terça-feira, 7 de abril de 2009

As deslumbrantes ilustrações de Elifas

Há alguns dias postei um disco cuja capa havia sido feita pelo artista Elifas Andreato. Pesquisando, achei que seria interessante trazer um pouco da sua obra para cá.

Elifas começou como estagiário na Abril, onde em pouco tempo já viria a se tornar diretor de arte do núcleo de fascículos femininos. Entre tantas outras publicações, também foi responsável pela criação da Placar e da coleção História da Música Brasileira (aquela que tem aos montes nos sebos). Depois passou a criar visual para peças de teatro e capas de discos, e é ai que começa mais um "samba pintado".



Em entrevista ao portal da Veja SP, Elifas contou sobre esta capa de 1973 do Paulinho e outras mais: "Essa capa do Paulinho provoca comoção e ao mesmo tempo solidariedade. Tive o cuidado de desenhar ambos, o Paulo e a Isa. Eles estavam se separando na época e quis tornar isso público, já que o disco havia sido realizado naquele momento de sofrimento. Fomos à gravadora apresentar o projeto. A certa altura, ao ouvir um diretor comercial dizer que o disco não venderia com aquele desenho na capa, Paulinho disse: 'Bom, mas é a capa do meu disco.' Diretor nenhum poderia se opor. As vendas dobraram.

Lembro de uma tarde em que fomos a um sebo. Um cara meio tímido estava rondando o Paulinho, parecia querer falar alguma coisa. O Paulinho, como é um anjo, facilitou. Chegou pro cara e disse: 'Oi, tudo bem?'. O cara se animou: 'Paulinho, sou teu fã, mas a capa desse disco, hein rapaz? Que maravilha. Fiquei pensando em teu sofrimento com mulher, essa coisa toda, mas, não liga não, a vida é assim mesmo.'"

Em 1976, fez essa capa pro Martinho da Vila. E disse ao portal da vejinha: "No início da década de 70, a MPB tinha uma força danada. E era uma força que estava além da própria música, era uma força sócio-política. Quando fizemos a Semana de Arte Moderna, em 72, junto com os centros acadêmicos, quisemos fazer a contra-comemoração do aniversário da ditadura. Então organizamos um mês de atividades na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo. Eu me lembro que o Martinho da Vila havia estourado com a música O Pequeno Burguês. Naquela época Chico Buarque, Gil e Caetano estavam exilados e Geraldo Vandré tinha sido banido. Propus levar o Martinho ao evento. Os estudantes quase me lincharam porque ele era milico. Então, numa reunião com representantes dos centros acadêmicos fiz uma defesa dele. Disse que o samba era de protesto, de contestação.

O Martinho não foi sozinho para o palco. Levou a Velha Guarda da Vila Isabel e matou a pau. No final, a estudantada estava de pé. Dois dias depois eu estava em casa, na Pompéia, e a empregada, Dona Antônia, chegou e disse: 'Seu Elifas, tem um homem na porta que é igualzinho ao Martinho da Vila. Até a voz dele é igual!' Era o próprio. Foi me convidar para fazer a capa de seu próximo disco. Desde então, faço todas."


Elifas ainda trabalhou como cenógrafo e diretor artístico de espetáculos na TV e no teatro. Além disso ele também nos brindou com algumas ilustrações, como essas de Caymmi e Carmen Miranda.



Hoje em dia Elifas toca a Andreato Comunicação e Cultura, que desenvolve projetos especiais ligados à educação, artes, infância e cultura do Brasil.

Um comentário:

Tati Binns disse...

Elifas,
Você precisa de algo maravilhoso?
Ele faz!

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