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Partido Alto de Leon Hirszman
Espaço destinado à valorização da música brasileira!


"Não, não basta ter inspiração, Angenor de Oliveira sempre vendeu samba, mesmo antes de ser conhecido como Cartola. Aliás o apelido veio por conta de um “chapéu-coco” (como ele mesmo afirmou) usado para que o cimento não caísse em seus cabelos. Aliás, Angenor não trabalhou apenas como ajudante de pedreiro. Também foi pintor de paredes, vigia de prédio e contínuo de repartição pública. Não só isso, quando foi descoberto por Sérgio Porto, o conhecido Stanislaw Pontepreta, na década de 50, Cartola lavava carros e não andava muito bem de saúde. Depois disso, sua vida não melhorou muito, mas Cartola começou a trilhar o caminho como o principal poeta de Mangueira. Muitos sambistas gravaram composições suas. Francisco Alves, o rei da voz, era cliente habitual dos sambas de Cartola. Aliás, Chico sempre se deu ao luxo de comprar canções e, muitas vezes as raptava para sua autoria.
A passagem de Cartola por uma gravadora demorou a acontecer. Em Agosto de 1940, Leopold Stokowski diretor musical da Orquestra da Filadélfia, Leopold Stokowski, interessado na música brasileira, contatou o maestro Heitor Villa-Lobos. A idéia de Stokowski era registrar a mais legítima música popular brasileira. O disco foi lançado pela Columbia Records e seria apresentado em um congresso pan-americano de folclore, mas que nunca aconteceu.
Villa-Lobos resolveu atender ao pedido de seu amigo norte-americano. Contatou três sambistas: Donga, Zé Espinguela e Cartola. A partir destes, mais alguns foram contatados, Pixinguinha, Zé da Zilda, Jararaca e Ratinho, Luiz Americano entre outros.
Foram gravadas 40 músicas a bordo do navio Uruguay. E, selecionadas, formaram dois volumes. Dessas, Cartola gravou “Quem Me Vê Sorrir”. Foi acompanhado pelo compositor/violonista da Mangueira Aluísio Dias; um grupo de percussionistas da Mangueira incluindo Preguiça, China e Negro; e as pastoras da escola de samba, um coro feminino integrado por Neuma, Cecéia, Nadir, Ornélia, Guiomar, Nesilia e Neguinha.
Pelo samba, recebeu “um dinheirão”: 1.500 réis. Muitos sambistas morreram sem ouvir suas vozes no disco. Cartola só conseguiu ouvir uma vez.
Native Brazilian Music Vol. 1 e 2
Na noite de sábado(20/10), morreu o violonista César Faria, pai de Paulinho da Viola e um dos fundadores do Conjunto Época de Ouro que era composto, entre outros, por Jacob do Bandolim e Dino 7 Cordas.
Eu ia mesmo comentar sobre esse disco aqui, mas não ia postá-lo, principalmente pelo fato de ser um disco independente e conter 37 sambas com o pagamento dos direitos autorais saído do bolso dos próprios músicos e que não vivem disso.
