quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Sacramento, o coração na cabeça

Aí moçada. Diretamente do Rio de Janeiro, nosso colaborador ítalo-carioca Alberto Riva bate um papo exclusivo com Marcos Sacramento, uma das ótimas revelações dos últimos tempos.

Viajante entre o presente e a tradição da música popular brasileira, o carioca de Niterói Marcos Sacramento, de 49 anos e com sobrenome Rimoli (verdadeiramente italiano, de Gênova), é guiado pelas emoções. Desde o seu primeiro trabalho solo, "A modernidade da tradição" (1994), relançado recentemente pela Biscoito Fino, gravadora com a qual o cantor e compositor lançou todos os seus últimos trabalhos, Sacramento coleciona um repertorio vastíssimo. E variado, como mostrou no último cd "Na Cabeça", que Sacramento vai lançar no Sesc/Campinas (7/10), depois na Vila Mariana (Sesc, 8/10) e no Sesi Rio Claro (30/10) em um show espetacular acompanhado pelos violões de Luiz Flavio Alcofra, Zé Paulo Becker e Rogério Caetano, e com Netinho Albuquerque ao pandeiro. No dia 13/10, Sacramento toca com o pianista de jazz Stefano Bollani, no Sesc Ginástico.

Nessa conversa informal com o Vermute, o cantor se diz devoto de Noel Rosa, Elis Regina e Orlando Silva e também revela ter um disco de valsas pronto pra ser lançado.



"Na Cabeça" fecha a trilogia inaugurada com "Memorável Samba" e depois com "Sacramentos"?
De certa forma sim, embora não tenha pensado nunca em termos de trilogia. Mas acho que encerra um ciclo.

O repertório é variado, como já foi "Sacramentos", só que desta vez é mais "autoral". Está sentindo mais a exigência de ser mais pessoal, de falar mais de si?
Gosto mais de ser cantor/intérprete do que de ser compositor. Às vezes até acho que tenho mais a dizer interpretando músicas alheias do que as minhas próprias, mas também tenho necessidade de compor. Então é natural que, de tempos em tempos essa necessidade fique mais aguçada. Isso está acontecendo agora, digo, nessa fase da minha vida, mas nada é definitivo. Pode ser que faça um próximo trabalho com a força do intérprete, pode ser que venha forte o compositor. Tenho sido muito cobrado para lançar em disco o show que fiz na Sala Cecília Meireles cantando as valsas, o “Valserestas”. Esse show foi gravado e está lindo. Um trabalho de intérprete forte pra caramba.

Como intérprete de samba, com quem sente mais afinidade e por que: Noel Rosa, Assis Valente, Geraldo Pereira ou Ari Barroso?
Você pegou pesado né? Todos esses são campeões. Tenho estado muito devotado a Noel. Gravei em todos os discos. Então...

Marcos, brincando um pouco, você é a reencarnação de Carmen, Dalva ou Elis?
(Risos) Você me perguntasse quem eu gostaria de ser, eu diria Elis!!!!!! Ou, Orlando Silva!

Você gosta mais de ouvir o samba pelos intérpretes (penso em Aracy, por exemplo) ou pelos compositores (tipo: Nelson Cavaquinho)?
Isso é relativo. Nelson Cavaquinho é um ótimo intérprete de suas próprias músicas, mas os intérpretes pra valer fazem a diferença. Quando você ouve um verdadeiro intérprete você percebe coisas da obra que às vezes o próprio autor pode não ter percebido. Digo isso porque já aconteceu comigo como compositor e como intérprete.

Qual é o melhor deles, pra você, cantando os próprios sambas? Quem te da mais emoção?
Cartola tinha uma sensibilidade comovente quando cantava.

Tem um compositor brasileiro que na sua opiniao deveria ser mais cantado, lembrado, conhecido pelo público?
Um monte! Custódio Mesquita, Herivelto Martins, Fátima Guedes, Ataulfo Alves e todos os bons compositores contemporâneos que estão por aí. Luís Capucho, Antonio Saraiva, Sérgio Natureza, Carlos Fuchs, Paulo Padilha, Paulo Baiano...

E você, Marcos, quando vai mostrar ao público o seu lado "voz e violao"? Ou, no mínimo, seu lado mais compositor?
Não sei. Não há previsão. Trabalho com a emoção que estou sentindo, não faço assim, um planejamento racional. Vou muito pela intuição.

Talvez no quarto capitulo da trilogia (desculpe o paradoxo)?
Quem sabe?


Se você quiser saber mais de Marcos Sacramento, visite o site.
Se quiser falar com o Alberto, basta escrever para: alberto.reporter@gmail.com

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