quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Versão gringa

"Versão é a coisa mais ingrata que existe", escreveu Tom Jobim em uma das suas cartas a Vinicius de Moares. Mas qual a fórmula para que uma versão de música brasileira fique boa também em outra língua? É preciso que a cultura do país que recepcionará a versão esteja igualmente bem representada como no original.

Foi o Jobim percebeu isso ao fazer a tradução do hit "Águas de Março" para "Waters of March": "Um dia, eu estava meditando em cima do verso 'é um espinho na mão, é um corte no pé' e percebi tudo. Como é que um americano iria cortar o pé se ele nunca anda descalço?"

É exatamente sobre isso que fala uma ótima matéria na Revista Bravo assinada por Barbara Heckler. Ela mostra como a versão feita cantada jazzista norte-americana Stacey Kent para "Águas de Março", transformando-a em "Les Eaux de Mars", de autoria do intérprete egípcio Georges Moustaki.

Les Eaux de Mars


Traduzindo, a letra fica assim:

Les Eaux de Mars
Uma pedra, um bastão, é Joseph e é Jacques,
Uma serpente que ataca, um corte no calcanhar,
Um passo, uma pedra, um caminho que avança,
Um toco de raiz, é um pouco sozinho

É o inverno que acaba, é o fim de uma estação,
É a neve que derrete, são as águas de março,
A promessa de vida, o mistério profundo,
São as águas de março dentro do seu coração

A matéria ainda fala de mais das versões de "Garota de Ipanema", "Aquarela do Brasil" e "Madureira Chorou", de Carvalinho e Júlio Montero, que virou "Si Tu Vas à Rio"

Madureira Chorou


Si Tu Vas à Rio


Traduzindo a letra, fica assim:

Si Tu Vas à Rio
Se você for ao Rio
Não se esqueça de subir
A uma pequena vila
Escondida entre as flores selvagens
Na encosta do morro
É em Madureira
Que você verá os cariocas
Saindo de suas casinhas
Para irem à festa
À festa do samba

Para ouvir outras versões, clique aqui

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