segunda-feira, 27 de abril de 2009

A dona da cabeleira vermelha

A pedrada de hoje tem tudo a ver com uma desavença entre dois grandes nomes do samba: Clara Nunes e Beth Carvalho. Nos idos de 1970, as duas se desentenderam por um motivo nada nobre: o figurino e o cabelo. Acontece que tanto Clara como Beth reivindicam a criação do estilo "afro-brasileiro", o que nada mais é do que roupas largas e aquele cabelão vermelho esvoaçante:


O imbróglio foi tanto que Clara fazia questão de provocar Beth sempre que a via, puxando o samba "Verdades Aparentes", de Gisa Nogueira. É esse samba que você escuta hoje aqui, na voz da própria Gisa:



Pra quem gosta de cachaça
Toma uísque muito caro
Pra quem diz que é do subúrbio
‘Luna bar’ fica distante
Pra quem prega a todo instante a justiça social
Tá ganhando muita grana e investindo capital
É melhor deixar de extremos que já tá pegando mal

Que verdade é essa que você conta pra gente
Na verdade a verdade é geralmente aparente

Você me diz que detesta ser notícia de jornal
Mas quando vê jornalista fica perto e coisa e tal
Dita as regras do jogo, mesmo sem saber jogar
Freqüenta escola de samba, mas só curte a classe A
Bom crioulo só tem vez quando for pra impressionar

Que verdade é essa que você conta pra gente
Na verdade a verdade é geralmente aparente

Critica, implica, explica
Enreda, remeda e conserta
Agita, atiça e fuxica
Futrica, complica, intriga e entrega
Manobra a obra e cobra os louros daquilo que você não fez
Você parece com cobra que ataca de bote e mata de vez

Que verdade é essa que você conta pra gente
Na verdade a verdade é geralmente aparente

Acende uma vela pra Deus e uma outra pro diabo
Aos domingos vai à missa
Sexta-feira faz despacho
Diz que o feijão tá caro, mas só come feijoada
Teu problema é de fachada
É de cara mascarada
Tá sempre em cima do muro
Esperando uma virada


A briguinha continuou com o decorrer dos anos. No livro Clara Nunes, Guerreira da Utopia, Vagner Fernandes, a própria Beth dá sua versão do ocorrido e alfineta: "A estilista Zuzu Angel fez o figurino e o cabeleireiro Silvinho deu a idéia do cabelo ruivo para mim".

Já o produtor e ex-marido de Clara, Adelzon Alves tem outra história pra contar: "Se você ler a contracapa do primeiro disco da Clara vai ver que a idéia do estilo afro-brasileiro foi minha e está lá. Ela foi inspirada na Carmem Miranda e aprovada pelo diretor da Odeon, Milton Miranda. Deu certo e é normal que todo mundo queira ser o pai de um filho bonito", conta. "A Beth percebeu que o estilo de Clara dava certo", acrescenta o produtor.

Um comentário:

Anônimo disse...

Beth Carvalho é INVEJOSA,RIDÍCULA E SE ACHA!
Sempre viveu e sempre VAI VIVER à SOMBRA da MAGNÍFICA CLARA NUNES!

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