segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Apresentando Ernesto Paulelli
- Adoniran, esse rapaz aqui é o Ernesto, toca violão e veio me acompanhar no programa.
Adoniran estende a mão a Ernesto. E solta a voz esganiçada:
- Muito prazer! Muito prazer! Me dê a mão.
Três domingos se passaram depois daquele dia. Novo encontro no bar. A voz rouca faz o pedido ao violonista:
- Você tem um cartão para me dar?
Ernesto põe a mão no bolso e oferece seu cartão.
- Arnesto Paulelli!, lê Adoniran. Desconfiado, Ernesto retruca:
- Adoniran, eu sou E-rnesto. Não sou Arnesto.
- É AR-NES-TO. E teu nome dá samba. Eu vou te fazer um samba. Você aduvida?
Ernesto o olhou meio assim, de lado, e depois concordou:
- Já não aduvido mais.
O dono da voz rouca que cantou os sambas mais paulistanos de São Paulo sela a promessa com um abraço no novo amigo.
- Pode me cobrar o samba, Arnesto. Mas, cartão, este eu não tenho para te dar.
É assim que o site da Revista Brasileiros apresenta um dos personagens mais conhecidos na música popular brasileira, mas que passa despercebido nas ruas de São Paulo. Com 93 anos e meio, Ernesto Paulelli é formado em Direito pelas Faculdades Integradas de Guarulhos (FIG). Já foi engraxate e vendedor de chuchu.
Somente 17 anos depois de conhecer Adoniran é que Ernesto ouviu o samba em sua homenagem na Rádio Bandeirantes.
- Foi em 1955. A minha patroa, Alice, estava entretida na máquina de costura, botando botões na camisa, quando ouvimos na Rádio Bandeirantes:
O Arnesto nos convidou... PUM!
Prum samba ele mora no Brás... PUM!
Nóis fumo e não encontremos ninguém.
- Alice! Alice! Essa peteca é minha!
- Ernesto, que peteca?
- Esse samba aí, Alice, o Adoniran me prometeu. Eu não falei que ele tinha me prometido? Faz quase 20 anos!
E Alice chorou abraçada ao marido. Seu Ernesto confessa:
- Eu também. Pra dizer a verdade, não deu pra segurar. Diz que homem não chora. É mentira. Chora de emoção, de alegria, de tristeza. Eu chorei de alegria.
Quer saber como tudo acabou e onde anda Ernesto hoje? Dá um pulo no site da Brasileiros!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário