a embocadura perfeita. Em certo momento, desabafoi em uma entrevista para a revista Down Beat, em 1953: "Tento extrair do instrumento algo que tenha qualidade e que seja único. Parece que as pessoas só ficam impressionadas por três coisas: se você toca rápido, se toca agudo ou pelo próprio som do instrumento, não pelas notas que você toca."

Em maio de 1988, Chet Baker protagonizou uma misteriosa morte, daquelas que recheiam a história da música. Caiu do terceiro andar de um hotel em Amsterdã. Até hoje não se sabe se foi suicídio ou mero acidente. Na rua do hotel ainda hoje há uma placa lembrando o local em que Chet caiu.

Baixe o disco Sings And Plays From the Film Let's Get Lost

Formação:
Chet Baker – Trompete e Vocal
Frank Strazzeri - Piano
John Leftwich – Contrabaixo
Ralph Penlan - Bateria
Nicola Stilo – Violão e Flauta

Músicas
1. Moon and Sand - 5:30
2. Imagination - 4:52
3. You're My Thrill - 4:59
4. For Heaven's Sake - 4:51
5. Every Time We Say Goodbye - 4:48
6. I Don't Stand A Ghost Of A Chance With You - 5:03
7. Daydream - 5:00
8. Zingaro (Portrait In Black and White) - 7:33
9. Blame It On My Youth - 6:18
10. My One and Only Love - 5:30
11. Everything Happens To Me - 5:19
12. Almost Blue - 3:13

Veja a discografia de Chet Baker

Entre Sonetos e Tamancos
Em certa ocasião pergutaram ao maestro Jobim por qual razão ele tinha escolhido o termo “branco e preto”, quando o mais usual na língua portuguesa seria “preto e branco”. Tom, esbanjando bom-humor, soltou: “porque senão, eu teria que colecionar tamancos”.

Outra Versão
O músico Stan Getz também elaborou uma versão para a música de Tom. Vale a pena conhecer:

Ouça a versão de Stan Getz e João Gilberto para Retrato em Branco e Preto

Um comentário:

ADEMAR AMANCIO disse...

"Retrato em branco e preto",tem letra de Chico Buarque.

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