sábado, 3 de novembro de 2007

Noel para todos

Rio de Janeiro, 1929. Cenário que reuniu Mário Reis, Cartola, Aracy de Almeida, Heitor dos Prazeres, Ismael Silva, Wilson Batista, Francisco Alves e outros grandes nomes do samba e de morros consagrados no verso: “Salve Estácio, Salgueiro e Mangueira, Osvaldo Cruz e Matriz...”.

Verso que pertence ao samba de 1935, intitulado “Palpite Infeliz” e composto por um dos maiores sambistas de toda a história da música brasileira: Noel de Medeiros Rosa, personagem que teve o filme “Noel, o Poeta da Vila” estreado no circuito comercial. Depois de 10 anos sendo feito, o filme de Ricardo Van Steen teve sua primeira exibição na 30ª Mostra Internacional de Cinema, em São Paulo.

Com um bom resumo do que foi a vida de Noel, o filme consegue agradar quem conhece detalhes da vida do poeta de Vila Isabel ou quem apenas ouviu a famosa música “Com que roupa?”, composta em 1929, e que começou a mudar os rumos do samba. Isso porque, as informações do filme, retiradas da mais completa biografia do sambista (Noel, uma biografia de João Máximo e Carlos Didier) aparecem a todo tempo.

Não só no que é explícito, como a história do compositor, a freqüente venda de sambas e os exageros com bebida e cigarro de Noel, mas também em detalhes, como no momento em que o ator Rafael Raposo vai beber sopa e o faz tal qual um glutão (explicado pelo fato de que Noel tinha dificuldades para comer por conta do problema no seu queixo). Outro importante detalhe é a relação de amizade entre Noel e Aracy de Almeida, que acabou sendo sua principal intérprete.

As músicas escolhidas também são bem significativas. Desde com “Com que roupa”, o primeiro grande sucesso de Noel Rosa cantando sem o Bando de Tangarás ( grupo com o qual fazia apresentações sem cobrar por cachê) até o “Último desejo”, canção composta à beira da morte para seu grande amor Ceci (muito bem feita por Camila Pitanga).

Com figurino de época, e objetos que mostram como era a década de 20, o filme só peca em um detalhe. Deixa de lado a síncope da música de Noel, que mudou o conceito de se cantar samba. Em lugar da forma que o Poeta cantava, atrasando uma sílaba ou à revelia da melodia, que acompanha a voz causando uma sensação totalmente nova na época.

As interpretações empoladas de Chico Alves e a bela voz da jovem “Araca” são mais valorizadas e raramente se vê Noel cantando. As poucas vezes são no embate musical entre Noel e Wilson Batista, que rendeu uma seqüência de belos sambas.

Mesmo assim o filme vale, pela história, pela bela cena de sexo entre Noel e Ceci, pelo samba que se sai da sala cantando e as cervejas que dá vontade de tomar, ouvindo, é claro o Poeta de Vila Isabel.

Revivendo Noel Rosa Coisas Nossas (1995)

Veja o Trailer do filme

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Um comentário:

Anônimo disse...

Assisti ao filme ontem! É realmente muito bom!!!

Baixei o disco aqui tb!

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