sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A incrível coincidência entre Paulinho e Zeca

Até hoje eu não tinha me dado conta desta imensa coincidência. Duas músicas que se parecem demais no tema e na forma em que são cantadas. "Timoneiro", feita por Paulinho da Viola e Hermínio Bello de Carvalho e "Deixa a vida me levar", composta por Serginho Meriti e Eri do Cais.



O primeiro ponto de encontro entre as duas é o tema. Ambas falam sobre os caminhos que a vida vai oferecendo, o destino difícil de ser contestado. Na de Paulinho, o mar simboliza a vida que o carrega para lá e para cá: "Meu velho um dia falou/Com seu jeito de avisar:/Olha, o mar não tem cabelos/Que a gente possa agarrar". Muito menos sutil, a música eternizada por Zeca, o refrão já diz tudo: "Deixa a vida me levar"

Em seguida, o eu-lírico que nos dois sambas não tem dinheiro o suficiente para mudar o rumo que a vida está impondo. Mais uma vez, Paulinho e Hermínio esbanjam sutileza fazer uma comparação com um pescador: "A rede do meu destino/Parece a de um pescador;Quando retorna vazia/Vem carregada de dor". Zeca deixa bem claro de que classe social está falando: "Confesso que sou/De origem pobre/Mas meu coração é nobre/Foi assim que Deus me fez".

Outro fator comum às duas é a presença de Deus. Enquanto Zeca canta "E sou feliz e agradeço/Por tudo que Deus me deu...", Paulinho solta: "Timoneiro nunca fui/Que eu não sou de velejar/O leme da minha vida/Deus é quem faz governar".

O penúltimo ponto de tangência entre as duas, pelo menos que entre os que eu notei, está na moral da história. Apesar dos problemas, ambos são felizes como são. Paulinho canta que "A onda que me carrega/Ela mesma é quem me traz", ou seja, os problemas vão e voltam. Ao passo que Zeca diz: "Se não tenho tudo que preciso/Com o que tenho, vivo/De mansinho lá vou eu".

Por fim, o mais impressionante: o refrão. Note que nas duas as frases são repetidas na ordem direta e inversa.


"Não sou eu quem me navega
Quem me navega é o mar"


"Deixa a vida me levar
Vida leva eu"


Falatório à parte, ouça (e alto) estes dois bons sambas, que curiosamente também estão no formato Acústico MTV.






6 comentários:

Marcelo Amorim disse...

Cheguei aqui via dica do Bruno Ribeiro, e não só não me arrependi como gostei muito do que encontrei. Vou linká-los ao meu Notas & Trilhas. Parabéns, povo.

Ecos disse...

Incrível... adorei esta postagem amigos..e como a vida a música nos leva para infinitos lugares...Sucesso aí!!

Artur de Bem disse...

"Muito menos sutil, a música eternizada por Zeca, ..."

"Mais uma vez, Paulinho e Hermínio esbanjam sutileza"

Que a comparação fique somente no tema.
É impossível comparar as duas composições. Basta olhar a letra. Sem falar da melodia.

E nem dá pra comparar Paulinho com o Zeca nisso, porque não foi o Zeca que compôs, como disseste.

Camilla Dias Domingues disse...

é...
gosto dos dois, mas sutil e aveludada é a voz de Paulinho, semblante pueril, ah! é maluquice minha mas eu pago o maior pau para o senhor Paulinho da Viola!

PS: eu sou a Camilla, amiga do Danilo lembra de mim??? rs!

já serei uma seguidora do seu blog, e sinta a vontade para visitar o meu singelo blog mas já vou avisando é subjetivaço hein... rs!

axé!

Murilo Mendes disse...

Salve Camila... Lembro sim, bacana o seu blog. Vou visitá-lo com mais frequecia.

bj

Fel Mendes disse...

Fala Arthur de Bem.

Sinceramente não acho impossível comparar as duas. São muitíssimo parecidas. No tema, na forma como elas se desenrolam, no refrão...

Não estou comparando Paulinho e Zeca. Aliás, não daria para comparar os dois, mas isso é papo pra outro post, quem sabe.

Um abraço,

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