quinta-feira, 10 de março de 2011

Ode à Cuíca

O post de hoje é em homenagem ao amigo Rogério Noia da Cruz, poeta e cuiqueiro de primeira. O poema que segue se encontra no livro "Vida Versada em Samba e Soneto". Noia, os cuiqueiros te agradecem.















Ode à Cuíca
Rogério Noia da Cruz

Sou poeta,
Não sou instrumentista,
Embora insista em fazer samba-canção.
Confesso:
Já tive queda por viola,
Arrisquei ter um piano
E tentei o violão
No tamborim, me perdi com a baqueta;
Já no pandeiro,
Minha ginga se deitou ao rés-do-chão.
Sonhei com o sax,
Flauta doce e cavaquinho
E, na banda da escola,
Fiz esforço no piston.
Meu pai sabia,
Como mestre, o maxixe,
No sopro triste
Do seu acordeom.
Mas, foi nas letras
Que me vi mais à vontade,
Embora com vontade
De fazer surgir meu próprio som.
Um dia desses passados
Era meu aniversário
E de tanto insistir
Tive por prenda uma cuíca
De couro bem curado
E um luzente prateado
Que sorria ao refletir
Meu rosto pasmo.
Embasbacado,
Por finalmente ter encontrado
Um som gêmeo de mim.
Chora cuíca, chora
O que a minha escrita não consegue definir.
Grita cuíca, grita
O meu grito engasgado,
Por tantos descasos
Que me fizeram sentir...
Rasga o verso no samba rasgado
E ronca por fim;
Ronca cuíca, ronca,
Pois, quando teu couro estiver cansado,
O meu corpo estará extasiado
E será hora de dormir.

Um comentário:

rosa oliveira morgado disse...

Rogerio noia da cruz..um poeta maior...otimo a divulgação desse poema ..e desse poeta

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...