sábado, 22 de agosto de 2009

Fala aí, Fulano!

O assunto da semana foi a retirada do ar de um dos blogs mais famosos e mais completos em termos de música brasileira. Cerca de 4.500 discos disponíveis foram para o espaço. Foram mesmo? O Vermute entrevistou Fulano Sicrano, o autor do UQT, e ele garante que o blog apenas "está de férias".

1. Você pretende voltar com o Um que Tenha?
Sim. Foi feito um back-up de todo o conteúdo do blog e será novamente disponibilizado em breve. Ainda há algumas questões técnicas e de segurança a serem superadas antes de definir o novo endereço. Acredito que no início de setembro o site estará no ar, faço questão de avisar ao Vermute Com Amendoim quando isso ocorrer.

2. Como ficarão os órfãos do UQT?
Não haverá órfãos porque o blog não morreu, imaginemos que, depois de três anos e meio, ele está de férias. Enquanto isso, de vez em quando, será usado o Twitter (www.twitter.com/fulanosicrano) para que os fãs do blog se abasteçam de música brasileira. Quando o UQT for restabelecido, todo o material já publicado estará disponível novamente, inclusive com os álbuns que lançaremos no twitter

3. Qual o tamanho do acervo que tinha o blog?
O blog tinha cerca de 4.500 álbuns publicados. O que mais me chateou foi ter interrompido a série A Música Brasileira Deste Século Por Seus Autores e Intérpretes, uma coletânea lançada pelo SESC-SP com 100 CDs que é uma verdadeira jóia, que levei mais de um ano para recolher.

4. Quantas visitas o blog recebia por dia?
Antes da interrupção, o blog tinha quase 20 mil page-views diárias.

5. Você acredita que música baixada de graça, ajuda ou atrapalha a divulgação?
O interesse na música brasileira é maior atualmente porque uma série de artistas nacionais não tinha como divulgar seus trabalhos, uma vez que esse custo é bastante alto. A internet, enquanto instrumento de promoção, é um meio barato de divulgação (no caso do UQT é gratuito) e essa "democratização" acabou por criar espaço para o aparecimento de novos artistas e o ressurgimento de outros que viviam à margem da mídia. Álbuns e artistas praticamente desaparecidos e esquecidos estão ressurgindo. Há um público ansioso e carente e que vê no UQT apenas um meio de acesso à música brasileira e que parte pra outra rapidamente, caso surja um mecanismo mais rápido e garantido de atendê-lo. O que ele busca é satisfação, não quer prejudicar nem artista, nem gravadora. Por incrível que possa parecer, muitos só compram o cd depois de ouvi-lo. Sentem-se atraídos pelo apelo táctil do cd, por seu projeto gráfico, acesso à ficha técnica, às letras, etc. Não é muito diferente do livro ou do jornal. Pode-se ler de tudo na internet, mas gostoso mesmo é folhear as suas páginas de um jornal, de uma revista ou as folhas de um livro.

6. Algum artista já reclamou ou elogiou o seu trabalho? Como era o retorno deles?
A maioria dos artistas apóia a iniciativa. O blog adquiriu notoriedade entre artistas e produtores e, atualmente, uma parte do que é publicado é fornecido por eles próprios, em busca de divulgação. Existe a preocupação de manter em sigilo toda e qualquer fonte também por esse motivo. Embora deseje que seu trabalho tenha o máximo de divulgação possível, o artista teme a indisposição com a gravadora e é imprescindível esse sigilo. Por outro lado, há alguns que se sentem mais à vontade enviando somente o material fora de catálogo, não reeditado pelas gravadoras. A minoria se descabela e xinga o Fulano disso e daquilo e ameaça e exige a retirada dos álbuns, julgando estar sendo furtado. Dois casos apenas em três anos. Outros, uns cinco até agora, apesar de serem contra, são corteses, entendem o espírito, mas pedem a retirada do CD. Eu atendo a todos sem questionar.

7. Você conhece algum outro lugar fértil pros fãs de música grátis?
Freqüento vários blogs, porém destaco o Abracadabra LPs do Brasil, o Loronix, o The Bossa Blog, o Som Barato e o Poeira e Cantos quando o tema é música brasileira.

8. Por fim, você sempre escondeu sua identidade. Não pretende revelá-la?
Nunca. Atuo numa área que nada tem a ver com o que faço. Na medida em que me exponho, acabo expondo as pessoas que dependem de mim, que gostam de mim, me apóiam. Foi uma condição que me impus desde o início. Pouquíssimas são as pessoas que sabem quem é a figura por trás (ou à frente) do Fulano. Além disso, acredito que o foco é a música e os artistas que a criam e interpretam, eles é que precisam estar em evidência.

6 comentários:

Mercedes disse...

El que busca siempre encuentra, dice el refran y yo como no puedo acostumbrarme a la idea que Um que tenha no este mas, todos los dias lo busco y hoy tube la gran sorpresa de saber que volvera. Bueno, es necesario tener paciencia y sere recompensada.
Le doy mucha importancia a este blog, porque en el encuentro musicas y artistas que de otro modo ¡ jamas! hubiera conocido. Sitios con musicas brasileiras hay muchos pero con la calidad de UQT, pocos. Con respecto a la identidad de Fulano, ¿ no es,por acaso un senhor boliviano de 80 años? Bueno si no es asi, estaria bueno que se parezca a Antonio Fagundes, ¿no?
Vuelve pronto Fulano ,que te estoy esperando.

ADALTO SERRA disse...

O SECULO XII NÃO VENCERÁ!
FULANO E SINCRANO AGUARDOMO-O!
FORÇA E SAÚDE.

Anônimo disse...

nao há / nem pode haber / como Fulano nao há...

es increíble la actitud de 'perro del hortelano' (que no come ni deja comer) desarrollada por quienes reclamaron y cerraron UQT; si acaso las discográficas apoyaran verdaderamente a los artistas, y permitieran el acceso a joyas tales como la producción del sello Marcus Pereira (por sólo poner un ejemplo), acaso podrían empezar algún reclamo; pero entretanto, sudo que tengan motivos para hacerlo

gratitud y abrazos desde Buenos Aires!

Gabriel Deslandes disse...

É importante ressaltar que os links do Um Que Tenha, postados no Rapidshares, não foram deletados. Ainda estão ativos. É só dar uma vasculhada no Google, nas páginas "Em cachê".

Lenhador disse...

O UQT é simplesmente fantástico. Aguardo ansioso a sua volta. Se for possível avisar no meu blog ou e-mail farei questão de divulgar o novo endereço. Parabéns pela entrevista.

gus4fun disse...

Frequentei diariamente o UQT durante 2 anos. Cresci musicalmente 1 século.Lá pude encontrar joias de valor incalculável,que mesmo valiosas não estão nas prateleiras das megalojas nem são editadas mais pelas megagravadoras.
O fino da musica brasileira estava lá, amigos músicos de outros países, encontraram no UQT um Brasil do qual realmente me orgulho, que vai além das bundas e bolas, que passa longe da vergonha do financiamento público de shows e produção de discos mediocres, que estamos quase nos acostumando.
Fulano, força e saúde
Torcemos pela volta deste tesouro o quanto antes. Nossos ouvidos já estavam acostumados com a descoberta diária de boa música.
E que os interesses financeiros não sucumbam a arte.
Sorte.

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